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06 janeiro 2016

JOÃO TUBIBA

Por: José Mendes Pereira

João Tubiba era mossoroense, mas a sua casa era o seu chapéu. Vivia exclusivamente à custa dos seus familiares e de alguns amigos. Nunca fora homem do trabalho, apenas levara a vida fazendo pequenos mandados, levando dos outros alguns recados e objetos daqui para ali. Uma de suas manias era acompanhar defuntos até ao Cemitério São Sebastião em Mossoró. E muitas vezes, nem conhecia a família do morto. O seu desejo era acompanhá-lo até à cova, e lá, fazer o que ele mais gostava. A primeira jogada de barro sobre o morto, tinha que ser feita por ele. Isso era o seu maior desejo.

Geralmente, no velório, João Tubiba servia para pernoitar ali diante do morto, enquanto os familiares procuravam descansar um pouco. Várias vezes ele fora solicitado para esta finalidade. 

Mas alguns afirmavam que aquele desejo do João Tubiba permanecer em velórios, era interesse, talvez para ganhar um trocadinho da família. Se era ou se não era, o João Tubiba estava em todos os velórios e enterros. 

Certa noite, enquanto permanecia pastorando um defunto, e já que naquele momento estava só, João Tubiba aproximou-se do caixão, levantou um pano que cobria o sem vida, e lá viu, que em matéria de sapatos, o defunto estava muito bem obrigado.

Vendo que era um desperdício, e dos maiores, já que aquele par de sapatos iria ser enterrado juntamente com o falecido, e rapidamente fez a troca que ora imaginava. 

Como ninguém ali jamais imaginaria que alguém teria coragem de carregar os sapatos do morto, ele permaneceu a noite toda no velório, com sapatos novos e luxuosos em seus pés.

No dia seguinte, no momento de colocar o caixão dentro da cova, a viúva que desesperadamente chorava ao lado do caixão, pediu que queria ver o seu ente querido pela última vez, abrissem o caixão para as suas últimas despedidas, e de imediato, ela percebeu que o seu ex-marido estava com sapatos velhos. Mas como era um momento triste, ela só levou a conversa adiante, depois de alguns dias.

A partir deste dia, o João Tubiba deixou de participar de velórios, já que o seu interesse era furtar os defuntos. João Tubiba era ladrão de defuntos.

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  Autor 
José Mendes Pereira 

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MARTINS COELHO UM VETERANO E CAPACITADO RADIALISTA DE MOSSORÓ

Por: José Mendes Pereira
http://marcosantonioserido.blogspot.com

Martins Coelho é um dos mais antigos e capacitados radialistas de Mossoró, que desde os anos sessenta, período em que começou a sua intimidade com a comunicação, continua na Rádio Difusora de Mossoró, apresentando o seu programa semanal.

Dos muitos que com ele  começaram no rádio, alguns já partiram para a eternidade, Seu Mané Alves, Every Costa, Edmilson Lucena, e outros estão engajados em emissoras pelo Brasil afora, por exemplo o Jacó, que  se encontra em emissoras na capital do Brasil, Brasília.

Mas alguns deles abandonaram o rádio e partiram para outras atividades, como o Coronel Pereira, Geraldo Mendes. O ex-locutor Edson Martins, por problemas de saúde, já  se encontra aposentado.

O casamento do locutor Martins Coelho com o rádio foi pela primeira vez na Emissora de Educação Rural de Mossoró - "Rádio Rural", tendo sido o seu padrinho 

 
Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti foi uma das figuras mais importantes da igreja nas últimas décadas no Rio Grande do Norte - http://tribunadonorte.com.br

Monsenhor Américo Vespúrcio Simonetti que dirigia as emissoras rurais, uma em Natal, outra em Caicó e outra em Mossoró.

O programa que durante muitos anos o locutor Martins Coelho apresentou na Rádio Rural de Mossoró, ao deixar esta, levou para Rádio Difusora, e como é um programa popular, sempre conservou e continua aumentando a sua audiência em toda Mossoró e nas regiões adjacentes.

