31 de jan. de 2024

50 LOCAIS HISTÓRICOS DO CANGAÇO - CANAL CANGAÇO EM FOCO

 Por Cangaço em Foco.

https://www.youtube.com/watch?v=rwTOZ1hX4f4&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

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29 de jan. de 2024

IRMÃO INVOCADO DE VOLTA SECA.

 

Antonio Alves de Sousa, o Volta Seca

Muitos pesquisadores não se importam com as ramificações familiares que existem dos antigos cangaceiros, mas deveriam, pois existem histórias interessantes influenciadas pelos parentes famosos. Bandoleiros, na sua imensa maioria, já mortos por causas diversas, até as naturais (quem diria!). Volta Seca ficou famoso desde sua saída do Saco Torto, na época, povoado de Riachuelo, no final da década de 20. Mas, para trás ele deixou um magote de irmãos, tios e conhecidos. Depois da sua entrada no bando, Lampião deu suas voltas pelo agreste sergipano, chegando muito perto do que conhecemos hoje como Malhador e que antes não passava de um povoadinho pequeno com duas ruas e uma pequena capela sendo construída. Mas, Lampião, numa destas passagens pelo agreste daqui despertou a curiosidade dos moradores.

O fazendeiro João Barbosa, conhecido como Joãozinho da Lema, irmão de Gentil Barbosa, morava numa modesta fazenda entre o que ia desde o Rio Jacaracica (Cajueiro Antigo) até a região que hoje situa o grupo escolar do Povoado Cajueiro, onde tudo era Itabaiana Grande. Obrigatoriamente, Lampião e seu bando passavam por estas terras, aproveitando e recebendo de Joãozinho muitos mantimentos, poucos armamentos, pois eles não tinham com frequência. Também havia um tanque enorme, com o minadouro ao lado, onde os cangaceiros se abasteciam. Era uma região com muitos recursos, bem diferente de outras que eles já haviam passado. As pessoas tinham medo dos cangaceiros, mas quando os viam pessoalmente chegavam à conclusão que “não eram tão maus”, assim dizem alguns mais velhos que moram ainda naquele trecho. Havia um acordo: Lampião seria sustentado pelo fazendeiro e em troca não praticaria atrocidades com o povo da região. 
Trato feito. 


Numa dessas passagens, esteve com Lampião o menino Volta Seca. Este ficou descabreado, pensativo e falou pouco, mas todos se espantavam pela pouca idade. Lampião comentou até que o pequeno era da região, mas não podia deixar o cangaço para não entregar os segredos. Nenhum segredo foi revelado aos curiosos que se aproximavam sem medo e até proseavam com alguns dos cangaceiros. Era um misto de medo e curiosidade. 

O tempo foi passando, as conversas se alongando e o mito Lampião se consolidou. Mas, quem roubou a cena mesmo depois de sua prisão foi Volta Seca. Os jornais do país inteiro noticiavam a prisão do pequeno. Foi aí que um desses jornais da capital Rio de janeiro chegou até o Saco Torto (talvez enrolado num mamão da feira de Itabaiana), grande curiosidade se instalava. Um dos irmãos de Volta Seca se chamava Aprígio dos Santos, apelidado de Aprígio Capuchinho ou Aprígio Carrapeta e foi ele quem ficou com o jornal. 

Décadas e décadas se passaram e os anos 60 chegou. Aprígio já não morava no Saco Torto, havia se deslocado mais a norte nas proximidades do povoado Malhada Velha, no povoado João Gomes, perto do Carvalho em direção ao Zanguê. Casado com Joana (mulher corpulenta, que foi rebatizada de Joana Baleia, pelos meninos da região), pai de vários filhos, ele era temido por todos na região. Moravam numa casa do tio de Manoel Messias de Jesus, que na época era ainda uma criança e lembra de alguns acontecimentos. Trabalhavam todos juntos, ora na lavoura e também na arte de fazer cestos e caçuás. Aliás, Aprígio era considerado o melhor cesteiro da região e um hábil tirador de mel das famosas “oropas” arranchadas em ocos de pau e em formigueiros. 


