31 de dez. de 2020

O FUNESTRO EXEMPLO DE LAMPIÃO...

  Material do acervo do Giovane Gomes

O funesto exemplo de Lampeão anima outros bandoleiros a lhe seguir o exemplo surge aqui ou ali um outro bando dirigido por um scelerado qualquer commenttendo roubos e assisinos, espalhando o pavor e a morte por onde passam.

Surgiu agora, perto de Algodões, o grupo chefiado pelo bandido " Jararaca " ex-praça do Exército e que , dizem. Já ter feito parte do grupo de Lampeão do qual ministrou instrucção militar.

ortográfica da época.

Fonte: Relatório da Secretaria de Justiça do Estado de Pernambuco.

Dr Eurico Leão

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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30 de dez. de 2020

ENCONTRO CANDEEIRO, VINTE E CINCO E BULHÕES

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=PbH5u7PRGNU&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Os ex-cangaceiros Candeeiro e Vinte e Cinco e o filho de Corisco, Sílvio Bulhões narram fatos interessantes do tempo do cangaço. Esse vídeo foi doado por Elisa Loiola, filha de Candeeiro, para os meus arquivos. Vídeo gravado em 1997.

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29 de dez. de 2020

A INVASÃO DO BANDO DE LAMPIÃO A SOUSA PB

 Por Blog NP Paraíba

https://www.youtube.com/watch?v=0DbL7-r5wag&list=UU_AiaIIqY22lPguWaW1isVQ&ab_channel=BlogNPPara%C3%ADba

A invasão do bando de Lampião a Sousa, no Sertão da Paraíba, foi tramada após o cangaceiro Chico Pereira, por intrigas pessoais em Sousa, articulou com o chefe dos cangaceiros uma possível invasão aquela cidade. De posse de todos os informes a respeito de Sousa, e não podendo participar do assalto, por conta de um ferimento no pé, precisamente no calcanhar, instruiu o seu irmão Antônio Ferreira o qual deveria substituí-lo na operação. E assim foi feito. No dia 27 de julho de 1924, o bando entrou na cidade sertaneja. A residência do Juiz de Direito, Dr Arquimedes Souto Maior, foi uma das primeiras a serem ocupadas e saqueadas por Chico Pereira. Poucos resistiram a entrada dos cangaceiros, que fizeram uma verdadeira limpa em Sousa.

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28 de dez. de 2020

MARIA BONITA | SHOW DA HISTÓRIA

 Por Canal Futura 

https://www.youtube.com/watch?v=l748yrN67u8&ab_channel=CanalFutura

A convidada do episódio de hoje foi a primeira mulher a se juntar a um grupo de cangaceiros, foge de um casamento infeliz para se juntar ao Rei do Cangaço, Lampião. Ela é Maria Bonita. Conteúdos do Canal Futura na íntegra estão no Futura Play, acesse aqui: https://goo.gl/Quh7m5 Saiba tudo sobre o Canal Futura: https://goo.gl/qauKIZ Siga nosso Twitter: https://twitter.com/canalfutura Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/canalfuturaoficial Assista na sua TV: SKY – Canal 434 (HD) ou Canal 34 NET e CLARO TV – Canal 534 (HD) ou 34 VIVO – Canal 68 (HD) (e também na fibra ótica no canal 24) OI TV – Canal 35

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25 de dez. de 2020

VOLTA SECA, O MAIS JOVEM E O MAIS TEMIDO CANGACEIRO

 Por Milton Parron

Antonio dos Santos, vulgo Volta Seca, sergipano de Itabaiana, ingressou no bando de Lampeão quase menino para escapar às surras diárias que sua madrasta lhe aplicava. Pode se dizer que pulou da frigideira e caiu no braseiro porque começou a ser surrado por Lampeão e pelos demais por causa de suas peraltices, próprias da idade. Suas funções se limitavam a dar banho nos cavalos, lavar louça e roupa suja e também espionar nas cidades se havia muitos policiais em ronda. Tanto apanhou que acabou se tornando um dos cangaceiros mais violentos de todo o bando. Astuto, corajoso e agressivo, em contraste com uma grande sensibilidade artística. Apesar de semi alfabetizado, escrevia com grande facilidade versos e também compunha músicas que o bando inteiro conhecia e entoava com entusiasmo quando estava acampado em alguma fazenda sob proteção do próprio dono. Ouçam, clicando abaixo, Volta Seca cantando dele próprio uma das músicas que os cangace iros mais gostavam, chamada Acorda Maria Bonita:

Cangaceiro Volta Seca

Volta Seca foi preso 3 vezes, tendo fugido nas duas primeiras. Foi sentenciado a 145 anos, mais tarde a pena foi reduzida para 30 e finalmente para 20, não a tendo cumprido integralmente porque o presidente Getúlio Vargas lhe concedeu o perdão, em 1954. O cangaceiro Volta Seca morreu em 1997 em Leopoldina, Minas Gerais, onde estava morando. Ele é um dos personagens do programa Memória onde está sendo apresentada uma série especial sobre o cangaço no Brasil. Memória vai ao ar pela rádio Bandeirantes em 840 AM, e em FM 90,9, aos sábados as 23hs00 com reprise aos domingos as 05hs00.

