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07 janeiro 2016

O CAVALO STAR BLACK

Por: José Mendes Pereira

João Teotônio da Silva era cearense, mas viveu em Mossoró, até os seus últimos dias de vida. Chegara aqui ainda garoto, quando o seu pai, o velho Marcinho veio trabalhar na firma algodoeira “Alfredo Fernandes”.

João Teotônio cresceu no bairro da Lagoa do Mato, trabalhando como zelador de cavalos de corrida. Apesar da profissão que exercia, nunca participou de vaquejadas, e nem de derruba de gado nos tabuleiros. Era obcecado por cavalos, principalmente cavalo preto, Star Black, como chamava ele. Os tempos foram se passando, e nunca tirou da mente, de um dia ser proprietário de um bom e lustroso cavalo. Mas só queria se fosse preto, tinto.


Já casado, morando à beira da estrada que leva até à cidade Governador Dix-sept Rosado, vivendo de uma pequena criação de gado miúdo: suíno, caprino e ovino, João Teotônio fez economia, e dois anos depois, era dono do mais famoso cavalo da região. Assim que o comprou,  ensinou-lhe a deitar-se, a levantar as patas dianteiras, a cumprimentar as pessoas que o assistiam, correr rodopiando, relinchar agradecendo aos que presenciavam ao espetáculo.

sobrecavalos.blogspot.com

Tinha um cuidado exagerado ao seu cavalo,  e até a água que o animal bebia, era guardada em cisterna, e   antes de lhe dar de beber, era passada em melhores filtros.

Só para ilustração - https://www.youtube.com/watch?v=UYXFU2T4nN4

João Teotônio orgulhava-se quando passeava pelas ruas de Mossoró, montado no seu belo animal, recebendo os olhares dos curiosos e invejosos, que


ouviam o toc, toc no calçamento, causado pelas ferraduras aparafusadas nas patas do seu cavalo. Teotônio todo enfiado num uniforme de cor preta, até aparentando  o cavaleiro Star Black. Ali se sentia um dos mais admirados homens de Mossoró.  Nem o prefeito da cidade era tão importante quanto ele.

Certo dia, ao clarear, dirigiu-se até ao estábulo onde o cavalo dormia.


Ao chegar, encontrou a porteira aberta, e o Star Black não estava lá. Desesperado com o desaparecimento do cavalo, danou-se pelos campos da pequena propriedade, mas não o encontrou. Saiu pelas fazendas vizinhas, em busca de informações sobre o paradeiro do animal, mas ninguém o viu.

Os dias foram se passando, e João Teotônio continuava sua luta pelos campos e fazendas, para ver se recuperava o seu famoso cavalo, mas não recebera nenhuma informação. Desconfiado que se tratava de furto, e sabendo que se não fizesse algo diferente não seria tão fácil recuperá-lo, inteligente, organizou um aviso:

"Atenção moradores de Mossoró e das cidades adjacentes! Sou um fazendeiro que reside na cidade de Pau dos Ferros-RN, e querendo comprar um cavalo  de cor preta, totalmente preto, gordo, bonito, famoso, que já seja acostumado a usar ferraduras, sem marcas de ferros no corpo, sem orelhas assinadas, favor comunicar a Rádio Difusora de Mossoró, localizada à Rua Alfredo Fernandes, nº 271, fone: (****), que a mesma entrará em contato comigo. Mas lembrando que só me serve com estas características.


Quero realizar um desejo da minha esposa, que no momento, está querendo sair pelas ruas de Pau dos Ferros, em uma carruagem puxada por uma dupla de cavalos preto, imitando a rainha Elizabeth I. Já tenho um cavalo com estas mesmas características, por essa razão, não adianta ninguém me apresentar cavalos diferentes. Compro-o com preço além do oferecido no mercado. Assinado: Paulo Galvão Filho)".

Dias depois, o suposto fazendeiro recebeu informações da rádio, que um senhor de nome Bertoldo, no Sítio Piquiri, tinha um cavalo com essas mesmas características. De imediato, João Teotônio abalou-se para o sítio indicado, na intenção de saber se era o seu cavalo.  Ao chegar, ao longe, avistou o animal, e sem dúvida, aquele cavalo era o seu. E entre uma árvore e outra, foi chegando mais perto.

