31 de dez. de 2016

DOCUMENTÁRIO PAIXÃO E GUERRA NO SERTÃO DE CANUDOS

https://www.youtube.com/watch?v=D4JutHnMj7w&feature=youtu.be

Paixão e Guerra no Sertão de Canudos [Documentário /1993 - Narração: José Wilker]

"Documentário produzido ao longo de 3 anos, "Paixão e Guerra no Sertão de Canudos" de Antônio Olavo conta a epopeia sertaneja de Canudos. No percurso de 180 cidades e povoados de Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia, o vídeo reúne raros depoimentos de parentes de Antônio Conselheiro, contemporâneos da guerra, filhos de líderes guerrilheiros, historiadores, religiosos e militares."

Narração: José Wilker
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"Andanças de Conselheiro (feat. Dercio Marque)" por Fábio Paes ()

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30 de dez. de 2016

DO DIÁRIO DE UM SERTÃO

*Rangel Alves da Costa

POÇO REDONDO, SERTÃO SERGIPANO DO SÃO FRANCISCO, SITUADO NO POLÍGONO DAS SECAS, NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO NORDESTE, CARACTERIZADO PELA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA NORDESTINA, COM PREDOMINÂNCIA DE CACTÁCEAS. AS ESTIAGENS, COM SECAS PROLONGADAS, PERDURAM POR ANOS SEGUIDOS.


Estrada de asfalto nas rodovias e principais áreas de acesso. Estrada de chão poeirento e espinhento nos demais interiores e ao redor das povoações. Veredas que se alongam em meio ao que restou da mataria. Mas tudo como um campo aberto pelo desmatamento e morte das plantas pela ausência de chuvas.

O sol começa a afoguear já nas primeiras horas do dia. As noites já não são tão refrescantes como noutros tempos. Ao aproximar-se o meio-dia então tudo se transforma em fornalha. No céu sem nuvens, apenas o clarão que desce em quentura e desolação. De canto a outro e nunca se avista uma formação chuvosa.

Casebres e casinholas de beira de estrada e mais adentro, tudo parece abandonado. Casa fechadas ou de porta batendo sem aparecer vivalma. Mas os moradores continuam nos mesmos lugares onde estiveram, só que agora sem o ânimo para aparecer na janela ou caminhar fazendo uma coisa e outra pelos arredores ou na malhada.

São poucos, mas ainda são avistados os bichos próprios desse sertão. Ali e acolá andeja uma vaquinha magra, ossuda, tropeçando no próprio passo. Mais adiante um cachorro magro deitado a pouca sombra de um umbuzeiro. Jegue, cavalo, burro, tudo num só sofrimento pela falta do pão da terra e da fonte. Não há mais água e nem capim.

Comer o que? O que o bicho vai comer ou beber? Eis o santo sacrifício de tudo. Menino passa fome, mulher passa fome, velho passa fome, mas com o bicho é diferente. Assim diz o sertanejo. E por isso seu sofrimento quando já não há palma, não há resto de folha, não há qualquer broto no chão.

Da porta adentro uma tristeza só. Nada sobre o fogão de lenha. Num canto uma menina bonita brincando com uma velha boneca sem braços. Noutro canto um menino bonito brincando com ponta de vaca. Mas como conseguem brincar e até sorrir diante uma situação dessas?

Passa um calango correndo. Tem que correr para não acabar assado no fogo de chão. Não há caça nem fruta do mato. Desde muito que o preá deixou de correr pelos arredores e não há mais codorna ou nambu. A mata sertaneja já não existe. E onde não existe mata não pode existir caça, passarinho, avoante ou qualquer ser que faça ninho ou pouse no pé de pau.

Ante a seca devastadora, já não se consegue avistar plantas nativas nem aquelas que suportam as estiagens mais prolongadas. As catingueiras são magras, definhadas, acinzentadas e desnudas.

As cactáceas como o mandacaru, o xiquexique, a palma, o facheiro e a jurubeba, mesmo sendo adaptadas aos climas mais áridos e secos, já não suportam a força do sol e a queimação do calor. Igualmente a demais vegetação, também vão morrendo aos poucos.

Mas o sertanejo é o mesmo. E continua mais forte. Não haveria que se pensar diferente quando o sofrimento é tão grande e devastador e ele continua adiante da porta, no meio do tempo e debaixo do sol, tentando avistar nuvem de chuva, sonhando com pingo d’água, fazendo planos para o futuro.

