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12 janeiro 2016

O VELHO MOTA DA CHARANGA

Por José Mendes Pereira e Zuleide Mota

Antônio Mota da Silva mais conhecido como “O VELHO MOTA DA CHARANGA”, nasceu em Apodi, no Estado do Rio Grande do Norte, no dia 18 de março de 1912, e faleceu em Mossoró, na Casa de Saúde Dix-sept Rosado, no dia 19 de maio de 1984, a causa da morte, “problemas cardíacos”.

Residiu por toda sua vida em Mossoró, no bairro Santo Antonio, à Rua Melo Franco, nº 843. Era casado com Maria Nery Mota, natural da cidade de Upanema, no Estado do Rio Grande do Norte, nascida no dia 15 de março de 1917, e faleceu no dia 11 de agosto de 2008, na Casa de Saúde Wilson Rosado em Mossoró.

O Velho Mota da Charanga era pai dos seguintes filhos:

Francisco Canindé Mota, este foi assassinado no Rio de Janeiro, no ano de 1980, a causa, reagiu um assalto e foi morto pelo seu agressor.  

Maria Zulier Mota Bezerra reside em Mossoró à Rua Melo Franco. 

Maria Zulene Mota Bezerra que já é falecida. 

Maria Zélia Mota de Paiva, também já falecida. 

Antonio Mota da Silva Filho, o grande Carestia, como era alcunhado em Mossoró, também já é falecido.

Por última, Zuleide Mota, já é aposentada, e de dezembro a maio , isto é 6 meses, ela reside no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro Copacabana, e os outros 6 meses, fixa residência nos nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, onde viveu por quase 30 anos, junho, julho, agosto e setembro. Os meses outubro e novembro, ela passa em Los Angeles, na Califórnia, isso porque continua trabalhando na mesma atividade de trinta anos.

Em sua companhia reside Tâmara Cristina a filha mais velha, e tem outra filha por nome de  Cindy Lee, e está fazendo universidade na Califórnia, em San Diego, e trabalha na Apple.

Mas às vezes ela viaja, pois faz Free Lances, quando tem chances em Estádios de Esportes, ou Shows. A sua profissão copiou do seu pai (cozinheira). Normalmente faz campeonatos de Tênis e de Basebol e futebol Americano.

A razão de ainda estar nos Estados Unidos, hoje, é que ela está em tratamento médico, e por ordens médicas não pode viajar. Fez uma cirurgia no dia primeiro de dezembro, e tem outra para fazer a qualquer hora, e já deu início a uma bateria de exames, repetir tudo que já fez mais de 3 vezes, coisas de Americano. Assim que fizer a cirurgia, ela vem se recuperar no Rio de Janeiro.

O Velho Mota da Charanga era católico, devoto de São Francisco e todo ano ia ao Canindé com toda família. Era aluisista de morrer, apaixonado pelo partido do cigano feiticeiro Aluísio Alves. 

Foi dono de uma Roleta, mais ou menos nos anos quarenta, que funcionava na entrada do beco das frutas bem próxima ao mercado central, e no final de cinquenta, abriu o conhecido e famoso "Buraco do Tatu". 

Era um Quiosque que ficava sob uma Tamarindeira, no largo entre a Avenida Alberto Maranhão e a Avenida Rio Branco, seguindo da Estação de trem, no sentido Santo Antônio. Ali era frequentado por todas as pessoas importantes de Mossoró. Para café da manhã, almoço e jantar, comida de primeira qualidade, e às vezes, ele liberava música ao vivo.

O Velho Mota da Charanga pela manhã cedo, todos os dias, fora premiado com dois importantes clientes que tomavam café e em seguida, seguiam para as suas atividades. Um era o afamado cardiologista de Mossoró Dr. José Leão, e o outro era o Professor Solon Moura. 

O Velho Mota da Charanga era uma pessoa muito espirituosa, alegre, e que todos gostavam dele. Muito honesto e íntegro. Como ele gostava de festas, muitos pessoas pensavam que o Velho Mota da Charanga era farrista, mas na verdade, o que ele queria mesmo, era estar sempre acompanhado de toda família.

Quando o Velho Mota da Charanga deu adeus a este mundo, houve um certo desentendimento por parte dos amigos, mas a causa deste, todos que fizeram parte da sua amizade, queriam pagar as despesas da Casa de Saúde e da Funeral.

