31 de ago. de 2016

JOÃO MOSSORÓ NO SHOW DO PEDRO AUGUSTO


Amigo José Mendes Pereira:

No próximo domingo (04 de setembro), estarei participando do show do Pedro Augusto na quadra da Beija Flor a partir das 17:00 horas, e no sábado no Cantinho das Concertinas na Cadegue a partir das 11:45,  e logo após os amigos do Alto Minho.


Uma festa portuguesa com certeza.

Um abraço amigão, José Mendes!

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30 de ago. de 2016

“OS VIZINHOS NÃO DEIXAVAM SEUS FILHOS BRINCAREM COM NOSSAS CRIANÇAS”.

Por Geraldo Júnior

Trecho de um depoimento de Sila (Ilda Ribeiro de Sousa) antiga integrante do bando de Lampião e companheira do Cangaceiro Zé Sereno (José Ribeiro Filho) para a Revista JÁ do Jornal Diário Popular (São Paulo/SP) de 10 de agosto de 1997.

A matéria original é complementada por texto do Professor/Historiador Moacir Assunção.

Posteriormente publicarei o restante da reportagem.
Continuem acompanhando.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo O Cangaço)


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ASCRIM/PRESIDENCIA – OFÍCIO Nº 251/2016 – “I FORUM PERMANENTE HISTORIOGRAFIA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-I FOPHPM”.


MOSSORÓ(RN), 29.08.2016

PREZADOS PRESIDENTES DE ACADEMIAS,

PREZADOS DIRIGENTES DE ENTIDADES CULTURAIS,

PREZADOS ASSOCIADOS DA ASCRIM,

PREZADOS POTENCIAIS CANDIDATOS A ASSOCIADO DA ASCRIM

ACUSAMOS, AGRADECEMOS E REGISTRAMOS A DIVULGAÇÃO SOBRE O I FOPHPM, PROMOVIDA PELA RESPEITOSA DEBATEDORA E INTEGRANTE DA COMISSÃO DO FOPHPM, DRA. LUDIMILLA CARVALHO SERAFIM DE OLIVEIRA, QUE RETRANSMITIMOS(ABAIXO), POR SE TRATAR DE ASSUNTO CORRELATO EM PERFEITA SINTONIA COM OS PROPÓSITOS DO FORUM QUE ACONTECERÁ NO DIA 1
º DE SETEMBRO DE 2016.

ACRESCENTAMOS QUE, AOS PARTICIPANTES, SERÁ FORNECIDO CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO NO I FORUM PERMANENTE HISTORIOGRAFIA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-I FOPHPM.

Saudações Ascrimianas,

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO – PRESIDENTE DA ASCRIM –
MILTON MARQUES MEDEIROS – VICE-PRESIDENTE DA ASCRIM 
WILSON BEZERRA DE MOURA – COORDENADOR DA COFOPHPM -

ANEXO: FÔLDER DO I FOPHPM

De: Ludimilla Oliveira <ludimillaoliveira@globo.com>
Enviado: segunda-feira, 29 de agosto de 2016 17:46
Para: ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES ASCRIM
Assunto: Fwd: MATÉRIA SOBRE O FÓRUM

Professora da Ufersa participa Fórum sobre Historiografia de Mossoró
Evento 29 de agosto de 2016. Visualizações: 293. Última modificação: 29/08/2016 15:31:32

Ludimilla Oliveira, professora da Ufersa/Arquivo
Assecom Ufersa


A professora Ludimilla de Oliveira, do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, participa da Comissão do I Fórum Permanente da Historiografia da Origem de Mossoró – FOPHPM, que acontece no próximo dia 01 de setembro, em Mossoró. O Fórum tem como tema “Marco histórico do início do povoamento de Mossoró”.

A professora Ludimilla Oliveira é uma das debatedoras do subtema Visão Geográfica de Henry Koster sobre Mossoró em 1810, juntamente com os professores Benedito Vasconcelos Mendes e Ricardo Lopes. O subtema será explanado pelo professor José Romero Araújo Cardoso. “Aproveitamos para convidar a comunidade acadêmica a participar dessa iniciativa da Associação dos Escritores com um debate importante que resgata um pouco da história de nossa cidade”, afirmou Ludimilla Oliveira. Ainda segundo a professora será um momento proveitoso para se entender a Mossoró de hoje e, principalmente, a Mossoró do futuro.

A iniciativa é da Associação dos Escritores Mossoroense – ASCRM, através do projeto “Quintanas Literárias”, com o objetivo proporcionar o debate dos subtemas: “Marco Zero da origem de Mossoró (visão histórica)” e “Visão Geográfica de Henry Koster sobre Mossoró em 1810”.  Cada subtema partirá da contribuição dos expositores, para provocativamente, os debatedores dialogarem com a mesa e a plateia sobre as questões que darão sustentação às teses apreendidas e construídas durante as exposições.

O evento ocorrerá no auditório da biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, localizada na Praça da Redenção Jornalista D. Jorge Freire – Centro, no horário das 7h30 às 12h, da próxima quinta-feira, 01. O Fórum que é aberto a toda população tem a coordenação do professor Wilson Bezerra de Moura.
---
Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira
Ver CV- LATTES http://lattes.cnpq.br/2217661943948945
" O Senhor é o meu pastor e nada me faltará". (Salmo, 23)
Nossa página na internet. 