Virando-se para  o homem que o acompanhava, e que naquele momento, era o dono do cavalo, disse-lhe:

tudocavalos.blogspot.com

- Senhor, aquele cavalo é o meu.

- Não senhor! Aquele cavalo eu o comprei na semana passada - disse-lhe o comerciante de cavalos.

 - Justamente. Ele foi roubado na semana passada. E vou provar ao senhor, que é o meu cavalo. Eu o chamo de Star Black. Vou me esconder atrás desta aroeira, e vou o chamar. O senhor vai ver que ele vai ficar me procurando. Mas se esconda também - dizia o suposto fazendeiro.

Ali, esconderam-se entre as árvores, e João Teotônio fez:

- Star Black!

Ouvindo a voz do seu dono, o cavalo virou-se em direção a eles, e lá ficou impaciente o procurando, e talvez se perguntando: "Quem me chamou? Terá sido o meu dono? Ou eu estou sonhando?

http://genuardis.net

Voltando-se para o  comprador de cavalos, João Teotônio disse-lhe:

- Eu não sou fazendeiro, apenas me apresentei no aviso, pois eu queria recuperar o meu cavalo que já o considerava perdido. Este é a minha vida. Eu vou me aparecer, e o senhor vai ver que ele vai correr em minha direção.

Quando o João Teotônio saiu detrás da árvore, o cavalo fez carreira em sua direção.

 perissodactilos-mamiferos.blogspot.com

Ao chegar, relinchou, deitou-se, em seguida, levantou-se, e pôs as  patas para o ar, e pôs-se a fuçá-lo com o nariz, como se estivesse dizendo: "leva-me para casa, estou com uma saudade imensa dos meus amigos, das ovelhas, dos porcos..., preciso revê-los, aqui já apanhei, mudaram meu nome para "Pelé", aqui não conheço ninguém, sou tratado como cavalo, e em tão poucos dias nesta fazenda, me sinto socado dentro de um verdadeiro inferno. Eu já imaginava que poderia ser vendido para o abate. Nunca mais tomei um banho, e tenho me alimentado muito mal. Leva-me! Leva-me para nossa residência! Lá é o meu lugar".

Satisfeito por ter achado o seu amado cavalho, Teotônio olhou com um sorriso bem aberto, perguntando ao comprador de cavalos

- O senhor ainda tem dúvidas que este cavalo não é  meu?

- Não. O que o cavalo fez, ficou mais do que provado que é seu! Ponha sela e tudo de direito e o leve em sua companhia. Não tenho mais dúvida.

- Eu não quero saber a quem o senhor o comprou, dizia João Teotônio,  quero apenas levá-lo de volta para minha casa. Ele é tratado como um filho, coisa que na minha casa, nunca nasceu.

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06 janeiro 2016

JOÃO TUBIBA

Por: José Mendes Pereira

João Tubiba era mossoroense, mas a sua casa era o seu chapéu. Vivia exclusivamente à custa dos seus familiares e de alguns amigos. Nunca fora homem do trabalho, apenas levara a vida fazendo pequenos mandados, levando dos outros alguns recados e objetos daqui para ali. Uma de suas manias era acompanhar defuntos até ao Cemitério São Sebastião em Mossoró. E muitas vezes, nem conhecia a família do morto. O seu desejo era acompanhá-lo até à cova, e lá, fazer o que ele mais gostava. A primeira jogada de barro sobre o morto, tinha que ser feita por ele. Isso era o seu maior desejo.

Geralmente, no velório, João Tubiba servia para pernoitar ali diante do morto, enquanto os familiares procuravam descansar um pouco. Várias vezes ele fora solicitado para esta finalidade. 

Mas alguns afirmavam que aquele desejo do João Tubiba permanecer em velórios, era interesse, talvez para ganhar um trocadinho da família. Se era ou se não era, o João Tubiba estava em todos os velórios e enterros. 

Certa noite, enquanto permanecia pastorando um defunto, e já que naquele momento estava só, João Tubiba aproximou-se do caixão, levantou um pano que cobria o sem vida, e lá viu, que em matéria de sapatos, o defunto estava muito bem obrigado.

Vendo que era um desperdício, e dos maiores, já que aquele par de sapatos iria ser enterrado juntamente com o falecido, e rapidamente fez a troca que ora imaginava. 