 https://miltonparron.band.uol.com.br/volta-seca-o-mais-jovem-e-o-mais-temido-cangaceiro/#:~:text=VOLTA%20SECA%2C%20O%20MAIS%20JOVEM%20E%20O%20MAIS%20TEMIDO%20CANGACEIRO,-Milton%20Parron&text=Antonio%20dos%20Santos%2C%20vulgo%20Volta,que%20sua%20madrasta%20lhe%20aplicava.&text=O%20cangaceiro%20Volta%20Seca%20morreu,Minas%20Gerais%2C%20onde%20estava%20morando.

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23 de dez. de 2020

LAMPIÃO E A CAÇADA QUE MUDOU A POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO

  Por Texto: Tatiana Notaro | Fotos: Rafael Furtado

Ciosac, atual Bepi: inspiração nas volantes que combateram o cangaço para enfrentar criminalidade no Sertão pernambucano - Foto: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco

PETROLINA E SERRA TALHADA (PE) - Andrelino passeia os olhos pelas cabeças do bando de cangaceiros que fora decapitado naquela manhã de 28 de julho de 1938 em busca de Lampião - o maior de todos os líderes do cangaço, de quem mais se teve notícia e que a história conta ter sido morto neste dia, 80 anos atrás. Uma a uma, repassa todas as cabeças, calado, e não encontra a de Virgolino Ferreira da Silva. “Ele não está aí”, cochicha para um soldado responsável pela escolta, que devolve o olhar desconfiado. Único ainda vivo entre os policiais que integraram as tropas volantes, entre 1922 e 1938, Andrelino Pereira Filho, 104 anos, tem suas próprias memórias sobre uma época em que o combate ao cangaço transformou, para sempre, a Polícia Militar de Pernambuco.

Entre 1927 e 1928, com o então governador Estácio Coimbra e o secretário de Segurança Eurico de Souza Leão baixam em Pernambuco a chamada Lei do Diabo, que autorizava punições mais severas aos coiteiros (aqueles que acobertavam cangaceiros, por vontade própria ou sob ameaças). Vê-se uma polícia apoiada por um governo que quer que Pernambuco deixe de ser a “terra de Lampião”. De fato, o líder cangaceiro deixa o Estado em julho de 1928, fazendo por aqui, depois disso, apenas “missões de rapina”.

Mas na década de 1920, a polícia tinha cerca de 800 homens localizados, majoritariamente, no Litoral e na Zona da Mata pernambucanos. Não tinham treinamento e, no começo, sabiam de coisa alguma: roupas, técnicas de combate e de rastreamento e o armamento – tudo era inadequado para a missão. Mas as ordens do Governo teriam que ser seguidas e para Andrelino, assim como para outros membros das tropas volantes que atuaram aqui e em estados vizinhos com a mesma missão de expurgar bandos de cangaceiros, não havia escolha. Morriam, matavam.

Falando em morte, as modalidades de crimes que Lampião e seu bando começaram a executar - estupros, sequestro e extorsão - motivavam o combate. Conta o historiador André Carneiro, autor de “Capitães do Fim do Mundo”, que a área de atuação de Lampião na Região Nordeste era de 29 mil quilômetros quadrados (km²). “Imagine isso em um sertão de rara tecnologia, sem telégrafo, onde não existe telefone, não existe carro”, diz Carneiro. Mas a caatinga é um dos locais mais hostil para sobrevivência humana da América Latina e os homens do litoral entraram em choque. “Perceberam que para caçar um lobo, era preciso outro lobo”, continua o historiador, e a Polícia começa a alistar sertanejos, os “inimigos fraternais” dos cangaceiros. “Você vai ver o policial mudar suas vestes, sua prática. Vai aprender com o inimigo como deslocar, localizar, perseguir e lutar. Deixa de ser uma polícia mais fixa, dos destacamentos, e se torna uma polícia volante, que se mobiliza. Lampião que modifica isso”.

A caçada usava sinais do ar, do ambiente, o rastreamento era (como ainda é) essencial. Práticas foram sendo modificadas, como as orelhas decepadas que dão lugar a cabeças arrancadas e usadas como prova da morte dos cangaceiros. “Imagine uma tropa de soldados maltrapilhos, estropiados, seminus que chegavam carregando orelhas como prova da morte de cangaceiros. Em quem você ia acreditar? Começaram a ver que orelha não funcionava: vamos arrancar a cabeça. Precisavam mostrar que eram mais fortes que os cangaceiros”, relembra André Carneiro.