O Velho Mota da Charanga durante toda a sua vida, só trabalhou para construir amigos, amigos...!!!

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SÓ PARA REGISTRAR - "PARTIDO ALTO"

Por José Mendes Pereira

Em 1984 o canal de televisão "Globo" estreou a novela "Partido Alto", que fez sucesso em todo Brasil, e também foi bastante comentada pelas revistas, jornais, rádios..., e com este sucesso todo, alguns proprietários de bares e casas de shows mudaram os nomes dos seus estabelecimentos para "Partido Alto", em razão do sucesso da novela.

Em frente à minha humilde residência, no bairro Costa e Silva, na Rua Raimundo Firmino de Oliveira, comunidade conhecida por Teimosos, funcionava o (Clube Partido Alto), de Raimundo Prestanista, como era chamado em Mossoró. Este, antes, vivia do comércio ambulante.

O Raimundo Prestanista acertou em mudar o nome de fantasia do seu bar, pois chegou a contratar conjuntos famosos para fazer festas em seu clube. Foi um dos proprietários de clubes que muito se desenvolveu no ramo, apesar de antes ter sido um pequeno dono de bar.

O seu sucesso espalhou-se por toda Mossoró, recebendo por noite, um grande número de festeiros, fazendo do pequeno bar, um excelente clube mossoroense.

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Neste local, nos dias de hoje, é uma grande empresa que presta serviços à Petrobras. Mas ainda resta a churrasqueira do antigo "Partido Alto".

Quem não conheceu em Mossoró o clube "Partido Alto?".

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DOIDO OU SE FAZ?

Por José Mendes Pereira

Tem muita gente que se faz de doido para melhor passar, no intuito de ser beneficiado com alguma coisa, como por exemplo: entrar em filas na marra, apresentar o atestado  que comprova a sua loucuradizer como vingança o que deseja a alguém, querer desrespeitar a lei, e se agredir fisicamente uma pessoa, diz que não tem medo da justiça, porque tem atestado de loucura. Mas na verdade, o que ela quer, é só tirar proveito.

César do fusquinha com o seu irmão - Foto:  Romão Fernandes - Grupo: Relembrando Mossoró

Mas César, só, um doente mental que viveu muitos anos perambulando pelas ruas de Mossoró, principalmente pelo centro da cidade, este é doente mental de verdade, digo é porque ele ainda está vivo.


Noutros tempos, o César tinha uma espécie de "tara" por fusquinha. Não podia ver um encostado, já ocupava a parte do capô, e lá, ficava satisfazendo as suas vontades sexuais sobre ele.

Mas ninguém dizia nada contra o retardado, ele não mexia com ninguém, não procurava desrespeitar mulher nenhuma, porque o seu desejo sexual era feito sobre o capô de fusca.

Até mesmo as mulheres que passavam e o viam tendo relações sexuais com um fusca, apenas riam da sua maneira de satisfazer o seu desejo sexual, e iam embora.

Alguns temiam que ele algum dia fosse agredido por pessoas ignorantes, mas isso nunca aconteceu, porque quem era mossoroense mesmo, sabia que o César não se fazia retardado, era um homem que não havia nascido perfeito.

Mas os mais entendidos no que diz respeito a sexo, dizem que a "tara" que tinha o César  por fusquinha, é porque o seu capô tem uma certa semelhança com o órgão genital da mulher. 

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COMÉRCIO ENGANADOR

Por: José Mendes Pereira

Muitas vezes a gente é bem recebido nas lojas comerciais, mas nem todas usam a seriedade com o cliente.

Acompanhando um amigo que fazia compras em uma das lojas de Mossoró, vi o quanto o freguês é explorado por lojas que não têm o mínimo respeito com o cliente.

Enquanto meu amigo fazia suas compras, observei um diálogo interessante, quando um senhor de idade escolhia calças e camisas para comprá-las. 

Antes de confirmar o preço, de repente apareceu um senhor (não sei se era vendedor ou gerente da mesma), dizendo para vendedora:

- Fulana, use o código “BPL” que é melhor para o seu cliente.

- É verdade! Eu nem me lembrava do código que protege os nossos clientes. Disse ela sorrindo.

Em seguida ele rabiscou uma folha com este código. E neste momento chegou um senhor o chamando. Ele saiu às pressas, deixando sobre o balcão o papel rascunhado, talvez por esquecimento.