Manoel Severo e as Obras de Robério Santos

Aprígio era conhecido na região por ser valente e cheio de mandingas. Ele contava histórias de assombração, de cangaceiros, de brigas, dizia que matou pessoas e de outras coisas que amedrontavam as pessoas do sítio, aliás, naquele tempo, qualquer coisa assustava. Mas, o que mais assustava era o fato de que ele era irmão de um cangaceiro famoso e enchia a boca para dizer nos bares e esquinas que o irmão havia assassinado sete soldados de polícia lá no interior da Bahia. As pessoas temiam que Aprígio fosse igual ao irmão, por isso o respeitava. Não se sabia se por medo ou respeito mesmo, mas todos mudavam de direção quando apontava na vista ele ao longe. 

Uma certa vez, o então jovenzinho João do finado Antônio Sevino, primo do já citado Manoel, estava no sítio, no meio do pasto e Aprígio chegou sem aviso prévio. Nisso, ambos puxaram assunto e ficaram lá por um bom tempo. Não existia mato, nada ao redor deles, só capim baixo, de quase dez centímetros. João assustado com a conversa ouve um barulho no lado oposto, olha rapidamente para trás e ao retornar à vista para a frente, Aprígio havia sumido como num passe de mágica. João começou a tremer e não conseguia sair do lugar, começou a procurar onde o homem estava e nada de encontrar. Não havia explicação lógica para que isso acontecesse. Ele se gabava que conseguia se transformar num topo, numa formiga e até num pássaro, mas ninguém acreditava, até aquele momento. O povo começou a chama-lo de “encantado”, assim como o pessoal do sertão chamava outro místico de João Valentim, lá na cidade de Nossa Senhora da Glória, anos depois. Veio a reaparecer dias depois como se nada houvesse acontecido. 

Aprígio era magro, moreno claro, barba ficando branca, olhos grandes e assustadores. Ele já não é mais vivo, mas seu filho Zé Preto da família dos Pixititas, morador de Malhador atualmente, e guarda seu legado, assim como as memórias de Manoel Messias de Jesus, que inclui Carrapeta no rol dos mitos que colocava criança para dormir, assim como o temível Volta Seca e o mítico Mata Escura que assolaram nosso agreste e ainda estão vivos no imaginário popular.


Robério Santos
Pesquisador, escritor 
Itabaiana, Sergipe
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28 de jan. de 2024

JOÃO DE BARRO

  Por Claudia Terezinha Cegoni

O mais lindo edifício que você terá visto em sua vida, não e pra menos, o construtor, engenheiro e arquiteto e astuto em suas obras de puríssima arte.

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26 de jan. de 2024

FOTOS DO TEMPO DO CANGAÇO

 Acervo do Helton Araújo.

Existem milhares de fotos do CANGAÇO, muitas são conhecidas do grande público, porém algumas nem tanto, produzimos um vídeo no YouTube mostrando um misto dessas fotografias, algumas bem raras por sinal. Para assistir basta clicar no link que está logo aí abaixo.

A fábrica dele era em Belmonte, de onde ele era natural, o enterro foi em São José do Belmonte-PE.

Na foto desta publicação vemos o enterro do ex-volante Luiz Mariano.

https://www.facebook.com/groups/414354543685373/?multi_permalinks=908301677623988%2C907171737736982%2C906635354457287%2C906820567772099%2C906021167852039%2C906561751131314%2C905838177870338%2C905302401257249&notif_id=1705875797488883&notif_t=group_highlights&ref=notif

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25 de jan. de 2024

SERTÃO CANGAÇO

 Por Euridice Barros Dos Santos

GITIRANA E JANDAIA.

EM PINHÃO SE .
ANO 1938.

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19 de jan. de 2024

HOJE NO MEU RECANTO.

