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05 fevereiro 2016

OBJETOS DO CANGAÇO


Sanfona pertencente ao acervo do Historiador Guilherme Machado (Serrinha/BA).

Segundo informação passada pelo antigo dono ao atual proprietário, essa sanfona teria pertencido ao cangaceiro Zabelê.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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QUEM SOMOS NÓS?

Por José Mendes Pereira

Para Deus valemos muito, e muito, mas para nós mesmo, nada valemos. Vivemos ambiciosamente em prol das coisas materiais. Somos uns verdadeiros acumuladores de riquezas, e não nos lembramos dos que vivem miseravelmente mendigando, pelo menos um resto de comida.

 
midiaindependente.org

Nada levamos em nossa viagem, viagem que apenas imaginamos para onde, mas não temos certeza se esta ida tem uma parada, alguma coisa que nos fará parar, um lugar para ficarmos, se é que é eternamente.

O fim de cada um de nós é semelhante ao fim de todos nós. Vivemos mastigando a vida, vivemos em pé, vivemos caminhando, mas um dia, cada um de nós deitará em qualquer lugar para morrer, 

paraibahoje.wordpress.com

e é nessa deitada que não se levantará nunca mais; irá para um quadrado que nenhum de nós deseja ser proprietário ou tê-lo como bem material. É uma das propriedades que jamais será invadida por quem quer que seja. Ninguém se arriscará em dizer: “Esta é minha propriedade  e ninguém toma”.

Vivemos em prol do luxo, enfiados em lindas vestes, carros dos mais lindos modelos, mas ninguém os levará para lugar nenhum.
  
carros-rebaixados.com

Divertimo-nos com tudo e com todos, mas na viagem, apenas o seu velho e cansado espírito caminhará sozinho pelas trilhas do universo. Casarões, aviões, navios, metrôs, 

diariodacptm.blogspot.com

tudo quanto lhe pertencia, ficou para dar continuidade a outros que também almejam desfrutar do que o mundo oferece.

E o seu velho corpo e bem moldado pela natureza, onde ficou? Depois que a gente passa desta, nosso corpo perde suas defesas e começa a ser atacado por  bactérias, animais e até substâncias produzidas por nós mesmos, dão início ao fim, e cada um deles, mais faminto do que  outro.

Naquela cova, que lá dentro o corpo será consumido por um batalhão de bactérias e animais, acontece um corre, corre deles, entre as carnes se decompondo, e os que já estão se alimentando, apressam a refeição, tem que ser logo, o mais rápido possível, que mais e mais bactérias e animais chegarão famintos.

As bactérias nascem, crescem e vivem debaixo do chão à espera de quem morreu ou está para morrer. Cada um que chega lá, elas fazem uma grande festa, um banquete, e não saberão quando será realizada uma nova festa.

O homem é ambicioso mesmo, acumula bens, e por eles é capaz de matar, de roubar, de odiar, e amor, muito pouco, mas nada levará em sua partida. Todos nós, um dia teremos que pegarmos esta estrada, aliás, a estrada de cada um, talvez, quem sabe,  poderá ser diferente, mas o caminho será sempre o mesmo.

Que bom que cada um de nós olhasse com amor o seu semelhante.

Minhas simples histórias

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POR QUE ACABARAM COM OS PASTORIS DE BAIRROS?

Por José Mendes Pereira

Pastoril era uma dança que acontecia em todas as cidades do Brasil, formado por um pequeno palco, com espaço para abrigar de seis a oito moças, conhecidas por pastoras ou pastorinhas, as quais dançavam com cavalheiros que pagavam o espetáculo.

Geralmente, o palco era montado sobre a calçada ou em frente a casa do encarregado (dono), feito com tábuas e bem protegido com cordas enfeitadas, e nele, estava o apresentador, mais as pastorinhas, que apareciam ao público com roupas curtas e enfeitadas com brilhos, deixando-as bem à vontade e sensuais, e algumas delas, via-se um pouco das suas nádegas.


sipealpenedo.wordpress.com 

As realizações dos shows eram bem animadas, através de um bom sanfoneiro, um triângulo e um pandeiro. E ali, os jovens ou mesmo senhores de idades avançadas, formavam grupos de três ou quatro amigos, no intuito de concorrerem com outros grupos de homens, os aconchegos das pastorinhas sobre o palco, e serem admirados pelos os olhares dos que apreciavam de fora o espetáculo. E o grupo de cavalheiros  que oferecesse mais dinheiro para dançar uma música tocada pelo sanfoneiro, iria dançar com as pastorinhas. 

