Wikipedia

Resultados da pesquisa

12 novembro 2018

LIVRO "LAMPIÃO NA PARAÍBA - NOTAS PARA A HISTÓRIA".

Comprar livros tendo como pano de fundo o cangaço é para mim sempre uma enorme satisfação e ganhar devidamente autografados... são duas.

“Lampião na Paraíba – Notas para a história” a mais recente e aguardada obra do confrade escritor e pesquisador do cangaço, Sérgio Augusto de Souza Dantas, finalmente chega em minhas mãos e ao iniciar a leitura já pude constatar que se trata de um trabalho, que a exemplo dos anteriores que foram escritos pelo autor, sério e criterioso, nesse caso, ao que diz respeito aos fatos e acontecimentos históricos envolvendo a passagem de Lampião e bando por terras paraibanas.

A verdade é que muitos fatos e histórias envolvendo o cangaceirismo na Paraíba se perderam com o decorrer dos anos, mas aquilo que foi possível resgatar certamente iremos nos deparar ao folhear as páginas desse livro, que trás entre outros assuntos:

- A invasão a Jericó

- Fazendas Dois Riachos e Curralinho.

- O Fogo da fazenda Tabuleiro.

- Os primeiros ferimentos sofridos por Lampião

- As lutas com Clementino Furtado “Quelé”.

- Combate na Lagoa do Vieira.

- O ataque cangaceiro a cidade de Sousa.

- A expulsão dos cangaceiros do município de Princesa/PB.

Combates em:

- Pau Ferrado

- Areias de Pelo Sinal.

- Cachoeira de Minas.

- Tataíra.

- Os ataques às fazendas do coronel José Pereira Lima

- Morte de Luiz Leão e seus comparsas em Piancó/PB.

- Confronto em Serrote Preto.

- Suassuna e Costa Rego (A criação do segundo batalhão de polícia).

- Sítio Tenório e a morte de Levino Ferreira.

- O ataque a Santa Inês.

- Combates nos sítios Gavião e São Bento.

- Chacina nos sítios Caboré e Alagoa do Serrote.

- Lagoa do Cruz.

- Assassinatos de João Cirino Nunes e Aristides Ramalho.

- Mortes no sítio Cipó.

- Fuga de paraibanos da fronteira para o Ceará.

- Confronto em Barreiros.

- Invasão ao povoado Monte Horebe.

- Combates em Conceição.

- Sequestro do coronel Zuza Lacerda.

- O assalto de Sabino a Triunfo/PE e Cajazeiras/PB.

- Mortes dos soldados contratados Raimundo e Chiquito em Princesa.

- Luiz do Triângulo.

- Ataques a Belém do Rio do Peixe e Barra do Juá.

- Pilões.

- Canto do Feijão e os assassinatos de Raimundo Luiz e Eliziário.

- Sítios Vaquejador e Caiçara.

- Quelé e João Costa no Rio Grande do Norte.

- Combates com a polícia da Paraíba em solo cearense.

- O caso Chico Pereira sob uma nova ótica.

- Virgínio Fortunato na Paraíba.

- São Sebastião do Umbuzeiro e sítios Balança, Angico e Riacho Fundo.

- Sítio Rejeitado.

- As nuances sobre a morte do cangaceiro Virgínio.

Esses e tantos outros assuntos sobre as peripécias, mortes e depredações promovidas por Lampião e seu bando em solo paraibano, vocês terão conhecimento ao adquirir o livro “Lampião na Paraíba – Notas para a história” e dar início a leitura.

Para encerrar eu quero aproveitar o espaço para agradecer ao amigo dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas, por mais esse fabuloso presente que para mim possui um valor inestimável por se tratar de um trabalho extraordinário escrito por um incansável e reconhecido resgatador da história cangaceira e consecutivamente do Nordeste brasileiro.

Quem desejar adquirir essa e outras obras sobre os temas cangaço e Nordeste, basta entrar em contato com o conceituado vendedor de livros Professor Pereira (Francisco Pereira Lima) através dos contatos abaixo relacionados:

E-mail: franpelima@bol.com.br

Fone: (83) 99911-8286 (Whatsapp).

Boa leitura.

Geraldo Antônio de Souza Júnior



Não deixa de adquirir este livro com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

https://cangacologia.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

11 novembro 2018

FAMÍLIA DE LAMPIÃO FOI AMPARADA PELO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA NO JUAZEIRO DO NORTE.