 Por José Gonçalves


Já fui revolucionário,
Amante da rebeldia,
Já cruzei muitas fronteiras,
Em nome da fantasia,
Naveguei nos sete mares,
Em busca do novo dia,
Hoje aqui no meu recanto
Só escrevo poesia.
Fui um homem sonhador,
Já fiz muita estripulia,
Nas quebradas do sertão,
Dia e noite, noite e dia,
Percorri tantas estradas,
Sempre em boa companhia,
Hoje aqui no meu recanto
Só escrevo poesia.
Já toquei muitas boiadas,
Já fiz muita correria,
No lombo do meu cavalo,
Campeei com maestria,
Derrubando touro brabo,
Mostrei minha valentia,
Hoje aqui no meu recanto
Só escrevo poesia.
Já varei noites inteiras
Nos braços da boemia,
Já dancei com meu amor,
No largo da freguesia,
Cantei várias serenatas,
Até o romper do dia,
Hoje aqui no meu recanto
Só escrevo poesia.

https://www.facebook.com/jose.goncalves.9237

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18 de jan. de 2024

EZEQUIEL FERREIRA DA SILVA, DUAS VIDAS, DUAS MORTES. (FARSA).

    Por José Mendes Pereira

Suposto Ezequiel Ferreira da Silva irmão de Lampião

Todos aqueles que me conhecem nesse mundo de pesquisas sobre o cangaço sabem muito bem que eu não sou nenhuma autoridade no assunto, e tenho a dizer aos amigos, as minhas inquietações são somente sobre depoentes e mais ninguém. Se caso eu discordar de um escritor, pesquisador ou mesmo sobre os trabalhos de cineastas do cangaço, estou querendo aparecer, vez que eu não tenho profundos conhecimentos sobre o tema para guerrear contra qualquer um desses que organiza a literatura lampiônica. Sou um estudante que conheço o meu lugar no estudo cangaceiro, e o meu pouco conhecimento que tenho adquirido, vem dos pesquisadores, escritores e cineastas. E para que eu ir contra eles?

Antiga Villa Bella - Pernambuco terra de Lampião

O caso do suposto Ezequiel que morava no Piauí e que em 1984 chegou à Serra Talhada, antiga Villa Bella, no Estado de Pernambuco, se dizendo ser o verdadeiro Ezequiel Ferreira da Silva, irmão mais novo dos Ferreiras, e que tinha ido lá tirar seus documentos para uma possível aposentadoria, mas lamentavelmente, as suas informações, para mim e para pesquisadores que são famosos, nada verdadeira, tudo mentira.

Capitão Lampião e seu irmão mais novo Ezequiel Ferreira da Silva

Alguns que conheceram o Ezequiel  irmão de Lampião em Serra Talhada acharam que o homem tinha muito a ver com o Ezequiel verdadeiro, principalmente amigos de infância e outros mais, como por exemplo, o Genésio Ferreira primo de Lampião, que o acoitou por mais de 20 dias em sua residência, acreditando nas palavras do velho.

Mas você leitor, poderá até me perguntar o porquê da minha discórdia, quando ele detalhou tim por tim a alguns antigos amigos e familiares de Serra Talhada.

Primeiro, quando o Ezequiel verdadeiro saiu de Villa Bella ainda era muito pequeno, com aproximadamente 9 anos de idade, porque ele nasceu em 1908, e toda encrenca de Zé Saturnino com os Ferreiras ou os Ferreiras com Zé Saturnino foi mais ou menos a partir 1916. Então nenhum de seu tempo de criança que viu ele nascer tinha condições de reconhecer o menino de ontem que hoje já era velho e muito velho.

Outra, segundo informações, quando perguntado os nomes dos seus pais ele não soube responder, principalmente de alguns irmãos. Ora, é muito difícil esquecer os nomes dos seus pais e irmãos.

E há quem diga que, isso de não saber os seus nomes foi simplesmente devido a avançada idade que já tinha o feito esquecer os nomes dos pais e de alguns irmãos. Mas mesmo sendo bem velho, ele soube muito bem procurar o seu direito de se aposentar.

Pais e irmãos de Lampião, inclusive ele está na foto. As duas irmãs que morreram ainda pequeninas não estão na fotografia. (Desenho de Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos)

Disse que tivera 6 irmãos. Mas nós sabemos que a prole do casal era um total de 11 filhos, incluindo ele, caso fosse o Ezequiel verdadeiro. Ele foi irmão de 09 filhos de José Ferreira com dona Maria Sulena, e 10 contando com Antonio Ferreira da Silva que era só filho de dona Maria, com um senhor chamado Venâncio, porque quando seu José casou-se com dona Maria, segundo pesquisadores, ela já o levava no seu ventre. 

