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01 fevereiro 2016

FREI DAMIÃO EM TAPEROÁ-PB NO ANO DE 1969 (INCRÍVEL)

https://www.youtube.com/watch?v=Fro6J-n_NpY

Publicado em 2 de set de 2013
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BIOGRAFIA DO FREI DAMIÃO BOZZANO

Frei Damião de Bozzano, nascido Pio Giannotti, OFMCap (Bozzano5 de novembro de 1898 — Recife31 de maio de1997) foi um frade italiano radicado no Brasil. Era filho dos camponeses Félix Giannotti e Maria Giannotti.


Começou sua formação religiosa aos doze anos, quando foi estudar em um colégio de padres. Aos dezenove anos foi convocado para o exército italiano e participou da Primeira Guerra Mundial. Aos 27 anos diplomou-se em teologia pela Universidade Gregoriana em Roma e foi docente do Convento de Vila Basílica e do Convento de Massa.

O frade capuchinho, ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923, veio do norte da Itália para o Brasil no início da década de 1930, estabelecendo-se no Convento de São Felix da Ordem dos Capuchinhos, sendo venerado por fiéis, principalmente nordestinos, pois foi nessa região que ele viveu a maior parte de sua vida, fazendo peregrinações pelas cidades, dando comunhão, confessando, realizando casamentos e batismos. Por muitos nordestinos considerado como santo, encontra-se atualmente em processo de beatificação desde 31 de maio de 2003.[1]

Por dia, muitas cartas chegam ao Convento de São Félix, contando fatos de cura, milagre, que a ciência não consegue entender.

Sua primeira missa foi nos arredores da cidade de Gravatá, em Pernambuco, na capela de São Miguel, no Riacho do Mel. Anualmente, no mês de maio, realiza-se naquela cidade as Festividades de Frei Damião: uma grande caminhada sai da Igreja Matriz Nossa Senhora de Santa'Ana (no centro de Gravatá) e vai até a Capela do Riacho do Mel.

Na cidade de Recife, mais precisamente no Convento de São Felix da Ordem dos Capuchinhos, onde se encontra seu corpo, acontece desde sua morte no final de maio Celebrações para Frei Damião.

Em 1975, recebeu a medalha cunhada em ouro de amigos da cidade de Sousa, no estado da Paraíba, quando permitiu que construísse a primeira estátua em sua homenagem, tendo o mesmo colocado a pedra fundamental naquele ano e em novembro de 1976, oficiou missa de inauguração, obra do renomado escultor pernambucano Abelardo da Hora. A estátua esta construída no serrote denominado Alto da Benção de Deus, e se constitui hoje num facho abençoado de luz, deixando todos que contemplam mais próximos de Deus e de Nossa Senhora. E hoje é visitada por milhares de fiéis.

Em 27 de setembro de 1977, recebeu o título de Cidadão de Pernambuco e, em 4 de maio de 1995, o título de Cidadão do Recife.

Frei Damião ocupou-se em disseminar “as santas missões” pelo interior do Nordeste. “As santas missões” eram um tipo de cruzadas missionárias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. Nessas ocasiões, era armado um palanque ao ar-livre com vários alto-falantes onde o frade transmitia os seus sermões. Quando perguntado sobre os objetivos de suas “santas missões” aos sertanejos, o frei respondia que um dos objetivos era “livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja e fazê-los abraçar outro credo [...]”.

É autor de um manual de conduta, conhecido como os "Dez mandamentos de Frei Damião",[2] que determina como os católicos devem lidar com os protestantes.

Nunca abandonou suas caminhadas e romarias pelas localidades, no qual acompanhava com ele sempre, um terço e um crucifixo, as quais fazia com seu amigo Frei Fernando. Só parou poucos meses antes de falecer, devido ao agravamento de seu problema na coluna vertebral, fruto da má postura de toda a vida.

Frei Damião de Bozzano faleceu no Hospital Português no Recife, e seu corpo está enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, no bairro do Pina, no Recife. Sua vida é retratada no livro do escritor Luís Cristóvão dos SantosFrei Damião - O Missionário dos Sertões.

Na ocasião de sua morte, em 31 de maio de 1997, o governo de Pernambuco e a prefeitura de Recife decretaram luto oficial de três dias.