-------- Mensagem original --------
Assunto:
MATÉRIA SOBRE O FÓRUM
Data:
29/08/2016 17:23
De:
Ludimilla Oliveira <ludimillaoliveira@globo.com>
Para:
ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES ASCRIM <asescritm@hotmail.com>

Boa tarde!

Encaminho para conhecimento.

Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira
Ver CV- LATTES http://lattes.cnpq.br/2217661943948945
" O Senhor é o meu pastor e nada me faltará". (Salmo, 23)
Nossa página na internet. http://professoraludimilla.wix.com/ludimillaoliveira#

I FORUM PERMANENTE DA HISTORIOGRAFIA DA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-FOPHPM
“MARCO HISTÓRICO DO INÍCIO DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ”.

COMISSÃO

Wilson Bezerra de Moura (Coordenador)
Benedito Vasconcelos Mendes
Elder Heronildes da Silva
Francisco José da Silva Neto
Geraldo Maia do Nascimento
José Romero Araújo Cardoso
Ludimilla Carvalho S. de Oliveira
Milton Marques Medeiros
Ricardo Lopes
Taniamá Vieira da Silva Barreto



APOIO CULTURAL
ACJUS, ACOM, AFLAM, ALAM, AMLA AMLER, AMOL, CASA DO CANTADOR, COMFOLC, FVR, ICOP, MUSEU DO SERTÃO, POEMA, SBEC, FVR.
APOIO INSTITUCIONAL
PMM, TCM, UERN, CEAPE
TRÊS CORAÇÕES/SANTA CLARA
OAB, CDL, ACIM, UFERSA,
C. VEREADORES MOSSORÓ,
12º BPM


“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. (Fernando Pessoa)
ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES - ASCRIM

“PROJETO QUINTANAS LITERÁRIAS DA ASCRIM”



I FORUM PERMANENTE HISTORIOGRAFIA DA ORIGEM E CONTINUIDADE DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ-FOPHPM

TEMA: “MARCO HISTÓRICO DO INÍCIO DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ”.


DATA: 01.09.2016
HORÁRIO: 07:30h às 12:00h
LOCAL: AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE
Endereço: Pça. Da Redenção Jornalista D. Jorge Freire – Centro – Mossoró/RN

APRESENTANDO
O Projeto “Quintanas Literárias da ASCRIM” integra o “CALENDÁRIO LITERÁRIO TRADICIONAL DA ASCRIM”, dele tendo se originado o “Forum Permanente Historiografia da Origem e Continuidade do Povoamento de Mossoró (FOPHPM)”, em reunião do dia 14 de julho de 2016, na Biblioteca Pública Municipal de Mossoró.
O FOPHPM está sob a coordenação do Prof Wilson Bezerra de Moura e tem como primeira atividade socializada ao público externo, afeto às perguntas que dêem respostas ao significado historiográfico da origem e desenvolvimento dos povos de Mossoró, o Evento sobre ““MARCO HISTÓRICO DO INÍCIO DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ” que acontecerá no dia 01 de setembro, no auditório da Faculdade de Enfermagem.
Cada subtema partirá da contribuição dos expositores, para provocativamente, os debatedores dialogarem com a mesa e a plateia sobre as questões que darão sustentação às teses apreendidas e construídas durante as exposições.
Estamos no aguardo da sua participação.

                 A Coordenação
PROGRAMAÇÃO
01 / 09 / 2016
07:00h – Credenciamento dos Participantes
07:30h – Instalação do Evento.
- Presidente da ASCRIM
- Coordenador do FOPHPM

08:00h – Fórum Temático Integrado: ““MARCO HISTÓRICO DO INÍCIO DO POVOAMENTO DE MOSSORÓ”.
SUBTEMAS

I –MARCO ZERO DA ORIGEM DE MOSSORÓ). (visão histórica)
Expositor: Geraldo Maia do Nascimento
Debatedores: Elder Heronildes da Silva, Francisco José da Silva Neto, Milton Marques Medeiros,

II - VISÃO GEOGRÁFICA DE HENRY KOSTER SOBRE MOSSORÓ EM 1810
Expositor: José Romero Araújo Cardoso
Debatedores: Benedito Vasconcelos Mendes, Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira. Ricardo Lopes.


“A maior sabedoria que existe é a de conhecer-se -(Galileu Galilei)  
DIRETORIA EXECUTIVA DA ASCRIM
Gestão 2014 / 2016
-Presidente: FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO.
-Vice-Presidente: MILTON MARQUES MEDEIROS.
-1º Secretário: ANTONIO CLAUDER ALVES ARCANJO.
-Diretor de Comunicação e Relações Diplomáticas: ELDER HERONILDES DA SILVA.
-Diretor de Acervos: ANTONIO FRANCISCO TEIXEIRA DE MELO
-Diretora de Assuntos Artísticos: MARIA GORETTI ALVES DE ARAÚJO
-Diretora de Cerimonial e de Eventos: TANIAMÁ VIEIRA DA SILVA BARRETO



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

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29 de ago. de 2016

CANGAÇO NO PIAUÍ


Para adquiri-lo entre em contato com o autor Paulo Medeiros Gastão através deste e-mail: 
paulomgastao@hotmail.com

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24 de ago. de 2016

PEÇAS DO ARTISTA PLÁSTICO ELSON MESQUITA

Por Benedito Vasconcelos Mendes

O talentoso artista plástico mossoroense Elson Mesquita, que trabalha com sucata de ferro, já fez 4 peças para o Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde, em Mossoró.






