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22 novembro 2022

MORRE AOS 81 ANOS ERASMO CARLOS, O TREMENDÃO

 Um dos grandes nomes música brasileira, o cantor e compositor deixa a mulher, Fernanda Passos, dois filhos de uma união anterior, e centenas de canções inesquecíveis.

Por Redação Quem

 

Erasmo Carlos
Erasmo Carlos Acervo/Editora Globo

O cantor Erasmo Carlos, morreu aos 81 anos de idade nesta terça-feira (22). A informação foi confirmada por uma fonte da Quem. O cantor estava internado há mais de uma semana em um hospital no Rio de Janeiro e foi entubado na segunda-feira (21).

A Som Livre, gravadora de Erasmo, se manifestou sobre a morte do artista. "A música popular brasileira para sempre terá em Erasmo Carlos um herói imortal. Suas passagens pela Som Livre foram e continuarão sendo motivos de orgulho e gratidão para todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o brilhantismo de um dos maiores nomes da nossa cultura", inicia a nota da gravadora.

"O adeus que não queríamos dar traz a lembrança recente de que, apenas cinco dias atrás, Erasmo foi o vencedor do Grammy Latino com o melhor álbum de rock de língua portuguesa. Essa é apenas mais uma das muitas evidências de que Erasmo seguirá atual e relevante para a música por toda a eternidade. Nossos sentimentos aos fãs, familiares e amigos", diz o comunicado.

O Tremendão, como era conhecido desde os tempos da Jovem Guarda, movimento do qual foi um dos ícones ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa, deixa a esposa, Fernanda Passos, com quem se casou em 2019, e dois filhos, Gil e Leonardo, que ele teve com a primeira mulher, Sandra Sayonara Saião Lobato Esteves, a Narinha, que morreu em 1995. Erasmo já tinha perdido o filho do meio com Nara, Alexandre, vítima de morte cerebral causada por um acidente de moto em 2014.

Ator, multi-instrumentista e escritor, Erasmo deu entrada no Hospital Barra D'or, na Zona Oeste do Rio, no dia 17 de outubro para realizar exames complementares e ajuste terapêutico para um quadro de síndrome edemigênica -- quando há um desequilíbrio das forças bioquímicas que mantém os líquidos dentro dos vasos sanguíneos, causando retenção e edemas pelo corpo. No domingo (30), sua morte chegou a ser erroneamente anunciada pelo jornal Folha de S. Paulo, o que levou o artista a se manifestar em 2 de novembro, Dia de Finados, quando teve alta.

Erasmo Carlos — Foto: ZÔ GUIMARÃES / ED. GLOBO

Erasmo Carlos — Foto: ZÔ GUIMARÃES / ED. GLOBO

"Bem simbólico… Depois de me matarem no dia 30, ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital! Obrigado a Deus, a todos que cuidaram de mim, rezaram por mim e torceram pela minha recuperação… Essa foto com a Fernanda traduz como estamos felizes", afirmou Erasmo na ocasião, ao publicar em seu Instagram uma foto ao lado da mulher.

UM GIGANTE GENTIL COM FAMA DE MAU

Carioca da Tijuca, no Rio, Erasmo era filho de mãe solteira e só conheceu o pai quando já tinha 23 anos - contava que nunca conseguiu desenvolver uma relação de filho com ele, mas que os dois construíram uma boa relação. Ainda criança conheceu Tim Maia, que ainda era Sebastião, com quem aprendeu violão e de quem ficou amigo na adolescência, quando os dois se apaixonaram pelo tal do rock 'n' roll. Juntos fundaram o The Sputiniks, a banda que tinha aquele que seria o grande parceiro de Erasmo: Roberto Carlos. Com o o fim do grupo, formou outro, o The Boys of Rock, mais tarde The Snakes, que acompanhou os dois cantores em seus shows solos.