Por José Mendes Pereira
 1- Zé Paulo primo da família Ferreira; 2 - Venâncio Ferreira (tio); 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 - João Ferreira, irmão; 6 - Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7 - Francisco Paulo, primo; 8 - Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 - Zé Dandão, agregado da família. 
Sentados, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11 - Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 - Maria Mocinha, ou Maria Queiroz, irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião. Dos nove irmãos da família Ferreira, dois estão ausentes nesta foto: LEVINO, que morrera no ano anterior, 1925, no sítio Tenório, Flores do Pajeú/PE, em combate contra as volantes paraibanas dos sargentos Zé Guedes e Cícero Oliveira. E VIRTUOSA, que, sinceramente, não sei dizer se simplesmente não quis aparecer na foto, ou já era falecida.

Diz o piauiense da capital Teresina Dr. Leandro Cardoso Fernandes que além de médico cardiologista é também cordelista, escritor e pesquisador do cangaço, que muita gente não sabe que a família Ferreira do perverso e sanguinário Lampião residiu na cidade do Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, entre os anos de 1923 até 1927, apoiada pelo famoso religioso cratense padre Cícero Romão que era radicado lá, mas havia nascido na cidade de Crato, também no Ceará.

Algumas pessoas dizem que Lampião foi culpado pelas divergências surgidas entre o seu primeiro inimigo que foi o senhor José Saturnino, mas nunca foi tão fácil julgar Lampião, porque a gente não tem a real certeza quem começou primeiro o ódio entre as duas famílias Ferreira e Saturnino.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2014/07/ze-saturnino-o-inimigo-numero-1-da.html

Diz ainda o escritor Leandro Cardoso que na segunda década do século XX, por duas vezes, a família Ferreira foi obrigada a se mudar de onde residia para outras terras estranhas, devido as provocações e perseguições feitas contra ela pelo seu vizinho o José Saturnino.

A primeira saída da sua terra natal que era Sítio Passagem das Pedras, no município de Vila Bela, que nos dias de hoje é Serra Talhada, em Pernambuco, em obediência a uma solicitação feita pelo coronel Cornélio Soares (também lá de Vila Bela) mudaram-se para a Vila de Nazaré do Pico, também no Estado de Pernambuco. Mas parece que a família Ferreira estando longe do seu inimigo, mesma assim, o Zé Saturnino continuava tirando-lhe a tranquilidade, e desta vez, a família Ferreira foi obrigada a abandonar Pernambuco o seu querido berço, para residir em terras desconhecidas em relação à moradia, firmando residência na cidade de Mata Grande em Alagoas.

Avó, pais e irmãos de Lampião e ele próprio - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/…/pais-e-irmaos-de-…;

Neste Estado a família Ferreira perdeu por completo a paz, e lá, o inferno começou, porque, primeiro faleceu dona Maria Sulena da Purificação a mãe dos Ferreiras, de ataque cardíaco. Ela sentindo o desrespeito do seu vizinho com o seu marido José Ferreira da Silva, o seu coração não aguentando, veio a falecer. Mas não ficou só nisso. Dias depois, José Ferreira o pai dos Ferreiras foi assassinado pelas armas do tenente José Lucena Maranhão.

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com/2016/01/sebastiao-pereira-da-silva-o-sinho.html

No ano de 1922, o célebre cangaceiro Sinhô Pereira resolveu abandonar o cangaço, e sendo comandante de um grupo de cangaceiros, inclusive um deles era Virgolino Ferreira da Silva que já era alcunhado de Lampião, e já assumido como cangaceiro, recebeu das mãos do seu patrão a chefia do bando de facínoras, porque o Sinhô Pereira estava tentando deixar o cangaço por motivo de saúde, quando sentia fortes dores na coluna, e estava com a intenção de fugir para o Estado de Goiás. Foi a partir daí que a família Ferreira que não tinha mais condições de voltar as suas origens, vez que os pais já tinham falecidos, procurou abrigo em Juazeiro do Norte, e é aceito pelo padre Cícero Romão Batista.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2017/10/tentativa-de-paz-entre-jose-ferreira-e.html

João Ferreira da Silva que era irmão de Lampião e que foi o único que não entrou para o cangaço, mas afirmam alguns escritores que, ele não entrou porque o irmão Lampião não deixou, tentou algumas vezes para acompanhar os irmãos Lampião, Antonio e Levino. E sempre que ele peitava Lampião para participar do cangaço, ele dizia: “Vá cuidar dos nossos irmãos”, isto é, as irmãs e principalmente o Ezequiel Ferreira que ainda era muito jovem. E a partir daí, o João Ferreira juntamente com as irmãs conquistaram a amizade do padre Cícero e se firmaram em Juazeiro do Norte de 1923 a 1927, com cunhados, primos (os Paulos) e sobrinhos.

