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17 julho 2023

ANTÔNIO SILVINO POR: SEMIRA ADLER VAINSENCHER - Fundação Joaquim Nabuco

Esta foto está mais parecida com o pesquisador do cangaço Robério Santos - J. Mendes Pereira

Manoel Batista de Morais nasceu no dia 2 de novembro de 1875, em Afogados da Ingazeira, uma pequena cidade situada às margens do rio Pajeú das Flores, sertão do Estado de Pernambuco. Era filho de Francisco Batista de Morais e de Balbina Pereira de Morais. Na juventude, ficou conhecido como Batistinha (ou Nezinho). Seus dois irmãos eram Zeferino e Francisco. Batistinha possuía um tio chamado Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque que, após ter brigado com os partidários do General Dantas Barreto (governador de Pernambuco), decidira organizar um bando e, desde então, vivia espalhando o terror pelos sertões adentro.

Desse grupo, faziam parte: Luís Mansidão e o seu irmão, Isidoro, Chico Lima, João Duda, Antônio Piúta e, posteriormente, os seus sobrinhos Zeferino e Manoel Batista de Morais (Batistinha). Silvino Aires vivia fugindo do cerco da polícia, mas foi preso enquanto dormia, pelo Capitão Abílio Novais, perto de Samambaia, distrito de Custódia, em Pernambuco. Com a prisão do tio e bandoleiro, Batistinha assumiu o comando do cangaço, mudou o seu primeiro nome para Antônio (não se sabe, até hoje, o motivo) e, o segundo, para Silvino, em homenagem ao familiar e ex-chefe que tanto admirava.

A partir daí, passou a ser conhecido com o nome de guerra de Antônio Silvino e apelido de "Rifle de Ouro". Um pouco antes de Lampião, ele representou o mais famoso chefe de cangaço, substituindo cangaceiros célebres tais como Jesuíno Brilhante, Adolfo Meia-Noite, Preto, Moita Brava, o tio - Silvino Aires - e o próprio pai - Francisco Batista de Morais (conhecido como Batistão).


Antônio Silvino

Batistinha havia entrado no cangaço com o seu irmão, Zeferino, para vingar a morte do pai, Batistão do Pajeú, que havia tombado morto em um dos combates com a polícia. Batistão era um homem provocador, um bandoleiro, bastante marcado pela polícia e autor de vários homicídios. Certa vez, ousou entrar em Afogados da Ingazeira, em um dia movimentado de feira. Daí, o chefe político local, coronel Luís Antônio Chaves Campos, contratou um matador profissional (Desidério Ramos, que, como o coronel, também era desafeto de Batistão), e este liquida o cangaceiro com um tiro de bacamarte. O corpo de Batistão permaneceu inerte, em uma rua próxima à feira. Era o ano de 1896.

Desidério, gozando da cobertura do coronel e chefe político da região, permaneceu impune e bem protegido no sertão. Jamais demonstrou possuir o menor temor de Antônio Silvino, a despeito de o cangaceiro amedrontar a todos. Sendo assim, depois de muito chorar a perda do genitor, os filhos de Batistão juraram vingar a sua morte, roubando, assaltando e matando todos aqueles que colaboraram para tal.

Algumas pessoas acreditavam, inclusive, que Antônio Silvino não possuía "maus instintos", que não cometia violências à toa, do tipo assaltar pessoas, estabelecimentos, povoados e cidades sem haver um motivo justo. Os integrantes do seu bando só se vingavam daqueles que lhes armavam emboscadas, dos que os denunciavam à polícia, das volantes que os perseguiam. Quando muito, se não agiam exatamente dentro da lei, isto era justificado, segundo eles, pela necessidade de angariar elementos básicos para a sobrevivência do bando: comida, dinheiro, roupa, armamentos. Outras pessoas afirmavam, contudo, que Antônio Silvino vivia espalhando o terror nos municípios das Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco, e nos sertões deste Estado e da Paraíba. Sobre os feitos e a valentia daquele cangaceiro, o cantador popular Leandro Gomes de Barros escreveu: 

Onde eu estou não se rouba

Nem se fala em vida alheia,

Porque na minha justiça

Não vai ninguém pra cadeia:

Paga logo o que tem feito

Com o sangue da própria veia.


Quando Silvino Aires morreu, vários indivíduos perigosos entraram em seu bando e começaram a espalhar o terror por toda a parte. Foram eles: Cavalo do Cão, Relâmpago, Nevoeiro, Bacurau, Cobra Verde, Azulão, Cocada, Gato Brabo, Rio Preto, Pilão Deitado, Barra Nova, Cossaco, entre outros. Antônio Silvino, como chefe, passou a usar a farda de coronel, apresentando-se com cartucheiras, punhal na cintura, bornais e um rifle na mão e, por questão de poder e vaidade, exigia que todos o chamassem de "capitão".