Mas, de acordo com documentos nas mãos do escritor José Bezerra Lima Irmão, pela contagem do dia do casamento dos seus pais, o Antonio Ferreira  também era filho legítimo do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva ou dos Santos.

Escritor José Bezerra Lima Irmão

Sem ordem de nascimento todos seus irmãos eram: Antonio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, Virgulino Ferreira da Silva, Virtuosa Ferreira da Silva, João Ferreira dos Santos (este era dos Santos, Angélica Ferreira da Silva, Ezequiel Ferreira da Silva, Maria Ferreira da Silva (dona Mocinha), e Anália Ferreira da Silva.

Escritor José Sabino Bassetti

Além dos seus irmãos que nós todos já os conhecemos através dos nossos estudos cangaceiros o casal teve mais duas filhas, as quais nasceram mais ou menos nos anos de 1913 e 1914 do século XX e, segundo o pesquisador do cangaço e escritor José Sabino Bassetti, as crianças faleceram ainda pequeninas, e uma delas foi tristemente queimada numa língua de fogo de uma lamparina, ao clarear de certo dia. 

A criancinha levantou-se da sua redinha e caminhou para uma mesa onde estava a lamparina acesa, e acredita-se que ela tenha puxado a toalha da mesa, fazendo com que o querosene derramasse sobre a sua camisolinha, e a partir daí, o fogo tomou de conta das suas vestes. Ela teria durado alguns dias vivas, mas não resistiu às queimadura e veio a óbito. O escritor não revela o ano de seu falecimento.

Ainda segundo José Bezerra Lima Irmão o suposto Ezequiel Ferreira foi entrevistado pelos escritores Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena, os quais são autores do livro “Lampião e o Estado-Maior do Cangaço” e fizeram várias perguntas ao forasteiro homem sem rédeas, mas ficaram abismados com tantas contrariedades ditas pelo depoente.

Escritor e pesquisador do cangaço Hilário Lucetti

Mas o homem  impostor descaradamente estava querendo adivinhar o que lhe era solicitado pelos mestres da cultura, e, escorregava constantemente, porque não  tinha  firmeza do passado da família "Ferreira", a qual ele se dizia fazer parte. O certo é que aquelas alturas ele queria apoio de alguém para permanecer por alguns dias na cidade de Serra Talhada enquanto resolvia o que tinha ido fazer lá.

Escritor e pesquisador do cangaço Magérbio de Lucena

Com tudo em mãos, caneta, papel e outros materiais necessários para os seus trabalhos, os pesquisador Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena resolveram iniciar as suas perguntam ao suposto Ezequiel:

- O senhor é mesmo irmão do Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião?

E ele desavergonhadamente, mas talvez um pouco nervoso que nessa hora aparece a quem está mentindo, assegurou dizendo:

- Sou sim, o irmão mais novo de Lampião.

- E como são os nomes dos seus pais...?

O dono da farsa literalmente não soube responder.

Os autores perguntaram-lhe:

- Por que é que todo mundo diz que o senhor foi assassinado e testemunhado por pessoas que lá estavam, no Estado da Bahia, no ano de 1931, no mais ferrenho combate feito pelo capitão Lampião e a polícia, que aconteceu nas terras da cidade de Paulo Afonso, no povoado chamado Baixa do Boi, e agora o senhor aparece vivo em Serra Talhada?

Cova do cangaceiro Ezequiel Ferreira irmão de Lampião

E ele:

- Tudo era mentira, senhores.  O meu irmão Lampião inventou a história para eu sair do cangaço.

- Quantos irmãos o senhor teve?

E ele respondeu:

- Tive 3 irmãos e 3 irmãs.

O que não é verdade.

Mas veja leitor, que ele não tinha segurança no que dizia. Fantasiava a descrição dos combates e citava cangaceiros que não foram do seu tempo.

Depois de tantas mentiras os escritores perderam o gosto e desistiram de continuar a entrevista com o suporto Ezequiel Ferreira da Silva.

Apesar de admitirem que o homem tinha mais ou menos a mesma idade e aparentando fisicamente, que teria Ezequiel se fosse vivo, Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena consideraram que na verdade era um verdadeiro embusteiro. Os estudiosos do cangaço ficaram sem saber a finalidade de tanta mentira, porque, na história não havia valores e nem promessas.  