No interior de Pernambuco, na cidade de São Joaquim do Monte, todos os anos milhares de romeiros chegam para prestar suas homenagens ao Frade. O Encontro de Romeiros, ou Romaria de Frei Damião como é mais conhecida, acontece todos os anos entre o fim de agosto e início do mês de setembro. Programação religiosa e cultural modificam totalmente o aspecto da cidade. O ponto central da peregrinação é a estátua erguida em homenagem a Frei Damião localizada no Cruzeiro.

Em 2004, foi inaugurado o Memorial Frei Damião em sua homenagem, na cidade de GuarabiraParaíba, uma das várias cidades em que o frade capuchinho percorreu em suas missões.[3]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Frei_Dami%C3%A3o
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MUSEU DO SERTÃO


O Museu do Sertão é de propriedade do
professor, escritor, pesquisador do cangaço e presidente da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

Enviado em 26 de out de 2015
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O DELEGADO QUE VIROU CANGACEIRO


Foi na Vila do Teixeira,
No alto sertão paraibano,
Era tem do Pedro
Segundo, se não me engano,
Tempo do Brasil império,
Só não sei precisar o ano.

Chamado de Liberato
Da Nóbrega, mas também
Conhecido pela Vila
E outras terras além
Como o “Cabra da Serra”,
O cangaceiro do bem.

Assim para os poderosos
Ele era um assassino,
O terrível cangaceiro
Que anunciava pelo sino
A morte de algum inimigo
Tal como fez com Cirilo.

“Blém, blém, blém…” , esse toque
Havia virado um sinal
Da justiça para o povo
Da vila e região local,
Que dizia: la vai o “Cabra
Da Serra” combater o mal.
Gil Holanda


PS: poema publicado neste site no dia 10 de março de 2008; republicado em 31 de janeiro de 2016

http://romulogondim.com.br/o-delegado-que-virou-cangaceiro/#comment-95501

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço Dr. Epitácio Andrade

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"A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO CANGAÇO" DE ROSA BEZERRA

Por Susi Ribeiro

Amigo José Mendes Pereira

Boa Tarde,

Gostaria de deixar aqui minha Avaliação do livro: A Representação Social do Cangaço, de Rosa Bezerra, Um Livro Único, Esclarecedor, Humano, Uma Leitura que Recomendo a Todos!

"A Representação Social do Cangaço é um livro, fruto do trabalho, estudo e pesquisa da Psicóloga Social Rosa Bezerra, especializada em Psicologia Social e Comunitária da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


O Livro nos mostra uma análise do Cangaço como Movimento Social, rompendo com todos os conceitos e padrões formais já pré-estabelecidos!

É um livro que nos faz pensar, compreender, analisar, é um livro único, que quebra regras, que, com certeza irá revolucionar nossos conceitos!!

No estudo do Cangaço, entre diversas questões, sempre nos deparamos com muitas perguntas, Quais foram os fatores históricos (do Nordeste e do Brasil), geográficos, climáticos, socioeconômicos que, realmente influenciaram e deram origem ao Cangaço?

Quais as verdadeiras Causas Sociais e Econômicas, até as paisagens físicas e culturais que se desenvolveram desde os fins do século XIX, por conta das grandes secas, da fome, da opressão, da luta pela sobrevivência no Nordeste Brasileiro?

Quem foi Lampião? Um assassino sanguinário? o que o levou realmente a ser Cangaceiro? Quem eram os Cangaceiros? facínoras? Bandidos?
Veja o que a mídia da época divulgava, entenda, analise, compreenda!

Este livro, é. sem dúvida, um estudo importantíssimo que não pode faltar a nenhum estudioso, pesquisador, historiador ou escritor, assim como a todos os descendentes do Cangaço,

Para que possam, de forma conclusiva e imparcial, compreender, o que realmente originou o Cangaço, suas Causas, Consequências e qual era sua finalidade.

Muito Obrigada pela oportunidade, José Mendes Pereira
Muito Obrigada Rosa Bezerra.

Atenciosamente

Susi Ribeiro, nora de Sila e Zé sereno, ex-cangaceiros de Lampião.