Antonio Silvino


A esse respeito, Mauro Mota registrou um episódio vivenciado por Antônio Silvino. Ao invadir uma cidade na Paraíba, o famoso cangaceiro se dirigiu à casa de um delator e disse, em público, que ia matá-lo. A esposa da vítima, desesperada, pediu-lhe, então: "Capitão, não mate o meu marido. Tenha pena de uma pobre mulher e de crianças que vão ficar órfãs." Ao que o cangaceiro lhe respondeu: "[...] Antônio Silvino não sabe negar nada a uma mulher aflita." [...] "Perdôo-lhe a vida, mas, para não ficar sem castigo, vou mandar dar-lhe uma pisa." Ao que a mulher voltou a lhe solicitar: "Capitão, se é para humilhar meu marido, o senhor me desculpe: em um homem não se dá! Mande logo matá-lo, que é melhor!  Naquele momento, vendo esvair-se a oportunidade de escapar da morte, o marido delator interrompeu o diálogo dos dois e exclamou: "Não se meta, mulher, que o capitão sabe o que faz!"

Um outro episódio ocorrido foi narrado pelo escritor e sertanejo Ulisses Lins. Certa vez, Antônio Silvino passou pela Fazenda Pantaleão, uma propriedade de Albuquerque Né, o avô de Etelvino Lins. Como o cangaceiro não o conhecia, apenas cumprimentou-lhe à distância, tirando o seu chapéu. Quando foi informado de quem se tratava, no entanto, Antônio Silvino voltou para pedir-lhe desculpas, humildemente, por ter passado em suas terras armado, justificando isto pela vida de riscos que levava, fugindo sempre dos inimigos e da polícia. Dessa forma, mesmo considerando o crime como uma banalidade, o cangaceiro sabia respeitar a autoridade e a lei dos coronéis-fazendeiros, em verdade, os mais poderosos de todos.

Ele chegou a ser chamado de "bandido cavalheiro". Mesmo não perdoando aos inimigos, ele adquiriu fama por proteger as pessoas simples e humildes: as mulheres, as crianças, os doentes e os idosos. Um poeta popular sertanejo, na época, sobre ele escreveu:
 

Antônio Silvino é

Cangaceiro do sertão,

Mas não ataca a pobreza,

Antes lhe dá proteção;

Mas tem orgulho em matar

Oficial de galão.

Um outro poeta popular deixou o seguinte cordel, como se fosse o próprio Antônio Silvino falando:
 

Já ensinei aos meus cabras

A comer de mês em mês,

Beber água por semestre,

Dormir no ano uma vez,

Atirar em um soldado

E derrubar dezesseis.

O governador de Pernambuco, general Dantas Barreto, frente aos imensos prejuízos causados pelos cangaceiros no interior do Estado, decidiu decretar a mobilização da polícia. Foram despachadas para o sertão, então, inúmeras forças volantes, com o intuito de combater o bando de Antônio Silvino.


                                               Alferes Teófanes Torres


O delegado do município de Taquaritinga, alferes Teófanes Torres, comandante de uma das forças volantes, desconfiou que o famoso cangaceiro estivesse escondido na fazenda de Joaquim Pedro. E quando empreendeu uma busca dentro da casa, percebeu que um grande carneiro tinha sido abatido e estava sendo preparado na cozinha do fazendeiro. A partir daí, o alferes ameaçou fuzilar o dono da propriedade, caso ele não revelasse, de imediato, onde se encontrava Antônio Silvino. Uma das filhas de Joaquim Pedro, apavorada com a situação, implorou: "diga a verdade, papai!" O fazendeiro terminou falando, então, que o bando se encontrava bem perto dali, à beira de um riacho; e o delegado ordenou que a tropa seguisse até o local e pegasse o cangaceiro vivo ou morto.

O caminho indicado, no meio da caatinga, em Lagoa da Lage, Santa Maria, Pernambuco, era um entranhado de espinhos, mororós, xique-xiques, facheiros e galhos secos de jurema, ferindo todos os que tentavam abrir a picada. Mas, a despeito das dificuldades, no dia 28 de novembro de 1914 ocorreu o último encontro de Antônio Silvino com a polícia. No tiroteio, muitos morreram e poucos conseguiram fugir. Já baleado e para não ir preso, Joaquim Moura, o lugar-tenente do cangaceiro, se suicidou com um tiro de rifle. O confronto durou cerca de um hora, o tempo que o bando esgotou a munição das cartucheiras.

Percebeu-se, de repente, que Antônio Silvino estava correndo cambaleante, como se estivesse ferido. Em verdade, uma bala de fuzil havia atravessado o seu pulmão direito, indo sair na região sub-axilar. Sangrando, ele conseguiu chegar à residência de um amigo, pediu que chamassem a polícia e, na presença desta assim falou: estou entregue! Tinha 39 anos de idade. Ele foi preso na mesma hora e levado para a Cadeia de Taquaritinga. Porém, como estava muito ferido, teve de viajar a cavalo, dentro de uma rede, por cerca de 40 quilômetros, até a estação ferroviária de Caruaru. O destino final era a capital do Estado.

Como recompensa ao heroísmo pela captura do "Mussolini sertanejo", o general Dantas Barreto promoveu o alferes Teófanes a tenente; a alferes, o segundo-sargento José Alvim; e, a cabo, todos os demais praças que participaram do confronto com o bando. Do município de Caruaru, Antônio Silvino foi transferido para a Casa de Detenção do Recife. Veio em um trem especial da Great Western, onde uma multidão o aguardava: todos queriam ver, de perto, o tão falado cangaceiro.