Dr. Antonio Amaury, João de Sousa Lima, Ângelo Osmiro e Dr. Leandro Cardoso

Mas aí não termina a farsa. O escritor e pesquisador do cangaço Ângelo Osmiro, residente na capital  de Fortaleza-CE, em um dos seus trabalhos com o título: “A MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA (PONTO FINO) IRMÃO DE LAMPIÃO”, nos diz que segundo o Ezequiel, teria ficado na “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia” até  julho de 1938, quando o irmão fez uma reunião para comunicar aos companheiros que abandonaria o cangaço.  

O cangaceiro Luiz Pedro

E fugiram disfarçados: o próprio Ezequiel; o capitão Lampião, Luiz Pedro e mais Félix da Mata Redonda, tendo ele permanecido no Estado do Piauí, enquanto Luiz Pedro e Lampião tomaram o destino de Goiás, onde esse teria morrido no ano de 1981. Mais uma vez o homem mentiu. Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938 indiscutivelmente.

O cangaceiro Félix da Mata

Veja leitor, fugiu do bando de Lampião em 1931, quando, segundo ele, Lampião teria forjado a sua morte, e 7 anos depois, ele aparece na empresa do irmão, em 1938, na Grota do Angico, em Porto da Folha, hoje Poço Redondo, nas terras sergipanas, e possivelmente, antes da chacina.

O JUIZ DE DIREITO DEIXOU DE SER DIREITO, MANDOU REGISTRAR HOMEM QUE SE DIZIA SER IRMÃO DE LAMPIÃO. QUAL ERA A PROVA? SOMENTE A SUA PALAVRA?

Não dá para entender por ter  sido lavrado o registro de Ezequiel novamente, porque se era ele ou não, no período que ele nasceu, seu pai José Ferreira dos Santos estava gozando a liberdade e vivendo a paz, e tenho quase certeza que ele não deixou nenhum dos seus filhos sem registrá-lo. Todos nasceram em Villa Bella, hoje Serra Talhada. Agora se ver, talvez Ezequiel Ferreira registrado duas vezes.

Mas quem foi o culpado? 

Foi o juiz de nome Clodoaldo Bezerra de Souza e Silva, juiz de direito da comarca de Serra Talhada, que segundo informações, admirado (ficou de queixo caído, coisa que um juiz de direito tem que ir pela lei e a razão, e não pelo o coração); com o que afirmava o suposto Ezequiel. Mandou chamar alguns antigos moradores da cidade, e a eles fez perguntas se confirmavam ou não, que aquele sujeito era Ezequiel Ferreira da Silva irmão de Lampião. Os entrevistados afirmaram que sim.

Mas as pessoas não podiam testemunhar nada, vez que o rapaz estava longe dali, e já haviam se passados muitos anos se fosse ele mesmo, e assim, a garantia daquele sujeito ser Ezequiel irmão do rei do cangaço capitão Lampião, era uma verdadeira incógnita.

Como juiz de direito da cidade de Serra Talhada ele tinha que mandar fazer uma busca nos cartórios da cidade, e até mesmo em outros municípios adjacentes, para saber se existia ou não, registro em algum livro oficial do Ezequiel Ferreira da Silva, tendo como pais José Ferreira dos Santos e Maria Sulena da Purificação. Mas é quase certo que não mandou fazer este levantamento nos cartórios, pois o procedimento legalmente seria este, e não ir em conversas de pessoas que queriam que o homem fosse reconhecido e registrado como irmão de Lampião, e sendo assim, desnecessariamente autorizou que o homem fosse registrado no cartório que ele procurou como sendo irmão dos Ferreiras, e sem outra providência.

Sobre Ezequiel ter relembrado muitas coisas quando morava em Villa Bella, isso não é difícil para ninguém, e muito menos para quem quer se passar por outra pessoa. Eu moro na região Leste de Mossoró e sei quase tudo dos tempos passados em bairros que já morei, que se eu andar em alguns deles, mesmo sem conhecer quase mais ninguém, porque muitos já se foram, contarei com perfeitos detalhes o passado dali, como se eu tivesse ainda vivendo por lá. 

