15 de mai. de 2024

"O DESTINO VINGOU CRISTINA"

 Por Helton Araújo

A bela Cristina, nas hostes do cangaço foi companheira do chefe de subgrupo de Lampião, o cangaceiro Francelino José Nunes, vulgo Português.

Cristina teria se envolvido em um caso de traição com o também cangaceiro Antônio José dos Santos, vulgo Gitirana, cabra de Corisco. Esse fato causou grande reboliço em meio aos bandos, gerando grande desentendimento principalmente entre Corisco e Maria Bonita.

Português queria que Gitirana fosse morto, teria até ordenado que seu cabra Cícero Garrinchinha, vulgo Catingueira o executasse, porém, Corisco o impediu e colocou Catingueira em seu devido lugar.

Maria, achava injusto que Português ficasse desmoralizado, Corisco por sua vez não permitia que ninguém tocasse em seu cabra, Lampião no fim dessa confusão acabou aparentemente dando razão a Corisco, pois ele que era chefe de Gitirana.

A jovem Cristina, desesperada, pediu guarida no bando de Corisco, que a deixou ficar por uns dias, mas ela não poderia ali permanecer permanentemente, pois ele sabia que isso o traria grandes problemas. Dias depois, Cristina foi mandada por Corisco, com um coiteiro com destino a sua família, mal ela sabia o destino cruel que a reservava.

No final, ao que indica prevaleceu a vontade de Maria Bonita, que achava justo Português ter sua honra lavada, Cristina foi assassinada a facadas em 20 de Julho de 1938, seus algozes foram os cangaceiros Luiz Pedro, Juriti e Candeeiro.

Mas o destino reservava algo extremamente terrível para muitos dos envolvidos nesse caso.

O primeiro a perder a vida foi o cangaceiro Catingueira, ele que havia sido incumbido por Português para matar Gitirana e possivelmente também tentaria contra a vida de Cristina, foi morto em Alagoas em fevereiro de 1938, pela volante do Tenente João Bezerra que estava sob comando do então cabo Aniceto Rodrigues.

Uma semana depois da morte de Cristina, em 28 de Julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro foram alguns dos 11 cangaceiros mortos e decapitados na grota do Angico, em ação comandada pelo então tenente João Bezerra.

Em fevereiro de 1939, Português que estava preso em Santana do Ipanema, Alagoas, após ter se entregado às autoridades, foi morto no pátio da cadeia a tiros por um filho de menor de idade de uma de suas vítimas do passado.

Cristino Gomes da Silva Cleto, vulgo Corisco seria morto em maio de 1940 em Barra do Mendes, na Bahia, em ação comandada pelo então tenente José Osório de Farias, o afamado Zé Rufino.

Juriti em 1941, quando já estava anistiado decidiu voltar ao sertão sergipano e acabou sendo capturado pelo temido sargento Amâncio Ferreira da Silva, vulgo Deluz, esse com auxilio de seus capangas, amarrou e conduziu Juriti até um determinado local na região de Canindé, onde o jogou vivo em uma fogueira em chamas, ali Manoel Pereira de Azevedo, o Juriti, queimou em agonia até a morte.

Manoel Dantas Loiola, o popular Candeeiro, foi o único dos envolvidos na morte de Cristina a sobreviver, seu Né como também era conhecido no pós cangaço, faleceu já idoso em 24 de Julho de 2013 na cidade de Arcoverde, Pernambuco, aos 97 anos de idade.

Obs: Gitirana também sobreviveu ao cangaço, ao que indica entregou-se em Agosto de 1940. Uma linha de pesquisa diz que o mesmo faleceu pouco tempo depois vitimado pela tuberculose.

Por: Helton Araújo

Gostaram da história? Querem aprender mais sobre o cangaço? Então acompanhe nossos vídeos, garanto que tem muitas informações interessantes.