Mas em Poço Redondo já são quatro anos de seca. Oito dias sem um pingo d’água na torneira. E agora sem água mineral pra vender. Só restam as bolhas de suor da luta. E quando acabar o suor?

Escritor
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29 de dez. de 2016

DAVID JURUBEBA UM HERÓI NAZARENO

Por Jose Irari

Livro que demonstra a força e valentia dos Nazarenos. São boas memórias descritas pelo valoroso Davi Jurubeba.  


O próprio Lampião muitas vezes afirmou que os Nazarenos eram inimigos destemidos. Fica a dica de leitura. 


Se você tem interesse de adquirir esta obra entre em contato com o professor Francisco Pereira Lima, ou através do seu e-mail: 
franpelima@bol.com.br

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28 de dez. de 2016

MEMÓRIA GUARDADA EM RETALHOS

*Rangel Alves da Costa

O descuido provoca a destruição, não há como discordar de tal assertiva. Do mesmo modo, o desconhecimento da importância de coisas, relíquias e objetos, acaba com a desvalorização dos mesmos. Por consequência, aquilo que mais tarde poderia servir como boa recordação tem sumiço antes que se torne saudade.

Tais afirmações se voltam para uma perspectiva de sertão, de uma terra de inigualável riqueza histórica, mas cuja população parece não se dar conta de que sua vida e da vida familiar, bem como da própria feição sertaneja, pode ser guardada para as futuras gerações através da preservação de pequenas coisas. Simples objetos pessoais ou de uso familiar, bem como retratos, móveis e utensílios de uso cotidiano, mais tarde poderão servir para retratar um tempo passado.

A voracidade do tempo e os modismos vão apagando tudo numa rapidez quase sempre indesejada. Nada mais tem tempo de ficar velho, de ser colocado num canto após tanto uso, pois nada mais dura além do tempo de surgimento do novo. É o próprio espelho social que reflete o chamado aos modismos, a tudo que surge como novidade. O apelo é tanto que a maioria das pessoas, por vergonha ou vaidade, dá tudo de si para ter o que está sendo usado na novela televisiva.

Tal enxurrada modista, contudo, é de recente surgimento. Ao menos no sertão sergipano. Até os anos 80 ainda se valorizava o jeito próprio de ser e havia um cuidado especial – de amor mesmo – com cada objeto que guarnecia o lar da família. O apego era tanto que somente pela inevitabilidade do desgaste, coisas e objetos eram trocados por novidades. Mesmo assim não se jogava ao lixo aquilo que havia feito parte de gerações. Sempre havia um cantinho na casa para abrigar as relíquias.

Para uma ideia clara do que vem acontecendo, basta citar uma velha calça como exemplo. Não faz muito tempo que as roupas de uso, principalmente aquelas usadas nos ofícios do dia a dia, eram cuidadas com carinho todo especial. Desgastadas, velhinhas, quase sem cor, mas ainda assim sempre lavadas, passadas a ferro, cuidadosamente dobradas. E mais: remendadas todas as vezes que surgisse um buraquinho no tecido. Hoje em dia, antes mesmo que ela desbote logo vem o filho ou a filha para jogar no lixo. E coloca no seu lugar uma nova, de marca.


Outro exemplo. São raras as residências onde os armários e baús ainda guardam as recordações familiares. Costumei frequentar as casas sertanejas e sempre encontrava não só retratos de avôs, avós, pais e mães, de gerações inteiras, belamente emoldurados nas varandas, salas e quartos. Não só retratos de pessoas como figuras de santos, oratórios, jarros com flores de plástico, porta-retratos por cima de móveis de madeira envernizadas pelo tempo, até mesmo baús e pilões dos tempos da escravidão.

Hoje em dia é muito difícil encontrar algo assim. As casas estão enfeitadas com quadros de lojas, os móveis deixaram de ser de madeira para se tornarem de material prensado e frágil, os sofás coloridos e pouco duradouros, televisões de plasma, local para o computador e outras inovações tecnológicas. Tudo isso na mesma casa onde já avistei mesa de madeira de lei, tamborete, rede armada na varanda, oratório, santos de madeira por cima dos móveis, maravilhosos baús trabalhados à mão, verdadeiras relíquias de feições sertanejas.

Sim, verdade que os novos tempos chamam ao novo. Verdade que muitas dessas pessoas passaram até a se envergonhar dos objetos que guarneciam suas casas. E pensando na transformação como acompanhamento da realidade, acabaram trocando tudo por móveis e coisas de falsa beleza e cuja duração nem sempre vai além do pagamento da última prestação. E agora pergunto: o que fizeram das relíquias do passado, daqueles móveis maravilhosos, daqueles objetos que contam toda uma história?