O suposto Ezequiel Ferreira com certeza era um antigo morador da região, e como tinha uma certa semelhança com o Ezequiel verdadeiro, fez muita gente de besta em Serra Talhada.

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15 de jan. de 2024

A NOVIÇA REBELDE. - CD COMPLETO DE 2008.

 Hoje à noite fica com A Noviça Rebelde.

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14 de jan. de 2024

ODILON FLOR

 Acervo Jaozin Jaaozinn

Fotografia da força volante de Odilon Flor na região de Pernambuco, possivelmente no final da década de 1920.

Odilon Nogueira de Souza, famoso Odilon Flor, nasceu no povoado de Nazaré do Pico/PE, no dia 12/01/1903, filho de João de Souza Nogueira e Teodora Souza Ferraz, pertencendo a respeitada família Flor e seguindo uma grande linhagem de parentes que se aventuraram na campanha contra o cangaço.

Ingressou na Polícia Militar de Pernambuco, em 1923, como contratado para depois ser efetivado, chegando ao posto de cabo. Porém, antes disso, já no ano de 1919, participou de um tiroteio junto com seus parentes e conterrâneos contra os irmãos Ferreira, deixando Livino Ferreira ferido, que foi conduzido para a Delegacia de Floresta/PE.

Participou de muitos combates, sendo os principais:

• 𝐀𝐠𝐨𝐬𝐭𝐨 𝐝𝐞 1923

Enfrentou o grupo de Lampião na Fazenda Barriguda, próximo à Serra do Pico/PE, onde foram mortos os cangaceiros Firmo, Sátil e Batista, tendo o bandoleiro Tubiba como ferido.

• 𝐃𝐞𝐳𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨 𝐝𝐞 1923

Reforçando uma pequena volante comandada pelo Aspirante Galdino, trava combate com o grupo de Lampião no Enforcado, no município de Floresta/PE, morrendo o cangaceiro Piloto.

• 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐝𝐞 1925

Integrando a volante do Sargento José Leal, de Betânia/PE, trava combate com Virgulino na fazenda Melancia, do município de Betânia/PE, morrendo os soldados José Mariano e Manoel Luiz.

• 𝐌𝐚𝐫𝐜̧𝐨 𝐝𝐞 1932

Já contratado pelo Governo do Estado da Bahia para comandar forças volantes na região, integra-se na força do Tenente José Sampaio e em conjunto com a do Sargento Luiz Mariano, travando feroz combate com Lampião no Raso da Catarina, culminando com Luiz e Sampaio feridos no confronto.

•𝐍𝐨𝐯𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨 𝐝𝐞 1932

Segundo algumas informações, comandou uma parte da volante do Tenente Santinho junto com o mesmo, travando um combate com o Sub-grupo do cangaceiro Moderno, na fazenda Bordão/BA, morrendo o cangaceiro Açúcar.

•𝐉𝐮𝐥𝐡𝐨 𝐝𝐞 1934

Comandando uma força baiana, trava combate com Lampião na mata de Folguedo do Menino, em Poço Redondo/SE, morrendo o cangaceiro Mangueira II.

•𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 1937

Comandando uma força volante, e tendo já a participação de seu pequeno filho, Luís Nogueira de Souza, acabam confrontando e liquidando o Sub-grupo do cangaceiro Mané Moreno, na Fazenda Palestina, perto de Garuaru/SE, morrendo Mané Moreno, Cravo Roxo e Áurea, companheira do chefe.

•𝐀𝐛𝐫𝐢𝐥 𝐝𝐞 1939

Comandando uma força de 15 homens, acaba confrontando o Sub-grupo do cangaceiro Labareda, na região do Serrote/BA, morrendo os cangaceiros Pé de Peba e Xofreu, além de Mariquinha, companheira de Labareda.

•𝐌𝐚𝐫𝐜̧𝐨 𝐝𝐞 1940

Na região de Bebedouro/BA, Odilon trava um combate com o Sub-grupo do cangaceiro Labareda, resultando com que o bandoleiro “Deus te Guie" fosse capturado e preso pelo contrato por nome Laert. Uma semana depois, em 30 de março de 1940, Ângelo Roque se entrega para as forças de Paripiranga-BA, especificamente para o Capitão Felipe Borges de Castro, acabando de vez com o último bando de cangaceiros em ativa no sertão nordestino.