Deixo abaixo uma sugestão de vídeo. Com o título: "SUPER ENTREVISTA DO EX-CANGACEIRO VINTE E CINCO", segue o link abaixo 

https://youtu.be/XrZmrRUjMyU?si=IFZmtaBoJptVMsek

Não esqueça do link cabroeira.

https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2199325120411787%2C2198670020477297%2C2196731890671110%2C2197313973946235%2C2195882047422761%2C2196540837356882%2C2196473267363639%2C2196445254033107%2C2195264324151200%2C2194787434198889&notif_id=1715199760204142&notif_t=group_highlights&ref=notif

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12 de mai. de 2024

HUMBERTO PAZ - UM POETA ENGENHOSO

  Por Raimundo Cândido

Quem trafega pela CE 362, que transpassa o Distrito de Taperuaba, município de Sobral, observa um pico bem ao longe, do lado oposto à monumental Pedra da Andorinha, é a Serra da Caminhadeira. Lá viveu Vicente Lopes Vidal de Negreiros, o famigerado Vicente da Caminhadeira, um valentão chefe de um bando de cangaceiros e inimigo mortal de outro intrépido cangaceiro, o crateuense  Alexandre Mourão. As crianças de Taperuaba ouviam os mais velhos recitarem os versos que falavam da vida daquele facínora, com o famoso rifle canário na mão: “Quando o canário abre o bico / turva-se o tempo, meu bem / chore quem tem que chorar,/ que não sou pai de ninguém” 

Por ali, um magérrimo menino, aproveitando uma enxurrada recente a escorrer no meio da rua, construía uma barragem de brinquedo, mostrando sua engenhosidade precoce, pois, de tanto ouvir os versos sobre o cangaceiro Vicente, confundia sua baladeira com um bacamarte e já se achava um destemido cangaceiro também, mas maturava mesmo era a laboriosidade e as artimanhas de um poeta Cancão, que se revelaria mais tarde.

Mesmo com as agruras que a vida nos impõe, o jovem Humberto Paz, com sua eterna magreza, foi batalhar, foi estudar, foi subir os patamares que só os artimaniosos meninos conseguem alçar. Em Itapagé, onde viveu sua adolescência, deixou marcas nos bancos escolares e, com uma viola na mão, cantou Raul e Fagner pelas calçadas e bares da vida.  Depois de muito ralar e de muito penar, se viu com um diploma de Engenheiro na mão, carimbado pela renomada UFRN.

E andou, e vagueou, ganhando experiências, sapiências, agudezas, enredos, ardis para a concatenação numérica e vocabular e, de tanto bater asas pelo mundo acabou pousando no sertão de Cratheús para construir a imensa Barragem do Realejo, mas isso ele já sabia fazer desde criança. Engenheiro laborioso, preciso no prumo e no olhar, foi deixando sua arte em tudo que se propunha a realizar. O Teatro Rosa Moraes foi um exemplo da exatidão métrica dos números e foi um reflexo arquitetado para que a cidade se orgulhasse de um monumento grandioso saído da mente de quem verseja os números e numera as letras.    

E assim projetou, com carinho e afeto, a Biblioteca Norberto Ferreira, para os saborosíssimos livros que ele mesmo iria “devorar”, em honra ao avô que lhe apresentou a magia da leitura na campestre e bucólica Taperuaba. Projetou e construiu o Ginásio Poliesportivo Deromir Melo para que as crianças pudessem desenvolver suas irrequietas artimanhas com tranquilidade. Conseguiu erguer o interminável Terminal Rodoviário da cidade, e foi edificando um prédio aqui, estampando outro ali, e depois do benfazejo açude em Bom Jesus, assentou inúmeras barragens pelo sertão onde só se viam redemoinhos de poeiras, tudo isso como um caprichoso João de Barro que a tudo apura e averigua os prós e os contras, cristalizando, o que antes eram simples ideia no papel, em sólidas obras no ar.

Um dia o destino gritou bem alto e disse: Te aquieta, Cancão! Tu tens agora outra missão! E um aneurisma na aorta apaziguou sua ânsia de concretizar os monumentos, para que ele, pacientemente, solidificasse os momentos da vida em arte e poesia. Disse-lhe um amigo, o Júnior Bonfim, também um poeta metido a bonachão: “É, meu camarada, os versos não têm idade. Alguns nascem, crescem, permanecem invisíveis, nunca perecem e, um belo dia, aparecem.”

A poesia que vinha amadurecendo em Humberto Paz, estava engarrafada num tonel de carvalho como um bom vinho, vinha pegando textura e sabor de uma “uva” plantada lá na infância, talvez originados naqueles versos louvando o cangaceiro Caminhadeira, quem sabe.  E no seu livro intitulado “Quase Poesia” (Mas espia só!) saboreamos esse petisco: “ Dizem que o tempo não para, / porém não é bem assim! / Apesar do que parece, / Quem ama não envelhece. / O tempo lhe será leve / que nem a luz do luar, / o voar dos colibris... / Com toda sinceridade, / Sua maior felicidade / É ver o outro feliz”.