No entanto, Antônio Silvino se encontrava abatido, em decorrência da hemorragia que tivera, estava inquieto, com dificuldade respiratória, e ardia em febre. Os médicos diagnosticaram pneumonia traumática e aplicaram seis ventosas secas sobre o seu hemitorax direito. Posteriormente, deram-lhe injeções de óleo canforado e estriquinina. O doente ficou mais calmo, respirando melhor.

Antônio Silvino se tornou o prisioneiro número 1122, da cela 35, do Raio Leste. Por vários processos, pelos vinte anos de opção pela vida no cangaço, foi condenado a 239 anos e 8 meses de prisão. Na cadeia, teve um comportamento exemplar e decidiu aprender a ler e escrever, aproveitando as horas do dia para fazer algo útil. Nos intervalos das aulas, fabricava abotoaduras, brincos e pequenos artefatos de crina de cavalo, ganhando algum dinheiro com a venda desses produtos. Passou a ser objeto de estudos e pesquisas, principalmente de alunos da Faculdade de Direito do Recife. Entretanto, não gostava de recordar o seu passado.


Antônio Silvino ao sair da Casa de Detenção

Em certa ocasião, recebeu a visita de José Lins do Rego, um jovem advogado cujo desejo era o de se tornar um romancista. Outras vezes, foi procurado por Luís da Câmara Cascudo, Nilo Pereira, José Américo de Almeida, entre várias personalidades importantes. Quanto aos jornalistas, o ex-cangaceiro se recusou, sistematicamente, a recebê-los. Antônio Silvino passou vinte e três anos, 2 meses e 18 dias recluso. Mas, após esse período, recebeu um indulto do Presidente Getúlio Vargas. Na época, ele declarou: "Minha vida todo mundo conhece. Vinte e três anos de reclusão alteraram o meu destino. Mas, diga lá fora, que eu nunca roubei, nem desonrei ninguém, e, se matei alguma pessoa, foi em defesa própria, evitando cair nas mãos de inimigos".

Saiu feliz da vida da prisão, como um passarinho que escapou da gaiola. Tinha 62 anos de idade. Liberto, ele decidiu andar pela rua Nova, olhar as vitrines, ir até à Sorveteria Pilar, conhecer a praia de Boa Viagem, admirar Recife e Olinda. Chegou, inclusive, a conhecer o Rio de Janeiro e o Presidente Vargas. Desejando se estabelecer no interior do Estado, Antônio Silvino resolveu mandar uma carta para José Américo de Almeida, um político de renome na Paraíba, solicitando-lhe um emprego, por conta dos "seus serviços prestados ao Nordeste". Mas, o escritor e político jamais lhe respondeu a carta.

O ex-detento viaja para o sertão da Paraíba. Ficou vagando de cidade em cidade, se hospedando nas casas de alguns amigos antigos, porém jamais obteve recursos financeiros para comprar a tão sonhada pequena propriedade e dedicar-se de corpo e alma à agricultura. Terminou indo viver com uma prima, Teodulina Alves Cavalcanti, que morava com o seu esposo em uma casa modesta na rua Arrojado Lisboa, em Campina Grande, na Paraíba.


        sua prima, Teodulina Alves Cavalcanti
casa na rua Arrojado Lisboa, em Campina Grande


Considerando-se que Antônio Silvino permaneceu vinte anos arriscando a vida e enfrentando o perigo no cotidiano, é possível afirmar que o ex-cangaceiro teve uma vida longa. Lampião, por exemplo, foi morto em Sergipe no ano de 1938, aos 41 anos de idade. Na ocasião de sua morte, Antônio Silvino estava cumprindo a sua pena e, quando indagado acerca do ocorrido, ele declarou: "Não me causou admiração porque a vida é incerta, mas a morte é certa. Não me interessam mais esses assuntos de cangaço, pois sou um homem regenerado. Só quero, agora, descanso na minha velhice".

Do perigoso cangaceiro que fora no passado, ele era hoje um homem idoso, mas que possuía uma mente esclarecida e respondia bem à todas as perguntas que lhe faziam. Dele, foi esse depoimento: "Nunca tive medo de morrer em pé, quando campeava pelo Nordeste, mas, agora, deitado, não quero morrer, se bem que não tenha medo do inferno, pois se para lá for, disputarei um lugar de chefe, um posto de comando qualquer. Pro céu é que eu não quero ir, pois, ao que me consta, lá não há campo pra luta, nem lugar para Capitão de mato como sempre fui. Quero viver mais um pouco, mesmo com esta agonia que estou sentindo, com esta falta de ar, com esta falta de conforto".

E acrescentou: "A justiça dos homens me condenou. A justiça da Revolução de 30 me absolveu, dando-me liberdade. A doença agora me prende e eu tenho que aguardar o pronunciamento da justiça de Deus. É ela maior de que todas as justiças da terra".

Antônio Silvino teve oito filhos: José, Manoel, José Batista, José Morais, Severino, Severina, Isaura e Damiana. Ele morreu na casa de sua prima Teodulina, no dia 30 de julho de 1944. Ao lado de uma multidão de curiosos, procurando vê-lo pela última vez, o ex-cangaceiro foi enterrado no Cemitério de Campina Grande. Uma senhora idosa depositou uma coroa de flores sobre a sua sepultura e, uma jovem, um cacho de angélicas e cravos. Passados dois anos e meio do seu falecimento, nenhum familiar apareceu para a retirada dos ossos de Antônio Silvino. Sem alternativa, os coveiros enterram os restos mortais em um outro lugar do cemitério. Hoje, não se sabe mais aonde.