Erasmo com Wanderléa, 1967 — Foto: Acervo/Editora Globo

Erasmo com Wanderléa, 1967 — Foto: Acervo/Editora Globo

Com Roberto, que era padrinho de Alexandre, a afinidade era grande: os dois gostaram de rock, dos ídolos da época como Marlon Brando e Marilyn Monroe, e também do Vasco da Gama, o time de coração. A dupla ao longo das décadas seguintes faria sucessos como DetalhesAlém do HorizonteSe Você PensaAs Curvas da Estrada de Santos, EmoçõesÉ Proibido Fumar, entre um repertório conjunto de cerca de 400 músicas em quase seis décadas, pelas contas do próprio Erasmo. Ao lado amigo e de Wanderléa, comandou o programa Jovem Guarda, que de 1965 a 1968 na TV Record apresentou aos brasileiros o iê-iê-iê, o movimento cultural influenciado pelos Beatles que mudou a juventude da época.

Erasmo e Roberto Carlos — Foto: Reprodução/Instagram

Foi ali que Erasmo ganhou o apelido de Tremendão. Minha Fama de Mau, a canção que depois virou nome de sua autobiografia, em 2009, e do filme sobre sua vida com Chay Suede vivendo o cantor, já mostrava porque Erasmo, que tinha 1,93 metro, também era chamado de o Gigante Gentil: "Perdão à namorada / É uma coisa normal / Mas é que eu tenho / Que manter a minha fama de mau". Compositor de mão cheia, escreveu sucessos desde cedo: Maria e o SambaGatinha Manhosa e Festa de ArrombaToque o Balanço, que ele e Roberto fizeram e foi gravado por Elza Soares; Sentado à Beira do Caminho e Coqueiro Verde, também com ele . Como contou décadas mais tarde, a fama de mau, o visual roqueiro, o jeito "machão" ajudaram a construir a imagem - ele também assumiu que era machista.

Erasmo Carlos, em 1972 — Foto: Acervo/Editora Globo

Nos anos 70, Erasmo absorveu influências do soul e do movimento hippie e deu uma leve guinada em sua música, que já aparece no álbum Carlos, Erasmo em 1971. Depois vieram Sonhos e MemóriasProjeto Salva Terra e Banda dos Contentes e Pelas Esquinas de Ipanema. O cantor entrou na década de 1980 com Erasmo Convida, com 12 canções interpretadas ao lado de nomes como Tim Maia, Rita LeeMaria BethâniaGal CostaCaetano VelosoGilberto Gil, e Jorge Ben, entre outros.

Em seguida lançou Mulher, álbum que tinha Mulher (Sexo Frágil), feita para Narinha, Pega na Mentira e Feminino Coração de Deus. Vieram depois outros cinco álbuns, quase um por ano na década. É de 1984 Close, que ficou conhecida como Dá Um Close Nela, homenagem a Roberta Close , transexual famosa na época e primeira a estampar a capa da revista Playboy no país. Erasmo, que compôs a música com Roberto, gravou um clipe, considerado um marco.

VAIAS, ALCOOLISMO, PERDAS

Erasmo em sua apresentação no Rock in Rio, 1985 — Foto: Acervo/Editora Globo

Símbolo vivo do rock nacional, Erasmo foi injustamente vaiado no Rock in Rio 1985 por um público que, na estreia de um festival daquele porte no Brasil, queria ver WhitesnakeIron Maiden e Queen. Anos depois contou que não percebeu a divisão entre tribos na música - e se apresentou outras vezes no evento. O Tremendão, que nos 1990 lançou apenas dois álbuns, aboliu de seu repertório uma das canções de sucesso deste período, Homem de Rua, que era tema do personagem de Guilherme de Pádua em De Corpo e Alma, a trama de Glória Perez. Quando o ator e sua mulher, Paula Thomazassassinaram Daniella Perez, ele nunca mais cantou a música em respeito à jovem e sua mãe.

Em 1995, Erasmo sofreu um grande golpe, a morte de Narinha. Os dois estavam separados há quatro anos, e ela se matou ingerindo cianeto um dia após o Natal, em sua terceira tentativa de suicídio. Musa inspiradora do cantor, eles se casaram na década de 70, e Erasmo, que tinha fama de namorador e já disse em entrevistas que teve "mil mulheres", sossegou. A perda do grande amor de sua vida, como contou, virou uma de suas canções mais famosas com Roberto, É Preciso Saber Viver: "Toda pedra no caminho / Você pode retirar / Numa flor que tem espinho / Você pode se arranhar / Se o bem e o mal existem / Você pode escolher / É preciso saber viver".