Lamentável que hoje seja difícil encontrar qualquer antiguidade nas residências sertanejas, nem de uso nem por estar guardada. Candeeiro, lamparina, alguidar, suporte para bacia de lavar mãos, baú, oratório, cristaleira, tamborete, castiçal, jarro antigo, cabaças, cumbucas, tudo isso se tornou comumente difícil de ser encontrado. Até mesmo os retratos de família deixaram de enfeitar as paredes.

Quando indagados sobre os objetos antigos, os mais velhos geralmente afirmam que não sabem mais onde estão, que acham que deram fim. Quando perguntados sobre o mesmo, os mais jovens repetem que acabaram jogando no lixo tanta velharia. Quer dizer, com a desculpa de faxina e embelezamento, toda a história vai sendo menosprezada, relegada, jogada nos entulhos, se apagando de vez.

Não sabem, pois, que a história, a verdadeira história de um povo, é feita de retalhos. É feita de pedaços das tradições, dos costumes, dos usos, dos objetos, de tudo aquilo que fez parte da vida pessoal, da família, do meio social onde se gesta a vida. Há que se dizer que a vida é a história de tudo, de todo o percurso, e que por isso mesmo se afeiçoa a um museu. E não há museu da existência que faça entender o passado através somente do novo.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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27 de dez. de 2016

O CORONEL DOS CORONÉIS

Por Dilton Cândido Santos Maynard

A INCRÍVEL VIDA DE DELMIRO GOUVEIA, AUDACIOSO MÁRTIR DA INDÚSTRIA NACIONAL

Era um homem temido e extremamente sedutor. Dizem que tinha ímã nos olhos e detestava gente preguiçosa. Quando ia à cidade, vestia-se elegantemente, com direito a bengala e cartola. Estava sempre perfumado. No sertão, manejava com habilidade o chicote e sabia fazer-se respeitar. Em todo o Nordeste, chamavam-no coronel Delmiro Gouveia, ou simplesmente “coronel dos coronéis”.

Em meio à pobreza e ao atraso do sertão, Gouveia criou a usina hidrelétrica Angiquinho, encravada nas paredes de uma cachoeira, para obter eletricidade das águas do Rio São Francisco. Com a energia, impulsionou a Companhia Agro-Fabril Mercantil (CAM), conhecida como Fábrica da Pedra — a primeira a produzir linhas de coser no país.

(...)

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/retrato/o-coronel-dos-coroneis

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26 de dez. de 2016

1928 LAMPIÃO E SEU GRUPO DEIXAM PERNAMBUCO E ATRAVESSAM O RIO SÃO FRANCISCO RUMO AO ESTADO DA BAHIA.

Por Geraldo Júnior
Foto: Alcides Fraga

Lampião e um pequeno grupo composto pelos cangaceiros: Ponto Fino II (Ezequiel Ferreira), Luiz Pedro, Virgínio Fortunato da Silva (Moderno), Mariano Laurindo Granja e Mergulhão I, deixam o Estado de Pernambuco e atravessam o Rio São Francisco rumo ao Estado baiano. Em solo baiano, o pequeno grupo é reforçado com a chegada do cangaceiro Corisco e de seu primo "Arvoredo".

Lampião aproveita a calmaria no novo Estado para descansar e recompor seu grupo com novos integrantes.

Pouco tempo depois grande parte da Bahia e Sergipe conheceriam a verdadeira face de Virgolino Ferreira da Silva "o Lampião".

Nas quebradas do sertão.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)


https://www.facebook.com/HistoriasdoCangaco/photos/a.435268929895318.1073741828.435240783231466/1159062400849297/?type=3&theater

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24 de dez. de 2016

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!


São os sinceros votos do Blog do José Mendes Pereira Potiguar e  seu administrador José Mendes Pereira. 

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23 de dez. de 2016

AQUELA SANFONA BRANCA...

 Contribuição: Compadre Lemos

Lá vou eu, com mais uma...

Contam que, um dia, Luiz Gozaga chegou, de avião, ao Rio de Janeiro.
Numa mão, uma sacola com roupas e na outra, a inseparável sanfona. Ele não andava sem ela!

No hall do aeroporto, algumas pessoas o cercaram, pedindo autógrafos. Ele já era famoso, naquele época.

Depois de atender todo mundo, como sempre fazia, notou que um adolescente alto e magro, cabelos compridos, ficara timidamente a uma certa distância, olhando insistentemente para ele. Lua se aproximou e perguntou, com seu jeitão espontâneo:

- Ôxente! E ocê, mô fi? O que que tu qué?