Como é um locutor que sempre gostou de animar o seu programa para não se tornar chato, sem graça, certo dia era 1º de Abril (não me recordo o ano), e acreditando que os seus ouvintes não iriam acreditar na sua informação, já que era o dia da mentira - 1º de Abril, assim que chegou à Rádio Rural, no seu programa, Martins Coelho avisou que em frente à Rádio Rural, 

Praça Vigário Antonio Joaquim - telescope.blog.uol.com.br
  
na Praça Vigário Antonio Joaquim, havia estacionado uma carreta cheia de mercadorias, as quais seriam distribuídas com os mais carentes de Mossoró.

 
Praça Vigário Antonio Joaquim - en.wikigogo.org
  
Mas o mais engraçado foi que muitos não se lembraram que aquele dia - 1º de Abril - era dia da mentira. Logo a Praça Vigário Antonio Joaquim encheu de gente. E já que ali não havia nenhum tipo de automóvel com carga, todos queriam saber para onde haviam levado a dita carreta com as mercadorias.

Mas aconteceu que o nosso grande locutor Martins Coelho pagou caro por isso, e foi castigado pelo seu padrinho de casamento com a comunicação, o Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, que o demitiu dos registros da Rádio Rural de Mossoró.

 
http://emersonlinhares.zip.net

Como grande profissional que é, Martins Coelho registrou pela segunda vez a sua Carteira Profissional, e esta segunda vez, foi na Rádio Difusora de Mossoró, permanecendo até os dias de hoje, como locutor.

Mas você acha que Martins Coelho errou, em ter publicado este aviso, que em frente a Rádio Rural tinha uma carreta cheia de mercadorias?

A população foi quem errou, já que ela sabe muito bem, que o locutor Martins Coelho faz o seu programa com muita graça e simplicidade.

Parabéns ao locutor Martins Coelho, pela sua capacidade profissional no rádio mossoroense.
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TANCREDO NEVES E O BARBEIRO

Por: José Mendes Pereira

Tancredo de Almeida Neves foi eleito a deputado quando ainda não era tão famoso, mas já havia ganhado certo respeito da população de Minas Gerais. Antes havia sido promotor de justiça.

Naquela época não era necessário um político andar acompanhado com guarda-costas, porque o brasileiro ainda era humano.

Precisando cortar o cabelo Tancredo Neves parou em uma barbearia, como era chamada em outros tempos.

Sentou-se e ali o barbeiro deu início ao trabalho, fazendo barba e cabelo, no meio de conversas sobre políticas, futebol, secas...

Tancredo, Andrea e Aécio - 1984 Claudio-MG.

Após cabelo cortado, o barbeiro cuidou da barba do deputado, e com a sua navalha bem afiada, ele lhe perguntou:

- Dr. Tancredo de Almeida Neves, o senhor ainda se lembra de mim?

- Pra lhe falar a verdade eu não tenho lembrança quem é, acredito que você foi um dos meus eleitores, mas me lembrar quem é você eu não me recordo. – Disse ele se virando para o barbeiro e o observando dos pés à cabeça.

O barbeiro lentamente fazia a navalha deslizar sobre sua barba, e em seguida disse:

- Dr. Tancredo neves, eu sou João Caetano Morais, aquele que o senhor me acusou naquela audiência quando eu fui réu. O senhor como promotor de acusação  fez o juiz decretar para mim uma cadeia de dez anos. Mas não se preocupe, aqui sou barbeiro, mas para ganhar o pão de cada dia. Cadeia nunca mais!

Tancredo de Almeida Neves ficou branco, temendo ser degolado pelo barbeiro.