Quando Lampião foi ao Juazeiro do Norte segundo informam os estudiosos sobre cangaço, que ele foi convidado pelo Padre Cícero para receber armamentos, munição e fardamentos para combater a Coluna Prestes, mas há uma certa dúvida, inclusive eu já li, mas não disponho da fonte no momento, sobre esta possível entrega de armas feita ao cangaceiro Lampião pelo Padre Cícero, e que ele não estava nem satisfeito com a chegada do facínora e seu bando, e teria dito em tom de repúdio: “Agora vem este homem novamente para cá!”. Não sei se procede.

Sabemos que a ideia de armar Lampião e seu bando surgiu do deputado Floro Bartolomeu que faleceu em março no dia 8, dois dias após a chegada de Lampião e seu respeitado grupo de marginais no Juazeiro do Norte.

Na edição do jornal “A Ordem”, que pertencia ao Partido Republicano Sobralense, com data de 6 de janeiro de 1927, você pode comprovar clicando no link no final desta página, há um relato sobre o episódio que diz o seguinte:

“O Padre Cícero falou longamente por ocasião de suas bênçãos sobre Lampião, descrevendo os seus crimes e concitando as populações sertanejas a reagirem contra o perigoso bandido. Aproveitou a ocasião para explicar os motivos pelos quais Lampião já esteve em Juazeiro, protestando contra as acusações que lhe fazem os seus inimigos, afirmando ser ele protetor de Lampião”.

http://www.padrecicero.net/…/padre-cicero-romao-batista-um.…;

Eu sou um estudante do cangaço e que opino porque não é proibido, mas sem credibilidade e que não estou ferindo ninguém com as minhas palavras, o padre Cícero Romão Batista que era um religioso querido e admirado em Juazeiro do Norte, estava ali como um menino de recado. 

 http://cristinatual.blogspot.com/…/90-anos-da-morte-de-flor… 

Se ele virasse as costas para o deputado Floro Bartolomeu ficaria sem condições de administrar Juazeiro do Norte como prefeito, porque o Floro talvez não iria mais lutar no congresso nacional por verbas para Juazeiro do Norte. Mesmo de cara trancada tinha que aceitar qualquer solicitação do Floro Bartolomeu, inclusive entregar armas a bandido assim como o amigo Lampião.

Fontes de pesquisa: 

Diario do Nordeste que você o encontrará no final desta página. 1 - http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/…/visita-de-lamp…
2 - http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/1923
Fonte das fotos:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

10 novembro 2018

REVISTA NOITE ILUSTRADA, 9 DE JULHO DE 1946. CORTESIA JOEL REIS.


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2244379118906273&set=gm.947736035435341&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