Erasmo Carlos em sua casa na Barra da Tijuca — Foto: Acervo/Editora Globo

O álbum de mesmo nome tinha regravações de seu repertório, e Erasmo que já tinha lançado discos e engrenado uma série de shows em comemoração aos 30 anos da Jovem Guarda, deu uma ligeira desacelerada na carreira, lutando ainda contra o alcoolismo. Em entrevista a Quem, em 2015, ele contou que demorou para se livrar da bebida, hábito que levava desde dos tempos das festinhas da Tijuca, só abandonando de vez o vício por volta dos anos 2000.

"Tudo que fiz, as coisas certas e as erradas, foram boas porque me formaram, e amo o homem que sou hoje. Mas a bebida se transformou em um entrave na minha vida, me atrapalhou muito", afirmou. Indagado se foi um alcoólatra não titubeou. "Claro que fui, deveria até ser criada outra denominação para o que eu fui. Às 9h da manhã eu já estava bebendo vodca, uísque, cachaça, qualquer coisa. A dependência é terrível, você se anula como ser humano, vira o chavão do farrapo humano, perde o respeito por si mesmo e ainda mais pelos outros. Há ainda consequências: pânicos, delírios. O alcoolismo é uma doença", desabafou.

Em 2001, Erasmo lançou Pra Falar de Amor, que trazia interpretações de canções também de Kiko Zambianchi Marcelo Camelo, além de um dueto com Marisa Monte e Carlinhos Brown. O primeiro DVD ao vivo veio em 2002, e, em 2004 foi a vez de Santa Música, álbum com 12 composições solo suas. Em 2007, o público ganhou Erasmo Convida, Volume II com canções suas e de Roberto e uma lista de convidados que tinha SkankLos HermanosLulu Santos, Marisa Monte e Milton Nascimento, entre outros. Em 2009, lançou Rock 'n' Roll, com novas parcerias, e em 2010 perdeu a disputa para um samba-enredo da Beija-Flor, que no ano seguinte homenagearia Roberto. Em 2011 veio o álbum Sexo e, em 2014 ,Gigante Gentil, que venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.

Erasmo Carlos com Gil, Alexandre e um dos netos — Foto: Acervo/Editora Globo

No mesmo ano, Erasmo levou outro duríssimo golpe, com a morte de Alexandre Pessoal, o Gugu, então com 40 anos, seu filho do meio com Narinha, então com 40 anos. "Tem que tocar a vida. Primeiro é entender que foi uma fatalidade. Depois, é aprender a conviver sem as coisas dele. Isso é difícil (...) Falta a alegria dele", explicou o cantor na entrevista a Quem, afirmando que nunca se perguntou porque isso tinha acontecido com ele.

"Jamais. Isso é o fim do egoísmo humano. É uma coisa terrível quando a pessoa diz: 'Por que eu, por que não com outra pessoa em vez do meu filho?'. São pensamentos que expulso da minha cabeça. Mas o filho ir antes do pai foge da ordem natural das coisas, é uma dor muito grande. O que é ruim também acontece com todo mundo. A minha cota eu tenho que saber administrar. Não posso achar que é só comigo ou que sou azarado", afirmou.

Em 2018, Erasmo recebeu o Grammy Latino: Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação, e ganhou também da União Brasileira dos Compositores, o prêmio de Compositor Brasileiro do Ano. O cantor e compositor, no cinema fez Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosaRoberto Carlos a 300 km por Hora, e Os Machões, voltou às telas em 2018 com Paraíso Perdido, ao lado de Hermilla Guedes.

Em 2020, estreou na Netflix em Modo Avião, filme estrelado por Larissa Manoela no qual vivia o avô da personagem dela, uma figura um pouco rabugenta, mas de coração enorme. O cantor, que se casou com Fernanda, 49 anos mais nova, em 2019, foi homenageado em 2021 com o documentário Erasmo 80, produzido por Pedro Bial e equipe de seu programa. Exibida no Globoplay, a produção foi bastante criticada por não abordar vários aspectos da vida do cantor - não citava Nara ou Alexandre, por exemplo. A data foi celebrada com festa pelos fãs, colegas e pela mídia: Erasmo recebeu as homenagens devidas ao grande ídolo que sempre foi.