Como ninguém ali jamais imaginaria que alguém teria coragem de carregar os sapatos do morto, ele permaneceu a noite toda no velório, com sapatos novos e luxuosos em seus pés.

No dia seguinte, no momento de colocar o caixão dentro da cova, a viúva que desesperadamente chorava ao lado do caixão, pediu que queria ver o seu ente querido pela última vez, abrissem o caixão para as suas últimas despedidas, e de imediato, ela percebeu que o seu ex-marido estava com sapatos velhos. Mas como era um momento triste, ela só levou a conversa adiante, depois de alguns dias.

A partir deste dia, o João Tubiba deixou de participar de velórios, já que o seu interesse era furtar os defuntos. João Tubiba era ladrão de defuntos.

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  Autor 
José Mendes Pereira 

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MARTINS COELHO UM VETERANO E CAPACITADO RADIALISTA DE MOSSORÓ

Por: José Mendes Pereira
http://marcosantonioserido.blogspot.com

Martins Coelho é um dos mais antigos e capacitados radialistas de Mossoró, que desde os anos sessenta, período em que começou a sua intimidade com a comunicação, continua na Rádio Difusora de Mossoró, apresentando o seu programa semanal.

Dos muitos que com ele  começaram no rádio, alguns já partiram para a eternidade, Seu Mané Alves, Every Costa, Edmilson Lucena, e outros estão engajados em emissoras pelo Brasil afora, por exemplo o Jacó, que  se encontra em emissoras na capital do Brasil, Brasília.

Mas alguns deles abandonaram o rádio e partiram para outras atividades, como o Coronel Pereira, Geraldo Mendes. O ex-locutor Edson Martins, por problemas de saúde, já  se encontra aposentado.

O casamento do locutor Martins Coelho com o rádio foi pela primeira vez na Emissora de Educação Rural de Mossoró - "Rádio Rural", tendo sido o seu padrinho 

 
Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti foi uma das figuras mais importantes da igreja nas últimas décadas no Rio Grande do Norte - http://tribunadonorte.com.br

Monsenhor Américo Vespúrcio Simonetti que dirigia as emissoras rurais, uma em Natal, outra em Caicó e outra em Mossoró.

O programa que durante muitos anos o locutor Martins Coelho apresentou na Rádio Rural de Mossoró, ao deixar esta, levou para Rádio Difusora, e como é um programa popular, sempre conservou e continua aumentando a sua audiência em toda Mossoró e nas regiões adjacentes.

Como é um locutor que sempre gostou de animar o seu programa para não se tornar chato, sem graça, certo dia era 1º de Abril (não me recordo o ano), e acreditando que os seus ouvintes não iriam acreditar na sua informação, já que era o dia da mentira - 1º de Abril, assim que chegou à Rádio Rural, no seu programa, Martins Coelho avisou que em frente à Rádio Rural, 

Praça Vigário Antonio Joaquim - telescope.blog.uol.com.br
  
na Praça Vigário Antonio Joaquim, havia estacionado uma carreta cheia de mercadorias, as quais seriam distribuídas com os mais carentes de Mossoró.

 
Praça Vigário Antonio Joaquim - en.wikigogo.org
  
Mas o mais engraçado foi que muitos não se lembraram que aquele dia - 1º de Abril - era dia da mentira. Logo a Praça Vigário Antonio Joaquim encheu de gente. E já que ali não havia nenhum tipo de automóvel com carga, todos queriam saber para onde haviam levado a dita carreta com as mercadorias.

Mas aconteceu que o nosso grande locutor Martins Coelho pagou caro por isso, e foi castigado pelo seu padrinho de casamento com a comunicação, o Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, que o demitiu dos registros da Rádio Rural de Mossoró.

 
http://emersonlinhares.zip.net

Como grande profissional que é, Martins Coelho registrou pela segunda vez a sua Carteira Profissional, e esta segunda vez, foi na Rádio Difusora de Mossoró, permanecendo até os dias de hoje, como locutor.

Mas você acha que Martins Coelho errou, em ter publicado este aviso, que em frente a Rádio Rural tinha uma carreta cheia de mercadorias?

A população foi quem errou, já que ela sabe muito bem, que o locutor Martins Coelho faz o seu programa com muita graça e simplicidade.