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TANCREDO DE ALMEIDA NEVES E O DEPUTADO FEDERAL

Por José Mendes Pereira
Dr. Tancredo de Almeida Neves

Quando o Dr. Tancredo de Almeida Neves foi eleito a Presidente da República Brasileira foi entrevistado pelo canal de Televisão "Globo", e na entrevista, ele contou alguns fatos que ocorreram durante a sua vida política, e que esta entrevista eu a assisti (e vou dizer assim como reforço, além de assisti-la, eu também a ouvi). Lembrei-me de escrever um acontecimento durante a sua vida política, e que foi contado por ele na entrevista.

Quando o Dr. Tancredo de Almeida Neves foi eleito pela primeira vez a governador do Estado de Minas Gerais, e estava cuidando arrumar o seu ministério, encontrou-se com um deputado federal de suas amizades. E lá, conversaram muito sobre alguns  problemas do dia a dia. Já próximo de se despedirem, o deputado federal (cujo nome do deputado ele não revelou), disse-lhe: 
           
- Doutor Tancredo de Almeida Neves, por onde eu passo nas ruas das cidades de todo Estado de Minas Gerais, e em outros lugares do Brasil, nas churrascarias, nos bares, nas reuniões que eu participo, aliás, em todos os lugares, as pessoas me perguntam se eu vou ser Secretário de Educação no seu governo.

O Dr. Tancredo de Almeida Neves sabendo que o deputado federal estava querendo que ele o convidasse  para assumir a Secretaria  de Educação de Minas, inteligente, manhoso, e com um sorriso sarcástico, disse-lhe: 
            
- Você faz o seguinte: Quem lhe perguntar se eu  convidei você para ser Secretário de Educação de Minas Gerais diga-lhe que eu lhe convidei, mas você não aceitou o meu convite.
           
Tancredo Neves tirou o deputado de tempo.

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POR QUE ACABARAM COM OS PASTORIS DE BAIRROS?

Por José Mendes Pereira
sipealpenedo.wordpress.com 

Pastoril era uma dança que acontecia em todas as cidades do Brasil, formado por um pequeno palco, com espaço para abrigar de seis a oito moças, conhecidas por pastoras ou pastorinhas, as quais dançavam com cavalheiros que pagavam o espetáculo.

Geralmente, o palco era montado sobre a calçada ou em frente à casa do encarregado (dono), feito com tábuas e bem protegido com cordas enfeitadas, e nele, estava o apresentador, mais as pastorinhas, que apareciam ao público com roupas curtas e enfeitadas com brilhos, deixando-as bem à vontade e sensuais, e algumas delas, via-se um pouco das suas nádegas.

As realizações dos shows eram bem animadas, através de um bom sanfoneiro, um triângulo e um pandeiro. E ali, os jovens ou mesmo senhores de idades avançadas, formavam grupos de três ou quatro amigos, no intuito de concorrerem com outros grupos de homens, os aconchegos das pastorinhas sobre o palco, e serem admirados pelos os olhares dos que apreciavam de fora o espetáculo. E o grupo de cavalheiros que oferecesse mais dinheiro para dançar uma música tocada pelo sanfoneiro, iria dançar com as pastorinhas.

Confirmado o valor que os dançadores pagariam por uma rodada sobre o palco, com as pastorinhas, o sanfoneiro puxava o fole do acordeom, e os homens balançavam os seus esqueletos sobre o enfeitado palco. O balanço poderia ser com uma só dançarina. Mas no decorrer da música que estava sendo tocada, eles podiam trocar de pastorinhas entre si, ou ainda usar as que ficavam paradas, por falta de dançadores.

Em anos remotos, era comum os pastoris pelos bairros de Mossoró, como: Alto de São Manoel, Bom Jardim, Pereiros, Alto da Conceição, Santo Antonio, Bairro do Alto do Xerém, etc. E quem mais se destacou em Mossoró como proprietário de pastoril, foi um senhor conhecido por Juarez do Xerém, que desde muito jovem criara o seu grupo de pastorinhas, para animar as noitadas do seu bairro Alto do Xerém.