Confirmado o valor que os dançadores pagariam por uma rodada sobre o palco, com as pastorinhas, o sanfoneiro puxava o fole do acordeom, e os homens balançavam os seus esqueletos sobre o enfeitado palco. O balanço poderia ser com uma só dançarina. Mas no decorrer da música que estava sendo tocada, eles podiam trocar de pastorinhas entre si, ou ainda usar as que ficavam paradas, por falta de dançadores.

Em anos remotos era comum os pastoris pelos bairros de Mossoró, como: Alto de São Manoel, Bom Jardim, Pereiros, Alto da Conceição, Santo Antonio, Bairro do Alto do Xerém, etc. E quem mais se destacou em Mossoró como proprietário de pastoril, foi um senhor conhecido por Juarez do Xerém, que desde muito jovem criara o seu grupo de pastorinhas, para animar as noitadas do seu bairro Alto do Xerém.

Fotos do acervo do Lindomarcos Faustino

Já em São Miguel, no Rio Grande do Norte, segundo o historiógrafo e pesquisador do cangaço, o Rostand Medeiros, quem mais se destacou no pastoril foi a Dona Sofia, grande incentivadora do pastoril de São Miguel, quando levava outros grupos para animarem mais ainda os participantes e  os que apreciavam este divertimento.

Dona Sofia - foto do acervo Rostand Medeiros - http://tokdehistoria.wordpress.com/   

Mas com o passar dos anos, os pastoris foram desaparecendo dos bairros de Mossoró, devido a grande mudança que aconteceu com a juventude, quando muitas moças enfrentaram os seus carrascos pais, e adquiriram liberdade, e passaram a dançar em clubes, em casas noturnas, etc.

Nos dias de hoje, este divertimento não mais se ver pelos bairros de Mossoró, e nem em cidade nenhuma do Brasil. Infelizmente o pastoril foi desativado de uma vez por toda, apenas memorizado nas mentes de quem participou ou presenciou este divertido mundo que era pastoril.

Será que o pastoril voltará algum dia a animar os bairros de Mossoró, ou de outras cidades brasileiras, apresentando novas pastoras? Certamente que não. O pastoril teve a sua fase e viveu por muito e muitos anos. Mas a evolução e a explosão da juventude, fizeram com que este espetáculo passasse a ser apenas adormecido. Já foi ou já era.

Mas quem sabe, algum dia, alguém possa acordá-lo do seu profundo sono, e levá-lo a viver novamente em todas as cidades do Brasil. 

Minhas simples histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

 Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

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O EX-CANGACEIRO ANTONIO SILVINO RIFLE DE OURO

Por Semira Adler Vainsencher

Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco

Antônio Silvino passou vinte e três anos, 2 meses e 18 dias recluso. Mas, após esse período, recebeu um indulto do Presidente Getúlio Vargas. Na época, ele declarou:

"Minha vida todo mundo conhece. Vinte e três anos de reclusão alteraram o meu destino. Mas, diga lá fora, que eu nunca roubei, nem desonrei ninguém, e, se matei alguma pessoa, foi em defesa própria, evitando cair nas mãos de inimigos".

Saiu feliz da vida da prisão, como um passarinho que escapou da gaiola. Tinha 62 anos de idade.

Liberto, ele decidiu andar pela rua Nova, olhar as vitrines, ir até à Sorveteria Pilar, conhecer a praia de Boa Viagem, admirar Recife e Olinda. Chegou, inclusive, a conhecer o Rio de Janeiro e o Presidente Vargas.

Desejando se estabelecer no interior do Estado, Antônio Silvino resolveu mandar uma carta para José Américo de Almeida, um político de renome na Paraíba, solicitando-lhe um emprego, por conta dos "seus serviços prestados ao Nordeste". Mas, o escritor e político jamais lhe respondeu a carta.

O ex-detento viaja para o sertão da Paraíba. Ficou vagando de cidade em cidade, se hospedando nas casas de alguns amigos antigos, porém jamais obteve recursos financeiros para comprar a tão sonhada pequena propriedade e dedicar-se de corpo e alma à agricultura.

Terminou indo viver com uma prima, Teodulina Alves Cavalcanti, que morava com o seu esposo em uma casa modesta na rua Arrojado Lisboa, em Campina Grande, na Paraíba.