Na década de 1990, o policiamento do Interior de Pernambuco passa a enfrentar uma onda de criminalidade e precisa ser reforçado pela Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE, hoje Batalhão de Operações Especiais, Bope). “A causa eram as brigas entre famílias e a cultura da droga começou como uma forma de financiar isso. Mas o que era meio, acabou se tornando fim, e veio o tráfico de drogas, precisamente o plantio de maconha, e o assalto a banco”, diz Jamerson Lira, coronel da Diretoria Integrada do Interior II, que atua de Arcoverde a Petrolina.

O CIOE traz o reforço policial, mas não faz nada específico na caatinga, além de enfrentar as dificuldades logística (da Capital para o Sertão) e tática (havia o conhecimento técnico policial, mas não da região). “Foi a partir daí que se percebeu que era necessária uma polícia específica na área, era necessário o sertanejo com conhecimento do terreno, com rusticidade. Fomos buscar a influência das tropas volantes”, diz o coronel.

Testemunha do tempo

Nascido em Cabrobó, Sertão pernambucano, em 18 de março de 1914, seu Andrelino jamais pensou que fosse viver tanto. Tornou-se volante porque, sem emprego, o jeito foi entrar para a polícia; mas quando entrou, não sabia que faria parte de uma tropa volante que entraria no Sertão em busca de cangaceiros. “Acabei lá. Quando convocaram, pensei em nada, só que ia pro Sertão e fui, calado”.  

Os soldados andavam em grupos de sete, mais um comandante, e a tropa de Andrelino ficou pelas bandas de Alagoas (era época de ditadura, a de Getúlio Vargas, então a polícia comandava onde fosse necessário). Foram dois anos “andando no mato, dormindo no mato, vivendo o mato” - “dentro da caatinga de 1936 a 1938”.

Diz a história que cangaceiro tinha um cheiro peculiar, uma mistura de perfume ou água de colônia com suor, que acabava ajudando no rastreamento, como contra André Carneiro em “Capitães do Fim do Mundo”. “Mas não era uma certeza, era uma pista casual, acontecia. Só eles usavam, mas a gente, não. Se os encontrasse, bem; se não, seguíamos. Mas rezava pra não encontrar”, continua o ex-volante.

Sem descanso, sem comida, sem água, as volantes seguiam nessa missão ingrata; “ingrata” porque o pagamento era também escasso. “Comida era quando encontrava. Farinha, rapadura, queijo de coalho, se tivesse. Água, só quando encontrava um poço. Sobre banho, nunca se falou”.

As armas eram fuzis e o volante carregava, em média 50 balas que “pesavam como o diabo”, e nessa rotina dura, seu Andrelino diz que teve uma aliada: a calma. “Foi a primeira coisa que aprendi. A segunda foi a conviver; a terceira, foi ‘não atender a muita gente, a não dar atenção’. Se o camarada atende a muitas perguntas, passa o tempo todo. Eu preferia ficar em silêncio”.

As tropas não tinham treinamento, mas orientações de como se defender se encontrassem um bando. “Mas essa orientação era no momento. Estava no tiroteio e se os tiros apertassem, eu seguia a ordem: me jogava no chão”. Andrelino nunca ficou ferido (mas quase foi), nunca matou ninguém, nunca viu um de seus companheiros de tropa matando.

“O pagamento, eu não sei nem dizer como era. Eu lembro que a gente recebia, que tinha um sargento que era o pagador, Almeida, trazia tudo separado. Ele trazia o pacotinho de dinheiro. A gente chegava em uma bodega, fazia compras. Pronto, e o dinheiro desaparecia”. Não havia heroísmo, mas uma obrigação; não havia um intuito de fazer justiça, de trazer um bem social, mas uma vontade enorme de trabalhar para que o dia em que aquelas volantes terminassem chegasse logo.

Os coiteiros também davam pistas dos cangaceiros. Certo dia, diz seu Andrelino, foi o perfume de uma mocinha, numa casa, que entregou a presença de um bando. “Os cangaceiros estavam em uma distância de uns 500 metros e cozinhando um bode numa lata amarrada num pé de pau em cima de um fogo de lenha. Estava fervendo. A mocinha quis negar, mas terminou dizendo. Os cangaceiros deram fé e fugiram. Deixaram a lata fervendo lá. Ninguém comeu, quem sabia se não tinham colocado veneno?”.

Medo, seu Andrelino nunca sentiu, embora tenha visto e sentido muita coisa. Sentia, mas não podia falar porque, afinal, estavam todos do mesmo jeito. Alívio e alegria sentiu quando soube que a volante tinha terminado e ele seria deslocado para o Recife, onde faria serviços bem mais leves. “As roupas da volante eram de tecido grosso, feitas de todo jeito; no Recife, fizeram sob medida. Mas as duas eram cáqui e eu não uso mais cáqui desde que saí da polícia em 1966”.

