14 de set. de 2018

A CRAIBEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.983

FOTO: CLERISVALDO B. CHAGAS.
Com a aproximação da primavera, a Craibeira começa a florir devagar e depois com maior intensidade. Enfeita-se de flores amarelas que contrastam com o seu verde bonito. Nas extremidades dos galhos forma um arredondado de flores que parece uma coroa. Esta árvore (Tabebuia aurea) é o símbolo do estado de Alagoas, desde a gestão do governador Geraldo Bulhões. A Craibeira pode atingir mais de vinte metros de altura e viver tranquilamente mais de cem anos. No Sertão do nosso estado costuma surgir às margens e nos leitos secos de rios e riachos, lugares de areias salgadas. Inúmeras são vistas ainda pequenas entre pedras quebradas também nos leitos e nas margens.
Mesmo clandestinamente, ainda é utilizada para as partes mais importantes dos carros de boi. Sua madeira é compacta e tem um peso descomunal, não sendo aconselhado o seu plantio na zona urbana. Os seus galhos oferecem perigo tanto quanto o tronco numa queda inesperada. A Craibeira é considerada madeira de lei e se apresenta como rainha fora ou nas suas magníficas floradas. Apresenta-se solitária ou em bosques naturais embelezando riachos, rios, caatinga, sítios e fazendas. A proteção das suas sementes é um invólucro que parece muito com o protetor medicamentoso “Band-aid”. Sua casca protetora é muita grossa e tem aparência de cortiça e, o miolo tem manchas de anéis.
Em Santana do Ipanema, temos como destaques, uma na Rua do Colégio Estadual, outra no pátio externo da Escola Padre Francisco Correia e outra ainda, dentro da área da Escola Helena Braga. Esta foi plantada em 1985, pelo senhor João Boêmio. Aos seus 33 anos, queremos fazer uma solenidade para homenagear a Natureza, a Craibeira e ao seu plantador.
Nos tempos em que árvores de grande porte foram plantadas na zona urbana, não se avaliava os perigos. Protegidas por lei é preciso muito protocolo para substituições. Mesmo assim as Craibeiras vão dando seus espetáculos de beleza no tempo das floradas. Preparam-se com bastante antecedência para os festejos do Natal.
E nós?



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12 de set. de 2018

O CIRCO E AS LÁGRIMAS

lerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.982
DESARMANDO O CIRCO. (FOTO: CLERISVALDO B. CHAGAS).
O circo, diversão das ruas em todos os tempos, vai sofrendo reveses paulatinamente. Numa época em que não havia televisão, a chegada de um circo numa cidade, pequena ou grande, era motivo de reboliço. Alguns deles, além da parte do espetáculo propriamente dito, mostravam também o chamado drama. Este era o tipo de circo-teatro, perfeição de arrepiar. Inúmeros talentos eram tão reconhecidos quanto os do teatro fixos de hoje. Uns apresentavam tanto luxo que de fato imitava um mundo de sonhos, um mundo encantado onde todos os espectadores desejavam explorá-los. Com as novas formas de diversão que foram surgindo no mundo, o circo foi encolhendo e entrando em crise.
Diante dessa situação que vai extinguindo esse tipo de espetáculo, chegou a Santana do Ipanema um circo que se instalou no Bairro São José. As escolas da vizinhança foram convidadas, mas como um apelo de socorro. O preço de entrada estava lá em baixo e algumas escolas mandaram seus alunos para o divertimento. O espetáculo desses talentosos artistas nada deixou a desejar, como sempre. É o mágico, é o palhaço, a rumbeira o mágico, o equilibrista... Mas a situação visual do circo deixou uma tristeza grande nos que compareceram. Aí vamos pensando nos bens públicos e na cultura que convivem com o mesmo desprezo no país.
O circo, além de tantos artistas de primeira a amenizar com alegria o sofrimento geral, é refúgio contra a marginalidade de jovens e adultos através do seu abraço. O que custa uma ajuda empresarial, estadual... Para a compra de uma lona, de um picadeiro de alguns objetos que fazem a felicidade de multidões. Os corações duros, gelados, não se abrem para a caridade de ouro. Assim os jovens, que foram ao circo, procuram entender ou não o desprezo com a cultura ambulante e salvadora de muitas mazelas. Contemplamos com tristeza a fome que ronda todos os dias pequenos e médios circos do país, pois até os grandes estão desistindo.
Chora o povo, chora o palhaço.