https://www.youtube.com/watch?v=eSdhmrbWLNk

Enviado pelo autor

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23 de ago. de 2016

A FORMAÇÃO DO PERFIL INDENITÁRIO DA CIDADE DE MARINGÁ

Por Selson Garutti UEPG

RESUMO

Os estudos sobre cultura popular, sobre as tradições, costumes, crenças, várias formas de artes, entre outras, permitem compreender a formação de um povo, sua história, suas raízes, o comportamento desses e sua identidade. No entanto, para compreender este universo é necessário resgatar o passado que, na maioria das vezes, muitos não dão a devida importância. Tratam, muitas vezes, com menosprezo ou simplesmente acreditam que o que importa mesmo é o futuro. E, consequentemente, esse desaprecio para com fatos memoriais faz com que não se reconheça a identidade de um povo. A história da origem do nome da cidade de Maringá é um exemplo disso. Muitos maringaenses natos não conhecem a história da origem do nome da cidade onde nasceram. No entanto, existem muitas versões, seja na visão dos pioneiros, autores, historiadores ou pessoas comuns. Esse desencontro acontece porque tudo se origina de uma lenda paraibana onde uma jovem cabocla muito bonita, “Maria do Ingá”, retirante da seca do nordeste, deixou saudoso um caboclo apaixonado. Mais tarde a lenda foi contada nos versos da canção “Maringá” do compositor e médico mineiro Joubert de Carvalho. O objetivo deste trabalho foi investigar esta lenda como objeto folkcomunicativo, ou seja, em nível popular, e como ela faz parte da história da cidade como memória no imaginário do maringaense.

Palavras- chave: folclore, Folkcomunicação, lenda Maria do Ingá. 

ABSTRACT

Studies of popular culture, about the traditions, customs, beliefs, various forms of arts, among others, can help understand the formation of a people, its history, its roots, and the behavior of their identity. However, to understand this universe is necessary to redeem the past, which most often many do not give enough importance. Dealing often with disdain or simply believe that what matters is the future. And, therefore, that desaprecio with facts to do with memorials that do not recognize the identity of a people. The story of the origin of the name of the city of Maringá is an example. Many native Maringá not know the story of the origin of the name of the city where they were born. However, there are many versions, is the vision of the pioneers, authors, historians and ordinary people. This mismatch happens because everything comes from a legend where a young Indian woman paraibana very beautiful, "Mary of Inga", migrant northeastern drought, has left a fellow passionate longing. Later legend was told in the verses of the song "Maringa" the composer and doctor miner Joubert de Carvalho. The aim of this study was to investigate how this legend folkcomunicativo object, ie at grassroots level, and how it works in the imagination of maringaensis.

Key-words: folklore, Folkcomunicação, legend Mary of Ingá.

INTRODUÇÃO

Os estudos que abordam temas da cultura popular, folclore e Folkcomunicação estão cada vez mais em evidência nos debates de Comunicação Social, porque permitem ultrapassar as fronteiras de observação jornalística e mergulhar em universos onde são, muitas vezes, tratados como marginalizados. No entanto, assuntos desta natureza revelam os costumes, tradições, educação, religião, valores e, principalmente, a identidade de um povo que marcarão a trajetória em sociedade deste. A riqueza cultural que estas características proporcionam varia de região para região, onde cada povo tem a sua. Desta forma, a personalidade de cada indivíduo é moldada pela cultura local presente, por meio dos costumes, lendas, festas populares, músicas, comidas, crendices próprias entre outros.

O presente texto trata especificamente, sobre a lenda paraibana Maria do Ingá, na qual se tornou a base de uma música de bastante sucesso, do compositor e médico mineiro Joubert de Carvalho, “Maringá”, entre as décadas de 1930 e 1940. Mais tarde, o nome desta música virou também o nome da cidade de Maringá. No entanto, se faz necessário clarificar que a música de Joubert de Carvalho baseada na lenda paraibana não foi composta para dar nome à cidade. Esta lenda foi usada como artifício tanto da parte do compositor, como da parte da Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, na qual se utilizaram deste objeto folclórico para atender seus próprios interesses.

Este tema foi escolhido porque, além de ainda não ter sido estudado no mesmo ponto de vista que esta pesquisa propõe que é entender o que é e como se constitui uma lenda na perspectiva da Folkcomunicação, é um assunto que poucos maringaenses conhecem de fato. A cidade de Maringá foi fundada oficialmente no dia 10 de maio de 1947, tem 64 anos. Esta é uma idade considerada jovem, se for comparar com outras cidades que tem quase a mesma idade do no Brasil, isto é, cidades centenárias. Talvez isso influencie o pouco conhecimento da comunidade maringaense sobre a história da sua cidade.

Existem poucos documentos ou livros que narram a origem do nome de Maringá. O que se encontra bastante são bibliografias contando sobre o desbravamento da cidade, a chegada dos pioneiros, sobre a economia do café, entre outros assuntos. No entanto, existe uma carência significativa de materiais que revelam a origem do nome da cidade de Maringá.

Isso acontece porque a base do nome da cidade é uma lenda, da cabocla paraibana Maria do Ingá, retirante da seca nordestina que deixou em sua terra um caboclo apaixonado. E lendas são frutos do imaginário das pessoas, que passa de pessoa para pessoa, de geração em geração. E esta característica da oralidade coletiva, de acordo com Benjamin (2010) faz com que ocorram aumentos, deformações, interpretações e reinterpretações.