Depois de seus compromissos a serviço da polícia pernambucana e baiana das décadas de 1920 a 1940 contra o cangaço, Odilon acaba virando Delegado de diversas cidades baianas, dentre elas, Itabuna. Acabou falecendo em decorrência de um câncer na garganta, no dia 07/11/1950, como 2° Sargento da Polícia da Bahia, e deixando cinco filhos, Luís Nogueira, Aldenora Nogueira, Carlos Nogueira, Normando Nogueira e Raimundo Nogueira.

𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬𝑺: 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝑭𝒐𝒓𝒄̧𝒂𝒔 𝑽𝒐𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝑨 𝒂 𝒁; 𝑩𝒍𝒐𝒈 𝒅𝒐 𝑴𝒆𝒏𝒅𝒆𝒔, 𝑮𝒆𝒏𝒆𝒂𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝑷𝒆𝒓𝒏𝒂𝒎𝒃𝒖𝒄𝒂𝒏𝒂 𝒆 𝑮𝒖𝒊𝒍𝒉𝒆𝒓𝒎𝒆 𝑽𝒆𝒍𝒂𝒎𝒆.

.𝑪𝑨𝑵𝑮𝑨𝑪̧𝑶 𝑩𝑹𝑨𝑺𝑰𝑳𝑬𝑰𝑹𝑶.

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13 de jan. de 2024

LAMPIÃO E CORISCO: UMA DURA PERSEGUIÇÃO A FAMÍLIA JUREMEIRA NO OLHO D’ÁGUA DOS COELHOS. “SANTO ANTONIO DA GLÓRIA DO CURRAL DOS BOIS NO TEMPO DO CANGAÇO”.

 Por João de Sousa Lima

Curral dos Bois foi uma das primeiras povoações a acolher Lampião depois que ele atravessou de Pernambuco pra Bahia.

O Chefe Político de Glória, o coronel Petronilio de Alcântara Reis, acabou tendo seu nome ligado com o cangaço e Lampião em várias histórias, foi coiteiro famoso e também inimigo depois que traiu Lampião, traição que Lampião pagou incendiando várias fazendas do coronel dentro do Raso da Catarina.

Uma das mais importantes famílias de Glória, família de sobrenome Juremeira, que vivia no povoado Olho D’água dos Coelhos, sofreu grande perseguição de Lampião e Corisco.

Para entender um pouco da história dessa família e a ligação com o cangaço devemos tomar conhecimento que Pedro Juremeira foi delegado na fazenda Caibos (Caibros) e por isso ficou marcado pelo cangaço. Era também quem fazia a segurança do coronel Petro e era proprietário de um barco que fazia a travessia do Rio São Francisco entre Bahia e Pernambuco, entre Rodelas e Petrolândia. A fazenda Caibos hoje esta inundada e as pessoas estão residindo nas agrovilas II e III.

Lampião mandou um recado para Pedro para que em um dia marcado ele fizesse a travessia dos cangaceiros do lado pernambucano para o lado baiano e Pedro não atendendo a solicitação, convocou alguns policiais e quando da aproximação dos cangaceiros acabaram trocando tiros com o grupo de Lampião, começando ai uma grande “Rixa” entre os dois.

Manuel Juremeira e Hemernegilda de Araújo.

Em uma das perseguições dos cangaceiros a Pedro Juremeira, Corisco, a mando de Lampião, pegou um primo de Pedro, chamado Leonídio (Lió), no povoado Olho D’água dos Coelhos, pra ele informar onde poderia encontrar Manuel Juremeira, pois não conseguiam encontrar Pedro e quem iria pagar a vingança dos cangaceiros era Mané Juremeira. Lió levou os cangaceiros até a roça “Pé da Serra” e chegando lá prenderam Manuel na roça e o trouxeram para sua residência, onde estava a esposa Hermenegilda “Miné” com os quatro filhos: Otacílio, Ananias, Lídia e Joana.

Na casa de Leonídio ficaram três cangaceiros vasculhando baús e armários em busca de jóias e dinheiro enquanto Corisco seguia com mais dois cangaceiros e o refém para a roça.