08 novembro 2018

COZINHAS E QUINTAIS

*Rangel Alves da Costa

Quanta memória boa rebusco agora. Vejo-me caminhando em direção à cozinha da casa e, um pouco mais adiante, à porta troncha que dá passagem ao quintal.
Já não avisto nem minha avó nem sua avó. Minha bisavó subiu aos céus encantada de tempo. Agora só restam as cozinhas e os quintais nas lembranças.
Na cozinha, de barro batido ou na taipa mal-acabada, o fogão de barro tomando um canto inteiro. No barro estendido, blocos ou tijolos sustentando a grelha.
Boca de fogão aberta, faminta, querendo muita lenha e muito mais carvão. A madeira queimando vai se contorcendo como de dor de partida, e para logo virar brasa e carvão.
Por cima da grelha ou apenas dos blocos, sentindo a labareda e a fúria ardente do fogo em chamas, a panela de barro, a chaleira antiga, o tacho para fazer doces.
Depois de tudo cozido, preparado, fervido, as cinzas juntadas para serem recolhidas. Mais ao lado, no outro canto, uma trempe com pote em cima.
Pote pequeno, mas de boca graúda, sempre com água suficiente para que a caneca não se afundasse tanto. Abaixo, no fundo do pote, uma rodilha sempre molhada.
E também um pano todo branquinho para tampar a boca. Quando o pote fica suado, ou a rodilha para reter a água ou a lama vai se formar mais abaixo.
Um pouco acima do pote, penduradas na parede em pequenas forquilhas, três ou quatro canecas d’água, todas de alumínio e sempre brilhosas de tanto serem arejadas.
Ao centro, uma pequena mesa de madeira velha tendo por riba um jarro com flores de plástico. Não há casinha de antigamente onde não houvesse um jarro com flores mortas.
Flores de cinzas, acinzentadas, quase sem cor, mas tão cheias de vida naquele viver humilde. Endurecidas de tempo, quebradiças dos anos, mas sempre ali.
Um alguidar em cima de uma banquinha, uma fruteira por riba do guarda-comida de pouco uso. Já envelhecido demais, mas sempre bonito na sua madeira de lei.
Mas o guardado lá dentro é de valor sem igual: um jogo de porcelana herança familiar. Tudo sempre assim, tudo sempre no seu lugar.
De vez em quando um cheiro de café torrado, um aroma gorduroso de tripa assada, um perfume especial de cuscuz de milho ralado.
Saindo desse velho e primoroso ambiente, logo adiante o quintal. Que saudade daqueles tempos dos quintais, daqueles cercados com árvores frutíferas e galinhas ciscando ao redor.
Onde estão os quintais, os belos quintais com seus cantos de plantas medicinais, do boldo, do manjericão, do mastruz, da raiz curativa pra qualquer doença?
Quintais de poleiros, de mamoeiros e cajueiros, de varais e de tanques de lavar roupa. Quintais de tronco largo para sentar, de tamborete para fumar o cigarrinho de palha, de purrão para juntar água de chuva.
Quintais de pontas de vacas e de meninos brincando de fazendeiro. Não. Não existem mais os quintais. Mas ainda assim eu vou além da porta da cozinha só para imaginar outros tempos.
Ali está uma mulher estendendo a roupa e cantarolando uma velha canção: “Tardes sertanejas que se vão, logo chamam as luas do sertão. E eu aqui tão triste, ai como dói meu coração...”. Será minha mãe? Será sua mãe? Não sei. Não sei. Só sei que dá saudade. Eu sei.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

07 novembro 2018

SANTANA TINHA CARTAZ

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2001

 Fazendo leitura de fotografia antiga, notamos a figura discreta do cartaz. O cartaz era uma superfície de madeira de, aproximadamente, dois metros de comprimento por oitenta centímetros de largura. Possuía dois pés para se apoiar em qualquer tipo de solo e uma corda para abraçá-lo ao poste determinado. No máximo era afixado em dois lugares, mas tinha o seu ponto preferido na esquina do casarão à esquerda da Matriz de Senhora Santana. Ali era o famoso Hotel Central de Maria Sabão, como central também era o poste de luz diferenciado. O cartaz anunciava o filme do dia, primeiramente, do Cine Glória, cinema situado à Rua Coronel Lucena. Mas também anunciava os embates dos times de futebol Ipanema X Ipiranga, agremiações locais que causavam frenesi na multidão.
CARTAZ NO POSTE. (FOTO: LIVRO 230).
O cartaz ficava mais chamativo quando surgia nitidamente pintado de branco ao fundo, destacando o anúncio. Não temos lembrança de quem o colocava no ponto, mas havia um funcionário chamado Roque, no cinema, que parecia ser o transportador. O próprio Cine Glória também possuía o seu painel de anúncios de filmes, distribuídos na parede interna. Pelas grades vazadas que serviam de porta, dava muito bem para que os transeuntes ficassem bem informados das novidades. No dia em que o cartaz faltava no ponto central, criava expectativa.
Outras formas de anúncios eram realizadas na época, como por exemplo, através do sistema de autofalantes distribuídos na cidade, tanto em postes quanto no alto dos prédios. Posteriormente, o cartaz passou a servir ao Cine Alvorada, construído no Centro para substituir o Cine Glória. Nunca soubemos de nenhum vandalismo praticado nos anúncios. O cartaz era ponto de encontro de todos e por isso mesmo bastante respeitado.
Houve época em que apelidamos o lugar como A Esquina do Pecado, em alusão ao filme. Ali nos degraus das casas comerciais se reuniam naturalmente a juventude para discutir os problemas do mundo.
E a vida continua.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

