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19 agosto 2018

O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ – A HISTÓRIA DO MOTORISTA “GATINHO”

Por Rostand Medeiros

Quando Lampião e sua horda de cangaceiros estiveram no Rio Grande do Norte, entre os dias 10 e 14 de junho de 1927, com o objetivo de atacar Mossoró, um personagem deste drama entrou na história quase sem querer, tornando-se por algum tempo um estafeta do “Rei dos cangaceiros”. Este personagem foi o motorista Francisco Agripino de Castro, conhecido em Mossoró como “Gatinho”.


Nascido em 1905, “Gatinho” era um jovem de boa índole, simples, que buscava na profissão de motorista uma nova perspectiva em sua vida. Estava ainda na fase de aprendizado, sendo seu mestre o motorista João Eloi, conhecido como “João Meia-Noite”. A prática ocorria em um Chevrolet 1925, cujo proprietário era o Sr. Francisco Paula, para quem “João Meia-noite” trabalhava.

Seja por esperteza, medo ou desinformação, naquele dia 12 de junho de 1927, um domingo, João cedeu o veículo para “Gatinho” fazer o serviço que surgisse e ganhar mais perícia na condução.

“Gatinho”, como todos em Mossoró, estava apreensivo com a notícia da invasão do bando ao Rio Grande do Norte, os boatos sobre o tiroteio ocorrido no dia 10 de junho, no lugar Caiçara (próximo ao atual município potiguar de Marcelino Vieira), as muitas informações desencontradas, a movimentação para a defesa da cidade, a fuga dos moradores e outras situações que alteraram aquela inesquecível semana na “Capital do Oeste”. Mesmo assim “Gatinho” estava pronto para realizar qualquer viagem.

Na tarde daquele dia, o carro de Francisco Paula foi contratado pelo comerciante e fazendeiro Antônio Gurgel do Amaral, um rico proprietário que possuía uma fazenda no lugar “Brejo do Apodi”, próximo a então vila de “Pedra de Abelha” (atualmente município de Felipe Guerra). Gurgel estava preocupado com sua esposa, pois a mesma se encontrava na sua fazenda e desejava trazê-la a Mossoró.

Por volta da uma da tarde, os dois seguiram direção sul.

A viagem prosseguia tensa, como não poderia deixar de ser diante da situação reinante. O veículo trafegava por uma estrada irregular, não mais que um caminho estreito, que mal dava para um carro pequeno seguir.

Por falta de conhecimento ou nervosismo, “Gatinho” errou o trajeto e levou seu passageiro para o lugar Apanha Peixe, a 13 léguas da vila de São Sebastião (hoje município de Governador Dix-Sept-Rosado). Nas proximidades se localizava a fazenda “Santana”, de propriedade de Manoel Valentim, que neste momento tinha a sua residência invadida e era prisioneiro do bando de cangaceiros de Lampião.

Eram mais ou menos quatro horas da tarde quando “Gatinho” ouviu tiros que não sabia de onde vinha. O motorista se protegeu como pode, Antônio Gurgel ordenou a parada do veículo. Nove balaços de mosquetão teriam atingido a carroceria do veículo.

Ao levantar a cabeça, “Gatinho” viu um cangaceiro com um fuzil apontado para ele. Era um moreno forte, de estatura elevada, que por esta razão tinha a alcunha de “Coqueiro”.

Este cangaceiro, junto com outros membros do bando, mandou o motorista e o passageiro renderem-se e passou a rapinar os seus pertences. Do fazendeiro Gurgel foram arrecadados uma aliança, um par de óculos, uma caixa com cinquenta balas de rifle Winchester calibre 44, um conto de réis e uma pistola tipo “mauser”. Provavelmente uma pequena pistola com calibre 7,65 m.m., das marca “FN” ou “Colt.

O cangaceiro “Coqueiro” exultava a todo o bando de facínoras a prisão de um “coronelão de muito dinheiro”.

Depois da “coleta”, os dois prisioneiros foram levados à presença de Massilon Leite e Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”.