- Seu Luiz... - disse o jovem - eu queria... carregar sua sanfona, até o carro. Posso?

- E tu vai me cobrar quanto? - perguntou Luiz, estranhando o pedido do rapaz.

- Nada, Seu Luiz. Só pelo prazer de carregar ela mesmo. O senhor deixa?

- Ôxente... a gente vê cada uma!... Então tá. Qué carregá... carrega! Mais ói, faz besteira não, que eu tô de olho em tu, viste?

E o jovem, alegremente levou a famosa Sanfona Branca de Luiz do hall do aeroporto até o táxi, que o esperava.

- Obrigado, mô fi. Essa danada dessa sanfona é bem pesada mêrmo, né não?

- De nada, Seu Luiz. Foi uma honra!

- Iscuta... como é o seu nome? Perguntou Luiz, curioso.


- Benito! - disse o rapaz.

- Benito de que? Tu nun tem sobrenome não, peste?

- Benito de Paula, Sêo Luiz. Benito de Paula!...

Anos depois, "estourava" no Brasil inteiro uma canção do Benito de Paula, provavelmente inspirada naquele dia tão feliz, da sua adolescência. E Benito encantou nosso povo, cantando:

" Aquela sanfona branca,
aquele chapéu de couro,
é quem meu povo proclama,
Luiz Gonzaga é de Ouro ".


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22 de dez. de 2016

CÂMARA ABERTA - O CANGACEIRO LAMPIÃO

https://www.youtube.com/watch?v=T5hyr04C01Y&feature=youtu.be

Muito boa entrevista com Narciso Dias e Jorge Remígio sobre o fenômeno do cangaço.
Câmara Aberta -=- O cangaceiro LAMPIÃO
Publicado em 30 de abr de 2015
TV CÂMARA de JOÃO PESSOA
O Farol da Cidadania

http://www.cmjp.pb.gov.br/tv_camara.php

Estado da Paraíba
CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
Casa Napoleão Laureano
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21 de dez. de 2016

A ANDORINHA E OS GAVIÕES

*Rangel Alves da Costa

Na concepção popular, andorinha simboliza luta, esperança, perseverança, a metamorfose, a vontade de realizar. Já o gavião, como toda ave de rapina, predadora e carnicenta, simboliza a perseguição, a destruição, através de voos rasantes para destruir os sonhos de outros voos.

Também conhecida como ave da partida e do regresso, a andorinha representa o eterno retorno e a ressurreição, em despedida e retorno para o recomeço. Busca refúgio no inverno para reaparecer no verão. Mas nunca voa muito distante, pois sempre preocupada em retornar para reiniciar os seus planos futuros e os seus próximos voos.

Já o gavião é um poderoso predador que não se inibe em atacar qualquer presa. Astuta, evita a copa alta das árvores para se manter furtivo entre os arbustos, de onde dá voos certeiros para atacar o que estiver ao redor. Parente e muito aproximado na aparência do carcará, faz da carniça um de seus pratos prediletos. Contudo, gosta mesma de ferroar suas vítimas para sentir a vida se esvaindo no sangue que incessantemente jorra.

Como visto, cada ave com seu jeito de ser, com seu estilo próprio de viver e de se alimentar. A andorinha, sem atacar ou ferir os demais animais, sobrevive dos grãos e restos encontrados nos seus pousos. O gavião, sempre violento e faminto, não mede consequências para fazer de vítima o mais inocente dos animais. Sua sanha é tamanha que leva no bico a marca sangrenta daquilo que vitimou.

Então vai a andorinha em seu voo pacífico, em seu voo leve, com seu destino de horizonte. Deseja apenas seguir, voar e voar muito mais, para depois retornar na mesma placidez da partida. Então, de baixo, avistando a liberdade da andorinha ao alto, o gavião logo imagina um jeito de tornar aquela paz em grito de dor e de aflição. Não deseja mais que a andorinha cumpra seu destino de vida, e sim que se prostre ante o punhal no seu bico.

Então a andorinha percorre sua estrada nas alturas sem ao menos imaginar que já foi avistada como vítima. Segue seu voo sem pensar que a maldade lhe aguarda no retorno, sem imaginar que sua paz já se ressente da ameaça. Enquanto isso, na sua persistência maldosa, o gavião afia suas garras, toma seu veneno, se alimenta de um ódio incompreensivelmente concebido. E se prepara para dar fim ao destino de paz da andorinha.


