29 de nov. de 2017

LAMPIÃO - OS TABUS CONTRA AS MULHERES DENTRO DO CANGAÇO

Por Verluce Ferraz
https://www.youtube.com/watch?v=uinZAkjEqmk&feature=share

Publicado em 23 de jun de 2017

Lampião e os tabus contra as mulheres explica o preconceito do cangaceiro, afastando-as de seus grupos, por mais de 32 anos. Ao admitir a entrada da Maria de Déia (Maria Bonita) no cangaço, Lampião mudará seus costumes aceitando sua vocação para os trabalhos feminis. O estudo mostra um caso de 'inversão' entre cangaceiros; explicado à luz da psicanálise.
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"Acorda Maria Bonita" por Volta Sêca ( • )

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27 de nov. de 2017

DOIS GRANDES MOSSOROENSES

Por José Romero de Araújo Cardoso
João Batista Cascudo Rodrigues e Vingt-un Rosado

Dois grandes mossoroenses: João Batista Cascudo Rodrigues (Mossoró, 23 de Junho de 1934 – Brasília, 03 de Outubro de 2009), fundador e primeiro reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e Jerônimo Vingt-un Rosado Maia (Mossoró, 25 de Setembro de 1920 – Mossoró, 21 de Dezembro de 2005), fundador da ESAM (Hoje UFERSA), da Coleção Mossoroense e de museus e bibliotecas em Mossoró/RN e na minha querida terrinha de Governador Dix-sept Rosado/RN. Saudades dos dois grandes e inesquecíveis amigos!

José Romero Araújo Cardoso (UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/FAFIC – Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/DGE – Departamento de Geografia  –  ICOP – Instituto Cultural do Oeste Potiguar/SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço/ASCRIM – Associação dos Escritores Mossoroenses).

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25 de nov. de 2017

PEQUENO PERFIL DO FOTÓGRAFO BENJAMIN ABRAHÃO CALIL BOTTO (1901 – 1938) ARSENIO ALVES DE SOUZA - ALGUNS DADOS AGREGADOS

Por Rubens Antonio

Imagem em processo de retificação
-
Foto original com dedicatória a uma irmã deste, manuscrita pelo mesmo, atrás, datada de 1949.

Imagem em miniatura em porcelana, que era utilizada por outra irmã deste, em um pendente de ouro.


Um dos filhos de Arsenio, aos 2 anos de idade, em 1935.
Fernando Carlos

Do Almanaque da Polícia Militar do Estado da Bahia, ano 1954
.
No livro de assentamentos do Cemitério do Campo Santo, em Salvador, inscrito em 29 de dezembro de 1955:


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço o baiano Rubens Antonio

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23 de nov. de 2017

ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ

https://www.youtube.com/watch?v=INWPxqUSXEY&t=100s

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21 de nov. de 2017

O CHAPÉU QUEBRADO DO CANGACEIRO..!

Por Voltaseca Volta

Muito se tem discutido sobre a origem do chapéu do cangaceiro.


Para alguns, o seu design teria sido originado da influência do chapéu do imperador francês Napoleão Bonaparte (vide foto, acima). Para outros, seria criação dos próprios cangaceiros. Não existe uma pesquisa profunda sobre o respectivo assunto. Pessoalmente, entendo, que o CHAPÉU CANGACEIRO DE ABAS LARGAS teve como inspiração, o chapéu do VAQUEIRO NORDESTINO. 


Após alguns anos no cangaço, sobretudo na fase baiana (que se iniciou em agosto/1928, com a passagem de Lampião cruzando o Rio São Francisco), O CHAPÉU passou a ser mais estilizado, com a inserção de moedas de ouro/prata na testeira e, na aba e, muitos enfeites no barbicacho, além de símbolos de proteção, como a variação da estrela de 6 e oito pontas. 

A entrada das mulheres no cangaço, sobretudo das cangaceiras DADÁ (companheira de Corisco) e, de SILA (de Zé Sereno), que eram excelentes costureiras, além do próprio Lampião que era um grande artesão em couro, deram uma nova estética às suas roupas / chapéus /cartucheiras..etc...

FOTOS:

Acima, fotos dos vaqueiros do major Quinca Leonel / Belmonte-PE, que já no início do sec. XX, usavam o chapéu de aba larga. (Foto: Valdir Nogueira);

Foto de Lampião com seu chapéu bastante ornamentado e, do imperador Napoleão Bonaparte (pescadas no Google).