Sem o mínimo interesse de ver o que ele havia escrito, aproximei-me do balcão. E lá no papel estava escrito  “BPL” – "Bote Pra Lascar”.

Lógico que as peças vendidas com valores além do normal não serão para o vendedor, mas ele terá aumento de comissão.

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Fonte:
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2013/04/fugindo-um-pouco-do-nosso-tema-comercio.html

Autor:
José Mendes Pereira

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TRIO MOSSORÓ 1964



Ola, Tony Moras, Oseas Lopes sou eu ex-Trio Mossoró, hoje com o nome artístico de Carlos Andre, e  meu maior sucesso "Se Meu Amor Não Chegar (Quebra Mesa)".

  
Cocota era meu irmão que o assassinaram em Mossoró com 38 perfurações de tesoura, calando assim uma das maiores vozes de Mossoró. Era tido como o maior seresteiro da cidade, nos anos 50 e início dos anos 60. Era um tenor seresteiro. Gravei três músicas em homenagem a ele, a de maior sucesso é "Praça dos Seresteiros", gravada nos anos 60, e até hoje é solicitada.

Acredito que com essa explicação deu para o amigo ficar sabendo agora quem é Oseas Carlos Andre (Cantor Carlos Andre), e o Cocota o maior seresteiro que Mossoró já teve.

Obrigado amigo.

Fonte: facebook
Página: Lindomarcos Faustino
Grupo: RELEMBRANDO MOSSORÓ

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11 janeiro 2016

ANTES E DEPOIS...

 Por Jorge Remigio
 
Narciso Dias, Geziel Moura, Jorge Remígio e Jair Tavares no Cariri Cangaço em Juazeiro do Norte, Hotel Ingra Premium.

Amigo Manoel Severo. Que belo e competente "Relatório Anual" das atividades desse conceituado e honrado Instituto Cariri Cangaço. Costumo dizer para os amigos, já relatei no face e também lhe falei de corpo presente, que podemos fazer sem sombra de dúvidas, um divisor dos estudos do cangaço, antes e depois de você encampar tão brilhante ideia de fazer e acontecer um evento da magnitude do Cariri Cangaço. Seu legado não pode ser nunca esquecido.

Não posso mais me estender em falar dos avanços que que esse evento trouxe para a interpretação do fenômeno, bem como, a grandeza de juntar em um só espaço, tão nobres personalidades e os já meus amigos escritores: Cel João Bezerra, João De Sousa Lima, Sousa Neto, José Cícero, Calixto Junior, Luiz Zanotti, Antônio Amaury, Geraldo Ferraz, Luitgarde Barros, Antonio Vilela, Archimedes Marques, José Bezerra Lima Irmão, Oleone Fontes, Leandro Cardoso, Honório de Medeiros, Paulo Gastão, Luiz Ruben, Sabino Bassetti, Ângelo Osmiro, e me perdoem se esqueci algum.

Personalidades presentes e muito importantes para os estudos do cangaço, como o Professor Pereira, Juliana Pereira, Aderbal Nogueira, Ivanildo Silveira, Wescley Nogueira, Múcio Procópio, Kiko Monteiro, Cristina Couto, Narciso Dias, Jair Tavares, Celsinho Rodrigues, tantos e tantos outros e todos os anfitriões, organizadores das cidades onde se realizam os eventos, sem vocês não podíamos evoluir. Desejo a todos e todas da família Cariri Cangaço, um 2016 feliz e muito produtivo.

Jorge Remígio
Pesquisador, João Pessoa-PB
Conselheiro Cariri Cangaço

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A ÍNCRIVEL HISTÓRIA DOS ESCRAVOS QUE FORAM ABANDONADOS POR QUINZE ANOS EM UMA ILHA

Autor Rostand Medeiros

Como um Grupo de Pessoas Sobreviveu Por Tanto Tempo, em um Lugar Inóspito, Após Serem Abandonados Por Serem Considerados Seres Humanos Inferiores.

A incrível saga dos escravos abandonados por quinze anos em uma ilha perdida do Oceano Índico

Em 1776, 57 anos depois de Daniel Defoe escrever o clássico da literatura Robinson Crusoe, oito pessoas foram resgatadas de uma pequena ilha chamada Tromelin, um lugar perdido no meio do Oceano Índico. Sete destes eram mulheres que tinham sobrevivido na ilha por 15 anos e o oitavo um menino que nasceu naquele fim de mundo.

