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02 março 2016

CONVITE


AMIGO(A), 

este é um convite especial, feito somente aqueles(as) que tenho elevado apreço. Sua atenção à minha pessoa, mais uma vez será demonstrada pela sua presença no próximo dia 18 de março (sexta-feira), às 19:30 horas, no auditório da OAB-Mossoró, para assistir ao meu discurso de Elogio ao Patrono da ACJUS-Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró. Venha me proporcionar este prazer. Receba o meu muito obrigado antecipado, mas o abraço só depois da Sessão Solene, no coquetel de confraternização.

Professor e escritor Benedito Vasconcelos Mendes

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PADRES ...e... CANGACEIROS...!

Por: Ângelo Osmiro Barreto (*)
 Ângelo Osmiro e Ivanildo Alves da Silveira

A relação entre religiosidade e banditismo no sertão nordestino é antiga. O sentimento religioso do sertanejo é especialmente voltado para o culto católico, este ainda remetendo ao catolicismo medieval, onde Deus estava ligado ao castigo, ao fim do mundo.

Predominou por muito tempo essa cultura religiosa nessas paragens, onde a religião ainda repleta de superstições, os milagres ajudavam a suportar as agruras.
  


A ligação entre cangaceiros e padres atingiu os dois extremos: amigos e conselheiros, mas também ferrenhos inimigos, chegando a travarem combates bélicos.
  

O cangaceiro Adolfo Meia Noite

O cangaceiro ADOLFO DA MEIA-NOITE ainda no século XIX, após entendimentos prévios com o Padre Bernardo de Carvalho Andrade, sacerdote que ficou conhecido como bom samaritano dos flagelos da seca em virtude de sua atuação em favor dos flagelados da seca de 1877, uma das mais devastadoras que aconteceu no nordeste, conseguiu a realização de seu casamento. 




Após a realização da cerimônia o padre foi autorizado pelo cangaceiro a dizer o seu paradeiro, pois segundo o mesmo, estava pronto para morrer sem escolher ocasião.



Henry Koster no seu excelente trabalho Viagem ao Nordeste do Brasil cita o padre Pedro, que na década de 1800 mantinha em suas terras, a vinte léguas do Recife, grande número de cangaceiros a seu serviço.

O Padre PEDRO foi chamado pelo representante de Dom João VI para prestar esclarecimento sobre os mesmos. Compareceu acompanhado de alguns cangaceiros armados até os dentes. Chegando ao Recife declarou que não tinha culpa de o sertão ser violento, não havia criado aquela situação, porém precisava de proteção, e a solução que encontrara para se resguardar dos inimigos veio por meio dos cangaceiros.

Antes mesmo da fama de Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, que ainda submetia-se ao comando de Sinhô Pereira, ficou conhecido no sertão o ataque ao padre Lacerda do Coité. José Furtado de Lacerda era inimigo do Major José Inácio do Barro, esse, por sua vez, amigo de Sinhô Pereira, primeiro e único chefe de Lampião.

Aproveitando-se da amizade com o chefe de cangaceiros, o Major José Inácio arregimenta homens que junto aos cangaceiros do Pajeú atacaram o reduto do PADRE LACERDA . seu grande inimigo. O combate durou cerca de uma hora e meia, sendo inclusive ferido no mesmo, Antônio Ferreira, irmão mais velho de LAMPIÃO. Este ataque desencadeou uma perseguição ferrenha ao Major José Inácio pelas autoridades cearenses, que culminou com sua retirada para o estado de Goiás.

O cangaceiro Lampião, por exemplo, manteve contatos com padres que ficaram marcados na sua biografia. O encontro com o padre Cícero em 1926 em Juazeiro e sua relação com o padre JOSÉ KHERLE em Serra Talhada, ambos dignos de nota.

O primeiro encontro de Virgulino Ferreira com padres deu-se no seu batismo realizado pelo Cônego Joaquim Monteiro Tôrres, então vigário em Floresta de Navio. Seu relacionamento com o padre alemão JOSÉ KHERLE, deu-se em virtude dele ter sido vigário em Vila Bela, quando das estripulias praticadas por Lampião naquele território.