Considerando-se que Antônio Silvino permaneceu vinte anos arriscando a vida e enfrentando o perigo no cotidiano, é possível afirmar que o ex-cangaceiro teve uma vida longa. Lampião, por exemplo, foi morto em Sergipe no ano de 1938, aos 41 anos de idade. Na ocasião de sua morte, Antônio Silvino estava cumprindo a sua pena e, quando indagado acerca do ocorrido, ele declarou:

"Não me causou admiração porque a vida é incerta, mas a morte é certa. Não me interessam mais esses assuntos de cangaço, pois sou um homem regenerado. Só quero, agora, descanso na minha velhice".

Do perigoso cangaceiro que fora no passado, ele era hoje um homem idoso, mas que possuía uma mente esclarecida e respondia bem à todas as perguntas que lhe faziam. Dele, foi esse depoimento:

"Nunca tive medo de morrer em pé, quando campeava pelo Nordeste, mas, agora, deitado, não quero morrer, se bem que não tenha medo do inferno, pois se para lá for, disputarei um lugar de chefe, um posto de comando qualquer. Pro céu é que eu não quero ir, pois, ao que me consta, lá não há campo pra luta, nem lugar para Capitão de mato como sempre fui. Quero viver mais um pouco, mesmo com esta agonia que estou sentindo, com esta falta de ar, com esta falta de conforto".

E acrescentou:

"A justiça dos homens me condenou. A justiça da Revolução de 30 me absolveu, dando-me liberdade. A doença agora me prende e eu tenho que aguardar o pronunciamento da justiça de Deus. É ela maior de que todas as justiças da terra".

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=329

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04 fevereiro 2016

JOÃO BOSCO, FUNCIONÁRIO DO DEPARTAMENTO DE CULTURA DE PAULO AFONSO SERÁ UMA DAS ATRAÇÕES DA NOVA NOVELA DA GLOBO - VELHO CHICO

Por João de Sousa Lima

João Bosco Gomes da Silva conhecido comediante de Paulo Afonso e funcionário do Departamento de Cultura, é um dos contratados pela Rede Globo de televisão, para atuar como Elenco de Apoio na nova novela "Velho Chico".

A equipe já realizou filmagens mostrando as paisagens naturais de Paulo Afonso e região, estiveram no povoado Juá e no Raso da Catarina.
Bosco é filho de Santina Gomes da Silva e reside no Bairro Mulungu (BTN).
Tem uma trajetória artística bem conceituada  em Paulo Afonso, sendo sempre convidado para abrilhantar festas, eventos educacionais e culturais. Já gravou um DVD (Surra que é Bom) e trabalhou como ator no filme " Cangaceiro Gato: Um Rastro de Ódio e Sangue".

Escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br 

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SOU MULHER, SOU NEGRA, SOU DA FAVELA E HOJE SOU MÉDICA


Ariana Reis, 32 anos, chegou ao fim de 14 anos dedicados à universidade: três de preparação para as provas de acesso, cinco do curso de Pedagogia, seis do de Medicina. 

No convite para a cerimônia de formatura, terminava com o seguinte: “Sou mulher, sou negra, sou da favela e hoje sou médica.” Porque “é difícil”.

Porque Ariana é a grande exceção num Brasil onde é raro encontrarem-se médicos negros nos hospitais. A “caçula” de 12 irmãos foi a primeira a ir para a universidade. Era a única mulher negra da sua turma na Faculdade de Tecnologia e Ciências da Bahia. Em seis anos a estudar Medicina, cruzou-se com apenas duas estudantes negras de outros anos. “Nos hospitais sempre me confundem com a menina que limpa o chão. Se cai qualquer coisa: ‘Você vem aqui, pega o pano, limpa.’ Quantas vezes eu já ouvi isso? Muitas vezes. ‘Ah, é a enfermeira, a técnica.’ Se estou sentada lá na mesa — sabem que é um médico que está ali na mesa — ‘É você? Ah…’” E Ariana responde: “Vou chamar a pessoa responsável por isso.” Ou então mostra o distintivo na bata: “Está aqui, sou médica.”

Isto acontece com pacientes brancos e negros: “Na verdade, os brancos ficam mais impressionados. Os negros me abordam mais porque não estão acostumados a ver na sua comunidade pessoas em cargos assim de mais prestígio.” Ariana tenta mudar o olhar de quem a ofendeu: um negro não faz só limpezas, é possível que uma médica seja negra.