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18 de nov. de 2017

UMA RARIDADE PRA ENRIQUECER MINHA BIBLIOTECA!


Nos anos noventa, em pesquisas nos sebos de São Paulo, encontrei a primeira edição do livro Lampião Rei do Cangaço, do escritor Eduardo Barbosa, lançado em 1958. Naquele dia, fiquei só na vontade mesmo, pois , tratando-se de uma edição rara, o vendedor pediu um preço bem elevado na época, se não me engano, foi a quantia de 250,00. Depois de todos esses anos, consegui encontrar a mesma edição de 1958, desta vez, por um preço bem acessível. E hoje ele está aqui na minha modesta biblioteca do cangaço!

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11 de nov. de 2017

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados. 

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
frnpelima@bol.con.br

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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10 de nov. de 2017

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS–Uma lição para os dias de hoje

Por Medeiros Braga

-Um texto da subcapa:
Esse livro em seu contexto
Uma grande história encerra,
Está nos trinta melhores
Romances da Inglaterra,
É também classificado
Entre um cento publicado
Aqui no planeta terra.
O cordel “A Revolução
Dos Bichos”, o objetivo
É resgatar uma história
Em um estilo atrativo...
Popular na sua essência,
Com rima, métrica, cadência,
Dando à leitura incentivo.
George Orwell, o autor,
Com desmedido ideário
Retratou um movimento
Dito revolucionário,
Com animais revoltados
Vez que eram maltratados
Por seu Jones, o sicário.
Eles, pois, se reuniram
E tomaram a decisão
De expulsar seu algoz
Por uma revolução;
E depois com idealismo
Levar o socialismo
Às granjas da região.
O porco Napoleão
Que seria o seu gestor
Traiu todos animais
E se fez em ditador;
Ia pra manter o mando
A muitos alienando
Com discurso enganador.
************
************
Havia um líder que instigara o movimento:
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
Narra um tempo de opressão
Lá na Granja do Solar
Que tem Jones por patrão...
Que vivia embriagado
Sem ter o menor cuidado
De servir água e ração.
Mas, um dia os animais
Pensaram em se reunir,
Procuraram um bom local
Para em breve discutir
A tão triste realidade
Da fome, a brutalidade,
Para delas se insurgir.
O Major, um porco idoso
Mas de muita experiência
E liderança onde todos
Lhe rendiam obediência,
Foi ator e foi o primeiro
A partir como guerreiro
Na luta da independência.
Todos tinham como o monge
Dos animais da Inglaterra
E pra dar mais sensação
A todos daquela esfera
Chegou a manifestar
Seu desejo de contar
Um bom sonho que tivera.
Todos animais vibraram
Com esse acontecimento,
Muito tempo se esperou
Pra chegar o tal momento,
Finalmente, era real,
Chegou a hora, afinal,
De fazer o grande evento.
Logo que a luz se apagou
Houve grande correria,
Todo animal com vontade
Para o celeiro descia,
Os sonhos de liberdade
Criavam certa unidade
E, sobretudo, euforia.
O celeiro foi tomado
Com toda área ao redor,
Nenhum deles prescindiu
Desse momento maior,
Era grande a ansiedade
De sentir a liberdade
Nas palavras de Major.
**********************
*********************
Garganta e Napoleão viviam justificando dos seus erros e sempre faziam comparação com o gestor anterior, o Sr. Jones:
“Vocês querem que ele volte?”
Era a pergunta padrão
Pra conter os animais
Em qualquer insurreição;
Era a marca mais devida
E que fosse repetida,
Se possível, com exaustão.
Vocês querem que ele volte?...
Qual o período melhor,
Esse agora em que vivemos
Com liberdade ao redor,
Ou de quando esse granjeiro
Explorava por inteiro
Até o último suor...”
Tudo que havia de errado
Ali na comunidade
O Garganta reunia
A sua sociedade
E a Bola de Neve, em via,
Implacável atribuía
A responsabilidade.
E se alguém duvidasse
Dessa acusação tão forte
Reprimia e até fazia
Sua pena de má sorte
Quando vinha de refrão