Durante 16 anos o padre KHERLE foi vigário na terra natal de Lampião. O cangaceiro devotava-lhe grande admiração e respeito, sempre o obedecendo. 

Prova da obediência que LAMPIÃO nutria pelo padre deu-se em junho de 1923 quando do casamento de sua prima Maria Licor Ferreira com Enoque Menezes. LAMPIÃO invadiu o povoado de Nazaré, distrito de Floresta do Navio/PE, acompanhado com cerca de quinze homens, dispostos a brigar com os nazarenos, seus ferrenhos inimigos.

O padre JOSÉ KHERLE interveio pedindo a retirada de Lampião e seu bando do povoado para evitar brigas e até mortes, pois além da aguerrida população do povoado, estava para chegar uma força policial ao lugar. LAMPIÃO atendeu o pedido do padre amigo, porém antes exigiu levar a sanfona, pois se ele não iria dançar, ninguém também dançaria no povoado. Assim foi feito e por intermédio do padre JOSÉ KHERLE evitou-se uma tragédia no pequeno povoado pernambucano.



O relacionamento de Padre e Cangaceiro mais comentado, sem dúvida é o de Virgulino Ferreira com o Padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, em Juazeiro no Estado do Ceará.

O cangaceiro, atendendo o chamado do Dr. Floro Bartolomeu da Costa, grande amigo do PADRE CÍCERO, uma espécie de braço armado do líder juazeirense, adentra em Juazeiro em maio de 1926 com intuito de alistar-se no Batalhão Patriótico a fim de combater a Coluna Prestes. Por esses tempos a Coluna vinha adentrando no sertão nordestino.



Por motivos de saúde o médico baiano FLORO BARTOLOMEU não se encontrava na cidade, sendo o cangaceiro e seu bando recebidos pelo Padre Cícero. O desenrolar dessa história culmina com a famosa patente de Capitão do Batalhão Patriótico outorgada ao famoso cangaceiro.

PADRE CÍCERO, também teve participação decisiva na retirada para Goiás dos cangaceiros de SINHÔ PEREIRA (primeiro e único chefe de Lampião), neto do Barão do Pajeú e LUIS PADRE, primos e integrantes da família Pereira de Serra Talhada, na época em guerra com a família Carvalho.

Em setembro de 1926, LAMPIÃO adentra em Granito, estado de Pernambuco, acompanhado por mais de cem homens. A população amedrontada procura a casa paroquial em busca de refúgio.

O padre do lugar reverendo JOAQUIM de ALENCAR PEIXOTO, destemido e polêmico, que inclusive havia tido desavenças políticas com o Padre Cícero Romão, procura o cangaceiro, mesmo antes que esse o faça. Os dois entraram na casa do padre, conversaram por alguns minutos em particular, nunca se soube o teor do diálogo, o que se sabe é que os cangaceiros, depois dessa conversa, vão embora e inclusive pagam todas as despesas feitas nas bodegas da cidade.

No Ceará, em 1927, o Padre VITAL LUCENA tomaria parte da história do cangaço, dessa vez em LIMOEIRO. Após frustrado ataque a cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, o grupo de facínoras adentrou a região jaguaribana no território cearense. Chegando a cidade de Limoeiro, Lampião e seu grupo foram recebidos pelas autoridades do lugar, que temendo saques e mortes preferem receber os bandoleiros em paz.

Entre os membros da recepção estava o Padre VITAL LUCENA, que ficou encarregado de arrecadar a quantia de dez contos de reis exigida pelo cangaceiro. Sob o comando do padre, a população consegue arrecadar cerca de dois contos. O próprio padre Vital foi incumbido da árdua missão de entregar o dinheiro arrecadado incompleto ao cangaceiro, mas Lampião recebeu a quantia e de nada reclamou, ficando satisfeito com a quantia recebida.

O Padre VITAL ainda pediu um favor ao cangaceiro do Pajeú: que soltasse os reféns que vinham presos desde o Rio Grande do Norte, o que foi negado pelo bandoleiro, alegando precisar de dinheiro. Mesmo assim para ser agradável ao padre, soltou o refém de nome Manoel Barreto Leite.