Na natureza, apenas uma presa e um predador. Aliás, é lei natural que assim aconteça, mas pelo instinto da sobrevivência e não pela simples maldade. Significa que alguns animais submetem a outros para se alimentar, para afastar perigos, para delimitar territórios. Porém, se aproxima demais do humano quando inverte a realidade do destruir para sobreviver para a mera dizimação pela infame crueldade.

Urubus e carcarás também são assim. São carnicentos, agourentos, terríveis predadores. São domados por instintos sanguinários e cruéis. São frios na ação e impiedosos na violência. São insensíveis e desumanos, acaso nas aves de rapina existisse um laivo de humanismo. Ferem, furam, bicam, cortam, sangram, fazem jorrar as seivas vitais das mais inocentes vidas. O pior é que nem sempre para se alimentarem, mas tão somente pela motivação da maldade.

Não seria errôneo se tudo isso fosse dito com relação ao ser humano. Pessoas existem que são verdadeiros predadores, que são terríveis e temíveis rapinas, que agem não pela necessidade de defesa, mas pelo simples desejo de ferir, magoar, violar a paz e a vida. Pessoas ocultadas em gaviões que outra coisa não fazem senão atacar a vida alheia. Então aquela pessoa que apenas procura viver como andorinha, seguindo o seu destino de passo e luta, de repente passa a ser atacada pela crueldade do próximo.

Gaviões humanos que alardeiam falsidades, que alastram mentiras, que semeiam discórdias, que se regozijam com o sofrimento do outro. Predadores humanos que vivem à caça da paz para torná-la em aflição, que vivem à espreita da felicidade para transformá-la em sofrimento, que se preocupam somente em subtrair as esperanças e os contentamentos. Numa selva tão vasta e tão enegrecida, eles estão por todo lugar. Os olhos são avistados, os passos ouvidos, as presenças sentidas.

Ante as tocaias dos gaviões, triste do destino das andorinhas humanas. Há uma vida inteira a ser vivida pelos que desejam viver, há uma felicidade que alguns desejam abraçar, mas em meio à selva de asfalto e chão sempre aqueles que cruzam os caminhos para, a todo custo, impedir a caminhada. Talvez não contentes com si mesmos, partem com venenosos punhais em direção aos que desejam apenas voar seus sonhos, suas vidas, suas esperanças. E por isso tanta violência e tanta maldade no mundo.

Mas que sigam as andorinhas. Que busquem seus céus e horizontes. Os gaviões não alcançam tudo. E contra todo predador haverá um predador ainda maior: o homem na sua autodestruição.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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O CANGAÇO: PODER E CULTURA POLÍTICA NO TEMPO DE lAMPIÃO


Um livro que "nasceu" através da elaboração de uma "Tese de Doutorado" que foi aprovada com reconhecimento na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O objeto de estudo constantes na obra são as relações de poder e cultura política do ciclo do cangaço independente.

O referido livro contém 352 páginas e o preço promocional de lançamento é de apenas R$ 55,00 com frete incluso.

Os (as) interessados (as) deverão entrar em contato com o Professor Francisco Pereira Lima através do e-mail franpelima@bol.com.br e fazer o pedido.

ADQUIRAM.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)


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INÍCIO DE CARREIRA DE LUIZ GONZAGA

Contribuição: Compadre Luiz Lemos

Então, lá vai a primeira:

"Anselmo de Lica" era um amigo de Gonzaga, dos tempos de menino.  Ele também tocava sanfona e ia a todos os bailes e forrós com o Lua. Quando Gonzaga arrumava um "xodó" no baile, botava o Anselmo pra tocar no lugar dele, e ia dançar ou... fazer outras coisas, que ninguém é de ferro. E a proposta era, no final do baile, dividir o "cachê" entre os dois, metade para cada um. Só que, na hora de dividir, Lua era sabido e Anselmo, coitado, meio bobo. Então, Lua dividia:

"Acá... são quarenta mirréis! Prestenção. Vamo reparti no meio:

Um pá eu, um pá tu, um pá eu.
Um pá eu, um pá tu, um pá eu...
Um pá eu, um pá tu, um pá eu...

E, assim, com esse estratagema, Lua ficava com dois terços da grana e Anselmo com um terço! Sabido, né?

https://www.youtube.com/watch?v=3XDblMUgBP8

http://www.luizluagonzaga.mus.br/000/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=32

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19 de dez. de 2016

OS SILÊNCIOS DE DEZEMBRO

 *Rangel Alves da Costa


Dezembro é um mês de silêncios, de profundos e abismais silêncios. Um mês que não cabe o grito nem o espanto, que não cabe o alarido nem a balbúrdia, apenas o silêncio.