Junto ao líder dos bandidos estava José Tibúrcio e Fausto Gurgel, irmãos de Antônio Gurgel, que tiveram seus resgates estipulados em um conto e quinhentos mil réis. O bandido Sabino, depois de uma rápida palestra com o novo prisioneiro, estipulou a vultosa quantia de quinze contos de réis para a sua liberdade. Sem condições dos prisioneiros ponderarem, ficou decidido que o irmão Fausto retornaria Mossoró com “Gatinho”, para buscar a dinheirama.

E era realmente muito dinheiro.

Para se ter uma ideia deste valor, vamos observar como exemplo a edição de 18 de junho de 1927, do jornal “A Republica”, onde se encontra um balanço financeiro, listando as rendas postais apuradas em cada uma das agências dos correios existentes no Rio Grande do Norte em 1926. Na progressista Mossoró de então, que possuía Banco do Brasil, um forte comércio de algodão e até funcionava uma Alfândega, os Correios e Telégrafos apuraram em todo aquele ano 10.255$300 (dez contos, duzentos e cinquenta e cinco mil e trezentos réis).

Diante da quantia pedida, Antônio Gurgel preparou uma carta para ser entregue a seu cunhado Jaime Guedes, então gerente da agência do Banco do Brasil em Mossoró e pessoa certa para lhe salvar desta situação.

Neste meio tempo, “Gatinho” realizava pequenas voltas pela propriedade, com o veículo cheio de bandoleiros. Muitos destes cangaceiros estavam tendo o seu primeiro contato com um automóvel. A brincadeira acabou quando a chamado de Lampião, o motorista e Fausto Gurgel receberam a missão de levar a carta de Antônio Gurgel para Mossoró.

O “Rei do cangaço” exigia dos dois “estafetas” a maior discrição sobre o caso, se não Antônio Gurgel pagaria com a vida.

No retorno, “Gatinho” e Fausto encontraram dois conhecidos que pediam condução na beira do caminho. Eram Alfredo Dias e Porcino Costa, que se dirigiam a Mossoró.

Achando estranho o fato de Fausto estar àquela hora de retorno a “Capital do Oeste”, Dias inquiriu-o sobre o que estava fazendo? De onde viam? Se sabiam notícias dos cangaceiros? Fausto no inicio desviou o assunto, mas diante da insistência cedeu e narrou o ocorrido e o suplício por que passava seu irmão.

Ao chegarem à vila de São Sebastião, atual município de Governador Dix-Sept-Rosado, os dois viajantes pediram para descer do veículo e seguiram para a estação ferroviária, onde deram um alarme para Mossoró através de um telefone existente neste local.

“Gatinho”, para desespero de Fausto, saiu a divulgar pela vila a notícia alarmante; “-Se prepare todo mundo que os cangaceiros vão invadir”. Cinquenta anos depois, em um depoimento prestado ao jornal dominical natalense “O Poti” (edição de 13 de março de 1977), Francisco Agripino afirmava que poucos em São Sebastião lhe deram crédito.

O motorista e Fausto seguiram para Mossoró. Por volta das oito e meia da noite, encontraram-se com Jaime Guedes e o prefeito Rodolfo Fernandes, onde foram narrados os fatos e entregue a carta de Gurgel. O prefeito só ficou satisfeito em relação à veracidade da notícia quando viu a lataria do Chevrolet perfurada de balas.

Nesta mesma noite de 12 de junho, “Gatinho” ainda ajudou na defesa de Mossoró, transportando fardos de algodão de depósitos existentes na cidade, para pontos que seriam utilizados como baluarte de defesa.

“Gatinho” não estava em Mossoró no dia do assalto, fora contratado para seguir para Fortaleza, às nove da manhã de 13 de junho, com a esposa e dois filhos do médico Eliseu Holanda. Segundo o motorista, depois deste episódio, não mais teve notícias se este médico e sua família retornaram a Mossoró, “nem a passeio”.

Em Fortaleza, o “estafeta de Lampião” passou alguns dias esperando a situação se acalmar.