No dia 19 de abril de 1929, na cidade de Poço Redondo, estado de Sergipe, o padre ARTUR PASSOS estava tranquilamente rezando uma missa para sua comunidade quando de repente aparece na igreja Lampião e seus cabras, num total de dez homens muito bem armados.

O padre, segundo seu próprio depoimento, continuou a missa, apesar de constrangido pela presença do bando sinistro do rei do cangaço. Após a celebração religiosa o PADRE ARTUR manteve um diálogo com o cangaceiro, tendo inclusive LAMPIÃO deixado um bilhete de próprio punho com os nomes de todos os cangaceiros visitantes com suas respectivas idades, exceto o de nome José Alves dos Santos, vulgo Fortaleza, cuja idade não consta na referida carta.

Outro interessante episódio ocorrido envolvendo padre e cangaceiro deu-se em 1937, mas precisamente no dia 10 de outubro, quando do casamento do cangaceiro CORISCO, o Diabo Louro, e DADÁ. Resolvido a casar com sua companheira de longas datas, Corisco pediu ajuda de um fazendeiro amigo para trazer o padre José Bruno da Rocha, pároco da igreja de Porto da Folha, para oficiar seu casamento. O fazendeiro escreve um bilhete ao padre pedindo sua presença urgente na fazenda para professar uma extrema unção.

O padre atendeu ao pedido o mais rápido possível, ficando surpreso ao chegar ao local solicitado e se deparar com os cangaceiros. O fazendeiro explica a situação e o padre JOSÉ BRUNO rapidamente faz o casamento de CORISCO e DADÁ. O cangaceiro ainda pergunta se para casar é mesmo ligeiro daquele jeito, o padre com pressa de ir embora, apavorado com a situação, realizou a cerimônia bem mais rápido do que o habitual.

O cangaceiro CORISCO teria ainda uma ligação muito forte com o PADRE BULHÕES, de Santana do Ipanema, em Alagoas, homem muito respeitado em toda a região. Ao referido padre seria entregue seu filho SILVIO , criado pelo reverendo e hoje economista, morando em Maceió.
PARTE FINAL:

Fato deveras pitoresco foi contado pelo ex-cangaceiro Ângelo Roque da Costa, vulgo LABAREDA, ao Dr. Estácio de Lima e que foi transcrito no seu livro O Mundo Estranho dos Cangaceiros, eis o relato. Em uma fazenda no município de Santo Antônio da Gloria, estado da Bahia, chegaram os cangaceiros onde estava havendo uma festa com a presença do PADRE EMÍDIO, vigário do lugar. Relata o cangaceiro que chegaram em paz, almoçaram com o padre, além dele, o chefe LAMPIÃO e ainda Ezequiel, irmão do chefe, e Virgínio, cunhado.

Após o farto almoço resolveu se confessar com o PADRE EMÍDIO e assim o fez. Conta o cangaceiro que após a confissão o padre aconselhou:

"Num mate mais os macaco, meu fio. Nos mandamentos tá proibido. Quando pegá um, você cape ele, i sorte capado".

A correlação existente entre PADRES e CANGACEIROS no sertão, apesar das exceções, reforça mais uma vez o poder que a igreja representava (e ainda representa, hoje em menor escala) para os nordestinos de um modo geral.

O respeito de LAMPIÃO, aqui representado como o cangaceiro em geral, para com a autoridade dos padres, traduz de certa maneira o respeito às Leis de Deus e santos representados aqui na terra pelos sacerdotes. Dos poderes oficialmente constituídos, a Igreja parece ser o que mais os cangaceiros respeitavam.

(*) "ANGELO OSMIRO BARRETO", (Historiador e Pesquisador do cangaço/Membro da Sociedade Cearense de Geografia e História- Cadeira nº 09) -

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste

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O RASTEJADOR DA VOLANTE POLICIAL...!

Por: Ronnyeri e Volta Seca
Rastejador Batoque - Imagem acervo da escritora Marilourdes Ferraz

Diante situação de embaraço em que ficava em risco o sucesso da campanha, entrava em ação um personagem merecedor de apoteoses e medalhas porque não matava, e representava a inteligência inculta, mas ágil, perspicaz, ativa: o rastejador.