O que sobrou do Capitão Antônio Silvino, do célebre Rifle de Ouro, se perdeu, em meio a tantas outras ossadas que nunca foram reclamadas. A sua fama, no entanto, registrada pelos poetas populares em literatura de cordel e, por muitos intelectuais, em vários livros e periódicos, permanece viva e intacta em todo o Brasil.


Semira Adler Vainsencher

Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco

pesquisaescolar@fundaj.gov.br

 

Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler. Antônio Silvino. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>.  

16 julho 2023

SENHOR MANOEL VIEIRA. SOBRINHO DO CANGACEIRO ZABELÊ I (ISAÍAS VIEIRA DOS SANTOS) QUE INTEGROU O BANDO DE LAMPIÃO NA PRIMEIRA FASE DO CANGAÇO LAMPIÔNICO.

 Por Geraldo Júnior

Fotografia registrada na histórica fazenda Xique-Xique de incontáveis histórias cangaceiras e nordestinas. Local esse onde no dia 14 de novembro de 1925 ocorreu o célebre combate do Xique-Xique em que o bando de Lampião enfrentou a temível Força Volante de Nazaré (Nazarenos). Nesse dia foram mortos três cangaceiros do bando de Lampião (Jurema I, Morcego e Jurity I), além do jovem Nazareno Ildefonso de Souza Ferraz.

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15 julho 2023

A MAIOR MILÍCIA PARTICULAR (Grupo de Jagunços) DA REGIÃO OESTE POTIGUAR (1919-1936):

 Por Marcos Pinto



JOAQUIM DANTAS DA SILVA SALDANHA - O maior arregimentador de jagunços da região Oeste potiguar, juntamente com o seu irmão BENEDITO DANTAS DA SILVA SALDANHA. 


O famoso cangaceiro Massilon Leite Benevides afirmava ser afilhado de Quincas Saldanha e que residiu em sua fazenda em Caraúbas durante cerca de 03 anos. 

Massilon Leite

Quinca e Benedito comandavam a mais forte milícia particular, transformando suas fazendas em Caraúbas num estratégico coito para acomodar cangaceiros, fugitivos dos estados do RN, PB, CE, PE, BA, AL, principalmente dos estados da Paraíba e Pernambuco. Para isso contava com a omissão voluntariosa e cúmplice dos governantes e do judiciário do Rio Grande do Norte. 

Benedito Saldanha

Cite-se os casos das flagrantes parcialidades dos Juízes e depois Desembargadores RÉGULO TINOCO (Vide a HECATOMBE DE 1919 em Pau dos Ferros - Livro "Massilon" - do grande historiador Honorio de Medeiros), FELIPE GUERRA (Cunhado e protetor do parente Tilon Gurgel), JOSÉ FERNANDES VIEIRA (Genro e protetor de Martiniano de Queiroz Porto, que tinha, também, sua milícia particular composta por cangaceiros desprendidos de outros bandos), HORÁCIO BARRETO (Figadal inimigo político e pessoal dos dos Coronéis João Jázimo Pinto, Francisco Pinto e Lucas Pinto.) 

Horácio era Sobrinho de Juvêncio Barreto, dono da famosa fazenda "Unha de Gato", à época município de Apodi e hoje do município de Itaú-RN, onde acoitou e deu dormida ao bandido Roldão Maia(do Itaú) no dia 01 de Maio de 1934, ocasião em que lhe fez recomendações sobre a necessidade de se manter sigilo inviolável sobre os nomes dos mandantes e autores intelectuais do covarde crime, TILON GURGEL e LUIZ LEITE, à época prefeito do Apodi, que viria a ser consumado às 20:30 h. do dia seguinte. Ainda compunham a face macabra e satânica do judiciário potiguar, asquerosa e protetora de bandidos os Drs. JOÃO FRANCISCO DANTAS SALES, que foi indicado para a comarca de Apodi (Período 1922-1925) por indicação pessoal do Des. Felipe Guerra, com o fito único de perseguir a honrada família PINTO, cujo Juiz recebia às escâncaras, em sua casa em Apodi, o bandido Benedito Dantas Saldanha, e LUIZ MANOEL FERNANDES SOBRINHO (Caraúbas 28.02.1856/Natal 1935).Luiz era amigo íntimo dos irmãos Saldanha BENEDITO e QUINCA.  

Durante a poderosa e truculenta hegemonia dessa jagunçada dos irmãos Saldanha os habitantes da região de Apodi viviam sobressaltados, em constante estado de pânico generalizado, mesmo entre os que se diziam protegidos por essa malta banditícia.

Por Marcos Pinto, historiador e advogado apodiense.

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14 julho 2023

ATELIÊ DA MINHA SOBRINHA FABIANA GALDINO

  Por Laete Mendes Pereira

Hoje aconteceu a abertura do ateliê de Fabiana Galdino. Tive o prazer de ver a felicidade dela. Que Deus abençoei Parabéns, ficou lindo!