Muitos anos depois, em sua residência na Praça Redenção, 183, na tranquilidade de sua velhice, “Gatinho” narrou ao repórter Nilo Santos, de “O Poti”, as suas inesquecíveis lembranças da meia hora que passou entre o bando de Lampião. Para ele, muitos dos cangaceiros eram demasiado jovens para aquela vida, “umas crianças” ele afirmava. Na sua memória Massilon marcou como um sujeito feio, carrancudo, grosseiro, ignorante, “que dava até medo em olhar para ele”. Lampião lhe deixou uma impressão positiva, apesar da fama, “parecia um sujeito educado, pelo menos neste dia não estava furioso”. Sobre “Coqueiro”, o condutor o considerava um moreno forte, bem disposto e “bastante alto para justificar o apelido”. Quando o cangaceiro “Mormaço”, foi detido, informou as autoridades que “Coqueiro” havia deixado o bando no Cariri e seguira para o Piauí, entretanto, segundo o pesquisador Raimundo Soares de Brito, este cangaceiro foi morto pela polícia cearense, no lugar “Cruz”, aparentemente no município de Maranguape.
Francisco Agripino de Castro se tornou um profissional do volante respeitado, era conhecido como uma pessoa calma, amigo de todos e faleceu em 16 de março de 1991.

Fonte: Tok de História
Autor do texto: Rostand Medeiros

Página da Cris Silva 

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18 agosto 2018

UM TRISTONHO OLHAR

*Rangel Alves da Costa

Causa uma profunda tristeza avistar uma janela fechada. Toda vez que está fechada, então logo se mostra no seu inverso: abrir-se para o outro lado, para o mundo, para a vida.
Em muitas residências, é a janela aberta quem primeiro dá bom dia ao alvorecer. Através dela também se toma conhecimento da realidade lá fora. Os olhos passeiam adiante de seu umbral.
De repente a vizinha vai chegando ao redor da janela e começa a contar as primeiras do dia. Fofoca de não acabar, mas a outra gosta e vai puxando conversa sobra a vida alheia. Lá dentro a panela até pode queimar, pois o interessante mesmo está na janela.
É pela janela aberta que a folha seca entra, que a poeira toma conta da sala, que a flor é jogada na intenção da mocinha. E esta, toda sonhadora, nela se debruça ao entardecer para sonhar com o seu príncipe encantado.
Mesmo entreaberta, a janela não deixa de ter serventia ao olhar e ao que se deseja avistar lá fora. Pelas frestas a solteirona procura um jovem que passa, suspira seus desejos e sonhos, enrubesce, lamenta e chora.
Mas depois de fechada, eis que a janela passa a ser de uma tristeza infinita. Surgem os temores, as conversas e as indagações se assim permanece por muito tempo. E se assim permanecer, então tudo se torna em sofrimento e saudade.
Basta que a janela fique algum tempo fechada e a casa inteira se mostra como inabitada, como abandonada, como reclusa em solidão. Dá vontade de chegar pertinho e bater na madeira, chamar e chamar.
Quantas janelas fechadas não se mostram como cruzes de eternos adeuses? Quantas janelas fechadas não se mostram como lenços molhados de entristecimentos? Quantas janelas fechadas não se afeiçoam ao nunca mais?


Triste saber que a pessoa sempre acostumada a estar debruçada sobre a janela jamais vai ser ali avistada. Pessoa de bom dia e boa tarde, pessoa de proseado e de olhar alegre e festivo ali no seu cantinho. Mas que de repente some da janela para nunca mais.
Uma janela que se fecha à boca da noite e na manhã seguinte já não se abre mais. No meio da noite a família vai embora, toma a estrada rumo a outro destino e ao viver menos sofrido que aquele permitido pela seca grande.
Uma janela que se fecha como se chorosa estivesse. Não quer ser fechada. Não quer a escuridão e o abandono, mas não possui forças para continuar aberta. As despedidas sempre começam pelas portas e janelas que choram antes mesmo de serem fechadas.
Então vem a ventania como se tivesse mãos para na janela bater. E bate e bate. E chama e chama. Volta e vem mais forte. E chama e chama. E bate e bate. Ninguém responde, ninguém chega para abrir. Então o vento chora e vai embora.
Noutras vezes, atrás da janela fechada há verdadeiros tormentos. A solidão, o abandono, a viuvez, a carência, a depressão, a angústia, a saudade, os retratos mentais que não querem ir embora. Tudo isso se mostra emoldurado na janela fechada.
Quem passa pela frente nem percebe. Quem avista a janela simplesmente fechada sequer imagina o quanto nela pode estar acontecido. Travesseiros molhados de lágrimas, olhos chorosos, bocas ávidas para gritar.
Também a janela que falsamente se mantém fechada, mas apenas recostada para que as traições se consumam, os corpos adúlteros se encontrem, as camas se molhem de apressados prazeres.
Assim, a janela vai cumprindo sua sina. Aberta para o amanhecer, para o sol, para a lua, para a ventania. Ou simplesmente fechada. Fechada e triste, chorosa, abandonada, apenas uma madeira emoldurada de angústia e solidão.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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16 agosto 2018