Andrelino conheceu Lampião quando era menino. “Ele ia lá em casa, tomou café lá muitas vezes. Chamava minha mãe: ‘cumade’, tem um cafezinho?”. Tomava e ia embora”. E com seus 104 anos e sua memória reta, seu Andrelino defende uma tese diferente para a morte de Lampião. Ele ri da oficial - que Virgolino foi morto em uma emboscada em 1938, em Angico, Sergipe - e diz que tem certeza que o cangaceiro jamais morreria daquela forma. “Lampião morreu em Minas Gerais, na fazenda São Francisco, muitos anos depois, em 1963, justamente neste mês que estamos, de julho, mas eu não sei a data exata”.

“Um amigo dele, de Lampião, era amigo meu, um senhor de Porção (cidade do interior de Pernambuco). Tinha trabalhado com ele. Eu estava em Pesqueira (outra cidade pernambucana, localizada no Agreste), engraxando sapato, quando ele passou e falou: ‘sabe de onde eu venho? De Minas Gerais, do enterro de Lampião’. O que, homem?! Lampião morreu? Era mês de setembro. Eu já sabia que ele estava na fazenda São Francisco. As coisas passam no meio do mundo e a gente sabe”.

Volantes modernas

A especialização é necessária, defende o coronel Jamerson Lira, porque os atores dos crimes migram se for preciso. Hoje, a criminalidade está interligada em âmbito nacional e o estado que tiver um policiamento fraco é o que vai ser mais visitado pelos bandidos.

Depois que Pernambuco foi pioneiro no policiamento especializado para a caatinga, em 1997, Bahia, Paraíba, Ceará, Alagoas e Sergipe tomaram mesma iniciativa. “Em 2012, 2013, recomeçaram os assaltos, agora com nova roupagem, a de explosões de carro-forte, de banco. Aconteciam muitas fugas por dentro da caatinga e os bandidos sempre levavam vantagem. Fizemos um reforço no treinamento, batendo muito na questão do rastreamento. Já fomos, inclusive, requisitados para o Piauí”, explica o coronel.

Ciosac, atual Bepi: inspiração nas volantes que combateram o cangaço para enfrentar criminalidade no Sertão pernambucano - Foto: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco

A Companhia Independente de Operação e Sobrevivência na Caatinga (Ciosac) evoluiu, devido à sua importância, e virou o Batalhão Especial de Policiamento do Interior (Bepi) - embora a antiga sigla persista. “Com as demandas, inclusive fora do ambiente de Sertão, viu-se a necessidade de estender a atuação. Virou Bepi porque na Zona da Mata não tem caatinga, mas temos as companhias de operações específicas”.

O nível de exigência tática, física e emocional é grande para integrar o Bepi e isso, diz o capitão Francisco Barbosa, justifica que o aproveitamento das turmas de formação fique na casa dos 40%. “Quando vamos para uma operação e não temos como levar a logística, a maior dificuldade é o efeito do sol e a falta da água. A gente tem nossas medidas paliativas e o próprio bandido já tem as suas também. Quando eles sabem onde vão agir, têm planejamento. Já encontramos garrafas pet espalhadas pela caatinga, porque eles vão saber que se entrarem por ali, vão ter onde achar água”, explica o coronel Jamerson. Nas suas incursões, os policiais do Bepi podem levar de 20 a 30 kg de sobrepeso: munição, água, mochila e comida - a mesma farinha que também alimentava as tropas volantes.

Não era vingança, era negócio

Historiador, André Carneiro descreve Lampião como “alguém extremamente cruel, violento” responsável por mais de 200 estupros cometidos por seus bandos. Incendiava fazendas, chegou a dizimar 3 mil cabeças gado durante os anos em que atuou fortemente. “Com Lampião, o cangaço vira ‘um negócio’. Ele mesmo disse isso em entrevista ao jornal O Ceará, em 1926. Ele transforma o cangaço-vingança em um meio de vida”, explica.

Pouca gente sabe, diz o historiador, mas o sertão Pernambucano do período Lampiônico vai de 1922 a 1938, quando temos mais de 40 bandos de cangaceiros em atuação. Lampião era um forte, quase imbatível, mas começa a esmorecer em 1927, quando concorda com um ataque à cidade de Mossoró (RN) e o seus planos dão errado. “Quando se está ganhando, todos estão ao seu lado; quando você perde, as pessoas começam a ter medo de se associar a você”, comenta André. “O cangaço é um empreendimento que gera lucro não só pro cangaceiro, mas para o coiteiro. E Lampião sem o coiteiro não é nada”.

Mas em se tratando da morte de Lampião, é importante pensar porque ele começa a ser vencido. Para André Carneiro, o líder cangaceiro é golpeado pelo tempo, por seu aburguesamento, por sua vaidade, e pelo progresso. “Um homem de 22 anos lá no início do cangaço, já estava próximo aos 40 anos em 1938. Ele já não tem a mesma vitalidade. A entrada de mulheres muda muito a rotina, porque o bando perde a sua virulência, Lampião se aburguesa, passa mais tempo parado. E quando o progresso vai se aproximando, ele vai se enterrando cada vez mais em um sertão inóspito, que é onde o cangaço ainda funcionava”.