De facto, ela raramente se cruza com médicas negras — médicos ainda vai vendo, mas poucos. Cresceu a ouvir: “Negro não presta.” E por isso: “Cresci dizendo: ‘Meu Deus, eu sou negra e negro não presta.’ Não tinha orgulho de ser negra. Meu pai era o primeiro a dizer que negro não presta, que negro faz sempre coisa ruim e que não é para ter orgulho de ser negro — ele sendo negro.”

Mas o pai, pedreiro, morreu com orgulho da filha negra. Estava bastante doente, com Alzheimer, quando Ariana soube que tinha conseguido a bolsa para entrar em Medicina — cancelando assim o curso de Pedagogia que estava quase no fim. Chegou a casa, e contou: “Pai, passei em Medicina. Eu acho que ele entendeu. No outro dia faleceu. Isso é uma dor para mim. Ironia do destino, né? Filha passando em Medicina, pai falecendo no outro dia.”

Apesar de tudo, quando pedia dinheiro para livros, para a escola, ele dava. “Era o maior sacrifício.” Mas ele dava. Na época de aulas, tinha o costume de a esperar à noite nas paragens de autocarro, porque o bairro era perigoso e “tem que ficar olhando”. “Sempre me incentivou. Sempre.”

Ela cresceu a ouvir que negro não presta, mas cresceu também a dizer que queria ser médica. Aos 15 anos, estava num hospital com o sobrinho que tinha caído. Virou-se para o médico, até ali brincalhão, “dando risada”, e disse: “Olha, eu estudo muito para ser médica como você.’ Houve um silêncio da parte dele. Aquele que estava brincando, sorrindo, conversando com a gente se fechou. E aí, como eu falo muito baixo, [pensei] que ele não ouviu, falei mais alto: ‘Olha eu estudo muito porque quero ser médica como você, como o senhor.’ Aí ele virou, olhou para mim como se dissesse: ‘Ponha-se no seu lugar, você não vai conseguir.’ Saí dali arrasada. Arrasada.”

Tinha levado “um balde de água fria”. “Mas não desisti por isso, não.” Afinal, Ariana é conhecida por ser “do contra”: “Se tinha aquilo para fazer e ninguém conseguia, eu ficava, ficava, ficava até conseguir.”

Tentou Medicina, antes de entrar em Pedagogia, por três vezes. Numa delas, em que “não passou”, chegou a casa, à varanda de um apartamento numa favela, e “chorou, chorou, chorou”, lembra a mãe, no mesmo sítio, agora numa noite de Fevereiro, já com a filha formada. E o irmão a dizer-lhe: “Você vai alcançar, vai alcançar.” O irmão não está em casa da mãe na noite em que lá vamos, mas estão algumas das irmãs, sobrinhas e sobrinhos. Os jovens sentam-se na sala, logo à entrada, agarrados aos telemóveis e a olhar para o ecrã da enorme televisão. Vê-se logo a fotografia da cerimónia de formatura de Ariana, em formato gigante: ela de bata, cabelo arranjado, maquilhada. Morro acima, vivem as irmãs, noutras casas. Foi naquela sala que ela estudou e continua a estudar Medicina, com gente a entrar e a sair. No edifício ao lado, fiéis de uma Igreja Evangélica cantam alto, batem palmas.

Quando entrou em Medicina, pagava três mil reais por mês (cerca de 920 euros) — mas tinha uma bolsa do ProUni, um programa do Ministério da Educação que paga 50% da mensalidade a alunos em instituições privadas. Quando estudou Pedagogia, fê-lo ao abrigo das cotas raciais.

As cotas raciais é uma das políticas de ação afirmativa no Governo da Presidenta Dilma que pretendem aumentar a percentagem de população negra nas universidades.


No segundo país com a maior população negra do mundo a seguir à Nigéria, ser negro é pertencer a uma maioria de 51% da população de 200 milhões. Mas o último Censos, de 2010, mostrava que apenas 26% dos universitários eram negros; e apenas 2,66% dos alunos que terminaram o curso de Medicina eram negros, num estudo feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais para o canal UOL. Estes números explicam-se, em parte, com a despesa da educação no Brasil: quem estuda em escolas privadas até ao fim do secundário tem mais hipóteses de entrar nas universidades públicas, as melhores. Para conseguir pagar a universidade privada, Ariana fez uns trabalhos avulsos, como limpar a casa da irmã ou ajudar alguns colegas na faculdade. “É muito difícil. Consegui entrar na universidade porque cheguei num tempo em que meus irmãos já estavam trabalhando e puderam me ajudar também. As cotas ajudam e muito. Como é que a gente que vem da escola pública vai concorrer com esse pessoal da escola privada que não passou por greves de professores e de funcionários? É-lhes cobrado desde que nascem: ‘Vocês têm que ter um nível superior.’ Têm espelhos na família: médicos, engenheiros, professores. Nas famílias pobres, a maioria negras, a mãe é dona de casa, o pai é pedreiro, o pai está desempregado, o pai é bandido, o pai é ladrão.”