05 novembro 2018

AS NOTÍCIAS QUE VOCÊS NÃO LERAM

*Rangel Alves da Costa

As notícias chegam a todo instante, em profusão, num vendaval de informações. Pela televisão, jornais, redes sociais, nos diálogos cotidianos. Aconteceu lá na Cochinchina, nos confins do mundo, mas no instante depois e já é do conhecimento de Zequilau das Verduras, lá debaixo do pé da serra.
Aliás, foi Zequilau das Verduras quem defendeu uma tese bastante original num dia de feira, em conversê com outros feirantes e vendeirins. Segundo Zequilau, ninguém sabe é de nada mesmo, ao menos se depender somente das informações que chegam a todo instante. O grosso da coisa – no seu dizer - nem é noticiado. O mundo viraria de cabeça pra baixo se a verdade passasse a ser do conhecimento de todos.
E disse mais: A notícia sobre o bueiro só fala sobre a tampa do esgoto, mas nunca da fedentina que escorre por baixo. A notícia sobre o político que rouba só mostra o crime cometido, mas não o mapa com nomes e sobrenomes de todos aqueles que permitiram que a ilicitude acontecesse. A notícia sobre a palavra do governante só mostra o que foi dito, mas não o que já foi dito e nunca foi feito. A notícia vendida e mostrada como boa, nunca mostra que a mesma notícia foi dada no passado e não surtiu nenhum efeito.
Zequilau das Verduras tem razão, plena razão. Se um fato possui várias versões ou várias realidades o envolvendo, por que a notícia dada corresponde exatamente aos interesses de quem noticia? Se uma notícia clama por isenção, com fiel apuração dos fatos e sem interesses que a desnorteie, então por que o noticiado nunca corresponde à verdade se tal verdade vai contra os desejos de um protegido? Se um fato ainda não foi devidamente comprovado, por que se antecipa a acusação?
Zequilau tem razão, e disso eu não duvido. Jornal impresso existe que só diz um lado da verdade. Jornal impresso existe que repassa uma versão como realidade e vai repetindo na tentativa de que a suposição se torne verdade. Noticiário televisivo existe que passa na peneira a informação e só noticia o que permitiu que caísse na peneira. Noticiário televisivo existe que vai cortando logo pela raiz: isso não, isso sim, esse não, esse sim, isso de jeito nenhum, isso sempre. Notícia radiofônica existe que mais parece ser voltada para um determinado tipo de ouvinte. Notícia de rádio existe que transmite a voz do “dono” da emissora e não a voz da realidade dos fatos.


Mas Zequilau ficaria ainda mais espantado se soubesse que nunca houve isenção, seriedade nem inocência no jornalismo. O cabra das verduras ficaria abismado se imaginasse que no mundo da informação há severas ordens a ser cumpridas, tanto para alavancar uma candidatura como para afundar outra, tanto para mentir como se verdade fosse como para forjar fatos ao invés de repassar o que não pode ser duvidado. Ficaria estarrecido se soubesse que jornalismo também se vende, se compra, se negocia. Ficaria boquiaberto se soubesse que em todo noticiário há uma intenção de vida e de morte, sempre sucumbindo um e erigindo outro.
Zequilau certamente nunca vai mirar os seus olhos num editorial de jornal dizendo “Eu menti!”, “Eu me vendi!”, “Eu fiz jogo sujo”. Igualmente nunca vai ler uma confissão afirmando que o jornalismo ali praticado é de pura ideologia partidária e não de compromisso exclusivo com a verdade. Nunca vai saber, através do próprio jornal ou noticiário, que alguns milhões foram ali investidos em nome de um partido, de um candidato ou de uma “ideia”. Nem nunca vai ler que o jornalismo é um leilão de quem dá mais ou que a defesa dos interesses dos jornais, rádios e televisões, sempre se mostram mais importantes que a isenção e a imparcialidade.
Daí que a notícia nem sempre destrincha a realidade dos fatos, Coada, peneirada, escolhida, passa a representar apenas os interesses ou as conveniências de alguns. Basta saber que jornais, rádios e televisões, sobrevivem de recursos, de dinheiro, de investimentos. E quem estiver disposto a pagar o preço cobrado logo passará à lista dos escolhidos, dos bonzinhos, dos inatacáveis. Se um governante investe milhões em propaganda, logicamente que será blindado contra ataques ou notícias que não sejam do seu agrado. Se um partido político paga para que outra sigla ou candidato seja atacado, e este não dobra a aposta, então o jogo sujo está feito.
Tais realidades demonstram o quanto as notícias são manipuladas até chegarem aos ouvintes, telespectadores ou leitores. Nenhuma notícia nasce santa e é repassada com santidade. Por isso mesmo muito acontece de ninguém ter real conhecimento do ocorrido. Um ataca na mentira, outro defende na mentira, e a realidade vai sendo passada ao plano da desimportância. Parece absurdo, mas as informações são quase sempre mentirosas, reinventadas ou desnorteadas. Acham que o povo não merece ser seriamente informado, mas sempre e somente manipulado.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