A vaidade também foi uma forma de morte para ele, que permite ser registrado pelo fotógrafo Benjamim Abrahão. “E se você observar o ano, estamos vivendo a ditadura no Brasil. Seria inadmissível para o governo Vargas permitir um ‘rei cangaceiro’ que não fosse combatido. Isso foi fatal. Segundo rumores, um tenente que era amigo de Lampião recebeu um aperto do governo do Estado: ou o matava ou perderia a carreira”, conta André.

A morte de Lampião

André Carneiro, em “Capitães do Fim do Mundo”, registra que a história oficial conta que Lampião foi morto por uma volante de “caráter duvidoso”, por um oficial que não tinha histórico de combate no cangaço. “Ele foi morto onde até uma criança poderia acertá-lo, em Angico”, diz.

Há também quem acredite que Lampião foi morto por envenenamento. “Oras, um homem que passou 16 anos no cangaço comandando diversos bandos, e em nenhum combate perdeu mais de seis homens. Chegou a enfrentar tropas com mais de 290 homens, em Serra Grande, com 100 cangaceiros à disposição. E como é que você explica que em uma manhã ele perder mais de 10 homens?”, argumenta.

A teoria é que policiais de Alagoas teriam conseguido envenenar a refeição - algo extremamente repudiado na luta entre policiais e cangaceiros, pela covardia. “Existe um código de honra entre esses homens. Envenenar um manancial de água, como aconteceu em outras situações da história, não acontecia aqui. O policial não fazia isso, nem os cangaceiros. E vários policiais de Pernambuco morreram defendendo isso”.

A morte de Lampião é cercada de mistérios porque o discurso que se sobressai é de quem o matou. Essa interrogação, a história não vai conseguir responder. Aliás, mistérios não faltam acerca desse personagem. O discurso que ele entrou no cangaço para vingar a morte dos pais é, dizem alguns historiadores, “totalmente falacioso”: a família responsável por essas brigas, os Saturninos, ficou vivendo em uma tapera em Serra Talhada por toda a vida.

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Postei para o conhecimento dos amigos cangaceirólogos a história deste senhor que já é do conhecimento de todos. Uma história meio duvidosa.

https://www.folhape.com.br/noticias/lampiao-e-a-cacada-que-mudou-a-policia-militar-de-pernambuco/76258/

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22 de dez. de 2020

LAMPIÃO, CORONÉIS E COITEIRO DO CEARÁ

  Por Nas Pegadas da história

https://www.youtube.com/watch?v=3EW5rB1RYfw&ab_channel=NASPEGADASDAHIST%C3%93RIA

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21 de dez. de 2020

19 de dez. de 2020

CHIQUINHO RODRIGUES

  Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=lMk2AwmAmtk&list=PL_ljFMyPaW5NNglqbhE-VMgl6DfM8iuqU&index=10&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Aderbal Nogueira - Cangaço

Depoimento de Chiquinho Rodrigues, um dos defensores da cidade de Piranhas durante o ataque de Corisco e Gato, por conta da prisão da cangaceira Inacinha. Depoimento gravado em 1998.

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18 de dez. de 2020

OS GRANDES CRIMES DE LAMPIÃO - PARTE I.

 Por Cangaçologia 

https://www.youtube.com/watch?v=VqVCg38IfhY&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

No decorrer dos anos muitas histórias foram criadas pelo imaginário popular em torno da figura polêmica de Lampião. Algumas dessas histórias sangrentas, outras romanceadas e tantas outras com teores cômicos ou sarcásticos. A verdade é uma só e todos nós sabemos que a história do cangaço e em especial a história do cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva “Lampião”, foi escrita com muito sangue, suor e sofrimento. Um período de luto para o sertão e para o sertanejo nordestino. 

Muitas histórias de crimes monstruosos, que foram cometidos tanto por parte dos cangaceiros, quanto de grande parte das Volantes que os perseguiam, se perderam com o passar do tempo, mas uma grande e importante fatia dessas histórias foram salvas através da memória popular e de documentos que ainda nos tempos atuais podemos ter acesso. 

Com o intuito de preservar e divulgar a história cangaceira selecionamos algumas dessas histórias e a partir de agora as apresentaremos em capítulos, onde especialistas e estudiosos do assunto falarão a respeito dos fatos acontecidos, cada um dentro da sua especialidade. Tenho a plena convicção que através dessas histórias teremos um maior conhecimento e compreensão sobre os fatos e acontecimentos desse período negro da nossa história chamado cangaço. 

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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17 de dez. de 2020

PEÇA LOGO ESTES TRÊS LIVROS PARA VOCÊ NÃO FICAR SEM ELES. LIVROS SOBRE CANGAÇO SÃO ARREBATADOS PELOS COLECIONADORES.