Não um silêncio, mas os silêncios de dezembro. E silêncios que povoam as reflexões, as meditações, as introspecções, os pensamentos interiores, os reencontros do ser com seu espírito e alma.

Dezembro chegado no afeto, na singeleza e no sentimentalismo. Dias mais lentos e mais alentados, instantes sublimes e cativantes. Mas ainda assim de névoas passadas perpassando os interiores da alma, e que em silêncio serão dispersadas.

Não cabe, em dezembro, o barulho do champanha aberta, as euforias sonoras dos abraços, os tilintares das taças com vinhos e espumantes, os talheres se digladiando sobre a mesa farta, a voz exaltada. Nada disso cabe em dezembro. Apenas silêncios.

Apenas silêncios e mais silêncios. Ao longe, apenas a melodia distante e quase inaudível, pois dezembro possui um som próprio e inafastável: um coro de anjos ecoando dos lumes antigos das catedrais.

Mas no restante, apenas os silêncios dezembrinos. O silêncio da alma, o silêncio do espírito, o silêncio da voz interior, o silêncio da reflexão, do olhar em busca de motivo bom, da mão se entrelaçando para a oração, do lábio murmurando clemência, da chama da vela crepitando.

Silêncios que surgem em quartos fechados, em casas escurecidas, em sofás melancólicos, em janelas entreabertas. Lá dentro, povoando mentes e pensamentos, os silêncios dos reencontros com os diálogos consigo mesmo. A melhor interlocução que possa existir.

O que sou, o que tenho sido, o que quero ser? Sou feliz ou infeliz, tenho procurado a felicidade ou apenas tenho vivido em busca de esmola de contentamento? Tenho sido aquela pessoa confiada por Deus para a grande obra da existência?

Por que tenho encontrado tanta tristeza se tudo faço para chamar a recompensa da alegria ao meu coração? O que fiz durante todo o ano, fui ser humano ou apenas pessoa, fui bom ou ruim para mim e os demais? Como eu poderia ter feito para não estar assim agora?


Será que amei na justa medida que deveria amar? Será que tenho negado pão, afeto, carinho, compreensão, respeito? Será que estou me desumanizando ao invés de ser mais solidário e mais acolhedor? Como será que tenho sido, meu Deus?

Por que sinto que pecados se acumulam sobre mim sem que eu tenha praticado mal algum? Será que não tenho cultivado suficientemente minha fé e ouvido menos a palavra de Deus? Será que eu tenho me deixado consumir demais pelo mundanismo?

Perguntas, questões, indagações. Não de pessoa para outra pessoa, mas desta consigo mesma, num diálogo íntimo e tão necessário. Diálogo este que sempre surge como inarredável necessidade no mês de dezembro, antes mesmo do Natal e da passagem do ano.

Não raro que muitos prefiram permanecer reclusas em seus quartos e salas, envoltas em reflexões e meditações, a participar de festas, confraternizações, comemorações natalinas. Enquanto outros vivem a alegria exterior, estes se encorajam para encontrar suas respostas.

Um vai para um amigo secreto, o outro silenciosamente medita no umbral da janela. Um vai para uma festança sortida, outro prefere se ajoelhar num canto qualquer do quarto escuro para a oração. Um vai beber e brincar, o outro bebe de suas próprias palavras, sacia-se de sua própria voz.

Por isso mesmo que nos quartos reclusos, escurecidos e silenciosos, em meio ao silêncio e à solidão, há muito mais voz que na maior festança que houver. E assim por que nada ecoa tão estridente quanto a autoconfissão.

Confessar e confessar-se o mais pobre e mais humilde de todos os seres da terra. Mesmo o ouro, mesmo a prata, mesmo o metal, nada disso possui valor de riqueza se não se guarda no tesouro do coração o humanismo e a fraternidade tão necessários à vida.

Confessar e confessar-se que o mal do homem está para viver para o mundo e não para si mesmo. Não como vaidade ou egoísmo, mas como reconhecimento de seus mais íntimos valores. E toda a riqueza encontrada compartilhar com o irmão.

Seriam reflexões para o ano inteiro, para cada dia do ano, mas somente em dezembro despontam nalguns corações. E que bom proveito se pode tirar dessa vontade de se prestar contas. E quantas imprestabilidades são afastadas pelo simples ato de pensar e repensar a vida.