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12 julho 2023

TRIO MOSSORÓ, - RESPONSÁVEL POR LEVAR O NOME DE MOSSORÓ AO NOSSO BRASIL, DE NORTE A SUL E DE LESTE A OESTE, ALÉM DE FRANÇA E PORTUGAL.

  Por José Mendes Pereira

Trio Mossoró - A saudosa Hermelinda Lopes ladeada pelos os irmãos João Mossoró (à esquerda) e Oséas Lopes (Carlos André) (à direita).

Estes três irmãos, Carlos André, João Mossoró e Hermelinda Lopes (in memorian), mossoroenses da gema, foram os primeiros responsáveis, por levarem e ser conhecido no Brasil inteiro, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, França e Portugal, o nome da nossa querida cidade Mossoró.

Sabemos que alguns dirigentes da cidade (que ela não tem culpa), não reconhecem isso, mas toda Mossoró é conhecedora do que o Trio Mossoró fez durante a sua trajetória artística, levando Mossoró com ele.

CONHEÇAM ALGUMAS MÚSICAS DESTE FAMOSO TRIO.

https://www.youtube.com/watch?v=iOIZnRz1rLQ&ab_channel=lucianohortencio

O cantor Oséas Carlos André Almeida Lopes nasceu em Mossoró, no dia 28 de outubro de 1938), e depois da parceria com os irmãos Hermelinda Lopes e João Mossoró, que decidiram cada um seguir a sua carreira solo.

https://www.youtube.com/watch?v=UF_ws-OoyLs&ab_channel=LegalQueSom

A partir dali, o Oséas Lopes passou a ser conhecido no Brasil inteiro pelo nome artístico de Carlos André, cujo nome faz parte do seu nome verdadeiro, Ele é um cantor, produtor e compositor de música popular brasileira.

https://www.youtube.com/watch?v=SQWbMAgoUbw&ab_channel=100%25Forr%C3%B3

No ano de 1959, Oséas Lopes fundou o Trio Mossoró, no qual cantava com seus irmãos, Hermelinda Lopes e João Mossoró. Foi também um dos diretores e produtores das gravadoras Continental, Copacabana, RCA, Tapecar e Beverly Som.

https://www.youtube.com/watch?v=jX6CqFZFL9w&ab_channel=RaridadeMusical

Foi também produtor musical de vários cantores, entre eles Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Vanusa, Núbia Lafayete, Waleska, Leonardo Sulivan, Lana Bittencourt, Trio Yrakitan, Paulo Diniz, José Ribeiro, Bartô Galeno, Luiz Ayrão, Orlando Dias, José Ribeiro, Silvinho, Odair José, Fernando Mendes, Balthazar, Paulo Diniz e Adílson Ramos, Nilton César, Anísio Silva, Genival Santos, Roberto Muller, Adelino Nascimento, Ivanildo Sax de Ouro, Messias Paraguai, Cláudia Barroso, Valdirene, Abílio Farias, Banda Labaredas e Alípio Martins.

https://www.youtube.com/watch?v=HWLlyw51REM&ab_channel=MarcelHaiter

Atualmente trabalha como representante da Socinpro (Norte e Nordeste) e reside no Recife.

Um nome que Mossoró se orgulha. "Trio Mossoró". E se falar este nome, lembramos logo, com certeza, do famoso cantor Carlos André. 

https://www.youtube.com/watch?v=6v2R3cUheOM&ab_channel=FestarMuito

Uma das melhores interpretações feita pelo cantor mossoroense João Mossoró. Ao meu ver, nem o próprio autor da letra que é Almir Sater, não interpretou igual a ele. Maravilha de interpretação!

O João Mossoró reside no Rio de Janeiro. Sempre fazendo os seus shows por lá, e em outros lugares do Brasil. Faz um bom tempo que ele eu não temos contato.

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11 julho 2023

REMINISCÊNCIAS...

 Por Assis Nascimento

Assis Nascimento e esposa

Esta é uma vista, da parte mais antiga da minha terra, Porto do Mangue... na minha infância, no ponto onde estou fazendo esta foto, era os fundos do SESTIS e do Sindicato dos Salineiros, onde hoje é, o Armazém de Assis Brasão...

Pois bem, mais a frente ficava a casa de Antônio Tapuio, o pequeno comércio de Ananias e fechando a rua, a casa de Alfredo Almeida.

Um pequeno carnaubal, separava a rua da lama do restante da vila, daí pra frente só gamboas e o denso manguezal.

Passados os anos, no início da década de setenta; se dá início a construção da salina Araguassu. Na época lembro-me do início dos trabalhos, quando a firma F. Souto adquire caminhões basculantes, para carregar material para fechar as gamboas... O trabalho consistia em enfincar troncos carnaúbas com um bate-estaca no leito da gamboa e depois preencher com sacos cheios de areia, até formar uma barragem; evitando a água do mar chegar ao manguezal.

Feito isso, vem a parte do desmatamento, construção de Paredões para confecção de baldes e cristalizadores. Trabalho árduo e duro, feito por muitas mãos; e a duras penas para o meio ambiente.

Cinquenta anos se passaram, acredito que as salinas na nossa região; trouxeram mais benefícios que perda para nossa terra.