Neste contexto, a questão que norteia esta pesquisa é como a lenda Maria do Ingá faz parte da história da cidade como memória no imaginário do maringaense. Esta abordagem é fundamental para compreender os principais aspectos da lenda Maria do Ingá, que é o objeto dessa pesquisa.


A história da origem do nome da cidade de Maringá é um tanto curiosa e se diferencia bastante do comum. Geralmente, os nomes das cidades brasileiras se derivam de denominações indígenas, santos católicos, do nome do fundador, entre outros. No caso da cidade de Maringá, existem algumas versões sobre a origem do seu nome. A versão mais popular, segundo Hilário (1997), dá conta que a origem do nome “Maringá” vem de uma lenda paraibana, da cabocla Maria do Ingá, uma moça muito bonita, retirante da seca nordestina que deixou saudoso um jovem apaixonado e despertava muitas paixões por onde passava. De acordo com Sanches (2002) mais tarde a lenda foi inspiração para a música “Maringá”, que fez bastante sucesso a partir do ano de 1932, do médico e compositor mineiro Joubert de Carvalho.

No entanto, existem pelo menos mais outras duas possibilidades sobre a origem do nome de Maringá. Uma delas, de acordo com algumas pessoas da comunidade maringaense que não estão envolvidas diretamente com esta pesquisa, parte dos pioneiros chamados “colonizadores”, aqueles mais antigos que chegaram por aqui no final da década de 1930. Dão conta estes, que antes da cidade ter este nome já havia este nome para o Ribeirão Maringá, a água Maringá. Então, este nome antecederia o nome da cidade. Ainda este ribeirão também teria este nome em função da canção Maringá de Joubert de Carvalho.

Outra versão sobre a origem do nome de Maringá, segundo Luz (1997), é quando a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná estabelece um ponto no mapa criado por ela em 1938 com o nome “Maringá”. De acordo com a autora, é nesta época que a Companhia começa as primeiras vendas de porções de terras na região onde é hoje a cidade de Maringá.

Para apurar a história exata da origem do nome da cidade é difícil porque existem poucos documentos ou livros que contam isso. As versões contadas se veiculam na maioria por meio da oralidade. A letra da música de Joubert de Carvalho, “Maringá”, é considerada o documento oficial sobre isso e mais alguns livros de pioneiros da cidade.

As versões que se baseiam na lenda paraibana da cabocla Maria do Ingá, também se diferenciam uma da outra, mas a maioria testifica que o nome veio da lenda de uma moça muito bonita. Isso caracteriza a história como objeto folclórico, pois no que se refere às lendas não se pode afirmar a origem e a veracidade. De acordo com Cascudo (1978), a lenda é objeto do folclore, uma narrativa popular fruto da imaginação de quem a criou e que passa de geração para geração, onde um povo, por meio de suas lendas, conta a sua história. O autor afirma que o folclore afasta da contemporaneidade; falta-lhe tempo, ou seja, vem sendo contado ou vivido através dos tempos. Para Brandão (2006), o folclore é sempre uma fala, é uma linguagem que o uso torna coletiva, não existe autor porque é uma construção social. Todas essas características cabem na definição do que é uma lenda.

A data oficial de fundação da cidade de Maringá é o dia 10 de maio de 1947, mas essa idade comemorativa partiu da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná que loteou várias cidades da região norte do estado. De acordo com Luz (1997), começaram as vendas de lotes que corresponde hoje ao que é Maringá, no ano de 1938. O nome da cidade foi escolhido em 1941 e somente seis anos depois, em 1947, é que a Companhia funda oficialmente a nova cidade.

Reza a lenda, segundo Arruda e Bertola (1998), Guercio (1972), Hilário (1995, 1997) e Sanches (2002), que o nome da cidade foi inspirado em uma lenda nordestina na qual uma cabocla paraibana, retirante da seca, mas dotada de muita beleza, que era natural de uma região no agreste paraibano e despertava muitas paixões por onde passava. Ela é conhecida por Maria do Ingá, que vem da sua cidade natal.

De acordo com Cardoso, a lenda conta que:

Após uma seca que antecedeu a de 1877-79, provavelmente a de 1848, a formosa cabocla migrou para a cidade de Pombal, situada além do planalto da Borborema, na confluência dos rios Piranhas e Piancó. A beleza da jovem despertou paixões desenfreadas em um caboclo, do qual a tradição oral não ousou declinar o nome para que a bela Maria do Ingá protagonizasse carinhosamente a mais comovente estória sertaneja. Na malfadada seca de 1877, ela toma novos caminhos pelas veredas do sertão e procura novas paragens a fim de continuar o desfile de sua beleza através das trilhas adustas das caatingas ressequidas, mas felizes por poderem contemplar o semblante magistral da cabocla (CARDOSO, 2010).

O médico mineiro Joubert de Carvalho foi o grande responsável por tornar a lenda Maria do Ingá conhecida nacionalmente, quando, no ano de 1931 escreveu a música “Maringá”. O compositor tornou possível transformar uma cidade em canção (Ingá – PB) para uma canção em cidade (Maringá - PR). Este trocadilho faz sentido porque é comum cidades emprestarem seus nomes a canções. No entanto, um pouco mais complicado uma canção inspirar o nome de uma cidade (ACERVO DA DIVISÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MARINGÁ, 2009).