Tudo somente possível nos silêncios de dezembro. Que nos silêncios as lágrimas caíam, as saudades aumentem, os sofrimentos latejem por todo lugar. Será depuração de espírito e alma, mas principalmente do ser enquanto pessoa. Reencontro e renascimentos através do silêncio.

Dai-me, Senhor, força e encorajamento para mais e mais silêncios assim. Uma vela acesa, um incenso queimando, a lua em penumbra lá fora. E no meu cantinho a doce palavra surgida na reflexão, e como bálsamo a voz: Crescei no teu silêncio para a paz da vida e do mundo!

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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UMA COMEMORAÇÃO ARCAICA

Por José Mendes Pereira

Amigo leitor, não fique chateado com o que eu escrevi, porque antes eu não conhecia Lampião, e jáfui seu inimigo, mas hoje somos amigos. Não pelo que ele fez de maldades, mas pela coragem que ele tinha.

Veja o que escrevi quando eu era inimigo dele, mas lembrando ao leitor que eu não sou poeta e nem tenho vocação para isto, apenas por intuição.

UMA COMEMORAÇÃO ARCAICA -

Começou o banditismo
Quase com o Virgulino
No outro século passado
Nesses sertões Nordestinos
Um perverso que matava
Homem, mulher e menino
E quando fechava um
Dizia: - Cumpro um destino.

José Ferreira da Silva
Era o pai do Lampião
Não gostava de encrencas
E tinha um bom coração
Mas o seu filho bandido
Meteu-lhe em confusão
Devido encrencas de terras
Mora de baixo do chão.

Mas dizem que a sua mãe
Era mulher meio brava
De nada ela tinha medo
Confusões sempre arranjava
O pai desarmava os filhos
Ela por trás os armava
Mas ela nunca pensou
Que bem perto a morte estava.

E com o incentivo da mãe
Lampião entrou num bando
De cangaceiros valentes
Que só saía assaltando
Do povo: joia e dinheiro
Em outro caso açoitando
Homem, mulher e menino
E no percurso ia matando.

Um dia ele conheceu
Uma doida no coiteiro
Que deixou o seu marido
Pra viver com o cangaceiro
Tornou-se logo a Santinha
Batizou-a o desordeiro
‘Disse: ─ agora eu encontrei
O meu amor verdadeiro.

Quem tem bom raciocínio
Fica sempre imaginando
Como é que uma mulher
Resolve seguir um bando
Cheio de homens valentes
Que sai no mundo matando
Sem dó e sem piedade
E pelos sertões judiando.

No tempo desse bandido
O povo não mais dormia
Pois se espalhava na mata
E por lá ninguém comia
Com medo do desordeiro
Que a qualquer hora podia
Invadir as residências
Com a força da covardia.

Fama de ser valentão
Desde jovem ele tinha
Gostava de confusão
E jamais andou na linha
Adorava assassinar
Matava até criancinhas
Mas seu lugar no inferno
Com certeza o diabo tinha.

E por onde ele passava
Começava a bagunçar
Ninguém mais tinha sossego
Forçava o povo dançar
Homem com homem colados
Era o seu prazer lançar
Um novo divertimento
Pra homem se balançar.

No campo ele amedrontava
Todos que moravam lá
Tomava tudo o que tinham
E se não quisessem dar
Mandava um dos cabras dele
Pegar o chefe do lar
E com o seu cinturão
O açoitava até matar.

Quem não quisesse apanhar
Era só o obedecer
Ficar calado num canto
E dar o braço a torcer
Pois o bandido gostava
De ver sempre alguém morrer
Metia o cinto no lombo
Só pra ver o mel descer.

Durante as suas andanças
Foi sanguinário cruel
Arrancou olhos de gente
De outro tirou o fel
Fez outro beber o líquido
Dizendo que era mel
Se não bebesse o mandava
Logo para o beleleu.

Se ele visse uma moça
Com o vestido curtinho
Ferrava-a com um ferro quente
Marcando o lindo rostinho
Dizendo: - tenha vergonha
Tu ainda és brotinho
Procura andar bem vestida
Pra não mostrar o rabinho.

Uma vez capou um homem
Ás duas da madrugada
Dizendo: - Você está magro
Precisa duma engordada
E começou o trabalho
Com uma faca afiada
Depois do serviço pronto
Deu-lhe boas bordoadas.

Lampião era perverso
No sertão matou, roubou
Fez gente correr com medo
Nas cidades ele estuprou
E quem não lhe obedeceu
Com certeza ele humilhou
E com tiros de fuzil
A vida dele acabou.