Já em São Miguel, no Rio Grande do Norte, segundo o historiógrafo e pesquisador do cangaço, o Rostand Medeiros, quem mais se destacou no pastoril foi a Dona Sofia, grande incentivadora do pastoril de São Miguel, quando levava outros grupos para animarem mais ainda os participantes e os que apreciavam este divertimento.
  
Dona Sofia - foto do acervo Rostand Medeiros - http://tokdehistoria.wordpress.com/   

Mas com o passar dos anos, os pastoris foram desaparecendo dos bairros de Mossoró, devido a grande mudança que aconteceu com a juventude, quando muitas moças enfrentaram os seus carrascos pais, e adquiriram liberdade, e passaram a dançar em clubes, em casas noturnas, etc.

Nos dias de hoje, este divertimento não mais se ver pelos bairros de Mossoró, e nem em cidade nenhuma do Brasil. Infelizmente o pastoril foi desativado de uma vez por toda, apenas memorizado nas mentes de quem participou ou presenciou este divertido mundo que era pastoril.

Será que o pastoril voltará algum dia a animar os bairros de Mossoró, ou de outras cidades brasileiras, apresentando novas pastoras? Certamente que não. O pastoril teve a sua fase e viveu por muitos e muitos anos. Mas a evolução e a explosão da juventude, fizeram com que este espetáculo passasse a ser apenas adormecido. Já foi ou já era.

Mas quem sabe, algum dia, alguém possa acordá-lo do seu profundo sono, e levá-lo a viver novamente em todas as cidades do Brasil. 

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05 janeiro 2016

MARIA DOS ANJOS

Por: José Mendes Pereira
www.essaseoutras.xpg.com.br

Uma mocinha de pouco mais de 16 anos. De moreno claro, de olhos negros, cabelos longos e pretos como a asa da graúna. Era uma verdadeira "Iracema".  Ninguém resistia o seu olhar atraente, já imaginava coisas imorais. Além do mais, tinha umas lindas coxas. Coisa de menina bonita.  Nem parecia ser filha de um homem feioso, magro, cabeça de coco, poucos dentes naturais, e alguns havia adquirido no protético prático do bairro.  Totalmente desajeitado como era o seu pai, o Elesbão.
       
Certo dia chegara do Rio de Janeiro um militar, o João Prado, todo enfiado num uniforme do exército brasileiro. Era cearense da gema, mas desde menino que viera para Mossoró em companhia dos pais. Aqui cresceu, e daqui foi servir o exército no Rio de Janeiro. Ao ver a linda mocinha, que não havia presenciado a rápida mudança em seu corpo, a desejou de corpo e alma. 
        
Os pais do João Prado eram vizinhos dos pais da Maria dos Anjos, mas as amizades entre eles eram restritas, apenas algumas vezes faziam reuniões nas calçadas.
        
Nesse dia o João Prado chegou a prosear com a mãe da Maria dos Anjos a Isabel sobre a beleza da sua filha, chegando a mandar um recado para ela, que fosse se arrumando que iria levá-la para Copacabana. 

        
Nos anos setenta, uma das boates mais falada em Mossoró era o Cassino "Copacabana", no bairro Bom Jardim, situado nas imediações do Alto do Louvor, lugar reservado para a prostituição de mulheres.
       
Assim que dona Isabel chegou em casa, participou a Elesbão da brincadeira que o João Prado dissera com sua filha, que fosse se arrumando que iria levá-la para "Copacabana", e lá, ambos, iriam viver um belo romance. 
        
Elesbão ao ouvir a brincadeira do João Prado, ou talvez com intenções verdadeiras, não disse nada, ficou calado, apenas engolindo o ódio que atravessava em sua garganta, sobre o desrespeito do João Prado, com a sua filha Maria dos Anjos. Ficou a imaginar que aquele sujeito metido a galã, estava pensando que iria passar a perna sobre sua filha. Ele estava totalmente enganado. Sim Senhor! Aquela filha era criada com carinho, filha única e nada lhe faltava. Era pobre, mas filha de um senhor honrado e trabalhador. Quantas vezes saíra ao clarear do dia para o seu sofrido emprego, lá na fábrica de óleo do Aderaldo, só para dar a sua filha o que ele não tivera quando em companhia do seu velho pai. Aquele sujeito só porque estava de uniforme do exército brasileiro, agora se sentia como se fosse um galã de cinema, o Juliano Gema, o Antonio Sthefane, o Marcos Damon... Enganara-se por completo. Sua amada filha tinha um pai para protegê-la.
        