Em novembro de 2022, ele ainda venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, pelo disco O Futuro Pertence à... Jovem Guarda. Na categoria, ele disputava o troféu com Gilsons (pelo álbum Pra Gente Acordar) Jão (Pirata), Marina Sena (De Primeira) e Luísa Sonza (Doce 22).

Erasmo Carlos em sua casa na Barra na Tijuca — Foto: Acervo/Editora Globo

Erasmo Carlos, em 1972 — Foto: Acervo/Editora Globo

Erasmo Carlos em 1969 — Foto: Acervo/Editora Globo

Erasmo Carlos — Foto: ZÔ GUIMARÃES / ED. GLOBO

Erasmo Carlos — Foto: Acervo/Editora Globo

https://revistaquem.globo.com/noticias/noticia/2022/11/erasmo-carlos-morre-aos-81-anos-o-tremendao.ghtml 

21 novembro 2022

SÓ COM ARQUIVO EM NOSSO BLOG - CASO LINDOMAR CASTILHO EM ENTREVISTA EXCLUSIVA ELE FA COMO FICOU A RELAÇÃO COM A FILHA - IMPERDÍVEL

 Por Histórias aos Montes

https://www.youtube.com/watch?v=FDkhtW-MB7g&ab_channel=HIST%C3%93RIASAOSMONTES

https://www.youtube.com/watch?v=u4hI8XgQ7c8&ab_channel=Balan%C3%A7oGeral

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20 novembro 2022

LAMPIÃO MORREU EM ANO DE COPA DO MUNDO...

 Por Mateus Brandão de Souza

A copa do mundo de 1938 aconteceu na França de 04 a 19 de Junho, Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros tombariam no mesmo ano, no mês seguinte. Naquela copa, o brasileiro Leônidas se tornaria o jogador que popularizou a jogada conhecida como bicicleta!


https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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19 novembro 2022

25 DE JANEIRO DE 1927, NO “O COMBATE”

 Do acervo do pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Lampeão e bando em Limoeiro

25 de janeiro de 1927, no “O Combate”:

Papeis invertidos.

Lampeão não depredou Limoeiro... Mas a força parahybana quasi arrasa tudo!
Uma sensaccional entrevista com o prefeito daquella cidade
.
FORTALEZA, 25 [Agencia Brasileira – Pelo Submarino] – O prefeito de Limoeiro agora chegado do interior, tem sido alvo das attenções dos reporters e dos photographos avidos de detalhes sobre a invasão dessa cidade pelo bando de Lampeão.