Fez mulher pari na mata
E outras transar com ele
Homem beber creolina
E fazer cafuné nele
Fez moça dançar sem roupa
Na frente do grupo dele
Se não dançasse morria
Nas mãos dum cabra daquele.

Tinha um tal de Jararaca
Do bando era o mais valente
Matava com muita ira
Até criança inocente
Sacudia ela pra cima
Com o seu ódio na mente
E com um fino punhal
Furava maldosamente.

Aqui na nossa cidade
O bando tentou vencer
Mas logo encontrou o dele
Mossoró o fez correr
O Colchete morto foi
Que nunca pensou morrer
E o Jararaca o prenderam
Pros crimes ele responder.

O desgraçado pagou
Pelos erros cometidos
Mossoró o derrotou
Depois o deixou detido
Pra esperar o julgamento
Mas isso não foi cumprido
Com cinco dias depois
Na cova ele foi vencido.

Não dar pra gente entender
O que eu vi na cova dele
Tantas velas derretidas
Pois acenderam pra ele
Tanto mal que fez no mundo
E tem quem o põe fé nele
Não rezem mais minha gente
P’rum desgraçado daquele!.

O Lampião era mal
Não dava chance a ninguém
Se seu amigo não fosse
Fazia-lhe de refém
E se fosse o seu amigo
Marcado estava também
E pra que representá-lo?
Se ele odiava o bem!.

Até hoje eu não entendo
Dessa comemoração
Chamada: “chuva de balas”
Pra lembrar o Lampião
Ele só tinha maldades
Dentro do seu coração
E Ainda tem muita gente
Fazendo-o de bonachão.

Deixem de comemorar
O que houve em Mossoró
Feito pelo um desgraçado
Que de ninguém tinha dó
Imitava os Israelitas
Que tomaram Jericó,
Lampião era covarde
Jamais ele atacou só.

Cada ano que se faz
Essa comemoração
Pode até nascer mais outros
Do tipo do Lampião
Do jeito que o mundo está
São poucos de coração
Existem coisas melhores
Pra mostrar a população.

Eu posso até calcular
Desses gastos que são feitos
Dar pra alimentar crianças
Com certeza, seu prefeito!
Têm tantas delas com fome
A espera de um direito
- Pra resolver é difícil?
Mas se tentar vai dar jeito.

Tem pai por aí sofrendo
Sem o pão na sua mesa
Esperando a opulência
E vá embora a tristeza
Pros filhos não têm comidas
Porque lhe falta a riqueza
Não gasta com o Lampião
Gasta tudo com a pobreza.

E outro vive sem teto
Sem proteção de ninguém
Comendo uma vez por dia
Pois para comprar não tem
Fiado ninguém lhe vende
Mesmo assim não lhe convém
- Com que ele vai pagar?
Só se roubar de alguém!.

Quem nasceu em berço pobre
Sabe bem o que é sofrer
Em ver os filhos com fome
Sem nada poder fazer
Um diz: ― Papai quero roupa
Outro diz: ─ Quero comer
Deixa o Lampião pra lá
Pois não dá pra nele crer.

Tem gente que se gloria
Ter vencido o Lampião
Eu até parabenizo
Pois foi uma boa ação
O desgraçado se foi
Lá pra bem perto do cão
Mas vejam que a Mossoró
Está cheia de Lampião.

Quem admira bandido
Tem pensamento adverso
Carrega sempre na mente
Coisa que é de perverso
E jamais pensa no bem
Só quer fazer o inverso
Deixa o Lampião pra lá
Agora faça o anverso.

É melhor representar
O nosso grande Jesus
E ensinar à juventude
Só ele é quem nos conduz
Lembrar do seu sofrimento
E a sua morte na cruz
Deixa o Lampião pra lá
Simula o dono da luz.

Ou talvez: Santa Luzia
Que é a nossa padroeira
Defendeu a Mossoró
Dessa turma bandoleira
Mesma com os olhos furados
Acobertou as trincheiras
Deixa o Lampião pra lá
Pra não se tornar besteira.

Ou Eliseu Ventania
Homem daqui da cidade
Que deixou grandes canções
Foi poeta de verdade
Fazia versos decentes
E nenhum tinha maldade
Deixa o Lampião pra lá
Pensa mais na liberdade.

Por tanto senhor prefeito
Procura dar de comer
A essa gente sofrida
Que não pode se manter
Emprega o dinheiro certo
Faça mesmo ele valer
Deixa o Lampião pra lá
Não dar pra nele se crer.

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