Parabéns ao locutor Martins Coelho, pela sua capacidade profissional no rádio mossoroense.
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TANCREDO NEVES E O BARBEIRO

Por: José Mendes Pereira

Tancredo de Almeida Neves foi eleito a deputado quando ainda não era tão famoso, mas já havia ganhado certo respeito da população de Minas Gerais. Antes havia sido promotor de justiça.

Naquela época não era necessário um político andar acompanhado com guarda-costas, porque o brasileiro ainda era humano.

Precisando cortar o cabelo Tancredo Neves parou em uma barbearia, como era chamada em outros tempos.

Sentou-se e ali o barbeiro deu início ao trabalho, fazendo barba e cabelo, no meio de conversas sobre políticas, futebol, secas...

Tancredo, Andrea e Aécio - 1984 Claudio-MG.

Após cabelo cortado, o barbeiro cuidou da barba do deputado, e com a sua navalha bem afiada, ele lhe perguntou:

- Dr. Tancredo de Almeida Neves, o senhor ainda se lembra de mim?

- Pra lhe falar a verdade eu não tenho lembrança quem é, acredito que você foi um dos meus eleitores, mas me lembrar quem é você eu não me recordo. – Disse ele se virando para o barbeiro e o observando dos pés à cabeça.

O barbeiro lentamente fazia a navalha deslizar sobre sua barba, e em seguida disse:

- Dr. Tancredo neves, eu sou João Caetano Morais, aquele que o senhor me acusou naquela audiência quando eu fui réu. O senhor como promotor de acusação  fez o juiz decretar para mim uma cadeia de dez anos. Mas não se preocupe, aqui sou barbeiro, mas para ganhar o pão de cada dia. Cadeia nunca mais!

Tancredo de Almeida Neves ficou branco, temendo ser degolado pelo barbeiro.

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TANCREDO DE ALMEIDA NEVES E O DEPUTADO FEDERAL

Por José Mendes Pereira
Dr. Tancredo de Almeida Neves

Quando o Dr. Tancredo de Almeida Neves foi eleito a Presidente da República Brasileira foi entrevistado pelo canal de Televisão "Globo", e na entrevista, ele contou alguns fatos que ocorreram durante a sua vida política, e que esta entrevista eu a assisti (e vou dizer assim como reforço, além de assisti-la, eu também a ouvi). Lembrei-me de escrever um acontecimento durante a sua vida política, e que foi contado por ele na entrevista.

Quando o Dr. Tancredo de Almeida Neves foi eleito pela primeira vez a governador do Estado de Minas Gerais, e estava cuidando arrumar o seu ministério, encontrou-se com um deputado federal de suas amizades. E lá, conversaram muito sobre alguns  problemas do dia a dia. Já próximo de se despedirem, o deputado federal (cujo nome do deputado ele não revelou), disse-lhe: 
           
- Doutor Tancredo de Almeida Neves, por onde eu passo nas ruas das cidades de todo Estado de Minas Gerais, e em outros lugares do Brasil, nas churrascarias, nos bares, nas reuniões que eu participo, aliás, em todos os lugares, as pessoas me perguntam se eu vou ser Secretário de Educação no seu governo.

O Dr. Tancredo de Almeida Neves sabendo que o deputado federal estava querendo que ele o convidasse  para assumir a Secretaria  de Educação de Minas, inteligente, manhoso, e com um sorriso sarcástico, disse-lhe: 
            
- Você faz o seguinte: Quem lhe perguntar se eu  convidei você para ser Secretário de Educação de Minas Gerais diga-lhe que eu lhe convidei, mas você não aceitou o meu convite.
           
Tancredo Neves tirou o deputado de tempo.

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POR QUE ACABARAM COM OS PASTORIS DE BAIRROS?

Por José Mendes Pereira
sipealpenedo.wordpress.com 

Pastoril era uma dança que acontecia em todas as cidades do Brasil, formado por um pequeno palco, com espaço para abrigar de seis a oito moças, conhecidas por pastoras ou pastorinhas, as quais dançavam com cavalheiros que pagavam o espetáculo.

Geralmente, o palco era montado sobre a calçada ou em frente à casa do encarregado (dono), feito com tábuas e bem protegido com cordas enfeitadas, e nele, estava o apresentador, mais as pastorinhas, que apareciam ao público com roupas curtas e enfeitadas com brilhos, deixando-as bem à vontade e sensuais, e algumas delas, via-se um pouco das suas nádegas.