Chegando próximo de Mané Juremeira Corisco sentenciou o aflito rapaz de morte dizendo:

- Sabe com quem ta falando?

- Não!

- Corisco! Você vai morrer no lugar de seu irmão!

- Eu sou contra meu irmão! Morrerei inocente e sem culpa, mais maior que Deus, ninguém!

- Nada de Deus! Deus hoje aqui é a gente!

Os cangaceiros manobraram os fuzis e apontaram para os peitos e costelas de Manuel. Nesse momento dona Miné saiu de dentro da casa  e correu e se abraçou com o marido:

- Aqui você não mata não! Meu marido é inocente!

- Saia da frente que vim matar foi homem e não mulher!

Nesse momento foi chegando Filigeno Furtuoso, amigo de Manuel que era tropeiro e residia na Tapera da Boa Esperança, em Penedo, Alagoas. O amigo sempre que passava na região dormia na casa de Manuel pra no outro dia viajar até Jeremoabo, onde comprava uma carga de fumo para sair revendendo, em sua junta de cinco burros.

Diante dos olhares dos cangaceiros e da situação em que encontrou o amigo Manuel, o tropeiro falou:

- Taí esses cinco burros arreados e eu lhe dou em troca da vida desse homem!

- Negativo! O senhor tem dinheiro?

- Não tenho! O que eu tinha era 800 contos de réis mais os outros cangaceiros que estão na casa de Leonídio já pegaram.

- E daqui a 30 dias?

Nesse momento o próprio Manuel respondeu:

- Ai eu tenho!

- Então vou liberar você e se não pagar eu volto e mato todo mundo.

Manuel escapou nessa hora.

O sargento Zé Izídio ficou sabendo do acontecido e intimou Manuel a ir a delegacia. Quando Manuel chegou o sargento o acusou:

- É você que é Mané Juremeira protetor de bandido?

- Sou Mané Juremeira, mais protetor de bandido não! Eu prometi pagar uma quantia para não morrer!

- Então agora você vai ter que vir morar em Glória!

Manuel foi obrigado a vir residir em Glória e nunca pagou a quantia estipulada por Corisco. Tempos depois os cangaceiros acabaram encontrando o tão procurado Pedro Juremeira em uma fazenda chamada Papagaio, em Pernambuco. Pedro estava dentro de uma casa e os cangaceiros o cercaram, prenderam o rapaz, amarraram em um mourão, perfuraram o corpo do rapaz todo com pontas de punhais e foram almoçar na residência. Depois do almoço os cangaceiros retornaram onde estava o corpo e descarregaram as pistolas na cabeça do já falecido jovem.

Otacílio Juremeira.

Depois de três dias da morte de Pedro, o pai de do rapaz, Teodório Juremeira, mandou um recado para uns amigos descerem o corpo de Pedro em uma canoa até Santo Antônio da Glória onde foi enterrado. Quando a família encontrou o corpo já estava apodrecido e tiveram que derramar uma lata de creolina.

Trinta dias depois do sepultamento os cangaceiros mandaram o portador Martim Gabriel, primo de Manuel Juremeira, que residia nas Caraíbas, Brejo do Burgo, com uma carta, cobrando o dinheiro que Manuel prometeu.

- Diga a eles que não mando não! Eu já moro na cidade e se eles quiserem vim aqui incendiar minha casa pode vir!

Depois de três anos o governo armou toda a população de Santo Antônio da Glória. Mané. Otacílio e Ananias pegaram em armas para fazer essa defesa do local.

Quando mataram Lampião a família Juremeira retornou para suas roças no Olho D’água dos Coelhos, porém, na época de Lampião e Corisco, quando eles eram os senhores das caatingas do Raso da Catarina, “Os Juremeiras” sofreram perseguições e mortes.

Paulo Afonso, 16 de outubro de 2017.

João de Sousa Lima

Historiador e Escritor

Membro e Vice-Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso.

Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Material enviado poe e-mail pelo autor para o nosso blog em 16/10/2017. Estou apenas postando para aqueles que não tiveram a oportunidade de lê-lo;

http://blogodmendesemendes.blogspot.com