Por José Mendes Pereira 

A primeira obra é "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS" que já está na 5ª. edição, e aborda o fenômeno do cangaço e a vida do maior guerrilheiro das Américas. Um homem que não temeu às autoridades policiais  e muito menos aqueles que lutavam contra a sua pessoa, na intenção de desmoralizá-lo nas suas empreitadas vingativas, e eliminá-lo do solo nordestino. Realmente foi feito o extermínio do homem mais corajoso e mais admirado do Nordeste do Brasil, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, mas não em combate, e sim, através de uma emboscada muito bem organizada pelo alagoano tenente João Bezerra da Silva. 


O Segundo livro da trilogia do escritor e pesquisador do cangaço é: "FATOS ASSOMBROSOS DA RECENTE HISTÓRIA DO NORDESTE" com 332 páginas, e um grande acervo de fotos relacionado ao assunto. E para aqueles que gosta de ler e ver fotos em uma leitura irá se sentir realizado com todas as fotos.


O terceiro livro da trilogia também do escritor José Bezerra Lima Irmão é: "CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DO NORDESTE" resgata fatos sobre os quais a história oficial silencia ou lhes dá uma versão edulcorada ou distorcida: o "desenvolvimento" do Brasil, o desumano progresso de colonização feito a ferro e fogo, Guerra dos Marcates, Cabanada, Balaiada, Revolução Praieira, Ronco da Abelha, Revolta dos Quebra-Quilos, Sabinada, Revolta de Princesa, as barbáries da Serra do Rodeador e da Pedra do Reino, Guerras de Canudos, Caldeirão e Pau-de-Colher, dando ênfase especial à saga de Zumbi dos Palmares, Invasões Holandesas, Revolução Pernambucana de 1817, Confederação do Equador e Guerras da Independência, incluindo o 2 de Julho, quando o Brasil se tornou de fato independente... São assunto que dá gosto a gente lê-los.  

Adquira-os com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

ou com o autor através deste g-mail: 

josebezerralima369@gmail.com

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16 de dez. de 2020

LAMPIÃO E ZÉ RUFINO

  Por Nas Pegadas da História

https://www.youtube.com/watch?v=aSYY9EC1Kjg&ab_channel=NASPEGADASDAHIST%C3%93RIA

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15 de dez. de 2020

14 de dez. de 2020

“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”

 


Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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13 de dez. de 2020

Livro "Lampião a Raposa das Caatingas"

 

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
franpelima@bol.com.br
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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12 de dez. de 2020

NECO DE PAUTILHA E LUIZ DE CAZUZA

 Acervo Aderbal Nogueira 

https://www.youtube.com/watch?v=JC4NOUcuP_o&list=PL_ljFMyPaW5NNglqbhE-VMgl6DfM8iuqU&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

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9 de dez. de 2020

ANTÔNIO VILELA LANÇA LIVRO

  Por Kydelmir Dantas


Parabéns, Professor Antônio Vilela: 

A HISTÓRIA DE GARANHUNS sempre em boas mãos. As gerações futuras, com este livro, terão uma bela referência do passado histórico, educacional, esportivo e social da "terra de Simoa"... Onde o Nordeste Garoa, que nem cantou seu filho ilustre Dominguinhos.

Sonho realizado! 

Quem quiser adquirir fazer contato no zap. 87.9.9944.8888.

https://www.facebook.com/

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8 de dez. de 2020

ELIZEU VENTANIA - RELÍQUIAS DE CANÇÕES

 

https://www.youtube.com/watch?v=Y5UHBLqvO3E&ab_channel=Encontrocomapoesia

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7 de dez. de 2020

PRIMEIRO AMOR (POESIA)

  Por Rangel Alves da Costa


Primeiro amor

Meu primeiro amor

e o melhor que semeou

sementes de gratidão

que no peito preservou

como fé de veneração

como jardim sua flor

como seiva no coração

primeiro amor

que me ensinou a sonhar

me deu asas e fez voar

como criança que aprende

a escolher e a falar

como adulto que quer

continuar a tanto amar.

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4 de dez. de 2020

A CARTA DE SINHÔ PEREIRA PARA LAMPIÃO.

 Por Geraldo Júnior

https://www.youtube.com/watch?v=N2VQiFXU_k8&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Cangaçologia

Teria Sinhô Pereira convidado Lampião a abandonar o cangaço? Afinal, qual o conteúdo dessa polêmica carta endereçada pelo antigo chefe cangaceiro ao seu sucessor? Conheçam a história. Geraldo Antônio de Souza Júnior.

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2 de dez. de 2020

ESCOLA ESTADUAL JERÔNIMO ROSADO

 Por José Mendes Pereira 

Esta é a escola pública estadual mais linda de Mossoró. Nela eu estudei 1º, 2º. e 3º. anos científicos. 