A revista Tradição (1989, p. 10) relata que, certo dia, Joubert de Carvalho se encontrou com o secretário de José Américo de Almeida, Ministro da Viação e Obras Públicas do governo provisório de Getúlio Vargas (1930 - 1934), Jaime Távora, que o convidou para ir à casa de uma amiga, pois lá estariam o Ministro e alguns amigos, fazendo-o entender que José Almeida gostaria de conhecê-lo, pois gostava das suas músicas, quando, na época, já fazia muito sucesso. Joubert de Carvalho não aceitou o convite, dizendo, em tom de brincadeira, que se o Ministro gostava tanto assim da sua música que fosse ele mesmo à sua casa. Naquela mesma noite Jaime Távora surpreendeu Joubert de Carvalho com um telefonema perguntando se o Ministro poderia ir à sua casa. E o ministro foi mesmo, levando consigo alguns amigos, entre eles, o seu oficial de gabinete Rui Carneiro.

A revista Tradição (1989) relata ainda que Joubert de Carvalho tornou-se freqüentador do gabinete de José Almeida e isso fez com que tivesse vontade de conquistar um emprego como médico no Instituto dos Marítimos. No entanto, estava inseguro e comentou com Rui Carneiro que lhe sugeriu fazer uma música falando da seca no nordeste, terra do Ministro, que era da Paraíba. Joubert de Carvalho aceitou a sugestão e, segundo Cardoso (2009), Rui Carneiro lhe descreveu a lenda que o povo da sua terra contava por todos os lados desde o marcante final da década de 1970 do século XIX. Arruda e Bertola (1998) acrescentam que o assunto era manchete em todos os jornais da época. Conforme a revista Tradição (1989, p.10), Joubert de Carvalho ia buscando inspiração para sua nova composição, como se percebe nos relatos a seguir:

Enquanto Rui falava, Joubert ia se inspirando em imagens da seca:

-             Vi perfeitamente o drama da cabocla saindo naquela leva, deixando o caboclo. Era uma Maria. Falei com Rui:

-             Diga-me uma coisa: onde é que nasceu o ministro José Américo?

-             Nasceu em Areias.

Joubert achou que Areias não dava boa rima. Voltou-se para Rui:

-             E você, onde nasceu?

-             Nasci em Pombal.

-             E onde a seca foi mais rigorosa?

Rui citou vários lugares, entre eles o município de Ingá. Joubert disse:

-             Então é a Maria do Ingá.

Em seguida, ali mesmo, na presença de Rui Carneiro, a música foi feita(ACERVO DA DIVISÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MARINGÁ, 2009).

A partir deste relato, percebe-se que, na lenda, originalmente, a personagem principal não tem nome, ela era apenas tratada como uma cabocla, e também a sua cidade natal não é revelada, apenas a região, no agreste paraibano. Quem lhe deu o nome de “Maria” foi Joubert de Carvalho, o termo “do Ingá” vem da cidade na qual o compositor, no momento da criação da música, achou que caía bem para a história. Arruda e Bertola (1998) afirmam que, de início, Maria do Ingá não soava bem musicalmente, e se surpreendeu quando notou que a contração 'Maringá' era mais adequada para a música. Guercio (1972) explica que a modificação do título proporcionou melodia mais suave para a “menina Maringá”. A letra da música é bem característica, com versos poéticos e nostálgicos, a música tem melodia suave e isso é marca de Joubert de Carvalho que fez sucesso entre os imigrantes nordestinos que colonizavam a nova cidade. A composição da letra, que tem no título o nome da cidade de “Maringá”, é a seguinte:

Foi numa leva/ que a cabocla Maringá/ ficou sendo a retirante/ que mais dava o que falar/. E junto dela/ veio alguém que suplicou/ pra que nunca se esquecesse/ de um caboclo que ficou/. Maringá, Maringá,/ depois que tu partiste/ tudo aqui ficou tão triste/ que eu garrei a imaginar/. Maringá, Maringá,/ para haver felicidade/ é preciso que a saudade/ vá bater noutro lugar./ Maringá, Maringá,/ volta aqui pro meu sertão/ pra de novo o coração/ de um caboclo assossegar./ Antigamente uma alegria sem igual/ dominava aquela gente/ da cidade de Pombal./ Mas veio a seca,/ toda chuva foi-se embora/ só restando então as água/ dos meus olhos quando choro// (SANCHES, 2002, p. 18).

De acordo com a revista Tradição (1989), a música foi gravada no ano de 1932 por Gastão Formenti e logo se tornou um grande sucesso. A intenção de Joubert de Carvalho de compor a música era para agradar o Ministro, pois tinha em vista um emprego como médico no Instituto dos Marítimos. E deu certo, no ano seguinte, 1933, ele foi nomeado médico do Instituto dos Marítimos, onde fez sua carreira na área da medicina. A revista Tradição (1989, p. 10) relata que “foi chefe de clínica médica, chefe dos ambulatórios, chefe das relações públicas, até chegar diretor do hospital. Depois se aposentou pelo Instituto”.

A canção marcou época no Brasil e também na carreira de Joubert de Carvalho. No entanto,vale ressaltar que a música não foi composta, especialmente, para dar o nome à cidade. Joubert de Carvalho a compôs no ano de 1931, e segundo Sanches (2002) somente no ano de 1947 que nasceu, oficialmente, o nome da cidade.