Ao anoitecer, Elesbão foi até à quitanda do Valentim, também próxima ao Alto do Louvor; tomou umas quatro ou dez cachaças, não sei, e já meio tonto, foi  em casa. Pegou uma faca, mais um pedaço de mangueira grossa, enviou-os na cintura, e foi ao encontro do João Prado, que palestrava em uma das casas amigas. 
         
Ao chegar, perguntou ao dono da casa, o Tiago das Oiticicas, como era chamado no bairro: 
        
- João Prado está aí, seu Tiago?

- Está - respondeu Tiago das Oiticicas.

- Chame ele por favor.

- João Prado, Elesbão quer falar com você. - Gritou seu Tiago lá pra dentro de casa.

E lá se veio inocentemente o João Prado.

- O que deseja, Seu Elesbão? - Perguntou-lhe João Prado.

- João Prado, eu vim aqui porque você mandou um recado pela Isabel, para minha filha Maria dos Anjos, que fosse se arrumando que iria levá-la para o Copacabana.  Como ela não pode vim, então eu vim para ir junto com você ao Copacabana. 
         
E sem mais pensar, desenfiou o pedaço de mangueira da cintura, mais a faca e acunhou atrás do João Prado, descendo a ladeira do Alto do Louvor. E tome peia, e tome peia. Na carreira, as passadas do João Prado atingiam dois metros de distâncias, ultrapassando as do seu agressor. Mas à frente depararam-se com um muro de dois metros. Mas o agredido não contou conversa, saltando-o de uma vez só.  Nem precisou colocar as mãos para se apoiar e facilitar o impulso sobre o muro. Foi aí que Elesbão resolveu não arriscar pular o alto muro.        
         
Enquanto o Elesbão corria atrás do João Prado, os amigos do Elesbão  corriam atrás dele, para que ele não realizasse o assassinato.
          
Todos que corriam atrás do Elesbão, gritavam:

- Não faça isso, Elesbão! Não faça isso..., pelo amor de Deus!!!
         
Dias depois o João Prado retornou às pressas para o Rio de Janeiro, e nunca mais botou os pés em Mossoró. 
         
O Elesbão não sabia que Copacabana é uma praia no Rio de Janeiro. Ele pensava que o João Prado estava desconsiderando a sua filha, querendo levá-la para o meio da prostituição, no cassino de Mossoró, "O Copacabana".       

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CHURRASCARIA ESQUINÃO

Por José Mendes Pereira

Todo mundo quer comércio, mas muitos deles não têm a mínima ideia o que é comércio. Aquele que ganha muito dinheiro comercializando é porque já nasceu para ele, e mesmo que não saiba atender bem a sua freguesia, o comércio ensina-o e o protege em tudo, dando-lhe lucros exorbitantes. Todo mundo quer comércio, mas o comércio só aceita aqueles que ele simpatiza.

Jonas da Churrascaria Esquinão como era o nome de fantasia do seu comércio, viveu por muitos anos deste ramo. No início desta atividade o Jonas era agradável, simpático, ajeitava o seu cliente de acordo com o que ele merecia. Emprestava-lhe dinheiro caso necessitasse, fazia vales, colocava no espeto as melhores carnes de boi, cerveja de boa marca, refrigerante bem geladinho, e antes de entrarem para a geladeira, recebia um tratamento excepcional, limpando-os, higienizando-os zelando pelo seu freguês. Mas com o passar dos tempos, já com os bolsos cheios de dinheiro, o Jonas já não mais se preocupava com estes cuidados, não fazia mais o que antes fazia. Já com uma freguesia cativa, Jonas começou a pôr regras na sua churrascaria. Não aceitava charutos queimados dentro dela, não aceitava jogos de azar sobre as mesas, não aceitava por hipótese alguma, que fregueses puxassem mesas de um lugar para colocar em outro.