A matreira indagação:
Vocês querem que ele volte?
************************
As regras mencionadas
Pelos “Sete Mandamentos”
Eram, pois, desrespeitadas
Com maior descaramento,
Procurando camuflar
Estavam a modificar
Todos bons ensinamentos.
O Garganta sempre que
Precisava adulterar
Todo aquele mandamento
Que Major pôde legar,
Com pincel, tinta, num açoite
Sempre às caladas da noite
Ia lá modificar.
De início venderam o feno
Para compra de bebida,
Depois disso se mudaram
Pra casa grande indevida,
De combinatas e tramas
Passaram a dormir nas camas
Contra a regra definida.
Não se é de estranhar,
Dormimos em cama, e bem,
Uma cama confortável
Não degrada, pois, ninguém;
Num estábulo muita palha
Funciona pra quem malha
Como uma cama, também.”
Merecemos o repouso
Para que fiquemos fortes,
Com força para enfrentar
De seu Jones qualquer sorte,
Não podemos passar mal,
Fraquejar, pois, afinal,
Quem deseja que ele volte?”
Vez por outra animais
Vinham desaparecendo,
Da granja a população
Vinha há muito decrescendo,
Nessa estranha alcatéia
Muitos já tinham a idéia
Do que estava acontecendo.
Mas, assim, na casa grande,
Em completa mordomia,
Napoleão com seus cães
Muito pouco aparecia,
Tinha todos ao bel-prazer
Como o Mínimo a escrever
Sobre seu chefe em poesia.
Das raras vezes que havia
Alguma reunião,
Os animais conheciam
Seus atos de repressão
Através dos assessores
E dos dentes agressores
Do seu exército de cão.
Numa delas deu a ordem
E os cães obedeceram,
Trouxeram quatro porquinhos
Que com seu chefe romperam,
Tiveram que confessar
E depois se retratar
Mas, assim mesmo, morreram.
O seu VI Mandamento
Teve substitutivo,
Onde havia “não matar”
Acresceram “sem motivo”
Assim nesse labirinto
Externava o seu instinto
Com todo ato abusivo.
Já ninguém ousava mais
Contestar Napoleão,
Aboliu-se a liberdade
Ao direito de expressão,
Infeliz de quem pensasse
Em romper, depois falasse
Na presença de espião.
Ao final da assembléia
O Garganta aparecia,
Trazendo mais uma regra
Quebrada naquele dia:
Que a música que descerra
Os Bichos da Inglaterra
Doravante se abolia.
Em seus vagos argumentos
Dizia com austeridade
Que não fazia sentido
Cantar na atualidade
“Vez que a revolução
Teve a sua conclusão,
Não há mais necessidade”.
Porém, o poeta Mínimo
Compôs uma pessoal
Que cantava: Bela Granja,
Nunca mais te farão mal,
Pois, temos Napoleão
Defendendo com emoção
O que é já seu ideal.
Dizia ainda o poema
Falando em Napoleão,
Externando o servilismo
De um poeta sem razão,
Que ele é como gitano
“Forte, claro, soberano,
Como o sol da imensidão”.
Napoleão adorou
O seu poeta escudeiro
Mandou o texto gravar
Na parede do celeiro,
E, também, no mesmo ato
Colocou o seu retrato
Que custou muito dinheiro.
Com os seus bajuladores
Na maior servilidade
Tinha, pois, Napoleão
Publicada sua vaidade,
E munido de indulto
Se criava, então, o culto
De uma personalidade.
*********************
Sem fazer caso do golpe
Aumentava a mordomia,
Mais cevada para os porcos
Que engordavam todo dia,
Sendo que Napoleão
Com direito a um galão
Mais açúcar recebia.
Finalmente, é proclamada
A república independente;
A República dos Bichos,
Passa a atuar legalmente,
Napoleão nesse ato
Como único candidato
Continua presidente.
Programas educativos
Já de início cancelou,
Achava desnecessário
Pra qualquer trabalhador,
Que o saber e a ciência
Política da consciência
Têm um grau ameaçador.
Por isso que ele aboliu
Muitas regras de Major,
Outras mais adulterou,
Porém, nunca pra melhor,
Até lei dos animais
Que garante serem iguais
Entre si, ficou pior.
Suprimindo a igualdade
Com a matreirice que esbanja
Alterou mais uma regra
Ao dizer sem dar a canja,
De que havia animais
Que eram bem mais iguais
De que outros lá da granja.
Ao mesmo tempo baixou
Uma lei que bem dizia
Que quando um porco andasse
Qualquer que fosse seu guia,
Sendo ele mais igual
Se obrigava outro animal
A deixar aquela via.
Surgiu pra alienação
O corvo Moisés do léu,