Aqueles náufragos faziam parte de um grupo de 88 seres humanos que em 1761 foram abandonados e esquecidos naquele pedaço inóspito de coral e areia, em um ponto a 280 milhas náuticas (450 quilômetros) da costa mais próxima.

E tudo por uma razão simples – eles eram escravos negros.

Ilha de Tromelin – Fonte – static.panoramio.com-1

Recentemente uma equipe de cientistas, liderados por Max Guérout, arqueólogo e ex-oficial naval francês, vem realizando sistemáticas pesquisas em busca dos destroços do navio que levou estes escravos e escavando na ilha para descobrir alguns segredos de como estas pessoas se agarraram desesperadamente a vida, desenvolveram uma comunidade elaborada em um fragmento de terra estéril, frequentemente varrida por violentos tufões.

Escavações arqueológicas em Tromelin.

A investigação arqueológica, patrocinada pela UNESCO, era parte de comemorações pela luta contra a escravidão e tinha a intenção de ampliar uma história quase esquecida da desumanidade do homem contra o próprio o homem. Mas a pesquisa descobriu um extraordinário conto de tenacidade humana, de determinação para sobreviver e da capacidade de organização em face das adversidades.

A História do Acidente

O que se sabe sobre a Ilha de Tromelin é que este pequeno local foi descoberto no dia 11 de agosto de 1722, pelo capitão Jean Marie Briand De La Feuillée, que comandava o barco Diana, pertencente à Companhia Francesa das Índias Orientais (Compagnie Française des Indes Orientales). Este chegou ao inóspito lugar após se afastar das rotas tradicionalmente utilizadas pelos barcos da empresa por conta de uma tempestade.

Localização da ilha.

Como era praxe na época o capitão La Feuillée fez uma breve descrição da ilha e um cálculo de posição, que foram anotados no diário de bordo do Diana. La Feuillée batizou o local simplesmente como L’Ile du Sable, ou Sand Island, ou Ilha da Areia.

A partir daí ninguém relatou ter visto a ilha por quase 32 anos. 


No dia 17 de novembro de 1760, o Utile, um antigo navio de guerra francês, pertencente à mesma Companhia Francesa das Índias Orientais, zarpou de Bayonne, no sudoeste da França, com destino à Ile de France, local atualmente conhecido como República de Maurício.

Na época a França estava em luta contra a Grã-Bretanha, na chamada Guerra dos Sete Anos e o governador de Ile de France estava esperando um ataque vindo da Índia. Por esta razão ele havia proibido a importação de escravos, temendo que estes se tornassem mais bocas para alimentar durante um possível cerco naval.

Representação do embarque dos escravos no Utile, em Madagascar.

Mesmo com esta ordem o capitão do Utile, Jean De La Fargue, ancorou em Madagascar e comprou clandestinamente cerca de 160 escravos malgaxes. Neste momento o tráfico de escravos era algo muito rentável e os lucros daquela empreitada deveriam trazer para o bolso do capitão La Fargue o equivalente a doze anos de trabalho.

Em 23 de julho o Utile  retomou a sua viagem para o leste, mas foi pego por uma violenta tempestade e no dia 31 de julho de 1761, por volta de 22:30, o barco bateu duas vezes nos recifes de coral submerso da Ilha da Areia, que anos depois ficaria conhecida como Ilha de Tromelin.

Hilarion Dubuisson De Keraudic, oficial do navio Utile, escreveu um dramático e conciso relato do naufrágio. Mais de 240 anos depois este documento foi descoberto por Max Guérout nos arquivos marítimos da cidade de Lorient, na França.


Dos 143 homens que formavam a tripulação, 21 deles morreram afogados. Mas dos 160 escravos, apenas 88 “peças” que compunham a carga sobreviveram milagrosamente. Quando se diz milagrosamente é porque os outros escravos ficaram presos no convés inferior, com as escotilhas fechadas e morreram todos afogados.

Diante do episódio o capitão La Fargue foi incapaz de tomar iniciativas confiáveis e caiu em desgraça perante seus homens. O oficial Keraudic o descreveu como “indisposto” e a liderança foi assumida pelo primeiro tenente Barthelemy Castellan De Vernet.


Praia da ilha.

São estabelecidos dois campos (um para a tripulação e outro para os escravos negros) e armadas barracas. Os muitos materiais jogados pelas ondas na praia (barris, comida, utensílios) são armazenados sob vigilância armada e longe dos cativos.