Ela estava entre os melhores da turma, diz. Em cirurgia, foi considerada a aluna-padrão. A diferença em relação aos outros é que tudo custava muito mais: saía de casa de madrugada para não apanhar engarrafamentos e garantir que estava nas aulas a tempo e horas, fazia “ginástica” ao dinheiro porque tinha de passar um dia inteiro fora de casa, tinha de comprar livros caríssimos, alguns a “mil, dois mil reais”…

Voltamos à história do convite. Queremos saber o significado daquela frase que ela colocou no final: “Mulher já é discriminada por si só, tem salários inferiores aos dos homens, se for negra ainda pior. Da favela, o pessoal acha que é ladrão. Virei médica: isso é possível.”

Para se ter uma ideia do que diz: com o mesmo nível de escolaridade, as mulheres brancas ganham 68,7% do salário dos homens brancos, enquanto os homens negros ganham metade e as mulheres negras menos ainda, 38,5% (dados retirados do estudo Igualdade Racial no Brasil: reflexões no Ano Internacional dos Afrodescendentes, 2013, IPEA).

Ariana está num hospital militar como voluntária (mas tem um salário). Quer fazer bancos em hospitais do interior para ganhar algum dinheiro e estudar para fazer a prova de cirurgia geral. “Vou cursar dois anos de cirurgia geral em hospitais e terminando os dois anos vou prestar novamente prova para fazer residência em cirurgia pediátrica durante três anos.” Cirurgia porquê? “Gosto de resolver. E cirurgião resolve muito.”

Geledes.org.br


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MARIA BONITA, A RAINHA DO CANGAÇO.

Por João de Sousa Lima

Maria Bonita, A Rainha do cangaço, em breve histórico do escritor João de Sousa Lima
MARIA BONITA
"A RAINHA DO CANGAÇO"

Dia 08 de março de 1911, o dia amanhece nublado e apesar da aparente calma que cerca o Sítio Malhada da Caiçara, município de Paulo Afonso, Bahia, no casebre do casal José Gomes de Oliveira (conhecido como Zé, de Filipe) e Maria Joaquina Conceição Oliveira (dona Déa), uma forte tensão ronda um dos quartos da casa. Mais alguns minutos e ouve-se um choro de uma criança que acabara de nascer. Era a segunda filha do casal, a primogênita chamava-se Benedita Gomes de Oliveira.

A parteira levou a criança até a sala onde o pai e a mãe aguardavam a nova vida. No calor dos braços paterno a criança foi acalentada e admirada. Nos mesmos braços ela receberia o nome: Maria Gomes de Oliveira. Um nome que na adolescência seria reduzido para Maria de Déa e alguns anos mais tarde, já no cangaço, passariam a se chamar Maria de Lampião ou Maria do Capitão, até tombar morta, em 28 de julho de 1938 e ter o nome de Maria Bonita, imortalizado, propagando-se e ganhando fama através das violas dos ágeis improvisos dos poetas repentistas, sendo tema de livros, filmes, teses e estudos sociológicos.

MORENA BONITA E FACEIRA
DOS LÁBIOS BELOS ROSADOS
FLOR QUE A DOCE BRISA CHEIRA
NOS RAMALHETES SAGRADOS

CABOCLA COR DE CANELA
QUE ATÉ O VENTO PALPITA
SENTINDO OS OLHOS DA BELA
DA RAINHA MARIA BONITA
  
João de Sousa Lima
Escritor.

Para conhecer mais:

A TRAJETÓRIA GUERREIRA DE MARIA BONITA, A RAINHA DO CANGAÇO.
75-98807-4138
WWW.joaodesousalima.blogspot.com
joaoarquivo44@bol.com.br 










Escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

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MORRE LINDOMAR CASTILHO, REI DO BOLERO CONDENADO POR FEMINICÍDIO.

  Por Tâmara Freire - Repórter da Agência Brasil Publicado em 20/12/2025 - 12:10 Rio de Janeiro Morreu neste sábado (20), aos 85 anos, o can...