Ranulfo Prata em seu Grande livro “Lampião”, descreve assim o rastejador:

O RASTEJADOR é um homem de sentidos agudíssimos, cujos olhos percucientes são objetivas poderosas que visionam o microscópico. 

É a testa das volantes, que se lhe entregam de corpo e alma, uma cega confiança à proverbial lealdade sertaneja, ele as conduz meses a fio em marchas incessantes pelo deserto. O bom ou mal êxito das batidas depende dele, exclusivamente. 

É tudo na coluna, porque é a visão, maior do que o cérebro, no sertão ínvio.

Detém-se, de repente, em lugar onde a vegetação rala e o solo entorroado e pedrento nada evidenciam a olhos vulgares. Esbarra, acocora-se, examina com simples toque de dedo grosso, seixos e cascalhos, "assunta" de mão no queixo, "magina" minutos, e, volvendo a face tostada de sóis, onde chispam olhos vivazes, conta ao tenente, em fala remorada, o seu achado, apontando, com segurança inabalável, a pista do bando. Segue-a a tropa pressurosa, com o batedor a frente, "escanchado" no rastro. Sem perdê-la, trazendo-a sempre de baixo dos olhos atentos, a marcha se estira por dias e semanas , até que as feras humanas, acuadas longe, ofereçam combate, negaceiem e escapem em fuga precipite.

Recomeça novo trabalho de pesquisa de rumo, descobrimento de novo rastro, seguindo-se a caminhada exaustiva que tem como remate escaramuça quase sempre descompensadora.

Não é adivinho nem mágico, porém, o matuto privilegiado. Ele enxerga "realmente" vestígios, baseia-se, nas suas afirmativas, em indícios tangíveis, concretizados em pequena folha machucada, cinza de cigarro ou borralho, um fósforo, touças de capim acamado, pegadas de levíssimo desenho. O mais é ilação, agudeza, experiência de gerações, trabalho de inteligência vivacíssima e o que eles chamam - o "dom".

Ao debruçar-se sobre um rastro diz se é fresco, isto é, recente ou se velho, de dias, e de quantos dias.

Enumera os homens e mulheres que compõem o bando. Afirmar se Lampião está em pessoa a chefiá-lo, ou se é Corisco ou outro qualquer dos seus lugar-tenentes.

Pormenoriza estupendamente, adiantando se após o grupo passou gente que lhe é estranha, e dissociando os sexos.

Adiante, sob a copa derramada dos umbuzeiros amigos, informando que os bandoleiros ali pernoitaram, precisa o número de homens e mulheres, apontando os lugares que serviram de coitos a solteiros e a casais. 

E alongando-se em detalhes pitorescos e maliciosos, dizem ainda, pela marca dos joelhos e dos cabelos entrouxados, dos "cocós" femininos, se o amor andou ali a fazer das suas, atraído pela doçura da noite tropical e pelo dossel de folhagem verdejante, suavemente bólido por uma brisa macia, carregada de perfumes agrestes.

E não e só pegada humana que o batedor descobre e segue. 

Rasteja todos os animais, avantajando-se, muita vez, aos próprios cães, dando, muito antes deles, com o rastro da caça que lhes atrita no focinho para avivar-lhes o olfato.

Sem falar na caça graúda, a suçuarana que marca o chão com enorme pata, e o tamanduá, que deixa após indícios gritantes, o rastejador lobriga, sem ajuda de lentes, meia dúzia de finos grãos de poeira que a ponta ferina de um casco de veado depôs, mal trocando-a, em corrida veloz, sobre uma Lage.

Segue os pequenos animais, o preá, de pata minúscula, o teiú, que mal acama a vegetação sob o seu peso Ieve, o tatu-bola, todo delicadeza, a pisar o chão com sutileza de quem traz veludo nos pés. As próprias abelhas são "rastejadas" nos ares, seguidas no seu pesado voejo, mato a dentro, ate os troncos onde tem as suas "casas".

Para neutralizar, porém, a ação do rastejador, os bandidos contrapõe em artimanhas e ardis. 