As realizações dos shows eram bem animadas, através de um bom sanfoneiro, um triângulo e um pandeiro. E ali, os jovens ou mesmo senhores de idades avançadas, formavam grupos de três ou quatro amigos, no intuito de concorrerem com outros grupos de homens, os aconchegos das pastorinhas sobre o palco, e serem admirados pelos os olhares dos que apreciavam de fora o espetáculo. E o grupo de cavalheiros que oferecesse mais dinheiro para dançar uma música tocada pelo sanfoneiro, iria dançar com as pastorinhas.

Confirmado o valor que os dançadores pagariam por uma rodada sobre o palco, com as pastorinhas, o sanfoneiro puxava o fole do acordeom, e os homens balançavam os seus esqueletos sobre o enfeitado palco. O balanço poderia ser com uma só dançarina. Mas no decorrer da música que estava sendo tocada, eles podiam trocar de pastorinhas entre si, ou ainda usar as que ficavam paradas, por falta de dançadores.

Em anos remotos, era comum os pastoris pelos bairros de Mossoró, como: Alto de São Manoel, Bom Jardim, Pereiros, Alto da Conceição, Santo Antonio, Bairro do Alto do Xerém, etc. E quem mais se destacou em Mossoró como proprietário de pastoril, foi um senhor conhecido por Juarez do Xerém, que desde muito jovem criara o seu grupo de pastorinhas, para animar as noitadas do seu bairro Alto do Xerém.

Já em São Miguel, no Rio Grande do Norte, segundo o historiógrafo e pesquisador do cangaço, o Rostand Medeiros, quem mais se destacou no pastoril foi a Dona Sofia, grande incentivadora do pastoril de São Miguel, quando levava outros grupos para animarem mais ainda os participantes e os que apreciavam este divertimento.
  
Dona Sofia - foto do acervo Rostand Medeiros - http://tokdehistoria.wordpress.com/   

Mas com o passar dos anos, os pastoris foram desaparecendo dos bairros de Mossoró, devido a grande mudança que aconteceu com a juventude, quando muitas moças enfrentaram os seus carrascos pais, e adquiriram liberdade, e passaram a dançar em clubes, em casas noturnas, etc.

Nos dias de hoje, este divertimento não mais se ver pelos bairros de Mossoró, e nem em cidade nenhuma do Brasil. Infelizmente o pastoril foi desativado de uma vez por toda, apenas memorizado nas mentes de quem participou ou presenciou este divertido mundo que era pastoril.

Será que o pastoril voltará algum dia a animar os bairros de Mossoró, ou de outras cidades brasileiras, apresentando novas pastoras? Certamente que não. O pastoril teve a sua fase e viveu por muitos e muitos anos. Mas a evolução e a explosão da juventude, fizeram com que este espetáculo passasse a ser apenas adormecido. Já foi ou já era.

Mas quem sabe, algum dia, alguém possa acordá-lo do seu profundo sono, e levá-lo a viver novamente em todas as cidades do Brasil. 

Minhas simples histórias

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05 janeiro 2016

MARIA DOS ANJOS

Por: José Mendes Pereira
www.essaseoutras.xpg.com.br

Uma mocinha de pouco mais de 16 anos. De moreno claro, de olhos negros, cabelos longos e pretos como a asa da graúna. Era uma verdadeira "Iracema".  Ninguém resistia o seu olhar atraente, já imaginava coisas imorais. Além do mais, tinha umas lindas coxas. Coisa de menina bonita.  Nem parecia ser filha de um homem feioso, magro, cabeça de coco, poucos dentes naturais, e alguns havia adquirido no protético prático do bairro.  Totalmente desajeitado como era o seu pai, o Elesbão.
       
Certo dia chegara do Rio de Janeiro um militar, o João Prado, todo enfiado num uniforme do exército brasileiro. Era cearense da gema, mas desde menino que viera para Mossoró em companhia dos pais. Aqui cresceu, e daqui foi servir o exército no Rio de Janeiro. Ao ver a linda mocinha, que não havia presenciado a rápida mudança em seu corpo, a desejou de corpo e alma. 
        
Os pais do João Prado eram vizinhos dos pais da Maria dos Anjos, mas as amizades entre eles eram restritas, apenas algumas vezes faziam reuniões nas calçadas.
        