MILIONÁRIO E JOSÉ RICO, ÚLTIMO SHOW DA DUPLA EM INDAIATUBA/SP

https://www.youtube.com/watch?v=sF4g4jAh-8Q

Publicado em 10 de set de 2017
Este show foi gravado em 2009 no salão da Wiber em Indaiatuba. Você que esteve lá, confira, quem sabe sua imagem não esteja gravada pra sempre nessa apresentação histórica.
Categoria
Música neste vídeo
Música
Artista
Milionário & José Rico
Álbum
Milionário & José Rico, Vol. 29
Licenciada por
ONErpm (em nome de MD MUSIC); UBEM, Peermusic, ASCAP e 5 associações de direitos musicais.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

15 agosto 2018

ÓTIMA NOTÍCIA

Por Francisco Pereira Lima

Ótima notícia. Reedição do excelente livro "Vila Bela, Os Pereiras é Outras Histórias" de Luís Wilson. Será lançado em outubro, no Cariri Cangaço São José do Belmonte. Por enquanto só a capa para despertar a curiosidade. 

Quando tiver disponível, avisarei a todos. franpelima@bol.com.br e WhatsApp: 83 9 9911 8286.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2134600410142184&set=a.1929416523993908.1073741833.100007767371031&type=3&theater&ifg=1

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14 agosto 2018

LIVROS SOBRE CANGAÇO É


COM O PROFESSOR PEREIRA ATRAVÉS DESTE E-MAIL: FRANPELIMA@BOL.COM.BR

http://bogdomendesemendes.bogspot.com

UM GRANDE FERIMENTO NA PERNA DO CANGACEIRO " CANDEEIRO" EM UM COMBATE EM 1936. VEJA, COMO ELE FOI CURADO..!


https://www.youtube.com/watch?v=nQ2Pi6TZ7I8

. Se esmorecesse, morria, sentenciou Jararaca.
Mais um vídeo com o selo Aderbal Nogueira

OBS: O que me chamou muita atenção nesse vídeo, foi o cangaceiro " Candeeiro", falar de "Jararaca" comandando um grupo, em 1936. Ora, esse último bandoleiro, morreu no ataque de Lampião a Mossoró, em 13 de junho de 1927. Acredito, que houve um equívoco quanto à utilização do nome do cangaceiro Jararaca. (adendo, por Volta Seca).


Eu também fiquei em dúvida e achando que eu estava desaprendendo o cangaço, mas o pesquisador Volta Seca tem razão, quando diz que houve um equívoco quando o Candeeiro fala em Jararaca comandando um grupo de cangaceiros em 1936. Tenho real certeza que Candeeiro não chegou a conhecer Jararaca morto em Mossoró em 1927. (Adendo, por José Mendes Pereira).


Publicado em 12 de ago de 2018

Um tiroteio, o ferimento e o tratamento. Se esmorecesse morria, sentenciou Jararaca.

Categoria

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11 agosto 2018

NOSSO PESAR

Por Lindomarcos Faustino

O grupo do Relembrando Mossoró acaba de ser informado do falecimento do amigo mossoroense Carlito Costa, que ocorreu hoje em Natal-RN,

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1668579156601216&set=gm.1745804542169635&type=3&theater&ifg=1

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LUIZ PEDRO FICOU DOIDO COM A MORTE DE NENÉM.

   Por Aderbal Nogueira https://www.youtube.com/watch?v=wVyLuS8rE8E Luiz Pedro e Zé Sereno vão a Alagadiço saber o que aconteceu com Zé baia...