Assim penso, por isso digo

 https://www.facebook.com/assisnascimento.nascimento

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10 julho 2023

CARLOS ANDRÉ, O GIGANTE DE MOSSORÓ

  Por Túlio Ratto

Ainda se discute e não se consegue mensurar o real estrago da pandemia na economia mundial, nem as profissões e setores que foram mais afetados. Entretanto, sem dúvida alguma, o sofrimento na classe artística brasileira é descomunal, pois envolve inúmeros artistas que já viviam na pindaíba há bastante tempo, esquecidos pelos setores culturais em todo o Brasil. Isso não é coisa somente do Rio Grande do Norte, bom que se diga. O prejuízo se torna ainda mais acentuado quando se trata de um artista na terceira idade. Aí, meu velho, é que o bicho pega pra valer.

Nosso bate-papo especial nesta edição é com o mossoroense Oséas Lopes, nosso querido Carlos André. Com 82 anos, ele até se vangloria de não tomar remédio algum. “Sou juventude acumulada, só tomo caldo de cana com pastel”, sustenta.

Grande na altura — cerca de 1,90 — e no talento, Oséas “Carlos André” Almeida Lopes é um dos maiores artistas que o RN já concebeu. O artista, como muitos, está nessa luta diária do isolamento social. Um desafio ainda maior para ele, acostumado a viajar o Brasil inteiro realizando shows. E foi exatamente sobre o que ele tem feito na ‘quarentena’ que iniciei o nosso papo, ao que respondeu sem titubear:

— Nada! É duro para quem vive da arte. Só a mão de Deus mesmo. A não ser aqueles que estão na onda, na mídia ou que estão com muito dinheiro reservado, né? E mesmo assim ainda fazendo shows, na loucura mesmo. Não precisa fazer esses shows, pois eles têm muito dinheiro. Agora quem não tem?

A trajetória de Carlos André já é bastante conhecida, mas é sempre prazeroso relembrar a sua introdução à música. Filho de uma prole de 16, do comerciante Messias Lopes de Macedo e da senhora Joana Almeida Lopes, Oséas trabalhava em Nonato Aires, uma oficina de carroceria de caminhão, seu primeiro emprego. Pintava aqueles “frisos” de madeira que tem nas carrocerias, de verde, vermelho… “E enquanto eu pintava, ficava cantando as músicas de Luiz Gonzaga. E sempre passava por ali nosso amigo que já se foi, o Canindé Alves. E ele certo dia disse que seria o aniversário da Rádio Tapuyo e perguntou se eu queria participar. ‘E o que é que eu vou fazer’, perguntei. E ele responde: o que você está fazendo aí: cantar. E fui. Souza Luz e João Newton da Escóssia faziam parte da diretoria e me contrataram. Lá fiquei do ano de 1956 até 1959. O melhor salário de Mossoró era o de Oséas Lopes cantando.

Foi durante um encontro em evento do aniversário de uma rádio da cidade do Crato-CE que Oséas recebe convite de Jackson do Pandeiro para trabalhar no Rio de Janeiro. “Resolvi realizar meu sonho e fui morar no Rio de Janeiro. Jackson havia me dito que o procurasse, deixou até o endereço dele, e que me ajudaria. Souza Luz, da rádio Tapuyo, chamou-me de maluco quando disse que iria embora para o Rio. E perguntou como é que eu ia pro Rio sem conhecer nada e deixando o salário que eu ganhava em Mossoró”. O cantor resume essa fase da história na Cidade Maravilhosa para uma pergunta:

— Se eu tivesse ficado em Mossoró, como seria hoje? Rádio à época pagava salários a artistas, músicos, a todos, e hoje? Estava rodando bolsinha, né, bicho?

Quando pergunto se o grupo dos jovens forrozeiros, com Oséas Lopes, Hermelinda e João Batista, já existia antes dele ir ao Rio de Janeiro e sobre o fim, ele diz que já existiam “Oséas Lopes e Seus Cangaceiros do Ritmo”, mas que tiveram de mudar o nome ao chegar ao Rio, pois esse nome para gravar o primeiro disco não ficava legal. Surgia aí o Trio Mossoró. Sobre o fim, diz que nunca teve um ponto final no grupo. Ainda estão juntos até hoje.

Em 1962, quando lançaram o primeiro disco intitulado “Rua do Namoro”, abriram-se as cortinas para conquistas importantíssimas no cenário musical brasileiro, como o troféu Elterpe, em 1965, pela música “Carcará”, do segundo disco do Trio, “Quem foi vaqueiro”. Esse prêmio era o de maior importância da Música Popular Brasileira à época. Dois anos depois, “Carcará”, de autoria de João do Valle, seria regravado por Maria Bethânia. “Eu me sinto orgulhoso de ter levado o nome de Mossoró para fora do estado. Porque naquela época, nos anos de 1960, ninguém sabia que existia a cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte”.

Em livro biográfico de Carlos André, escrito pelo professor Almir Nogueira, o cantor Raimundo Fagner apresenta o livro dizendo: “O Trio Mossoró conseguiu colocar a cidade de Mossoró no mapa”. O grupo gravou 12 LP’s e 4 compactos.“No início dos anos de 1960, existia um cavalo que ganhava tudo no Rio, e que tinha o nome de Mossoró. Daí eles pensavam que a gente estava homenageando o cavalo. É mole? (risos).”