De acordo com Guercio (1972), a canção “Maringá” era cantada em todos os pontos do território nacional, principalmente pelos caboclos nordestinos enquanto derrubavam as matas que dariam lugar à nova cidade que ainda não tinha nome. Guercio (1972) afirma ainda que os imigrantes nordestinos eram fascinados pela música e pelos encantamentos da nova terra e, desta forma, elegeram o nome da cidade que nascia. No Acervo do Patrimônio Histórico e Artístico e Maringá, consta:

Homens vestidos de fibra de modernos bandeirantes penetravam o sertão norte-paranaense, derrubando matas, afastando troncos e planejando cidades. Corria a década de 1940/50. Descortinava-se uma nova civilização no miôlo da selva bruta. Caboclos em sua maioria vindos do Norte e Nordeste, enquanto derrubavam as perobeiras e arrastavam cadáveres de árvores seculares, cantavam, com a saudade sintonizada em sua terra longínqua e seca, os versos de Joubert (ACERVO DA DIVISÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MARINGÁ, 2010).

Diante disso, a revista Tradição (1989, p. 29) destaca como aconteceu a escolha do nome da cidade “na época em que a Cia Melhoramentos abriam a floresta aqui para a fundação de uma nova cidade, os peões cantavam muito a canção de Joubert. A esposa de um dos diretores da Companhia fascinou-se com a música e propôs que a cidade recebesse o nome de 'Maringá', isto no início dos anos 40”.

Neste sentido, Sanches (2002) completa, com mais detalhes, o que ocorreu no momento da escolha do nome da cidade:

Foi nesta época que se reuniram os diretores da Companhia de Terras Norte do Paraná, hoje Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, numa barraca coberta de lona, para escolher o nome que seria dado à nova cidade. Elizabeth Thomas, esposa do Presidente da Companhia, Henry Thomas, lembrou: ‘porque não damos o nome da mais bela canção brasileira, Maringá?’ A sugestão foi acolhida com palmas. E em 10 de maio de 1947 nasceu oficialmente Maringá (SANCHES, 2002, p.16).

Neste mesmo sentido, Hilário (1995) também afirma que o crédito à escolha do nome Maringá é de D. Elisabeth Thomas. O autor relata que “consta que Elisabeth, ouvindo os peões nordestinos cantarem a referida melodia, sugeriu a denominação em homenagem àqueles desbravadores. A sugestão teria aprovação da diretoria da colonizadora e assim, com o nome Maringá, foi batizada a cidade” (HILÁRIO, 1995, p.307 e 308).

Por outro lado, Luz (1997) observa que quase uma década antes do ocorrido citado no parágrafo anterior, no ano de 1938 já existia a gleba Patrimônio Maringá onde a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, já vendia lotes, ou seja, nas palavras da autora antes dos diretores da Companhia definir oficialmente qual o nome da cidade já existia um ponto que levava o nome de Maringá no mapa da Companhia

Quanto à gleba Patrimônio Maringá, que circunda o núcleo urbano principal, teve suas vendas iniciadas ainda em 1938; contudo, somente no ano do lançamento da pedra fundamental da cidade de Maringá, em 1947, e no seguinte, as vendas se avolumaram, perfazendo nesses dois anos um total de 357 lotes vendidos [...]. Desde 1938 a colonizadora vendia lotes nas glebas que circundariam Maringá. Conforme os livros de registros de vendas, até 1942 a Companhia já efetuara 496 transações imobiliárias, representando 12,2% das propriedades rurais da área que posteriormente corresponderia ao Município de Maringá (LUZ, 1997, p. 57 e 60).

A partir deste relato, percebe-se que existe um conflito de informações quanto à origem do nome da cidade, talvez isso aconteça porque muitos autores não se preocupam em realizar uma pesquisa mais profunda, analisando documentos para escrever os livros que contam a história da cidade. No entanto, como a música foi composta no ano de 1931 e mais tarde, 1938, há indícios a partir do trecho citado no parágrafo anterior, que já existia o nome de Maringá para a região que é hoje a cidade, isso indica que o nome já definido pode ser também em virtude da música de Joubert de Carvalho.

Guercio (1972, p. 16) explica que a personagem “Maria do Ingá”, na qual aparece na música de Joubert de Carvalho virou Maringá, é um “símbolo para homenagear todas as retirantes nordestinas que partiram para bem longe, deixando inconsolável o coração de seus amados que a dor imensa da saudade não deixava sossegar”.

A letra da música, na época, fazia sentido com a história que os caboclos pioneiros estavam construindo e com a história que tinham deixado para trás. Guercio (1972, p. 16) explica que no primeiro trecho da música “foi numa leva que a cabocla...” a frase tinha a ver com o modo de se referir aos nordestinos retirantes. “Era comum dizer-se – e isso ainda é usado até hoje – que as caravanas dos nossos infelizes e desiludidos irmãos do nordeste brasileiro compunham ‘levas de retirantes’ que demandavam os rumos do sul, fugindo à inclemência das secas terríveis”.

Levando em conta que não foram só homens retirantes da seca nordestina, mas, igualmente mulheres, no último trecho “(...) mas veio a seca, toda chuva foi-se embora só restando então as água dos meus olhos quando chora (...)”, de acordo com Guercio (1972, p. 16), faz alusão às caboclas catingueiras representadas por Maria do Ingá. “Partiram [de suas terras nordestinas] sem olhar para trás [...] calafetaram os ouvidos para não escutar o cântico das sereias e não saltarem dos ‘paus-de-arara’, voltando a correr para sossegar o coração do caboclo que ficou [...]”.