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31 janeiro 2016

CHEGOU O CARNAVAL - 31 DE JANEIRO DE 2016

Por Geraldo Maia do Nascimento

Fevereiro chegando e o povo começa a se programar para o carnaval, mesmo numa cidade onde não há carnaval. Praias, serras e outras cidades onde haverá “festa de Momo” estão na programação dos mossoroenses: uns em busca de carnaval; outros, fugindo do mesmo. 


Podemos dizer que o carnaval é uma das festas mais antigas da humanidade. Dez mil anos antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita. As origens do carnaval têm sido buscadas nas mais antigas celebrações da humanidade, tais como as Festas Egípcias que homenageavam a deusa Isis e ao Touro Apis. Os gregos festejavam com grandiosidade nas Festas Lupercais e Saturnais a celebração da volta da primavera, que simbolizava o Renascer da Natureza.
               
O carnaval, tal como conhecemos no Brasil, tem sua origem no entrudo português, onde, no passado as pessoas jogavam umas nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.
               
O entrudo foi trazido para o Brasil por volta do século XVII, por influência dos portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Era uma brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, colorau, etc. Em meios mais nobres, esses produtos eram substituídos por confetes e serpentinas. Esse formato primitivo do entrudo permanece até hoje em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste. Damos como exemplo a vizinha cidade de Aracati, no Ceará, onde essa prática ainda é usada. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem europeia.
               
E dessa forma foi sendo formado o carnaval brasileiro. Uma mistura do entrudo português, com os mascarados da Itália e França, apimentado com o ritmo alucinante dos tambores africanos e o requebrado de nossas mulatas. Vieram depois as marchinhas que deram um novo ritmo ao carnaval brasileiro, tornando-o mais animado e com características únicas.
               
No final do século XIX, começaram a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos \"corsos\". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está aí a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. A folia continuou crescendo até tornar-se a maior festa popular brasileira.
               
Em nosso país é festejado tradicionalmente no sábado, domingo, segunda e terça-feira anteriores aos quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa. Na Bahia é comemorado também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, mudando de nome para Micareta. Esta festa deu origem a várias outras em estados do Nordeste, todas com características baiana, e com a presença indispensável dos Trios Elétricos. Com esse formato são realizadas no decorrer do ano; em Fortaleza realiza-se o Fortal; em Natal, o Carnatal; em João Pessoa, a Micaroa; em Campina Grande, a Micarande; em Maceió, o Carnaval Fest; em Caruaru, o Micarú; em Recife, o Recifolia, etc.
               
As primeiras notícias que temos da festa de momo em Mossoró é de 1913, quando “um pequeno grupo de cavalheiros e pouco maior número de crianças” saíram fantasiados pelas ruas da cidade no domingo de carnaval. Naquele mesmo dia houve uma festa no Cinema Almeida Castro, onde “a fina flor mossoroense” travou uma verdadeira batalha de confete, serpentina e lança-perfumes. Na segunda-feira outros bailes se realizaram. O jornal “O Mossoroense” registrava “uma soirée (festa) familiar na casa do diretor desta folha e, outro ainda no Polytheama (cinema que existia em Mossoró, naquela época) como remate à festa anual tão cheia de atrativos. ”
               
No ano seguinte, 1914, apareceu um grupo de senhoras, “virtuosas esposas e mães dos proprietários do Polytheama”, promovendo festivo assalto de confetes, em intervalos de danças, durante a soirré. A assim, ano após ano, foram surgindo os blocos carnavalescos, os clubes, os grupos folclóricos e até os tradicionais ursos compondo nossa festa de Momo.
               
Hoje já não há carnaval em Mossoró. Algumas iniciativas individuais tentam, sem sucesso, reergue o evento na cidade. Mas o certo mesmo é que nessa época a cidade se esvazia, com grande prejuízo para a economia local. 

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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

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EUCLIDES 150

Por José Gonçalves do Nascimento

No dia 20 de janeiro deste ano, o jornal o Estado de São Paulo publicou, em caderno especial, longa reportagem sobre os 150 anos de nascimento de Euclides da Cunha. Acreditamos ser esta apenas a primeira de uma série de outras tantas publicações que, em 2016, haverão de homenagear o escritor nascido em Cantagalo, antiga província do Rio, em 20 de janeiro de 1866.