Entre os apontamentos feitos por Keraudic, fica bem clara a razão de quase um terço dos 88 escravos originalmente resgatados, morrerem pouco tempo depois – “Fizemos uma grande tenda com a vela principal e algumas bandeiras. Nós vivíamos lá com todas as fontes de suprimento. A tripulação foi colocada em pequenas tendas. Nós começamos a sentir muito fortemente a escassez de água. Um número de negros morreu, não sendo entregue a eles qualquer assistência”.

Uma ideia de como ficou o barco após bater nos recifes de coral

Foram Vistos Como Animais Que Não Valia a Pena Serem Salvos

Encontrar água potável então se tornou rapidamente uma prioridade e o artilheiro mestre Louis Taillefer ficou responsável por cavar um poço. Depois de um primeiro teste negativo, uma segunda tentativa realizada em 4 de agosto conseguiu água salobra. Além da comida recuperada, os sobreviventes comiam ovos das aves (principalmente andorinhas) e carne de tartaruga.

Consciente de que ninguém iria procurá-los naquela ilhota, pois eles estavam longe da rota usual dos barcos, o primeiro tenente Castellan De Vernet começou a desenhar planos para a construção de um barco de salvamento. 

Versátil e engenhoso, o primeiro tenente improvisa uma forja especial com um tronco e assim consegue moldar peças de metal necessárias para a construção de uma barcaça com 33.5 pés de comprimento, 12 pés de largura e 5 pés de altura. 

Os canhões do Utile em uma praia de Tromelin.

Em 27 de setembro de 1761, às 17:00, quase dois meses após o naufrágio, o barco de resgate batizado como Providência, é colocado na água e os 122 marinheiros brancos sobem a bordo. Por falta de espaço 60 escravos negros sobreviventes são deixados na ilha com três meses de alimentos. Os marinheiros prometem voltar rapidamente e resgatá-los.

Partiram em direção a Madagascar, aonde chegaram quatro dias depois na localidade Foulepointe e apenas um homem foi perdido durante a travessia. Os marinheiros dão testemunho do naufrágio e desenham um mapa detalhado da ilha (provavelmente feito pelo piloto do Utile).

Em 23 de outubro a maioria dos sobreviventes embarcou no veleiroSilhouette e vai para a cidade de Port Louis, na Ile de France, a atual capital da República de Maurício. Esta será a última viagem do capitão Jean De la Fargue, que morre em 12 de novembro e tem seu corpo jogado ao mar. 

Após a partida dos marinheiros brancos, os escravos ficaram esperando o cumprimento da promessa de que alguém viria salvá-los.

Na chegada (25 de novembro), o Governador Antoine-Marie Desforges-Boucher é informado do naufrágio. Após saber os detalhes ele fica furioso e recusa a enviar um barco para resgatar os escravos deixados na ilha. Documentos da época apontam que o Governador referiu-se aos escravos como “animais” e que “não valia o gasto para ir salvá-los”.

O Governador era um funcionário da mesma Companhia Francesa das Índias Orientais e alegou que não queria arriscar a perda de outro navio para resgatar um grupo de escravos indesejados e ilícitos. Vários dignitários locais tentaram persuadir o Governador a mudar de ideia, mas este recusou.

Talvez desejando proteger a reputação da empresa, Desforges-Boucher buscou nitidamente abafar o caso e não tornar público o negócio escuso do falecido capitão La Fargue.

Após um período de indignação com a decisão do governador, os escravos abandonados acabam caindo no esquecimento e a promessa de Castellan não foi cumprida. 

Max Guérout, arqueólogo e ex-oficial naval francês.

Achados Arqueológicos

Como aqueles náufragos sobreviveram tanto tempo, em um lugar tão inóspito?

A princípio eles tinham a água salobra do poço cavado pelos marinheiros. Tinham também alguns implementos básicos de cozinha e a ilha é, até hoje, um terreno fértil para tartarugas, peixes e aves marinhas.

Essa explicação simplista bastaria como uma resposta para os muitos que desejassem uma explicação sobre a sobrevivência deste grupo de pessoas naquele local e por tantos anos. Mas o arqueólogo Max Guérout, criador do GRAN – Group de Recherches en Archéologie Navale (Grupo de Investigação e Arqueologia Naval), foi para aquela parte perdida do Oceano Índico determinado a descobrir mais.