Com o fito de o desnortear, passam a andar trechos e trechos do caminho a um de fundo, todos a pisarem cuidadosamente a mesma pegada, simulando um só vajor. Invertem as alpercatas, ficando com os calcanhares para a frente, produzindo atrapalhação de rumo.

Quando sentem a tropa perto, pega não pega, trepam nas cercas e a firmarem-se como equilibristas desengonçados, varam quilômetros e quilômetros, suspensos do solo, onde não ficarão vestígios delatores.

Vezes outras, em estradas largas, um deles desloca-se do grupo, e armada de espesso e folhudo galho de arvores. segue-o à distancia, apagando sinais da marcha, "baraiando" o rastro.

Pelo que eu li na literatura cangaceira, o maior RASTEJADOR em minha opinião foi o "BATOQUE", que enxergava, onde ninguém via nada. Ele andou muitos anos com os nazarenos (maiores inimigos de Lampião), e, várias vezes em combate, foi ameaçado de ser sagrado pelos cangaceiros, que o odiavam.

Ainda, segundo a literatura lampiônica, o rastejador era muito visado pelos cangaceiros, que o tinham como o grande inimigo, pois descobria os rastros e o paradeiro dos perseguidos.

Em armadilhas (emboscadas) feitas pelos cangaceiros, o rastejador da policia, era o primeiro a morrer, uma vez que sempre andava á frente da tropa, e os cangaceiros atiram nele "DE PONTO".

Esse homem, da foto abaixo, é o famoso "rastejador" BATOQUE.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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ANTONIO DE CHIQUINHA E SEUS HEROICOS COMPANHEIROS DE FAÇANHA CONTRA JOSÉ BAIANO FORAM DESARMADOS! DISPENSADA A VOLANTE DE ALAGADIÇO

Antonio Corrêa Sobrinho


NOS idos de 1937, Lampião ainda perambulava, segundo consta, e sem carreiras, diga-se de passagem, pelo sertão e agreste sergipanos, para não dizer por todas as partes do pequeno torrão brasileiro, região onde ele, ainda hoje, certamente por razões consideráveis, e que não entro no mérito, é mais atestado do que detestado; nestes idos, o Estado sob a batuta política do psiquiatra e capitão do Exército, doutor Eronides de Carvalho, filho do popular Antônio Caixeiro, este tido já à época como protetor de Lampião.

Lampião que morreria um ano depois, em 28.07.1938, como todos sabem.

Pois bem, este governador, por razões que não me pareceram justas, extinguiu a volante que ele próprio criara e patrocinara para fins de proteção a Antonio de Chiquinho, ou de Chiquinha, não sei, logo após este, auxiliado por amigos, um ano atrás, ter assassinado com tintas heroicas o temível cangaceiro José Baiano e três cabras que com ele estavam; criada esta volante civil, com o fito de também combater o banditismo na região.

Organizar, fardar, municiar e remunerar o homem que matou um dos mais perigosos cangaceiros das hostes de Virgulino Lampião, ou seja, protegê-lo dando-lhe poderes de polícia, penso eu, algo proposto pelo próprio Antonio de Chiquinho, era o mínimo que o Governo tinha que fazer e fez, em favor de quem tomou para si uma atribuição do Estado, e não do cidadão.

Daí para, estando Lampião e seus ferozes comparsas ainda vivos, vivíssimos à espreita de Antônio de Chiquinho, esperando tão somente uma oportunidade para vingar a morte do companheiro, rico cangaceiro, agiota e ferrador, o governo simplesmente desfazer o grupo de defesa, é muita irresponsabilidade, ainda que sob alegação de que os volantes de Chiquinho e ele inclusive andavam bêbados e causando problemas, o que foi por este veementemente contestado, mas, ainda que tenha isto sido fato, ao governo não foi dado desconhecer que viver às voltas com a bebida e praticar certas ilicitudes era muito próprio dos grupos volantes, e dos cangaceiros.

Realmente, o governo de Eronides, ao extinguir a volante de Alagadiço, não só deixou quem deu cabo de um dos principais lugares-tenentes de Lampião, à mercê da avidez deste implacável bandoleiro, como deu aos opositores do seu governo motivos de sobra para insinuações de que a bandidagem em Sergipe imperava sem combate.