Dizem que os bons poetas andam flutuando, percebem o mundo num ângulo de 180 graus e até parecem distraídos, mas, como o pássaro cancão do sertão, notam tudo, a tudo observem captando a essência e o cerne invisível das coisas que somente os seres iniciados em mistérios são capazes de ver. Chama-se Pareidolia, o estímulo vago e aleatório de enxergar o que não existe bem no seio na terra, no meio das nuvens, entre os galhos secos, nas pontas das pedras e foi na construção de um açude, enquanto uma máquina arrancava troncos e raízes que o construtor/poeta ordenou para o tratorista: - Para! Para! Para!  E retira do meio dos escombros um intrincado pedaço de raiz e diz que é um animal, um belíssimo teiú arborizado. O que num pensaram os coitados dos operários de uma situação daquelas! Culparam o sol quente, na certa!  E de lá pra cá nunca mais parou. Suas peças de resquícios da Caatinga, pedaços de paus e amontoados de pedras, é uma das mais belas coleções, obras de arte captadas no eito do sertão e intitulada: Natureza e Poesia.

Um tronco de aroeira que parece um libidinoso bode bodejando, a ponta de uma estaca é um pangaré trotador e, se fosse para um bom artesão esculpir não ficaria igual, uma lasca de pau que é um peixe nadando no Rio Poti, um cipó encurvado é uma cobra pronta para dá um bote. Há uma tora de pau que é um boneco indecoroso com todos os apetrechos e penduricalhos de gente, tem um tal de cancaossauro, um tal cibitulino, um tal saciriema, um cavacopeixe, um dinoceronte todos de gravetos encurvados e os mais diversos objetos montados em pequenas pedras: Uma flor, um jogador de futebol, todas as marcas de carros já produzidos pela indústria automobilística estão lá, um fusca, o fiat, um ônibus, e diversos caros de luxo...

Bem, para explicar isso, só mesmo vivendo a vida que viveu o Dr. Humberto Paz, o famoso poeta Cancão, mas eu acho, penso eu, que foi um inútil capricho do destino, tirar um cidadão de uma vida produtiva na gloriosa engenharia, construindo obras utilíssimas, para coloca-lo no meio da sequidão dos açudes, nos leitos extenuados dos rios para procurar gravetos, raízes e pedrinhas... Sei não, esse destino é meio sem tino mesmo, eu acho!

Parabéns, poeta Cancão, engenhoso pelejador das palavras e grande artesão dos resquícios da Caatinga!

 http://academiadeletrasdecrateus.blogspot.com/2017/01/humberto-paz-um-poeta-engenhoso.html

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9 de mai. de 2024

O CANGACEIRO BARREIRA

 

Por Guilherme Velame Wenzinger

 O ex-cangaceiro "Barreira" em publicação de jornal, matéria que fala sobre a sua aposentadoria.

Jornal do Brasil(RJ) - 10/05/1982.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
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4 de mai. de 2024

CONFRONTO DOS MARCELINOS COM OS XAVIER - CANAL CANGAÇO EM FOCO

Por Cangaço em Foco
 https://www.youtube.com/watch?v=VV0b17txNeQ&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

Antigo Casarão dos Xavier em Barbalha CE.

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3 de mai. de 2024

FREI DAMIÃO...

 Por Robério Santos

Uma foto incrível da década de 90 em Nossa Senhora Aparecida-SE. No lado esquerdo, Pedro Francisco (que nos deixou recentemente), Frei Damião e Madrinha Vânia (que já partiu também). Foto provavelmente dentro da igreja Matriz. Vocês viram pessoalmente Frei Damião? Eu vi! Um santo em vida.

https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2191126007898365%2C2190751674602465%2C2190701034607529%2C2190610091283290%2C2189859401358359%2C2189989588012007&notif_id=1714592875493047&notif_t=group_highlights&ref=notif

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1 de mai. de 2024

CORONEL RODOLFO FERNANDES NÃO TEMEU NEM UM POUCO AS AMEAÇAS DE LAMPIÃO.

  Por José Mendes Pereira


Muitos estudiosos do cangaço não conhecem a origem do coronel Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins, mas aqui, eu disponibilizo um pouco da sua biografia escrita pelo escritor e historiador Geraldo Maia do Nascimento.


VAMOS JUNTOS APRECIAR O QUE FALOU  O ESCRITOR GERALDO MAIA SOBRE O CORONEL RODOLFO FERNANDES.