Falando duma Montanha
De Açúcar lá no céu,
Dando esperanças contidas
Dessa lei que, no pós vida,
Vão desfrutar do seu mel.
A Montanha de Açúcar
Sobre as nuvens era imensa,
E condenando a prática
Da rebeldia ou ofensa,
Externava um mandamento:
Para maior sofrimento
Bem maior a recompensa.
Sansão, um grande cavalo
Que estava só no couro,
Alegre com a promessa
Daquele mundo vindouro,
Não fez o menor protesto
Quando um porco, com um gesto,
Entregou-lhe ao matadouro.
Mais algum tempo se foi
Sem ter nada evoluído,
O método “Animalismo”,
De uma vez foi suprimido,
Sem um bom líder ao redor
Aquele “mundo melhor”
Terminou sendo esquecido
***********************
O Garganta era incrível
Na maneira que atuava,
Manipulava estatísticas,
A mentira maquiava,
Transformava de improviso
O inferno em paraíso
E convencia e agradava.
Pra isso mudaram o lema
Que se lia ao derredor,
“Quatro pernas muito bom”
Pra “Duas pernas melhor”,
E, assim, modificando
Iam as coisas ficando
Para todos bem pior.
Napoleão do alpendre
Daquela grande mansão
Acompanhava o desfile
Dos porcos em pelotão
Em duas pernas marchando
Com os homens se igualando
Sem qualquer complicação.
Procurando assemelhar-se,
Ser ao homem tão igual
Já usavam o telefone,
Rádio de pilha, jornal,
Wisk, charuto, bolsa,
Pratos de ágate e de louça
Como um hábito natural.
Certo dia Napoleão
Foi na casa surpreendido
Com as roupas de seu Jones,
E seu cachimbo comprido,
Em imensas baforadas
Caminhava na calçada
Com o homem parecido.
Todos lá da Casa Grande
Não só fumavam e bebiam,
Caminhavam nos dois pés
E com luxo se vestiam,
Dormiam em cama e jogavam
Com dinheiro que emprestavam
Os granjeiros que extorquiam.
*******************
À tarde uma comitiva
De tais homens lá chegou,
Caminhou por toda granja
Tudo de bom se mostrou,
À noite, de guardanapo,
Jantou e depois do papo
Bebeu wisk e jogou.
Ali fizeram u’a parada
Para a congratulação,
Discursou um dos granjeiros
E depois Napoleão,
Todos dois voltando o verso
Para a granja e seu sucesso
Que se deu na produção.
Disse Pilkington em sua fala
Para todos animais
Que irá levar à prática
O que viu horas atrás,
Pois, “com péssimos terrenos
E pagamento a menos
Aqui se produz bem mais”.
“Vou levar pra minha granja
O que faz Napoleão,
Aqui se tem menor custo
Com muito mais produção,
A mão de obra tão grata
Além de ser mais barata
Não se vê rebelião.”
Já falou Napoleão
Não ser revolucionário,
Nem sequer socialista,
De esquerda ou libertário,
Que nunca teve motivo
Para ser subversivo,
Nem ligado a um ideário.
Falou ainda aos granjeiros,
Procurando esclarecer,
Que dissera muita coisa
Que jamais veio a fazer
Porque, na compreensão,
Uma coisa é oposição,
Outra coisa é o poder.
“Tudo que falei de mal
Nada tinha de verdade,
Exemplo: nunca senti-me
Titã da moralidade,
Firme na minha premissa
Não me comove justiça,
Igualdade, ou liberdade.”
Napoleão encerrou
Cheio de vitalidade,
E depois erguendo a mão
Como uma divindade
Deu as ordens sem demora:
“Eu proponho um brinde agora,
Salve, ó prosperidade”.
**********************
Os animais foram até lá e constataram o que estava, de fato, acontecendo:
Dizia algum animal
Cheio de indignação:
Não posso crer no que vejo,
Não é verdade isso, não,
Pois, o que eu estou vendo
É de fato se rompendo
A nossa revolução.
O que estou mesmo vendo
E que me causa revolta
É que decerto algum Jones
Sem demora está de volta,
Pois, o próprio Napoleão
Já tem no pulso o bastão
E cachorros como escolta.
Ao final da confraria
Se viu que igual sufoco
Dessa história se repete,
Afinal, no mundo louco,
Por muita nação moderna
Ninguém sabe quem governa
Se um homem ou se um porco.
Nas nações se bem olhadas
Como tem Napoleão...
Que adestra cachorrinhos,
Lhes dispensa boa ração;
Como tem de porco amigo
Desfechando tal perigo
Com a devida precisão.
Da história desses bichos
Ficou a grande lição:
Só o povo se liberta
Através da educação;
A justiça só haverá
Se um dia se arrancar,
Toda alienação.