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1 de dez. de 2020

DOCE AVENTURA – JUDEUS PORTUGUESES FORAM PROTAGONISTAS NO MUNDO DO AÇÚCAR, EM PERNAMBUCO, DURANTE O DOMÍNIO HOLANDÊS

 Tânia Neumann Kaufman – Fonte – Revista Corrente nº 34, págs. 28 a 33.

Rua dos Judeus e seu mercado de escravos. Quadro Rua dos Judeus – Slavenmarkt, de Zacharias Wagener – 1641 – Fonte – http://bairrodorecife.blogspot.com.br/2014/02/a-rua-do-bode-dos-judeus-da-cruz-e-do.html

Nos séculos XVI – XVII,  na história das trocas comerciais intercontinentais, o açúcar brasileiro teve um papel fundamental na construção de um padrão cultural que definiu não só as fronteiras geopolíticas, mas, também – ao regular os espaços da produção, do consumo e da distribuição do produto, subordinados a leis e restrições religiosas – criou uma cultura singular com raízes na interculturalidade. Negros, índios, europeus de origem judaica e, principalmente os portugueses deixaram suas marcas num mundo dominado pela sacralidade da “salvação da alma” mesmo que mandando outras para o inferno do fogo da punição por heresia.

Expulsão de judeus – Fonte – https://lahistoriajudiadeandalucia.files.wordpress.com/2012/08/aenfardelar.jpg

Foi neste quadro que os judeus ibéricos entraram no mundo do açúcar. Mesmo na clandestinidade espalharam-se, multiplicaram-se, transformaram as terras desprezadas pela nobreza portuguesa em campos produtivos de cana. Construíram engenhos, fabricaram açúcar e colocaram-no na vasta rede de relações comerciais familiares baseadas na Europa não católica. Embarcaram o “ouro branco” para os portos mais importantes do mundo nas urcas holandesas e embarcações fabricadas em estaleiros de judeus. Eles tinham o dinheiro para financiar desde o plantio até a chegada à mesa do europeu e eram especialistas na tecnologia do fabrico do açúcar.

A força da cultura sefaradi deixou o seu legado na interação entre o mundo judaico e o mundo da cultura local. A cultura canavieira foi um meio de consolidação do poder colonial português nas terras brasileiras. Paradoxalmente, foi, também, a forma de fixação dos cristãos novos e judeus que fizeram destas terras tropicais seus novos lares. Aqui chegaram e aqui ficaram até hoje.

Engenho de açúcar no nordeste do Brasil Colonial.

Todavia, diante da extensiva presença deste grupo nos engenhos espalhados na região é justo acrescentar que foi determinante o papel daqueles personagens em toda a cadeia produtiva da economia açucareira. Já em meados do século XVI, a costa nordestina centralizava toda a atividade no Brasil. Pernambuco foi uma das mais bem sucedidas de todas as capitanias, graças à política do donatário Duarte Coelho nos processos de transferência recursos financeiros e agentes com habilidades especializadas vindos de Portugal, de Galiza e das Canárias.

Se nos anos iniciais a comercialização do açúcar ficou em poder dos portugueses e de alguns investidores alemães, no princípio do século XVII a maior parte do açúcar era transportada nas urcas holandesas, com destino aos portos do norte europeu.

Quadro do holandês. Frans Janszoon Post (Leyden, 1612 — Haarlem, 1680) mostrando o Brasil Holandês – Fonte – http://cultura.culturamix.com/arte/pinturas-de-frans-post

Desde 1630, os judeus portugueses de Amsterdã espalharam-se pelo Nordeste dedicando-se, sobretudo, aos negócios do açúcar, que, por muito tempo, foi umas das principais riquezas daquela região. Com o fim do domínio holandês e a retomada de Pernambuco pelos portugueses em 1654, uma nova “passagem” conduz um dos grupos de refugiados saídos do Recife até Nova Amsterdam – mais tarde, Nova Iorque. A razão foi a mesma: a intolerância pela qual seus ancestrais haviam sido expulsos da Península Ibérica. Só que, desta vez, além das singularidades do judaísmo na bagagem, o grupo levava o conceito de “cidadania”, apreendido e aprendido no curto espaço do tempo de Maurício de Nassau como governador do Brasil Holandês. Daqui partiram e lá ficaram, dando início. Congregação Shearit Israel, até hoje ativa.

Novos Personagens Emergem da Clandestinidade

É significativo o número de engenhos que tiveram o controle de cristãos-novos e judeus e o funcionamento disfarçado de sinagogas espalhadas pelas ruas da vila do Recife e seus arredores. Ribemboim, em um levantamento feito em 1995 lembra que, de preferência, as sinagogas eram erguidas nos engenhos¹. Recentemente, achados arqueológicos, numa área da mata sul, mostraram indícios da existência de um local de purificação espiritual (micvê) nas ruínas de uma antiga casa de engenho.