Mergulhadores próximo a uma das pontas da âncora do Utile – Fonte – Max Guérout, Groupe de Recherche en Archéologie Navale

Seus colegas arqueólogos avisaram que seria pouco provável que algum vestígio se mantivesse em um solo fino, arenoso, em meio a uma ilha plana. Um lugar com altitude máxima de meros sete metros, batido por ondas fortes e que localizado no caminho dos ciclones anuais que varrem o Oceano Índico.

Guérout insistiu que muito deveria ter permanecido na ilha e que os registros arqueológicos encontrados poderiam contar uma interessante história. A crença do cientista francês se baseava em intrigantes referências anotadas por oficiais e marinheiros ingleses, quando estes realizaram visitas à ilha durante o século 19 em navios da Royal Navy (Marinha Real). Os marinheiros britânicos registraram que observaram restos de “casas de pedra” e túmulos dispostos ordenadamente.

Mergulhador do Groupe de Recherche en Archéologie Navale realizando pesquisas subaquáticas em Tromelin.

Com o início das pesquisas os arqueólogos e mergulhadores estiveram no naufrágio do Utile e resgataram muitos objetos interessantes, mas nada que avançasse muito no conhecimento desta história. Mas as escavações na areia rasa da ilha produziram descobertas significativas.

Ficou evidenciado que, pelos vestígios (cinzas) encontrados em camadas de sedimentos desenterrados, os náufragos conseguiram manter com a madeira do barco o mesmo fogo aceso por anos. Eles construíram um forno coletivo e sobreviveram com uma dieta de tartarugas, aves marinhas e crustáceos.

Uma das milhares de aves de Tromelin.

Seus utensílios de cozinha confeccionados em cobre, salvos dos restos do navio, foram reparados várias vezes de forma engenhosa e prática. Um destes tinha sido reparado pelos escravos pelo menos oito vezes. “-Eles remendavam a peça danificada com outras peças de cobre, usando rebites feitos à mão e forjados no fogo do forno. Conseguimos até mesmo encontrar alguns dos rebites”, disse Guérout.

Tacho de cobre descoberto pelos arqueólogos, com inúmeros remendos feito pelos escravos nos quinze anos que ficaram isolados na ilha.

Os cientistas franceses descobriram que os náufragos desenvolveram abrigos com paredes elaboradas, formadas por blocos de coral e areia compactada. Foram erguidos com sabedoria, resultando em paredes sólidas e capazes de enfrentar fortes ventos. Uma habitação coletiva foi organizada no ponto mais alto da ilha e esta teria sido construída com restos do navio e cobertos com cascos de tartaruga.

Abrigos descobertos na ilha.

Escavações também ajudaram a encontrar uma grande quantidade de utensílios (eixos, raspadeiras, colheres, recipientes), algumas confeccionadas pelos náufragos.

Mas o que aconteceu com os sobreviventes da Ilha de Tromelin? 

A tripulação de um navio que ancorou em Port Louis na segunda metade de 1775, anunciou haver passado perto da ilha e visto os náufragos.

O novo Governador em Ile de France é então Charles-Henri-Louis d’Arsac de Ternay, o “Chevalier de Ternay” (Cavaleiro de Ternay). Este foi nomeado pelo Rei da França e não pela Companhia Francesa das Índias Orientais. Então o veleiro Sauterelle é enviado para realizar o resgate.

Mapa antigo da Ilha de Tromelin, provavelmente feito pelo piloto do veleiro Utile.

Na ilha a tripulação tenta desembarcar com uma baleeira, mas esta é destruída nos recifes de coral. Um marinheiro nada para o Sauterelle, enquanto o outro, o marujo Grasshopper, se juntou os náufragos na ilha.

Na sequência dois outros veleiros foram enviados já em 1776, mas permanecem incapazes de se aproximar da ilha. Frustrado com essas falhas e cansados ​​de esperar, o marujo Grasshopper tenta deixar a ilha em uma precária jangada, na companhia de três homens e três mulheres. Mas eles desapareceram no mar. 

Após estas falhas o governador Louis d’Arsac de Ternay envia a corveta Dauphine, capitaneado pelo nobre Jacques Marie Boudin, conhecido como “Chevalier de Tromelin” (Cavaleiro de Tromelin).