Depois de vaias recusas resolveu o mesmo falar aos jornaes e da forma seguinte:
Reporter: – Poderia descrever a acção de Lampeão em Limoeiro?
Prefeito: – Com muito gosto. Este bandido esteve, de facto, em Limoeiro, onde passou um dia e uma noite, esta numa fazenda afastada umas tres legoas da cidade.
Manda a justiça que se diga não ter elle nem qualquer dos seus homens praticado a menor depredação, nem desrespeitado a quem quer que fosse.
Excessos mesmos, de quem bebe cachaça, e que é uma coisa natural nessas gentes, elles não praticaram alli,
Reporter: – Mas, dizem, entraram na cidade ovacionando as autoridades.
Prefeito: – É certo que invadiram aquella localidade dando hurralis ás autoridades, como tambem é veridico ter sido a sua primeira ordem: aqui não se pega naquilo que não for nosso.
Reporter: - Constou aqui que o senhor teria estabelecido perfeita cordialidade com Lampeão.
Prefeito: - Lampeão, ao penetrar na cidade, mandou me solicitar uma audiencia especial, e, coisa interessante marcava, elle proprio, logar e hora para a realisar.
Em virtude do mêdo reinante, e procurando poupar o municipio ao saque, accedi em ter contacto com o cangaceiro. Fui muito bem recebido.
A principio, um certo respeito, depois fui tratado com muita gentileza lá ao modo do facinora, que não tardou a se acamaradar de uma maneira petulante. Mais ou menos senhor da scena, jogou com o seu intento: - precisava de dinheiro e queria o. Recursei seccamente o pedido. Elle insistiu, tendo nova recusa de minha parte. Tornou a insistir, obrigando me a dizer lhe que eu não tinha dinheiro e que o municipio tambem não tinha um real. Voltou-se para o seu ajudante de campo, um tal Sabino e disse:
- “veja só! a gente pede, torna a pedir de bons modos e recusam, quando se rouba gritam...”
A ameaça era grave e, a despeito de me pegar de surpreza não fez com que perdesse a minha presença de espirito. Depois de dar um passeio vagaroso pela quadra onde estavamos os tres pergunta me:
- “onde anda o Moysés”
“O major Moysés, respondi, não estava em Limoeiro, no momento”
Novo passeio terminado com a seguinte phrase: - Não estou satisfeito, por que não gosto de vir ao encontro de alguem ou de alguma coisa para se rmal succedido. Se encontrasse o Moysés teria que ajustar com elle umas contas velha...” Depois de assim monologar despediu-se dizendo me que pensasse sobre o dinheiro.
Mais tarde encontram-nos de novo.
Eu ia com o padre Guedes, e Lampeão com o Sabino. Lampeão abordou me de novo. Exigiu dez contos de réis. Tornei a recusar, mas notei caracteristico movimento contrafeito de Lampeão, que olhou para Sabino. Offereci-lhe dois contos, de minhas economias.
Neste momento o “ajudante de campo” interrompeu a conversação dizendo:
“Ué... dois contos... isso, moço, não é dinheiro p’ra nós...”
Tinha um ar de mofo e deboche, despido de qualquer affectação e midos de seu indifferentismo por quantias pequenas.
O padre Guedes compreendeu tudo e voltando para Sabino bateu-lhe no hombro, num gesto de camaradagem e disse-lhe: - “É pouco, mais o que se pode dar, antes pouco que nada.”
Lampeão riu-se e reolveu acceitar os dois contos de reis.
Não os trazia commigo, mas fiquei de dal-os mais tarde. Ja estavamos partindo quando o cangaceiro falou:
- “Dois contos, mas numa condição: precisamos de balas e vocês nol-as darão.” Retruquei logo: deste artigo não ha aqui na praça. Caso se convença da sua existencia me avise para que possa intervir no sentido de ser satisfeito seu pedido, e – com todo geito, prosegue o prefeito o ia evando o bandido. A minha prudencia chegava mesmo a me causar impressão. Já tinhamos andado quando Lampeão voltando se disse
– “Olhem: podem avisar por ahi que me responsabilisarei por tudo que tomarem os meus homens, salvo bebidas, pois, não as reputo genero de primeira necessidade.
Reporter: - Quando se foram os bandidos.
Prefeito: - Muita esperança tivemos de que mal recebesse os dois contos partir-se, mas dali foram aalmoçar a contento, todos elles, e depois, correram ás casas commerciaes adquirindo do melhor e pagando tudo por altos preços, sem regatearem.
Á tarde desse dia Lampeão deu donativo para a igreja e em frente desta, cercado de toda a garotada local, deu a seguinte ordem: - “Despejem esses bolsos de nickels e pratas aqui. Vocês não são burros de carga!”
De facto, sem a menor repulsa, todos despejaram  seus bolsos que estavam abarrotados de prata e nickel. Em seguida passou a fazer – galinha gorda – com a meninada. Emquanto esta luctava e se esmurrava, Lampeão e os seus riam-se á vontade divertindo-se a valer, com os meninos. Foi tanto dinheiro jogado ás creanças a despeito de seu grande numero a que menos logrou apanhar pratas colhei dez mil réis. Antes disso já havia dado esmolas aos cégos e aleijados, de cedulas de dez mil réis. 