Nesse dia o João Prado chegou a prosear com a mãe da Maria dos Anjos a Isabel sobre a beleza da sua filha, chegando a mandar um recado para ela, que fosse se arrumando que iria levá-la para Copacabana. 

        
Nos anos setenta, uma das boates mais falada em Mossoró era o Cassino "Copacabana", no bairro Bom Jardim, situado nas imediações do Alto do Louvor, lugar reservado para a prostituição de mulheres.
       
Assim que dona Isabel chegou em casa, participou a Elesbão da brincadeira que o João Prado dissera com sua filha, que fosse se arrumando que iria levá-la para "Copacabana", e lá, ambos, iriam viver um belo romance. 
        
Elesbão ao ouvir a brincadeira do João Prado, ou talvez com intenções verdadeiras, não disse nada, ficou calado, apenas engolindo o ódio que atravessava em sua garganta, sobre o desrespeito do João Prado, com a sua filha Maria dos Anjos. Ficou a imaginar que aquele sujeito metido a galã, estava pensando que iria passar a perna sobre sua filha. Ele estava totalmente enganado. Sim Senhor! Aquela filha era criada com carinho, filha única e nada lhe faltava. Era pobre, mas filha de um senhor honrado e trabalhador. Quantas vezes saíra ao clarear do dia para o seu sofrido emprego, lá na fábrica de óleo do Aderaldo, só para dar a sua filha o que ele não tivera quando em companhia do seu velho pai. Aquele sujeito só porque estava de uniforme do exército brasileiro, agora se sentia como se fosse um galã de cinema, o Juliano Gema, o Antonio Sthefane, o Marcos Damon... Enganara-se por completo. Sua amada filha tinha um pai para protegê-la.
        
Ao anoitecer, Elesbão foi até à quitanda do Valentim, também próxima ao Alto do Louvor; tomou umas quatro ou dez cachaças, não sei, e já meio tonto, foi  em casa. Pegou uma faca, mais um pedaço de mangueira grossa, enviou-os na cintura, e foi ao encontro do João Prado, que palestrava em uma das casas amigas. 
         
Ao chegar, perguntou ao dono da casa, o Tiago das Oiticicas, como era chamado no bairro: 
        
- João Prado está aí, seu Tiago?

- Está - respondeu Tiago das Oiticicas.

- Chame ele por favor.

- João Prado, Elesbão quer falar com você. - Gritou seu Tiago lá pra dentro de casa.

E lá se veio inocentemente o João Prado.

- O que deseja, Seu Elesbão? - Perguntou-lhe João Prado.

- João Prado, eu vim aqui porque você mandou um recado pela Isabel, para minha filha Maria dos Anjos, que fosse se arrumando que iria levá-la para o Copacabana.  Como ela não pode vim, então eu vim para ir junto com você ao Copacabana. 
         
E sem mais pensar, desenfiou o pedaço de mangueira da cintura, mais a faca e acunhou atrás do João Prado, descendo a ladeira do Alto do Louvor. E tome peia, e tome peia. Na carreira, as passadas do João Prado atingiam dois metros de distâncias, ultrapassando as do seu agressor. Mas à frente depararam-se com um muro de dois metros. Mas o agredido não contou conversa, saltando-o de uma vez só.  Nem precisou colocar as mãos para se apoiar e facilitar o impulso sobre o muro. Foi aí que Elesbão resolveu não arriscar pular o alto muro.        
         
Enquanto o Elesbão corria atrás do João Prado, os amigos do Elesbão  corriam atrás dele, para que ele não realizasse o assassinato.
          
Todos que corriam atrás do Elesbão, gritavam:

- Não faça isso, Elesbão! Não faça isso..., pelo amor de Deus!!!
         
Dias depois o João Prado retornou às pressas para o Rio de Janeiro, e nunca mais botou os pés em Mossoró. 
         
O Elesbão não sabia que Copacabana é uma praia no Rio de Janeiro. Ele pensava que o João Prado estava desconsiderando a sua filha, querendo levá-la para o meio da prostituição, no cassino de Mossoró, "O Copacabana".       

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MORRE LINDOMAR CASTILHO, REI DO BOLERO CONDENADO POR FEMINICÍDIO.

  Por Tâmara Freire - Repórter da Agência Brasil Publicado em 20/12/2025 - 12:10 Rio de Janeiro Morreu neste sábado (20), aos 85 anos, o can...