Medeiros Braga 


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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OBRA DO ARTISTA PLÁSTICO EDUARDO LIMA

Por Eduardo Lima

Para quem não me conhece sou Eduardo Lima. 

Sou artista plástico e moro em Barreiras, no Estado da Bahia. 

Costumo retratar o cangaço de forma peculiar.

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7 de nov. de 2017

ZÉ PEDRO: CANGACEIRO DE PARADOXOS

Por Joel Reis

A numerosa família Pedro habitava um quarteirão inteiro da Rua da Conceição, em Juazeiro do Norte – CE. Constituída por Mané Pedro, Chico Pedro, Antônio Pedro, João Pedro, Joaquim Pedro, outros Pedro e Zé Pedro; o mais velho dos irmãos e chefe da família. Eram homens do trabalho, uma família de lavradores de mandioca no chapadão do Araripe, mercadores de cereais das feiras do Cariri, artífices carpinteiros, sapateiros, ferreiros... Viviam com certa prosperidade em terras que para viver é preciso ter coragem.

A família Pedro não era de levar desaforo para casa. Mesmo no modo de vida pacato que levavam os Pedro mostravam coragem a cada passo, depressa se habituaram à luta. 

Zé Pedro, ora carrancudo, ora alegre e risonho, possuía muita força vital, corpulento, estatura alta, cabeça chata, cabelos encarapinhados, face, boca, dentes e orelhas regulares, aliás, não tinha nenhum outro estigma físico aparente de degenerescência. Usava chapéu de couro grande e quebrado na testa, um rifle, um revólver, um punhal, duas cartucheiras e um saco de bala. Apesar da valentia era um cangaceiro de atitudes nobres, não tomava dinheiro à força, não matava por perversidade, não desonrava e não incendiava. Um cangaceiro destemido, que só brigava, ou quando provocado ou por questões políticas. Não tinha preocupação nem vaidade.

Em 23 de janeiro de 1914, Zé Pedro liderou mais de 40 homens, entre eles seus irmãos, no ataque ao Crato – CE. Insultaram a tropa de guarnição da cidade, para fazê-la gastar munição, mas não se contentaram. Zé Pedro tomou a trincheira do Barro Vermelho, a do Fundo da Maca e a da Praça do Rosário, arrebentou as grades da cadeia do Crato e restituiu a liberdade ao famoso Zé Pinheiro. Em vinte horas de fogo tomou a cidade. Assim, a Revolução de Juazeiro do Norte sagrou-se vitoriosa. 

Certo dia, Zé Pedro em uma bodega a beber, alguns soldados o quiseram prender. Raimundão um soldado valente e desordeiro, foi quem lhe deu a clássica voz de prisão: “esteje preso”. Antes não o fizera porque certamente, pela primeira vez, sua cabeça sofreu a consequência da sua ousadia, do seu atrevimento de querer prender o mais valente dos Pedro. Uma forte bofetada estalou-lhe tão pesada no ouvido, que Raimundão baqueou, pesadamente, no solo. Fechou o tempo. Cerca de quinze soldados eram presentes. Naquele momento, a única arma de Zé Pedro era um punhal de três palmos. Era quanto bastava. Como, porém, não era perverso, preferiu apenas abrir alas... Com o punhal traçou uma circunferência, colocou-se de pé no centro dela e bradou: 

- Ô macaco! (é assim que os cangaceiros chamam os soldados) Quem pôr o pé neste risco, morre... (e morria mesmo).

Os soldados tinham plena certeza disso. Assim, acharam melhor dar por findo o incidente e continuar a beber com Zé Pedro. Com um cangaceiro valente, não procede de outra forma a polícia dos Sertões.