Penso que esta decisão de Eronides de Carvalho, tomada em meio a críticas já recorrentes da oposição, de que seu governo fazia vistas grossas ao cangaço, teve, no meu entendimento, a ver com o fato dele, Eronides de Carvalho, andar nas graças e gozar da confiança plena do detentor do poder político maior, de Getúlio Vargas, e que, naquele período, penso, o ditador já havia lhe confidenciado que logo, logo criaria um Estado Novo, e que ele, Eronides de Carvalho, seria o seu ditador na terra-berço deste que agora traça estas sofridas linhas.

Leiam a matéria sensacionalista do Correio de Aracaju, de 04 de agosto de 1937, sobre o desfazimento da volante do povoado Alagadiço, de Frei Paulo, naquele tempo, São Paulo, isto um ano antes de o tenente João Bezerra ter comandado a morte de Lampião, para surpresa deste interventor, que, na ocasião, se encontrava repousando na Capital Federal, Rio de Janeiro, hospedado em hotel. Ficou sabendo, portanto, pelos jornalistas de um jornal carioca que lhe procuravam à cata de informações sobre a morte do facínora na terra sergipana, pela polícia alagoana. Segundo consta, uma foto do rei do cangaço estampada na página da gazeta que os repórteres traziam, Eronides afirmou, sem nenhum constrangimento, disse ter sido ele o autor da imagem, tirada que fora anos passados numa das fazendas do seu pai Antonio Caixeiro.


A VOLANTE DO ALAGADIÇO FOI DISPENSADA
ANTONIO DE CHIQUINHA E SEUS HEROICOS COMPANHEIROS DE FAÇANHA CONTRA JOSÉ BAIANO FORAM DESARMADOS! ...

A iniquidade que se acaba de praticar com Antonio de Chiquinha e seus bravos companheiros de façanha contra José Baiano e seu perigoso grupo, brada aos céus! Antônio e seus companheiros residem no povoado alagadiço onde vivem ilhados pelo banditismo que infesta a zona paulistana do Estado.

A vida desses sertanejos que se constituíram inimigos de Lampião e seus comparsas corre grave risco nessa hora que o governo toma suas armas. O senhor governador não se inculpará do que vir a acontecer no Alagadiço ou nas pessoas desses rapazes destemidos que puseram termo à existência cheia de perversidade de José Baiano e seu famigerado grupo.

Chamamos à atenção do Eronides de Carvalho, pedindo a sua Excelência que reflita no seu gesto precipitado, tomando as armas desses humildes e ordeiros cidadãos visados pelos façanhudos bandoleiros que intranquilizam o nosso Estado.

Não compreendemos a atitude de Sua Excelência. Lemos todos os dias na imprensa paga que em Sergipe se combate o banditismo com interesse e sem desfalecimentos, mas na realidade não é isso que se vê. O caso da volante de Alagadiço bem define a nossa situação.


Entoa, onde o estímulo para outras façanhas como a de Antônio de Chiquinha, citado até na mensagem de 1936? Quem imitará o gesto do denodado sertanejo, vendo que ele e seus companheiros foram abandonados e desarmados pelo poder público? Cabe ao doutor governador ponderar no seu ato para que ninguém tenha o direito de dizer que em Sergipe não se quer combater o banditismo.

Imagem de Antonio de Chiquinho extraída do blog do mendes mendes

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste

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01 março 2016

EM PRIMEIRA-MÃO... EXUMAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DE DURVINHA COMPANHEIRA DO CANGACEIRO MORENO.

Por Geraldo Júnior

Sepultada inicialmente em cova comum no Cemitério da Consolação em Belo Horizonte/MG, Durvinha teve seus restos mortais exumados e transferidos para o Cemitério da Saudade, também na capital mineira, onde atualmente está sepultada ao lado de Moreno, seu companheiro de cangaço e de vida.


A construção do novo túmulo que hoje abriga os restos mortais de Moreno e Durvinha só foi possível graças a uma Petição realizada pelo Dr. Ivanildo Silveira (Natal/RN) ao Dr. Márcio Lacerda então Prefeito de Belo Horizonte/MG, este último em reconhecimento a importância histórica dos personagens atendeu à solicitação doando o terreno e dando início à construção da última morada dos antigos integrantes do bando de Lampião.