O Jonas que havia começado pobre, sem orgulho, balançando tudo o que era de freguês, agora já não mais precisava estar se humilhando a ninguém.

www.autostunados.com

Já era dono de carro do ano, proprietário de um belo sítio, criando boas vacas leiteiras, e vez por outra, montava no seu mimoso cavalo manga larga, para desfrutar do que o mundo estava lhe oferecendo. O Jonas já se encontrava em boas situações financeiras.

saojosedoscampos.zeebukbrasil.com

De todas as regras que o Jonas colocou em sua churrascaria uma delas, a freguesia não estava gostando. Era não aceitar homens entrarem no ambiente apenas vestidos de bermudas, sem camisas; e estas mesmas regras foram delegadas para as mulheres, que não podiam entrar com shorts curtos, com blusas decotadas além do normal...

Mas estas regras do Jonas do Esquinão aos poucos foram chegando aos ouvidos de outros que nunca haviam passado por lá, mas que desejavam conhecer a churrascaria Esquinão, e principalmente o dono, o criador das ridículas regras.

No início do ano de 1978, a prefeitura ainda patrocinava o carnaval em Mossoró, mas apenas à noite, e não existia o frevo carnavalesco até ao raiar do dia.

klebercardozo.blogspot.com

Um dos foliões que havia chegado de Pernambuco com um amigo e quatro amigas, justamente para brincarem e aproveitar as poucas horas que a prefeitura de Mossoró oferecia aos seus foliões, e aos que procuravam esta cidade, tomando conhecimento da Churrascaria do Esquinão, e as regras que o dono havia colocado, resolveu fazer uma visitinha com o amigo e as mulheres, os quais lhe acompanhavam desde a saída de Pernambuco.

Já passava da meia noite, e na churrascaria Esquinão, isto é do Jonas, havia uma pequena quantidade de pessoas, e naquele momento os dois foliões usavam somente bermudas, e as mulheres com shorts bem curtinhos, mostrando as polpas das nádegas.

http://www.nasavassi.com.br 

Os foliões foram logo avisados por um curioso que se encontrava fora da churrascaria, que com aqueles trajes escandalosos o dono não permitia a entrada. E se caso ele não visse a entrada de freguês quase nu no ambiente, não serviria nada na mesa, nem cervejas, nem refrigerantes e nem tão pouco refeições. Mas mesmo assim, entraram e lá se sentaram.

O Jonas ao ver aquele desrespeito, já saiu com quatro pedras nas mãos, que eles fossem vestir as roupas, e depois retornassem que seriam servidos. Mas daquele jeito, não seriam atendidos.

Concordado. O mais irritado folião levantou-se e foi até ao carro para apanhar as roupas de todos. E se o folião foi às pressas, às presas ele retornou, trazendo consigo algumas peças de roupas, colocando-as sobre a mesa. Desenrolando-as, arrastou um revólver e deu início a uma espécie de humilhação contra o Jonas.

- Ponha cerveja aqui em cima da mesa, seu velho imbecil! – Dizia o folião aos gritos. Sirva carnes assadas, e nós a queremos da melhor!

Quando o Jonas viu o revólver apontando para si, caiu em covardia, dizendo:

- É agora mesmo, seu moço! Farei o que o senhor quiser!

O Jonas estava tremendo de medo, e o folião tremia de raiva, ódio ou outra coisa semelhante.

- Eu sou sobrinho de Lampião, seu peste! Eu estou com vontade de fazer o que ele fez com o Batatinha, capou-o. E é o que você merece, velho safado! - Dizia o folião em gritos.