Selo francês, comemorativo ao capitão Jacques Marie Boudin

Tendo aprendido as lições de fracassos anteriores, um dos oficiais do Dauphine assumiu as operações e um barco e uma canoa foi utilizada ​​para desembarcar na costa oeste da ilha. Em três horas os últimos náufragos são recuperados, incluindo um grupo de uma mesma família que tinha uma avó, a filha e a neta.

Por ocasião deste salvamento a bandeira francesa foi hasteada na ilha e oficialmente a França toma posse em nome do rei Luís XVI. Era 29 de novembro de 1776 e o local passa a ser definitivamente conhecido como Ilha de Tromelin.

Foto de Richard Bouhet, da Getty Images, que mostra claramente o grau de dificuldade para se aportar nesta ilha.

As mulheres resgatadas comentaram que um grupo de 18 dos náufragos malgaxes construiu um pequeno barco à vela e partiram da ilha alguns anos antes. Mas sumiram!

Na Ile de France os oito sobreviventes foram declarados livres.

Jacques Maillard De Mesle, um alto funcionário francês na região, dá asilo à criança, sua mãe (Eva) e sua avó (Dauphine). Ele insistiu que os náufragos não eram escravos, mas pessoas livres, uma vez que eles tinham sido comprados ilegalmente. Em 15 de dezembro de 1776 a criança salva é batizada em Port Louis e recebe o nome de Jacques Moise. “Moise” é a forma francesa de Moisés – um bebê resgatado da água.

Outro aspecto dos abrigos encontrados na ilha.

O que aconteceu com Jacques Moise e os outros depois disso?

Max Guérout tem pesquisado os registros na França e na República de Maurício, mas sem sucesso. Ele acredita que os sobreviventes devem ter sido incorporados pela comunidade de escravos libertos em Maurício e provavelmente seus descendentes estão vivendo lá até hoje.

A Ilha de Tromelin é atualmente uma possessão ultramarina francesa, reivindicada pelos governos de Madagascar e da República de Maurício e tem sido o local de uma estação meteorológica francesa desde 1953. Em 60 anos de funcionamento esta estação meteorológica sofreu muitos danos causados ​​pelos violentos tufões e ciclones que danificaram, ou destruíram, as suas instalações. 

Foto que mostra a estação meteorológica francesa sendo abastecida por um helicóptero, devido as dificuldades de desembarque na Ilha de Tromelin.

O lugar é apelidado de “Encruzilhada dos Ciclones” ou “Ilha Ciclone”, pois foi alvo de uma dúzia destes fenômenos meteorológicos desde 1975.

Exemplo de Sobrevivência

“-É uma história muito humana, uma história do engenho e instinto de sobrevivência de pessoas que foram abandonadas porque eram considerados seres humanos inferiores”, comentou Max Guérout.

O arqueólogo analisou que os náufragos da ilha “-Não eram pessoas que se deixaram oprimir pelo seu destino. Foram pessoas que trabalharam juntas, de forma ordenada, na intenção de sobreviver de alguma forma”.

Outros abrigos.

Os arqueólogos franceses falharam na busca dos túmulos mencionadas nos registros da Royal Navy. “-Eles certamente ainda estão lá”, disse Guérout, que vai retornar a Ilha de Tromelin com melhores equipamentos de escavação.

Para o arqueólogo francês os estudos realizados na ilha são de extrema importância, pois oferecem uma oportunidade única para estudar como um pequeno grupo humano sobreviveu em meio a condições tão hostis, em um lugar diminuto e por tanto tempo. A Ilha de Tromelin possui 3.700 metros de largura, por cerca de 1.700 metros de comprimento, é cercada de recifes de coral e sem pontos fáceis de atracação.

Ilha de Tromelin

Para Guérout, as análises arqueológicas deste caso talvez possam se transformar em ferramentas que ajudem os cientistas a compreender como pequenos grupos humanos conseguiram realizar a migração entre os continentes e sobreviver em locais inóspitos e isolados durante seus trajetos.

Ainda há muito a ser encontrado e Max Guérout espera liderar novas expedição para a Ilha de Tromelin.

Para mais informações, consulte:




Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros. 

- http://tokdehistoria.com.br/2016/01/11/a-incrivel-historia-dos-escravos-que-foram-abandonados-por-15-anos-em-uma-ilha/

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MORRE LINDOMAR CASTILHO, REI DO BOLERO CONDENADO POR FEMINICÍDIO.

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