Após o término da obra os restos mortais de Moreno que estavam enterrados em cova comum no Cemitério da Saudade foram transferidos para o novo jazigo, enquanto Durvinha que havia sido enterrada também em cova comum, porém no Cemitério da Consolação, teve seus restos mortais exumados e transferidos para o Cemitério da Saudade, onde atualmente ambos... finalmente... descansam em paz.

Apenas lembrando aos amigos (as) que a exumação ocorreu há algum tempo atrás. Vou tentar descobrir a data exata e público na próxima matéria sobre o assunto.

Continua...

Fotografia gentilmente cedida pela amiga Lili Neli Conceição, filha do casal cangaceiro Moreno e Durvinha.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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GITIRANA E SUA PRISÃO NA BAHIA

 Por Globo

"Foi preso pela Polícia baiana, nos limites do Ceará, depois de difícil perseguição pelos sertões deste Estado, de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, Antônio José dos Santos, vulgo “Gitirana”, último dos bandoleiros que infestavam o sertão. Gitirana cercado pela polícia prometeu entregar-se, mas aproveitando o relaxamento de perseguição fugiu, afinal, sendo detido no município pernambucano de Salgueiros. Gitirana tem 26 anos de idade sendo já famoso por proezas cometidas no bando de Lampião. Preso indicou à polícia o local das caatingas onde escondera o seu armamento composto de um fuzil tipo 1908, uma pistola automática e abundante munição para ambas."

“O GLOBO” – 07/08/1940

Gitirana, a companheira e a filha

A Prisão de “Gitirana” representa o fim definitivo do cangaço nos sertões da Bahia.

É breve a história do último cangaceiro que a polícia baiana deteve.

“Gitirana”, órfão de pais, vivia no município de Pão de Açúcar, em Alagoas, onde cresceu e se fez homem, sob o fascínio das lendas e contos em torno dos cangaceiros. “Lampião”, “Corisco” eram nomes de legenda cujas façanhas um grupo de jovens ambiciosos imaginava poder reproduzir, pois só se atribuem à sedução dos feitos de valentia e bravura dos sinistros taladores do sertão nordestino.

“Gitirana” cujo pendor era acentuado para a vida aventurosa do banditismo, foi um dia convidado, por um emissário de “Corisco” para participar de seu bando. Aceitou, orgulhosos, e desde então figurou no grupo assassino, igual em crueldade ao chefe e aos companheiros de crime. Mas teve desilusões. A vida de que ele participou com requintada perversidade e temerária audácia ofereceu-lhe reversos de desencanto, principalmente na parte que diz com a perseguição da polícia. No arraial da Carira, viu, certa vez, uma cabocla de que gostou. Levou-a consigo.

Era Maria de Jesus que aparece na fotografia junto do cangaceiro. Talvez tenha sido por ela que veio a abandonar os companheiros, e refugiar-se às margens do São Francisco. Aí soube que a polícia o buscava. Voltou ao sertão para viver numa disparada inquieta, sempre perseguido por forças volantes. Resolveu, afinal, entregar-se e agora está recolhido à Cadeia da Bahia onde espera julgamento pelos crimes que cometeu.

E a caatinga ficou liberta do seu último cangaceiro.

O GLOBO – 09/08/1940
Postagem Facebook - Gentileza de Antonio Correa Sobrinho

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Geraldo Antônio de Souza Júnior 


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O CANGACEIRO VOLTA SECA PERDEU-SE QUANDO DISSE QUE TERIA VISTO MARIA BONITA VIVA. ENCONTROU-A EM UMA DAS SUAS FUGAS DA PENITENCIÁRIA DE SALVADOR, NO ESTADO DA BAHIA. E 33 ANOS DEPOIS, AFIRMOU QUE ELA MORREU JUNTA COM LAMPIÃO.

   Por José Mendes Pereira Em 7 de abril do ano de 1948, Antônio dos Santos, conhecido no mundo do crime como sendo o cangaceiro "Volta...