Rodolfo Fernandes O herói da resistência

Há pessoas que nascem em Mossoró, mas não são mossoroenses; há pessoas que embora vindas de outros lugares, adotam Mossoró como sua terra e tratam de engrandecê-la, de torná-la cada vez melhor, e com ela crescem, prosperam e, por direito, tornam-se mossoroenses. Para aqueles, Mossoró foi a terra em que nasceram; para esses, Mossoró foi a terra que escolheram para morar. 

Rodolfo Fernandes pertence a última categoria. Nascido em Portalegre/RN a 24 de maio de 1872, começou sua vida de trabalho muito cedo, sendo ainda adolescente quando se iniciou no comércio na cidade de Pau dos Ferros/RN, emigrando depois para a Amazônia durante o primeiro ciclo da borracha, como tantos outros nordestinos. Regressou ao Rio Grande do Norte dois anos depois, indo morar na cidade de Macau, trabalhando na indústria salineira para a Companhia comércio, onde construiu salinas e implantou diversas modernidades. 

Não confundir com a esposa. Esta é filha do coronel Rodolfo Fernandes.

Atraído pelo desenvolvimento de Mossoró, veio aqui se estabelecer, casando-se em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José, Julieta, Paulo e Raul. Já em Mossoró, trabalhou para a grande firma Tertuliano Fernandes & Cia., também construindo salinas e substituindo o tradicional cata-vento para puxar água por um motor a óleo, o que permitia maior aproveitamento das marés. 

Raul Fernandes filho do coronel Rodolfo fernandes - https://tokdehistoria.com.br/tag/rodolfo-fernandes/

Em 1918 estabeleceu-se por conta própria na indústria salineira. Elegeu-se prefeito de Mossoró em 1926. Teve sua memória perpetuada no coração dos mossoroenses por sua atitude decisiva em defesa de Mossoró. De todos os seus feitos, talvez o que tenha lhe dado maior projeção tenha sido a maneira como o mesmo enfrentou a horda de cangaceiros chefiados por Lampião, que na tarde de 13 de junho de 1927 invadiram Mossoró. 

Clique no link e conheça os familiares do coronel Rodolfo Fernandes. 

https://blogcarlossantos.com.br/familia-de-heroi-de-resistencia-a-lampiao-visita-mossoro/

Pretendiam, os facínoras, extorquir uma vultosa quantia para não atacar a cidade. O Cel. Rodolfo Fernandes reagiu negativamente e comandou a defesa da cidade como um grande general, mandando, inclusive, que qualquer pessoa que não fosse participar ativamente da defesa saísse da cidade como medida de precaução. Essa medida, certamente, evitou muitas mortes desnecessárias.Era homem de arrojadas iniciativas de caráter urbanístico. Em sua administração iniciou o calçamento de algumas ruas e da praça 6 de Janeiro, que posteriormente recebeu o seu nome. Construiu também o primeiro jardim público de Mossoró. 

Um fato curioso é que quando foi iniciado o calçamento em Mossoró, muitos habitantes ficaram insatisfeitos, achando que com o chão coberto de pedras, a temperatura da cidade, que já era em alguns momentos quase que insuportável, iria aumentar. Foi mais uma luta do prefeito para mudar a opinião dessas pessoas, na luta pelo progresso da cidade. 

O Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins foi um lutador. Um sertanejo simples, mas de visão voltada para o futuro. Soube como poucos amar Mossoró. “Conseguiu realizar uma obra verdadeiramente notável, dentro dos estreitos limites das finanças do município”, como depõe Vingt-un em seu Mossoró. Mas não chegou a terminar o seu mandato. A 16 de setembro de 1927, com a sua saúde abalada, requer licença para tratamento médico no Rio de Janeiro, onde faleceu a 11 de outubro do mesmo ano. E Mossoró chora a sua morte. 

Várias homenagens foram prestadas em sua memória, tendo sido inclusive criado, em 1963, o município de Rodolfo Fernandes, desmembrado do de Portalegre. De Rodolfo Fernandes ficou o exemplo de homem de visão, pioneiro e libertador, digno das mais altas homenagens do povo mossoroense. E por sua bravura no episódio da defesa da cidade contra os cangaceiros de Lampião, ficou conhecido como “O herói da resistência”. ração".

(transcrito na coluna GERALDO MAIA, no jornal O MOSSOROENSE, edição do dia seis de junho de 2001-quarta feira

http://oestenewsblog.blogspot.com/2009/04/rodolfo-fernandes.html

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