“No início dos anos de 1960, existia um cavalo que ganhava tudo no Rio, e que tinha o nome de Mossoró. Daí eles pensavam que a gente estava homenageando o cavalo. É mole? (risos).”

Carlos André lembra com carinho do auge do Trio na Região Sudeste do Brasil e fala que um sobrinho dele conseguiu recortes das manchetes de jornais da época no Rio e São Paulo. “Enviei para os nossos amigos de Mossoró Herbert Mota e o Paulo Linhares — com fotos e que falava sobre nós. O Rio Hit Parade mostrava os grandes sucessos, como os de Roberto Carlos e a onda daquela época. E o Trio Mossoró estava no meio. Tinha também o programa Hoje é Dia de Rock. Eram o Erasmo, Roberto, Eduardo Araújo… Só a nata do Rock. O produtor/apresentador do programa, Jair de Taumaturgo, era fã do Trio Mossoró. Tanto que nos colocava juntos com eles no programa de Rock. “Aí lá vem o Trio Mossoró, todos com chapéu de couro na cabeça e os caras tudo no rock” — conta aos risos.

Algo que vira e mexe vem à tona em nossa conversa é a questão da valorização ou desvalorização do grupo em sua terra natal. Carlos André lembra que antes da pandemia foram fazer um show em São Paulo e quando chegaram ao aeroporto duas garotas em uma camioneta receberam o Trio para acompanhá-los até o hotel e se colocaram à disposição para passeios pela cidade, se eles quisessem. “Parecia até Mossoró, ó, bicho?”, ironiza, e diz que enviou o material para a ex-prefeita Rosalba, queria mostrar aquela recepção. No palco, ele conta, foi preciso até segurança, pois era grande a multidão para ver ao show, “e de jovens, universitários. Por que isso não acontece em Mossoró, meu Deus?”, pergunta desapontado. Lembra ainda que quando foi fazer show em um São João, de Mossoró, nem camarim tinha para ficar. Até teriam direito, se pagassem pelo camarim. “É mole? Isso dói na gente.” Em outra ocasião, relembra que o cachê do Trio deveria pagar todas as custas, como translado, hotel, alimentação. E, caso não aceitassem, o secretário de cultura mandara avisar que não seriam contratados.

Carlos André, sua grande mágoa seria essa indiferença com que Mossoró tem com o seu nome e o nome do Trio?

“Dos governantes? Total. Vou aproveitar para desabafar agora. Na época que o produtor de TV Zé Messias veio a Mossoró, fui com ele assistir ao espetáculo Chuva de Balas, depois da apresentação dele o convidaram para ver a peça, e disseram que pra mim não tinha um lugar lá na frente, que só tinha pra ele. É uma vergonha, bicho. O amigo Herbert Mota sempre me diz que tudo tem sua hora, que minha hora vai chegar. Mas a minha hora será quando eu partir? É como meu amigo Nelson do Cavaquinho falava, que depois que eu partir só quero reza. Se você pode fazer algo por mim, que faça agora. Quem mais fez divulgação do nome de Mossoró fomos nós, eu e o Trio Mossoró. E não sou reconhecido. Quantas mensagens e e-mails enviei para Rosalba e ela nunca me deu uma resposta? Nunca. Mas eu adorava o pai dela porque era meu grande amigo. E ele sempre dizia que estava chegando a minha vez. Quando ela se elegesse a algo eu seria lembrado. Nunca chegou”.

Apesar de hoje morar em Recife-PE, Carlos André sempre foi muito presente em Mossoró e diz, quando pergunto sobre nossos destaques mossoroenses na música, que “temos muitos talentos, mas que também não são reconhecidos. A injustiça existe. Orlando Peres e Ilo de Souza são grandes talentos. Tinha um sanfoneiro em Mossoró que me falava que tocava no São João e recebia R$ 300 reais para ele e banda. Isso é uma vergonha. Quem conhece Mossoró sabe que aqui é um celeiro de grandes artistas. Não dá nem pra elencar tantos talentos. Temos muitos. Mas é aquela coisa, sem incentivos o negócio não anda, bicho!”, finaliza desapontado.

Nosso mais ilustre cantor se emociona ao falar sobre o irmão Cocota. “Há cinquenta anos eu gravei uma música. A Praça dos Seresteiros seria uma grande homenagem ao meu irmão. Mas foi engavetada pela prefeitura. O nosso irmão ‘Cocota’ cantava muito também. Daí criou-se uma espécie de escolinha. Já fazia um relativo sucesso no rádio. Tudo incentivado por nossa mãe. Naquela época ela ‘mandou’ logo os meninos aprenderem algum instrumento”.