E não é para menos. Engenheiro, militar, físico, naturalista, jornalista, geólogo, geógrafo, botânico, zoólogo, hidrógrafo, historiador, sociólogo, professor, filósofo, poeta, romancista, ensaísta e escritor, Euclides da Cunha é um dos mais legítimos representantes da inteligência brasileira. Intelectual de escol, foi ele responsável pela descoberta de um Brasil que até então era desconhecido: o Brasil do interior. Para ele, a construção da identidade nacional brasileira teria de buscar seus fundamentos na profundidade do Brasil interiorano, pois era lá que estava “o cerne da nacionalidade”.

Dedicado aos estudos das questões brasileiras, conforme pontifica um dos seus melhores biógrafos – Olímpio de Souza Andrade – Euclides valeu-se “da ciência para examinar sob vários aspectos a conformação do território brasileiro, seus ares, suas águas, sua flora, sua fauna, bem como a evolução do povo brasileiro, ressaltando conflitos entre estágios diversos de civilização. Mas principalmente valeu-se disso tudo, com engenho e arte, assim vendo o que os outros não viam, e dizendo-o numa linguagem clara e precisa, de rara beleza”.

Com efeito, é esta a tônica de toda produção literária de Euclides da Cunha, sendo que Os sertões é a obra que melhor encarna a preocupação do autor. Dividido em três partes – a Terra, o Homem e a Luta – o livro empreende ampla e profunda abordagem acerca da geografia do Nordeste e dos tipos humanos que povoam essa parte do Brasil, culminando com o conflito entre o exército brasileiro e os heroicos habitantes de Canudos. Tem o texto o mérito de mediar o difícil e doloroso diálogo entre o “Brasil real e o Brasil oficial” – para usar uma expressão de Machado de Assis – despertando a atenção das elites políticas, econômicas e culturais para os inumeráveis problemas que faziam (e fazem) desta uma nação dividida entre o progresso do litoral e o atraso do interior. Pela primeira vez, no Brasil, uma obra de literatura assumia a discussão sobre os reais problemas do país e lançava as bases para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual.

Além d’Os sertões, há, na extensa obra de Euclides da Cunha, mais dois livros sobre a temática de Canudos: Caderneta de campo e Canudos: diário de uma expedição. O primeiro, publicado postumamente em 1975, traz uma série de anotações e croquis da época em que o escritor se achava no campo de batalha. O segundo, também publicado após a morte do autor, em 1939, reúne o conjunto de correspondências encaminhadas ao jornal O estado de São Paulo, informativo para o qual trabalhou o escritor na condição de enviado especial ao teatro da guerra. O acervo de informações reunido na Caderneta e no Diário seria de grande utilidade para autor, quando da feitura d’Os sertões.

Fora do chamado “ciclo d’Os sertões” (que compreende toda a literatura referente à guerra de Canudos), é Euclides da Cunha autor de outros três títulos igualmente notáveis: Perus versus Bolívia (1906), Contrastes e confrontos (1907) e À margem da história (1909), este último publicado depois da morte do escritor. As três obras reúnem artigos, ensaios e estudos produzidos por Euclides ao longo de sua atividade intelectual. Sua extensa produção literária inclui ainda correspondências, poesias, e um sem-número de crônicas e artigos publicados em jornais e revistas da época.

Como homem de ciência, sintonizado com o que havia de mais avançado no âmbito da intelectualidade, e imbuído dos ideais do positivismo – corrente filosófica que defendia o primado da razão como único meio de construção da civilização e, por conseguinte, da ordem e do progresso dos povos – além de intransigente defensor da causa brasileira, Euclides da Cunha foi firme e enérgico na defesa das suas convicções mais profundas. Acabou decepcionado com a República, após perceber que esta não conseguira atender à expectativa do povo brasileiro. E, uma vez decepcionado, tornou-se crítico ferrenho da forma de governo imposta pelo golpe militar de 1889.