Barco holandês

Embora os vínculos religiosos e sócio-comunitários da população ibérica daquela época estivessem desfeitos com a passagem dos séculos, a teia cultural mostra-se, até hoje, resistente e unifica os sobreviventes através de novos personagens que emergem da clandestinidade se auto-identificando como descendentes dos antigos cristãos-novos. É possível haver uma relação com costumes e tradições de uma cultura e de uma língua herdada dos judeus ibéricos.

No nordeste do Brasil, eles foram gradativamente se incorporando como parte do patrimônio material e imaterial brasileiro. O professor Marcos Albuquerque, importante arqueólogo da Universidade Federal de Pernambuco relata que em suas viagens pelo interior do nordeste e norte do Brasil é muito comum ver túmulos nas margens das estradas, sem cruzes e com pedrinhas em cima, como é o costume judaico.

Soldados romanos carregando os despojos das guerras judaicas. A destruição de Jerusalém aconteceu em 70 D.C., quando as legiões romanas saquearam Jerusalém e retornaram a Roma com os despojos, daquela que era considerada a cidade mais rica no Império Romano – Fonte – http://www.bible-history.com/archaeology/rome/arch-titus-menorah-1.html.

Há também inúmeros relatos de pessoas que vivem no sertão mencionando, entre outros costumes, a forma de sepultamento de origem judaica, ou seja, o falecido é enterrado apenas envolto em mortalha sem caixão e sem símbolos (cruzes, por exemplo). Muitas vezes, estas pessoas enfatizam que foi um desejo exposto à família quando se percebiam próximos ao passamento.

Ainda existem os vestígios de antigas edificações que guardam parte dessa história. A Sinagoga Kahal Zur Israel, na antiga Rua dos Judeus no Bairro do Recife, o engenho Camaragibe no município do mesmo nome, a casa de Branca Dias em Olinda e tantos outros espaços físicos. O apego às tradições da kashrut (leis dietéticas judaicas) identificadas em denúncias contra os cristãos-novos do século XVI–XVII permaneceram, em muitos casos, de forma inconsciente nos costumes alimentares da população em Pernambuco e em outros estados do nordeste do Brasil.

Primeira sinagoga das Américas, em Recife – Fonte – http://culturahebraica.blogspot.com.br/2013/01/amazonia-terra-prometida-historia-dos.html

Muitas informações foram reveladas nas histórias contadas às autoridades religiosas da época. Nelas, o quadro figurativo do judaísmo aparece como religião e como cultura. Estilo de vida, competências linguísticas, crenças, hábitos alimentares, ritos, jeitos de viver, de morar, rezar, sepultar seus mortos, condenados como heresias pela ordem política e religiosa estabelecida representavam a forma preservada de um ethos que garantia a continuidade do grupo na história.

Por isso, valorizamos os conteúdos dos registros de denúncias na obra Primeira Visitação às Partes do Brasil. Denunciações e Confissões de Pernambuco 1593-1595 cujos conteúdos historiam os fatos político-religiosos que regulavam o cotidiano da América Portuguesa. Nelas revelava-se que as práticas judaizantes eram realizadas no espaço privado do lar, dos engenhos e da vila, onde viviam os denunciados. Esta realidade vem sendo apreendida com técnicas da análise dos discursos dos entrevistados escolhidos para a pesquisa cotejando-se com as denúncias inquisitoriais. Assim, nas entrevistas realizadas com os “novos personagens” que formam uma nova/antiga categoria de judaísmo é que é conhecida a simbolização o que compõe a imagem, os traços, enfim, a essência cultural singular do grupo. Devemos lembrar os elementos preservados na cadeia de comunicação entre os judeus sefardim e a população com quem conviviam, na circunstância de não poderem ser expostos com seus conteúdos originais. Os “não ditos” ficavam no mundo da reserva mental, portanto fora do discurso explicito. Talvez por isso, os costumes foram tão enfatizados pelos seus portadores gerando o que alguns estudiosos chamam de “marranidade” ou “marranismo”.

Detalhe de quadro de Frans Post, mostrando detalhes de um engenho – Fonte – http://www.scielo.br

Ao visitarmos alguns engenhos ou o que deles restou temos o sentimento de “ouvir” o eco dos passos de pessoas que ali viveram seus cotidianos e suas práticas religiosas. Impossível não pensar na inquietação de um suceder de dias que oscilava entre a hostilidade ou o afrouxamento da vigilância e as estratégias para preservação do que hoje chamamos cidadania.

Estes fatos são importantes para compreendermos a dimensão cultural das raízes judaicas nesta parte do Brasil cuja ressonância alcança nossos dias com a emergência de novas identidades apoiadas em antigas heranças de um judaísmo exportado compulsoriamente da Península Ibérica para o Brasil.

VEJA MAIS POSTAGENS SOBRE TEMAS LIGADOS A JUDEUS NO TOK DE HISTÓRIA

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https://tokdehistoria.com.br/2015/06/08/the-first-synagogue-in-the-americas-itamaraca-1634/

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://blogdomendesemendes.blogspot.com