03 novembro 2018

O SERTÃO E A MAGIA DA BOCA DA NOITE

*Rangel Alves da Costa

Neste momento estou em Poço Redondo, no sertão sergipano. Aqui, sem qualquer dúvida, o retrato mais expressivo do ser e do viver sertanejo. Mas não estou a passeio nem sou visitante ocasional, pois nasci aqui e até os onze anos por aqui permaneci como um calango na sua terra. Mas não abdiquei do berço de nascimento. Todos os finais de semana eu risco no seu chão como um alazão que chega afoito por mais viver.
É momento de entardecer sertanejo. Já é boca da noite, como se diz por aqui. E é na boca da noite que as cozinhas espalham os aromas de cuscuz, de tripa de porco, de toucinho, de carne seca, de ovos de capoeira, de café torrado ou empacotado. A mesma logo será posta, o menino mastigará o seu pão, a dona de casa se dará por satisfeita se a comida disponível deu ao menos para enganar a fome. Depois disso a noite cai de vez, a lua se faz maior e mais brilhosa, os noturnos se perfazem na singeleza sertaneja.
Sou conhecedor e admirador de tudo isso. Contudo, mesmo sentido perto de mim todo esse encantamento da chegada da boca da noite, algo me leva ainda mais longe ou mesmo pelos arredores de onde estou. Logo ali já é mato, já é a pequena propriedade, já é o casebre, já o sertão em seu estado mais natural. E fico imaginando daqui a magia que é a chegada do anoitecer naquelas localidades mais distantes e onde a noite praticamente termina logo após o noturno café.
Talvez por que a vida dos sertanejos das regiões mais afastadas seja mais cansativa pelos labores cotidianos debaixo do sol, a verdade é que depois da janta já é chegada a hora de fechar as portas. E nos tempos idos nenhuma porta era avistada aberta depois das sete da noite. Quando muito, apenas alguns amigos em proseado numa malhada ou noutra, uma mulher debulhando milho ou alguém dedilhando uma saudosa viola.


Atualmente, mesmo com as televisões já estando presente mesmo na maioria dos casebres e casinhas de cipó e barro, somente os mais jovens se demoram mais vendo novelas. O autêntico sertanejo não. Avista, quando muito, o noticiário e já se dá por satisfeito. Depois vai até o lado de fora acender seu cigarrinho de palha, avistar a lua grande, meditar sobre a vida e sobre o mundo ao redor, tentar avistar nuvem de chuva, mas nada disso por muito tempo. Não demora muito e já estará se recolhendo para o adormecimento dos justos. Ora, antes mesmo de o galo cantar já estará novamente em pé e pronto pra luta.
Nos tempos dos candeeiros – e sem geladeira, televisão, eletrodomésticos – a singeleza da vida sertaneja era ainda maior. Muitas vezes sem vizinhos por perto e com poucas palavras para serem partilhadas entre os da casa, a noite fechava mesmo após a última xícara de café. Quem passasse pelos arredores só avistava, quando muito, a luzinha fraca e amarelada dos candeeiros e lamparinas pelas frestas da janela. E um pouco mais tarde, como economia de gás, até mesmo as chamas eram apagadas. E o silêncio e a escuridão sertaneja se abraçavam em terna e afetiva comunhão.
Lá fora, apenas um ou outro barulho fazendo barulho, vaga-lumes passeando pelos arredores, açoites de vento trazendo folhagens. Uma coruja pia, um grilo faz seu contínuo canto. Os sonhos navegam. Os sonhos aportam e singram no mundo-sertão de secura e de sol afoito.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LUIZ PEDRO FICOU DOIDO COM A MORTE DE NENÉM.

   Por Aderbal Nogueira https://www.youtube.com/watch?v=wVyLuS8rE8E Luiz Pedro e Zé Sereno vão a Alagadiço saber o que aconteceu com Zé baia...