10 de set. de 2018

A POESIA DO SERTÃO NUBLADO

*Rangel Alves da Costa

Ontem a noite foi de chuva no sertão sergipano. Pouca chuva, mas alguma chuva, e fato sempre desejado pelo sertanejo. Qualquer pingo d’água é tido como dádiva sagrada.
O alvorecer ainda estava molhado, chuviscando de vez em quando. O tempo mais frio, mais preguiçoso, com pessoas recolhidas aos seus lares até um pouco mais tarde.
Como sempre acontece no sertão, o sol sempre bate à porta após o amanhecer. E chega volumoso, já aquecido, já ameaçador para o homem, mas principalmente para a terra e o bicho.
Dessa vez, contudo, a clareira não foi aberta. O domingo amanheceu entre o chuvisco e o nublado, quando o chuviscamento cessou o véu das nuvens continuou. Nada de sair o sol e de tempo aberto.
No sertão, o tempo nublado, como que nevoento, mais escurecido, acaba produzindo um retrato de mais singela poesia. Poesia escrita no ar, tracejada nas nuvens, versejante pelos arredores e horizontes.
Um tempo esmaecido, outonal, de cores ocres, ainda que não seja na estação da revoada das flores e folhas. Um retrato acinzentado, tingido na cor de uma leve melancolia. Sim, as cores do tempo chamam a outras visões sobre o instante.
No mundo acostumado pelo sol escaldante, pela luz encalorada por todo lugar, olhar para as distâncias e tudo avistar noutro semblante, certamente que causa estranheza na alma. E que se imagine o dia inteiro assim.
Como dito, desde a primeira alva do dia - e assim pelo dia inteiro - apenas o templo nublado por todo o sertão. Os matos parecendo sonolentos, os bichos mais recolhidos, as pessoas mais silenciosas, tudo mais entorpecido.
E em muitas pessoas a propensão às saudades, às melancias, às nostalgias, às saudades. Ora, sem dúvida que paisagens tão aflitivas que acabam escavando no mais profundo do baú das recordações.


E aquela brisa mansa chegando e passando. A leve ventania cantando e indo embora. As portas fechadas, as janelas fechadas, ruas de pessoas que apenas passam, e quase sem alegria. Apenas o nublado em tudo.
Certamente que muitos ficam desejosos que as nuvens acima logo se transformem em chuvaradas. Templo nublado é sempre esperançoso, é sempre uma promessa de a qualquer instante a chuvarada cair.
Uma aflição terrível também. O sertanejo logo começa a sonhar, a planejar, a querer que a chuva logo aconteça. Na chuva sua vida, sua sobrevivência, sua existência. E não só o homem, pois a terra também se remexe em suas entranhas e pede. E implora que chova logo.
Saí de Poço Redondo já depois do meio dia. Por lá deixei o mesmo quadro anuviado. Nem fazia sol nem chovia, não caia pingo d’água nem o braseiro tomava conta de tudo. Simplesmente o retrato esmaecido encobrindo tudo.
Pela estrada a mesma paisagem, a mesma cor, a mesma situação. Talvez o sertão inteiro assim, nublado, anuviado. No percurso, olhando as margens com suas casinholas, suas matarias, seus bichos e seus habitantes, sempre a mesma poesia enternecida.
No sertão, um tempo assim não se pode definir de outra forma senão através do poético. Uma poesia mista de alegria e tristeza. Alegria sim, pois porta aberta para a chegada da chuva. Porém, de tristeza também.
Uma tristeza diferente, sem dor, sem agonia, sem aflição. Uma tristeza de saudade, apenas. Mas não saudade de pessoa, daqueles que deram adeus ou de qualquer outra situação de partida. Apenas a tristeza saudosa trazida pelo olhar perante a paisagem nublada.

Escritor
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5 de set. de 2018

ESTUDANTES DE DIREITO VISITAM O CAPITÃO JOÃO BEZERRA

Por Coronel Delmiro Gouveia

ESTUDANTES DE DIREITO DO RECIFE, FORAM A MACEIÓ E FIZERAM RELATÓRIO SOBRE CANGAÇO E MORTE DE LAMPIÃO E VISITAM O CAP JOÃO BEZERRA, NO HOSPITAL EM MACEIÓ(FOTOS RARAS).

Compunha-se a caravana de seis acadêmicos: Wandenkolk Wanderley (presidente)1, Elisio Caribé3, Décio de Sousa Valença4, Plínio de Sousa5, Haroldo de Mello6 e Alfredo Pessoa de Lima2. A este incumbia apresentar ao interventor federal em Pernambuco, Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães, o relatório da missão.

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3 de set. de 2018

PRIMEIRA FEIRA DE AUTORES MOSSOROENSES.

Por Benedito Vasconcelos Mendes

A Primeira Feira de Autores Mossoroenses realizada hoje, com muito sucesso,  por ocasião da XIII Jornada Cultural do Museu do Sertão contou com a importante participação da Fundação Vingt-Un Rosado, que expôs 18 excelentes livros de sua coleção. O Presidente da citada Fundação Dr. Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia Sobrinho prestigiou a referida Jornada cultural . Além do Pediatra,  Dr. Dix-Sept, estiveram no Museu do Sertão os Senhores Eriberto Monteiro, Raniele Alves e Maurílio Carneiro, todos colaboradores da Fundação Vingt-Un Rosado, mantenedora da importantíssima Coleção Mossoroense.  Queremos de público agradecer a importante participação desta Fundação Cultural , que tanto tem contribuído para o desenvolvimento das Letras no Nordeste e no Brasil.

Enviado pelo autor

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1 de set. de 2018

LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Por Guilherme Machado

Para mim dentre grandes livros do Cangaço este está entre os primeiros em seu formato de pesquisa e informação! do mestre Bezerra Irmão, a quem devo todas as minhas pesquisas para o lançamento do meu Livro " Lampião e seus principais aliados!

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas. Estas Linhas são dedicadas aos mestres Geraldo Antônio De Souza Júnior e José Bezerra Lima Irmão

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