Sobre o impulso dado a Luiz Gonzaga quando o rei do baião começava a desacelerar na carreira, alerta-me que não fica bem ele mesmo falar, mas, emenda: “Em 1983 eu estava com a corda toda no Rio de Janeiro como cantor e produtor. Em reunião com o presidente da gravadora RCA, soube que muitos iriam ser dispensados, inclusive o Luiz Gonzaga e o Nelson Gonçalves, pois há quase uma década iam mal nas vendas. Defendi os dois, eles não poderiam ser dispensados. O que esses dois já haviam feito pela gravadora não está escrito… Então assumi a responsabilidade de ser produtor musical de Luiz com a missão de fazê-lo retomar a carreira de sucesso. E deu certo”.
Até o ano de 1987, Carlos André produziu os discos “Danado de bom” (1984), “Luiz Gonzaga & Fagner” (1984), “Sanfoneiro macho” (1985), “Forró de Cabo a Rabo” (1986) e “De Fiá Pavi” (1987), álbuns com vários sucessos que imortalizaram o velho “Lula” e que renderam a Gonzagão discos de ouro e platina.

Coincidentemente, em 1984, mesmo ano do lançamento de “Danado de bom”, Carlos André lança o disco dele com a música Siboney, que estourou nas paradas. Ele fala que esteve em Mossoró para lançar os dois discos, dele e de Gonzagão, e, ao chegar à recepção de uma rádio, pediu pra falar com o programador. Foi atendido. Disse que estava vindo do Rio pra fazer divulgação do disco de Luiz Gonzaga, que até então já havia vendido um milhão de cópias, e o seu, recém-lançado. O programador pegou os discos, disse obrigado e virou as costas.

— Na minha cidade eu passar por isso? — lamenta.

A minha irmã Hermelinda diz que não consegue ser assim. Diz que eu sou macaco de Mossoró pra ter que aturar isso. É uma vergonha o que eles fazem com a gente”.

Encerro o bate-papo com Carlos André pedindo suas considerações finais e ressaltando que seu talento, trabalho, pioneirismo, o que o Trio Mossoró representa para a cidade deveriam ser — e nós torcemos muito para que isso ocorra —, lembrados pela nova administração. Acredito que o novo prefeito deva saber sobre essa longa história de sucesso e que o mossoroense tem o dever de lutar e defender o nome do Trio Mossoró e seus integrantes, pois foram vocês que mais divulgaram o nome de nossa cidade pelo Brasil. Posso até queimar minha língua, estar superestimando o novo prefeito, Allyson Bezerra, mas arrisco em dizer que vocês serão, enfim, reconhecidos.

— Se Deus quiser. Eu sonho com isso, Túlio. O povo gosta do Trio Mossoró, gosta de Carlos André. Tem você e tem outros amigos que querem que ocorra esse contato com a nova administração. E eu vou. Quero conhecer esse moço, esse rapaz, porque eu vejo aqui pela internet, os bairros com malfeitos, ele já está andando. Ele vai marcar, vai mudar Mossoró realmente. Pelo que eu vejo através da internet, ele já está mudando.

Oséas Carlos André Almeida Lopes nasceu no dia 28 de outubro de 1938, em Mossoró/RN. Foi um dos fundadores do Trio Mossoró, em 1959. Trabalhou nas rádios Tapuyo, Mayrink Veiga e Nacional. Nos anos 1970, seguiu carreira solo com o nome de Carlos André, quando fez enorme sucesso e chegou a vender mais de 1 milhão de cópias com o compacto duplo “Apaixonado”, pela gravadora Beverly, que trazia no seu lado B a música “Se meu amor não chegar”, que até hoje “quebra as mesas” de norte a sul do país.

Compositor de sucesso, com mais de 100 músicas gravadas, Oséas Lopes também ficou conhecido como produtor musical, tendo trabalhado com dezenas de artistas de forró, entre eles Luiz Gonzaga, com quem produziu 5 LPs. O primeiro, Danado de Bom, vendeu mais de um milhão de cópias em seis meses. Sanfoneiro Macho, Forró de Cabo a Rabo, Forró de Fia Pavi, Duetos Luiz Gonzaga & Raimundo Fagner foram alguns outros trabalhos desta parceria.

Outro grande nome do forró que passou pelas mãos do produtor foi Dominguinhos e a sua “Olha isso aqui tá muito bom”, com a participação de Chico Buarque de Holanda. Também temos nessa lista Genival Lacerda com “Severina Xique Xique”, Luiz Vieira, Jorge de Altinho, Alcimar Monteiro, Trio Mossoró, Antônio Barros & Cecéu, Zito Borborema, Eliane, a Rainha do Forró, Sirano e Sirino, João Gonçalves, Bastinho Calixto, Jair Alves, Quinteto Violado, Grupo Carrapicho de Manaus, Pinduca, Manoel Serafim, Nordestinos do Ritmo, Hermelinda, Nonato do Cavaquinho, Teixeira de Manaus, André Amazonas e Nando Cordel, entre outros.

Além do forró, Oséas Lopes também produziu diversos cantores românticos, como Cauby Peixoto, Nilton Cesar, Vanusa, Luiz Ayrão, Silvinho, Núbia Lafayete, Trio Yrakitan, Paulo Diniz, Lana Bittencourt, Orlando Dias, José Ribeiro, Balthazar, Fernando Mendes, Odair José, Waleska, Leonardo Sullivan, Anísio Silva, Bartô Galeno, Genival Santos, Roberto Muller, Adilson Ramos, Adelino Nascimento, Ivanildo Sax de Ouro, Messias Paraguai, Claudia Barroso, Valdirene, Abílio Farias, Banda Labaredas e Alípio Martins.

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