Vale destacar que, em Maringá, existe uma rua importante na cidade que leva o nome de Joubert de Carvalho. De acordo com a revista Tradição (1989, p. 28), a rua ganhou este nome há mais de 50 anos, exatamente no dia 21 de abril de 1959, onde era a antiga Rua Bandeirantes. Segundo a revista, a ideia de dar o nome do compositor a uma rua partiu do jornalista Antônio Augusto de Assis, mais conhecido como A. A. de Assis, num artigo publicado pela revista “NP” [Norte do Paraná], em setembro de 1958. A idéia ganhou apoio de outros jornalistas, como Manuel Tavares de “A tribuna do Paraná” e Ivens Lagoano Pacheco de “O jornal de Maringá”. Alceu Haure, que era vereador na época, fez o projeto que foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito da época Américo Dias Ferraz.

Está descrito ainda na revista Tradição (1989) como foi a chegada de Joubert de Carvalho para a inauguração da rua que leva o seu nome:

No dia 20 de abril de 1959 Joubert de Carvalho desembarcou em Maringá, juntamente com familiares e um grupo de amigos que lotaram um avião da Vasp. Entre os amigos, o escritor R. Magalhães Júnior e o poeta Jansen Filho. Todas as autoridades locais e o grande público estavam no aeroporto, acompanhando o compositor até o Grande Hotel (hoje Hotel Bandeirantes) (TRADIÇÃO, 1989, p. 28).

Tradição (1989) destaca ainda que o compositor veio outras vezes à Maringá e por aqui fez amigos em especial o jornalista A. A. de Assis e Aristeu Brandespin, dono da revista NP, na qual A. A. Assis trabalhava. E se percebe no trecho a seguir, a intimidade desta amizade:

No início de 1972, A. A. Assis e Aristeu Brandespin visitaram Joubert em seu apartamento em Copacabana e viram na estante do compositor um busto dele, esculpido por um artista amigo com intenção de que o busto fosse instalado em Uberaba, terra natal do grande mestre. (…) A muito custo Assis e Brandespin convenceram-no a permitir a vinda do busto para Maringá, alegando que aqui a homenagem seria mais significativa, uma vez que a cidade estava ligada a ele, espiritualmente. O prefeito da época, Adriano Valente, entusiasmou-se coma idéia e tomou todas as providências necessárias. E em setembro de 1972 Joubert veio mais uma vez a Maringá para a inauguração do busto na rua que tem o seu nome, no trecho em que atravessa a Praça Raposo Tavares (TRADIÇÃO, 1989, p. 28 - 29).

O busto de Joubert de Carvalho ainda está no mesmo lugar aonde foi inaugurado, na Praça Raposo Tavares, onde hoje é bastante movimentada por pessoas comuns. No entanto, poucas sabem sequer quem é o homenageado e qual a sua importância na história da cidade. Isso, talvez, prova a falta de informação e de interesse da comunidade em saber a história da cidade em que vivem.


Neste momento, o que se pretende é contextualizar a lenda Maria do Ingá no contexto da Folkcomunicação. Para tanto, é necessário compreender primeiramente o que é uma lenda e como ela se constitui. De acordo com Cascudo (1978), a lenda é objeto do folclore, uma narrativa popular, fruto da imaginação de quem a criou e que passa de geração para geração, onde um povo, por meio das suas lendas, conta a sua história. O autor afirma que o folclore afasta da contemporaneidade; falta-lhe tempo, ou seja, vem sendo contado ou vivido por meio dos tempos. Para Brandão (2006), o folclore é sempre uma fala, uma linguagem que o uso torna coletiva.
Em lendas, seu personagem principal pode ser uma pessoa, seres sobrenaturais, e outros elementos, pois para a imaginação não há limites, e como todo tipo de folclore é pessoal. Isso significa, que o criador é anônimo, não existe registro do autor e data, também não pode ser comprovada cientificamente, no entanto, “a sua reprodução ao longo do tempo tende a ser coletivizada, e a autoria cai no chamado ‘domínio público’” (BRANDÃO, 2006, p. 34).

No caso específico da lenda Maria do Ingá, a personagem é uma pessoa, uma moça muito bonita, de acordo com Arruda e Bertola (1998), Guercio (1972), Hilário (1995, 1997) e Sanches (2002). Não há registro do autor da lenda, como é característico dos elementos folclóricos. Existe apenas a identificação da cidade de onde a cabocla saiu, Ingá, no estado da Paraíba. Já no caso da música “Maringá”, de Joubert de Carvalho, existe o registro do compositor, data e até na letra informações como a contextualização da época, condições climáticas da região especificada, o Nordeste. Brandão (2006, p. 34), explica que as músicas eruditas e populares “eternizam o nome de seus autores e o que ‘todo mundo canta’ é de alguém que ‘todo mundo sabe’”. O autor explica que, “[...] ainda que durante algum tempo os autores possam ser conhecidos [...] como o tempo e a memória oral, que é o caminho por onde flui o saber do folclore, esqueceu teorias modificou elementos de origens e retraduziu tudo com um conhecimento coletivo popular” (BRANDÃO, 2006, p. 34).

Um fato interessante na lenda Maria do Ingá é que a sua origem é de muito longe da cidade de Maringá. Vem do nordeste brasileiro onde aqui ganhou popularidade por meio de seus imigrantes que ajudaram a construir a nova cidade que surgia na época, e até a inspiração para o nome da mesma. Isso aconteceu devido ao fato da música ter se destacado em território nacional, além de já ter virado um produto comercial. De acordo com Guercio (1972), na época em que os imigrantes nordestinos derrubavam as matas para construir a nova cidade, a música “Maringá” já era cantada em todo território nacional. Brandão (2006, p. 45, 46) explica que um objeto folclórico passa de “boca em boca, de mão em mão” por ser, consensualmente, aceito pela coletividade, e determinados tipos de produto cultural interessa a indústria por seu valor comercial.