Para Gilberto Freire “ele [Euclides da Cunha] foi a voz que clamou a favor do deserto brasileiro: Endireitai os caminhos do Brasil (O Brasil era o seu “sonho”) os caminhos entre as cidades e os sertões. Esta foi a grande mensagem de Euclides: que era preciso unir-se o sertão com o litoral para a salvação – e não apenas conveniência – do Brasil. Ninguém mais do que ele enalteceu tanto o sertão e o sertanejo. Em Euclides [prossegue o autor de Casa Grande e Senzala] a tendência foi quase sempre para engrandecer e glorificar as figuras, as paisagens, os homens, as mulheres, as instituições com que se identifica o vaqueiro, o sertanejo, o próprio jagunço. Até mesmo o negro dos sertões – sobrevivência do quilombola colonial – sai engrandecido de suas páginas”.

Salve Euclides! Salve o Brasil!

José Gonçalves do Nascimento
jotagoncalves_66@yahoo.com.br


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30 janeiro 2016

UM HOMEM DE FÉ E OS CÍCEROS DE CAPOEIRAS

Por Júnior Almeida

Como alguns amigos devem saber, eu estou preparando um novo livro, com o título provisório de OS CAUSOS DA MINHA TERRA, que vai falar das histórias da nossa gente. Algumas tristes, outras engraçadas e também algumas crônicas de minha autoria. Personagens marcantes para mim e para a cidade também terão seu espaço nesse novo trabalho. Já publiquei alguma coisa por aqui. O texto abaixo é sobre um cidadão, capoeirense da gema, que com sua simplicidade e bom humor, dá um exemplo de vida e de fé para todos. Vamos ao relato:

Corria 1961. Na região do Sítio Riacho do Mel em Capoeiras, moravam os jovens recém-casados Arlindo José e Ana Tavares. Ele então com 20 anos chamado por todos de “Golinha”, por ser filho do caçador com a alcunha “Zé Rolinha”, e ela com 19 anos com o carinhoso apelido de Nininha. Como tantos casais do campo, Golinha tirava o sustento na lida da roça, e sua esposa como boa dona de casa. Desde que casaram, os dois planejavam ter filhos, mas Nininha não conseguia engravidar. Ela com frequentes hemorragias, combinou com o marido, e resolveram procurar um médico. Foram à Garanhuns. Lá o profissional de saúde examinou a paciente, e disse não ter jeito a dar ao problema de Nininha. Estranho diagnóstico esse, e logo na primeira consulta. Mas se a saúde pública já não é lá essas coisas hoje em dia, imaginem nos anos sessenta e ainda mais no interior de uma cidade nordestina. O casal desanimou. Ao final da consulta, o doutor deu um conselho ao casal: disse que esses fizessem uma promessa com o “Padim Ciço” pra Nininha ficar boa, e se isso acontecesse, e ela conseguisse engravidar que colocassem o nome do filho de Cícero. Não dá pra saber se o médico era devoto do padre cearense ou se apenas zombou do casal de roceiros, mas o fato é que Arlindo seguiu o conselho e fez a promessa, indo além. Não só o primeiro filho iria homenagear o Patriarca do Juazeiro, mas todos que nascessem daquela união iriam ser batizados por Cícero ou Cícera. Pouco tempo depois Nininha sarou. Ficou completamente curada das hemorragias e pode assim realizar o sonho de ser mãe. Em 1962 nasceu o primeiro Cícero da família, José Cícero. O tempo foi passando e o casal seguindo com sua vida. Como manda a tradição matuta, um filho a cada ano, e em 1970 Golinha e Nininha já tinham sete, todos com o nome de Cícero. Ano ruim pra lavoura. A seca acabava com tudo. Muita gente abandonou tudo e foi tentar a sorte em outras paragens. Muitos trocavam suas poucas terras em passagens nos paus de arara pra São Paulo. Muitos donos de caminhão enriqueceram com essas viagens, às custas da miséria alheia. Golinha não sabia mais o que fazer pra dar o “de comer” para sua família. Eram nove bocas pra alimentar, e o roçado estava perdido. Decidiu então ir ao povoado Riacho do Mel, tentar algum emprego com Gedeão Rodrigues, homem de posses no lugar. Esse disse não poder atender Golinha, pois como ele mesmo sabia, as coisas estavam ruins para todos. Gedeão então sugeriu que esse fosse procurar seu irmão Joaquim de Neco, que com muitas terras e mais um fabrico de queijo, talvez lhe arrumasse um trabalho. Joaquim se compadeceu com a situação, mas também não podia fazer nada pelo amigo. O chamou à parte, e disse-lhe que estava naquele momento com oito empregados, mas infelizmente teria que demitir cinco. Golinha apenas baixou a cabeça. Sabia que o fazendeiro tinha razão. Antes de sair de sua casa, Joaquim chamou Golinha para o local em que estava acabando de sair do fogo um tacho com queijo de manteiga. Deu ordem para que os empregados que mexiam o queijo quente, deixassem toda raspa para que Arlindo pudesse levar. Depois de todo queijo derretido ter sido colocado nas formas, o cascão pregado no tacho e mais um pouco de queijo, ficou à disposição de Golinha. Com os empregados ele arrumou um saco de tecido, colocou o produto dentro e levou a comida pra casa. Eram cerca de cinco quilos de raspa de queijo. Um manjar dos deuses que alimentou sua família por uma semana. No caminho da fazenda de Joaquim de Neco até a sua casa, Golinha nem sentiu que o queijo ainda quente tinha queimado o seu ombro e a sua orelha direita. É que ele carregou o saco no ombro, encostado na cabeça. Sentiu arder, mas achava que era apenas o atrito do tecido do saco com a sua pele. Em casa foi que viu o tamanho da queimadura. Alguns dias se passaram, e não se sabe se os irmãos Gedeão e Joaquim conversaram sobre a situação difícil por qual passava a família de Golinha, mas o fato é que Gedeão mandou avisar que tinha um trabalho pra ele. O ganho era pouco. O trabalho alugado pagava por dia o que dava pra comprar um quilo de açúcar e dois quilos de fubá de milho. Estava bom? Não. Mas era o que tinha, e Arlindo não teve medo do serviço. Brocar, capinar, fazer cercas, coivaras e tudo mais que se faz no campo. Golinha trabalhava praticamente pela comida, mas não reclamava. O importante era dar comida aos seus. Foram oito meses e meio nessa lida. Certo dia ouviu da mulher do dono da bodega em que comprava, que se ele só podia comprar cem gramas de açúcar, não comprasse um quilo. Ele se sentiu humilhado, e ficou cabisbaixo no estabelecimento. O dono da bodega percebeu, e perguntou o que tinha acontecido. Golinha disse tudo o que tinha ouvido. O bodegueiro disse que ali mandava ele, e em um saco de pano colocou 15 quilos de açúcar, 25 de fubá, 1 de charque, 1 de sardinha e mais três barras de sabão, e disse ao amigo que esse só pagasse quando pudesse. Em 1972 nasceu mais dois filhos do casal. Os gêmeos Cícero Paulo e Cícera Aparecida. Mais um tempo e nasceu outro menino: Cícero Jorge. Um problema de nascença no menino fez com que o agricultor rezasse pedindo a Padre Cícero que curasse seu filho, que tinha os dois pés aleijados. Mais uma vez as preces de Golinha foram ouvidas, e o menino ficou curado. Em agradecimento ao Santo do Cariri, Golinha e Nininha foram ao Juazeiro do Norte, onde deixaram uma mecha do cabelo de Cícero Jorge, chamado por todos de “Dó”. Na lápide do túmulo do Padre Cícero, chamado pelos romeiros Santo Sepulcro, o casal deixou o cabelo do filho curado e rezou de joelhos em agradecimento por mais uma graça alcançada. Na data deste texto, Golinha e Nininha estão para comemorar bodas de ametista, são 55 anos de união abençoada por Deus, e porque não pelo Padre Cícero. Do casamento dos dois, onze Cíceros vieram ao mundo. São eles: José, Heron, Paulo, José Irmão e Jorge. As Cíceras são: Vera, Luzia, Raimunda, Fernanda, Madalena e Aparecida.

Fonte: facebook
Página: Junior Almeida

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MORRE LINDOMAR CASTILHO, REI DO BOLERO CONDENADO POR FEMINICÍDIO.

  Por Tâmara Freire - Repórter da Agência Brasil Publicado em 20/12/2025 - 12:10 Rio de Janeiro Morreu neste sábado (20), aos 85 anos, o can...