Outro fato se deu na chapada do Araripe, local onde havia uma grande plantação de mandioca, e os criadores de Pernambuco acharam que deviam fazer solta de seu gado na lavoura dos romeiros do Padre Cícero, os desbravadores e cultivadores daquela serra. O governo de Pernambuco, diante da reação dos romeiros, mandou para aquela serra uma força de polícia para garantir o gado dos criadores do seu Estado, na destruição da lavoura dos agricultores do Cariri.

Zé Pedro e seu amigo inseparável Mané Chiquinha foram ao encontro da tropa. E no fogo da Taboca, do embate dos dois com o exército pernambucano, resultou sair ferido um porco, o qual, morrendo depois. O oficial comandante se apressou em indenizar o respectivo dono! De certo, para Recife, a história foi contada de modo a realçar a correção do oficial comandante da tropa que enfrentou dois cangaceiros e matou um porco! Tem sido dessa ordem as providências dos governos do Norte, na repressão ao banditismo.

Zé Pedro bem que podia ter chamado a serra Zé Pinheiro e seus homens que estavam garantindo o gado na destruição da lavoura dos pobres. Teria assim feito diminuir, um pouco, a calamidade da seca de 1915, prestando mais um grande serviço ao Estado, mas não quis chamar. Os ousados camaradas inseparáveis, Zé Pedro e Mané Chiquinha habituados às grandes caminhadas iam pela mata densa da chã, até chegar à vereda estreita por onde os soldados eram forçados a passar. Escondidos em cima de uma árvore, um deles atira, de repente, o estrondo causa pânico e o terror assola a soldadesca que correu pelos matagais da chapada.

Mesmo diante do perigo, Zé Pedro zombava de tudo, nada temia. Depois, vitorioso, admirado por todos, não se gabava de seus feitos, não reclamava glória para si e muito menos se mostrava superior a nenhum companheiro. Havia homens assim naquele meio e não tinha como saber exatamente os motivos que os tornaram cangaceiros. Não são criminosos natos, não fazem profissão do crime, nem mesmo têm instintos perversos. 

Zé Pedro era um desses, nas ocasiões em que lhe ofereciam dinheiro para matar alguém, não aceitava; ou às vezes aceitava, mas não matava. Em tom de brincadeira, contava depois a história ao que devera assassinar, sem, contudo, dizer quem fora o mandante. Quando pediam para atear fogo em uma propriedade, não executava tal pedido e ainda avisava o proprietário que se precavesse.

Segundo Antônio Xavier de Oliveira (1920) houve cangaceiros assim, que não eram tão maus como se pensa e se diz. Como Zé Pedro alguns eram honestos, valentes e nobres, pois, piedade para eles. Em vez de bala e cadeia, um livro e uma escola.

REFERÊNCIA

XAVIER, A. de Oliveira. Beatos e Cangaceiros. Rio de Janeiro: [s.n.], 1920.
NOTAS
*José Pedro se destacou como chefe de grupo na revolução do Juazeiro de Norte – CE, em 1914. O bando de José Pedro era formado por irmãos e amigos, os Pedro, atuou em torno da chapada do Araripe nos primeiros anos do século XX, até ser assassinado pela polícia do Crato – CE, em maio de 1924.
* A foto de Zé Pedro também aparece nas seguintes obras:
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 14, mas apenas na versão impressa, a versão em PDF que está disponível na internet não possui fotos).
MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol: violência e banditismo no nordeste do Brasil. 5 ed. São Paulo: A Girafa. 2011. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 399, mas com apenas uma legenda simples na p. 398).
OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião Cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: Edições O cruzeiro, 1970. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 37 com apenas a legenda “Zé Pedro, Fanático do Crato”).
XAVIER, A. de Oliveira. Beatos e Cangaceiros. Rio de Janeiro: [s.n.], 1920. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 86).
P.S. O único livro que encontrei falando sobre o tema supracitado foi o “Beatos e Cangaceiros (1920)” de Antônio Xavier de Oliveira que nasceu em Juazeiro do Norte (CE).

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3 de nov. de 2017

PROFESSOR ANTONIO VILELA VISITA TÚMULO DE DOMINGUINHOS EM GARANHUNS

UMA ROSA PARA DOMINGUINHOS

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