Este homem foi capado por Lampião - portaldocangaco.blogspot.com

Esta ameaça de capá-lo fez com que os que ali estavam pedissem ao folião que não fizesse isto, porque ele era um homem que merecia viver normalmente como qualquer outro.

- Tá bom! Tá bom! Eu vou mudar o castigo. Eu vou decepar a sua orelha, assim como fez o meu tio Virgulino Ferreira da Silva. Decepou a orelha do Zé do Papel.
  
Zé do Papel - Lampião decepou a sua orelha

E já foi segurando a orelha do Jonas, já com uma faca de mesa na mão para deixá-lo lambi.

O Jonas gritava e chorava ao mesmo tempo. E os presentes, novamente imploraram, para que o folião não fizesse aquilo. Era uma malvadeza, decepar a orelha do homem.

O Louro, um dos que havia passado vergonha na churrascaria, quando certa vez fora cobrado e espancado pelo Jonas, por não ter pagado uma conta, ao passar e presenciar as humilhações contra ele, parou e ficou dizendo: "- Capa-o que eu quero ver! Deixe este safado sem os manecos. Corta a orelha deste desgraçado, mestre! Deixe-o com uma cabra lambi. Só assim ele me paga o que fez comigo, cobrando e me batendo diante de todo mundo!"
  
www.paraiba.com.br

- Tire as bermudas, mulheres!  - Ordenava o nervoso folião para suas amigas. Fiquem só de calcinha e sutiãs! Para este safado ficar sem moral na sua churrascaria! Gente que não presta merece tudo de ruim! - Esbravejava o folião.

O irritado folião, que na verdade só ele era quem castigava o Jonas, podia fazer o que bem quisesse, porque a polícia não iria aparecer ali de jeito nenhum. O único telefone que tinha para estas ocorrências, a delegacia não pagou a conta, sendo obrigado a Telern interromper a linha.

Depois de todas estas ameaças, o Jonas não sossegou um só instante, com pratos, cervejas, refrigerantes, carnes assadas nos espetos servindo aos foliões, principalmente ao cobrador de justiça.  Isso  às carreiras dentro da churrascaria. Suado, já cansado, com a língua de fora, babando..., e ainda dizia para sua esposa Maria:

- Ajuda-me Maria, pelo o amor de Deus!

- Você que inventou as suas regras e agora está sendo cobrado, que se vire! Não me meta nesta confusão!

As ajudantes da churrascaria estavam nervosas, e até uma desmaiou por cima de um fogão, sendo medicada ali mesmo, com laxantes.

Depois de meia hora de sufoco que passou o Jonas, o principal castigador, estava satisfeito. Já era hora de ir embora. E já com pena do Jonas, chamou-o e disse:

- Traga-me a conta! Eu devia não pagar! Mas como eu sou uma pessoa boa, vou lhe pagar direitinho, Mas nunca mais desrespeite os seus clientes, ouviu sua égua?

- Sim senhor! Sim senhor! - Fez o Jonas.

O Jonas trêmulo, fez a conta e o entregou. E sem muita dificuldade, o folião pagou tim, tim, por tim, tim. E em seguida mandou que todos ocupassem o carro, pois já iriam embora.

Tudo pronto. O exaltado folião saiu deixando o revólver sobre a mesa de presente para o Jonas.

- Este revólver é para você, malandro!

Só que o Jonas não teve o prazer de usá-lo contra os foliões. Segurou o revólver, apertou o gatilho contra os foliões que se despediam satisfeitos com as desordens. Mas o danado não disparou. O revólver era perfeito, mas apenas de brinquedo.

- Que desgraçado vem me aparecer aqui hoje!

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LUIZ PEDRO FICOU DOIDO COM A MORTE DE NENÉM.

   Por Aderbal Nogueira https://www.youtube.com/watch?v=wVyLuS8rE8E Luiz Pedro e Zé Sereno vão a Alagadiço saber o que aconteceu com Zé baia...