Lampeão e bando em Limoeiro

Foi, no adro da igreja que fui ter com Lampeão para lhe entregar o dinheiro. Recebeu-o e ia guardal-o quando adverti:
“É conveniente contar.”
Retrucou:
- “Qual nada. Não costumo tratar com que não seja serio”.
Creia que me revoltava tudo aquillo, mas, soffria calado as affrontas para poupar a cidade ao saque.
Guardando o dinheiro disse ainda:
“Confio no senhor. Em seguida trato a bolsa de couro, a tira collo.
Com dificuldade a abriu e não menor foi a para conseguir que o dinheiro coubesse lá dentro, pois a mesma estava transbordando de cedulas graudas. Já declinava o dia. Todos nós convenceramos que, ao receber dinheiro elle levantasse acampamento. Qual nada, e travo ia continuar, para mim e todos os dalli.
De repente disse-me.
– Preciso falar para Aracaty, á noite é preciso que o telegraphista não avise coisa alguma. Quero ir consigo.
A hora aprazada lá estava Lampeão na estação telegraphica – Falou: o direto para Aracaty, ordenou para o telegraphista:
- “Repita a ligação para Russas.
- Não posso, pois não tenho linha livre...
- Reputa já disse...
E como o telegraphista tentasse subtilmente isolar o apparelho.
Não desligue o apparelho... quero falar com Russas.
Foi feita, afinal, a ligação, e, veio se a saber estarem alli forças da Parahyba. Cheio de raiva, mandou que pedisse o rapaz do telegrapho confirmação da noticia. Esta veio. Sem que ninguem esperasse falou alto:
- “Vou defender esta cidade”!
E incontinente passou a dar ordens a Sabino. Foram expedidas patrulhas, distribuidos piquetes nas estradas e atalhos da região. Tudo aquillo impressionava a todos, pois o homem se revelava tão conhecedor do lugar como nós mesmos.
Antes dessas ordens voltou-se para mim e disse:
“Bóta tudo p’ra fora. Aqui só fica eu, voce e aquelle senhor.
Referia-se ao telegraphista. Não precisava pedir nem dar ordens. Todos comprehenderam pela entonação da voz do bandido que elle estava fulo de raiva.
A meia hora que se seguiu foi para mim de angustias. Por todos os meios convencer o faccinora que elle não devia insistir em ficar alli. Mostrei-lhe que só quem tinha a perder era a população. Alleguei o modo por que tinha sentido tratar. Emfim depois de uma grande discussão acabei convencendo o homem que devia partir.
Lampeão chamou novamente Sabino transmittiu lhe contra-ordem, a qual foi recebida com contrariedade da parte deste.
Exigia, porem, que lhe indicassemos uma fazenda onde pudesse pernoitar com os seus homem, garantindo elles, que não sofreriam nem a fazenda nem os seus moradores. Era questão de palavra.
Indicaca a fazenda, partir Lampeão seguido de seus companheiros.
Era um pesadello que parecia passar.
Reporter: - Tinha, mesmo, força em Russas?
- Prefeito: - Sim tinha. Mas, antes não tivesse esta sob o commando de tenente parahybano. Quelé deu entrada no outro dia pela manhã, em Limoeiro onde praticaram todas as sortes de desatinos.

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18 novembro 2022

TRILOGIA DO ESCRITOR JOSÉ BEZERRA LIMA IRMÃO

  Por José Bezerra Lima Irmão

Diletos amigos estudiosos da saga do Cangaço.

Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.

Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.

Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió.

Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato.

Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.

A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha.

Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

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Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.

Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.

Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas.

Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira),

Tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher.

A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo.

As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286. Eu gosto de escrever, mas não sei vender meus livros. Se pudesse dava todos de graça aos amigos...

Vejam aí as capas dos três livros:


https://www.facebook.com/profile.php?id=100005229734351

Adquira-os através deste endereço:

franpelima@bol.com.br

Ou com o autor através deste:


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17 novembro 2022

LAMPIÃO ATACA A SERRA VERMELHA

 Por Helton Araújo

https://www.youtube.com/watch?v=Oqhsr6ufUww&ab_channel=Canga%C3%A7oEterno
 

Meses depois de Antônio Ferreira matar covardemente o velho Zé Nogueira, Lampião e seus cabras atacam novamente a Serra Vermelha, desta vez estão no alvo de Lampião e seus cabras os vinhos do velho Nogueira, Raimundo e Luís.

Um ataque enfurecido e uma resistência heróica, assim se dá mais uma triste e emocionante história nas hostes cangaceiras.

#cangaço #lampião

Para assistir basta clicar no link abaixo.

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LUIZ PEDRO FICOU DOIDO COM A MORTE DE NENÉM.

   Por Aderbal Nogueira https://www.youtube.com/watch?v=wVyLuS8rE8E Luiz Pedro e Zé Sereno vão a Alagadiço saber o que aconteceu com Zé baia...