A lenda Maria do Ingá se relaciona com a Folkcomunicação, especialmente, por ser um objeto do folclore e, por isso, também da própria teoria. Por meio desta lenda, que teve sua origem numa classe popular, entre os sertanejos nordestinos, houve uma interação com a classe média, pois Joubert de Carvalho foi um letrado médico, e com a comunicação de massa, quando a lenda foi contada nos versos da música “Maringá”, sendo gravada e ganhando espaço em várias mídias como rádio, televisão, jornais e revistas.

A lenda serve de veículo informativo da classe popular, para a classe erudita e, finalmente, para os meios de comunicação de massa. Por meio da lenda e de versos da música é possível saber como viviam os sertanejos castigados pela seca “(...) mas veio a seca, toda chuva foi-se embora (...)”. Esta é uma característica dinâmica à qual Megale (2003) afirma que por meio da oralidade é possível saber, entre outras coisas, como viviam os antepassados.

Outro fato interessante da lenda é como a cabocla Maria do Ingá deixa a música e começa a fazer parte do imaginário de muitas pessoas da comunidade que acreditam que a figura fictícia da música e da lenda realmente existiu. Lopes (1990, p. 55) afirma que as manifestações da cultura popular e do folclore, são determinadas não pela sua origem, e sim, por suas práticas.
Teoricamente é difícil afirmar quando a intersecção do imaginário com o real acontece, em que momento da história a personagem adquire ares de realidade dentro da cabeça das pessoas que acreditam que Maria do Ingá de fato existiu. Talvez a parte poética e lírica da lenda e da música seja a fronteira do imaginário com o real. Isso porque é difícil de as pessoas aceitarem que alguém, Joubert de Carvalho, criasse uma música baseada numa lenda. Quando existe a interpenetração do imaginário com o real, as ações dos indivíduos acabam se pautando em cima da crença que as cercam.

A personagem da lenda, a cabocla Maria do Ingá, de fato não existiu. Mas existiu e existe dentro da cabeça de muitas pessoas, é uma existência imaginária. E este tipo de existência é a parte mais importante da epopéia que envolve a história da origem do nome da cidade.

Assim, pode-se entender como a lenda Maria do Ingá funciona como parte do folclore e Folkcomunicação. Desta forma foi possível entender que qualquer manifestação da cultura popular não serve apenas para contar histórias, seu sentido é mais amplo e profundo, pois abrange a cultura e identidade de um povo, formas e veículos de comunicação destes, e como tudo isso pode influenciar a vida e a história de quem está direta ou indiretamente ligada a tudo isso. A lenda Maria do Ingá está inserida indiretamente na história e no nome da cidade de Maringá. Pesquisar a origem da lenda e da música permitiu entender que, por meio deste intercâmbio de informações existe a própria história de um povo e não apenas a sobrevivência do passado.


O objetivo deste estudo foi descrever como a lenda Maria do Ingá faz parte da história da cidade de Maringá como memória no imaginário do maringaense, uma vez que a lenda se caracteriza como objeto do folclore, em consequência disso, torna-se um meio folkcomunicativo.

A pesquisa deste tema permitiu aprofundar o conhecimento em Folkcomunicação e folclore, áreas que são, muitas vezes, consideradas marginalizadas. Isso porque, além de tudo se originar de uma lenda que não faz parte do contexto local, o fato de se basear num objeto folclórico, muitos consideram que por esta razão não tem importância nas suas vidas.

De fato, conhecer a origem do nome da cidade em que se vive, pode não mudar a vida de ninguém, mas levar uma questão como esta em consideração, permite que um povo crie identidade ou um vínculo com o lugar onde se vive.

REFERÊNCIAS

ACERVO DA DIVISÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MARINGÁ. Arquivo de Joubert de Carvalho, 2010.
ARRUDA, Cássia M. e BERTOLA, Roberto. Maringá - esta história é nossa. Maringá: gráfica Farroupilha Ltda., 1998.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 2006.
CARDOSO, José Romero Araújo. Matéria. Disponível em: <http://lucionobrega.vilabol.uol.com.br/maringa.html>.  Acesso em 26 fev. 2010.
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. 2º ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.
DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto de pesquisa.  MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.
FERREIRA, Aurélio de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.
GUERCIO, Ludovico Del. Maringá Ilustrada. Edição comemorativa do jubileu de prata. Maringá, p. 16-17, mai. 1972. 
HILÁRIO, José. Maria do Ingá: amargo sabor de mel na colonização do Paraná. Maringá: Ideal, 1995.
____________. Maringá: jubileu de ouro. Maringá: Marketing, 1997.
LOPES, Maria Immacolata Vassalo. Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 1990.
LUZ, France. O fenômeno urbano numa zona pioneira: Maringá. Maringá: A Prefeitura, 1997.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Diálogos midiológicos: comunicação e mediações culturais. Disponível em:
MEGALE, Nilza Botelho. Folclore brasileiro. Petrópolis: Vozes, 4º ed. 2003.
MINAYO, Maria Cecília de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4ª ed. São Paulo: Abrasco-Hucitec, 1996.
SANCHES, Antenor. Maringá: sua história e sua gente. Maringá: Massoni, 2002.
TRADIÇÃO. Maringá 42 anos. Tradição Publicações LTDA. Ano 9, nº 91, 1989.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com