31 de out. de 2021

AINDA SOBRE O SUPOSTO FILHO DE LAMPIÃO O JOÃO FERREIRA DA SILVA, O JOÃO PEITUDO.

  Por José Mendes Pereira

A foto pertence ao acervo do jornaliste e pesquisador do cangaço Robério Santos.

Fazendo uma pesquisa mais aprofundada e com muito cuidado para não fazer injustiça  contra aqueles que fazem os seus "trabalhos cuidadosamente"; falo sobre o suposto filho do capitão Lampião e Maria Bonita, o João Ferreira da Silva, o João Peitudo, que havia nascido na região do Cariri (e não foi afirmada a cidade do Cariri que isso ocorreu. Também pudera, são muitas cidades que pertencem a esta região), no Estado do Ceará, em abril do ano de 1938, não encontrei nenhuma data que fala sobre o retorno do capitão Lampião neste Estado, entre os anos de 1937 e 1938. 

Sabemos que,  neste período o capitão estava de rede armada e cachimbo aceso nas terras do Estado de Sergipe, e com três meses depois, uma parte do cangaço tinha sido exterminada, ficando alguns cangaceiros ainda ditando as suas regras, tendo o fim em 25 de maio de 1940, com a morte de Corisco e a prisão da sua companheira Dadá. 

Cangaceiro Zé Baiano.

Veja leitor, que em 1934, o capitão Lampião já estava nas terras da Bahia, quando deixou o seu comparsa Zé Baiano em Frei Paulo. Então não há indícios de que Lampião retornou ao Ceará entre os anos que eu cito acima. Mas poderá ser que a minha pesquisa não foi suficiente para encontrar Lampião no Estado do Ceará, entre os anos de 1937 e 1938.

Em 1938, quando o João Ferreira da Silva nasceu, o velho guerreiro capitão Lampião estava vivendo nas terras do Estado de Sergipe, mais ou menos pelas redondezas de Porto da Folha, atual Poço Redondo. E nesse tempo, o capitão já estava com mais de 40 anos, e não tinha mais tanta disposição para sair de Sergipe, passar pelo Estado de Alagoas, e em seguida, cortar as terras de Pernambuco, e chegar a Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, com uma criança de colo que havia nascido a 42 dias, para entregá-la  a uma senhora de nome Aurora da Conceição, que residia lá na região. 

E por que o capitão Lampião tinha este desejo de entregar a criança somente nas mãos desta senhora, onde no percurso, existiam tantas outras famílias que poderiam adotá-la sem ele receber nenhuma palavra negativa?

O jovem em estudo, realmente, aparentemente, tem muito a ver com o suposto pai, mas pela a lógica, não tem como dizer com segurança que ele era filho do capitão Lampião. Acredito que isso foi invencionice de quem o criou, ou até mesmo, uma brincadeira que surgiu no meio dos amigos.

Mera coincidência. Quem criou dona Expedita Ferreira Nunes, mundialmente reconhecida como sendo a única filha dos reis do cangaço capitão Lampião e Maria Bonita, foi o casal Manoel Severo e dona Aurora. E o João Ferreira da Silva o João Peitudo, também foi criado por uma senhora de nome Aurora. Seria o capitão Lampião apaixonado por mulheres que tinham o nome Aurora? Ou seria epidemia, no tempo de mulheres com o nome Aurora?

Paulo Medeiros Gastão e Aderbal Nogueira

Os cangaceiros remanescentes de Lampião não informaram que Maria Bonita esteve grávida entre os anos 1937/1938, principalmente, o ex-cangaceiro Candeeiro, que entrou para o cangaço em 1937, e segundo os pesquisadores Dr. Paulo Medeiros Gastão e o cearense Aderbal Nogueira, que fizeram diversas gravações com o ex-cangaceiro, sempre afirmaram com as sete letras da verdade, que o Candeeiro era um homem de palavra sim, sim, não, não, e não dava entrevistas com a finalidade de aparecer. Sempre usando a verdade como primeiro lugar, e sem mudar a sua versão.

https://www.youtube.com/watch?v=UyoKFSyAdsY&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

O João Ferreira disse ao https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/4/14/cotidiano/17.html 

"Toda vez que eu perguntava por que  (Ele tinha furado as suas orelhas), minha mãe (adotiva) começava a chorar." 

Há quantos anos Lampião havia furado as suas orelhas e a mãe adotiva ainda sentia a dor da furada no filho adotivo, como se fosse naquele mesmo dia? Incrível...!

Informação ao leitor: 

Lembrando ao leitor que, o que eu escrevi, não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, e jamais prejudicará os trabalhos dos pesquisadores, cineastas e escritores. São apenas as minhas inquietações.

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30 de out. de 2021

NOVO LIVRO NA PRAÇA

  Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com

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27 de out. de 2021

1863 NASCEU DELMIRO GOUVEIA EM IPU-CE.

 Por José Mendes Pereira

No dia 05 de Junho de 1863 nasceu em Ipu, no Estado do Ceará que viria ser um dos maiores empresários do nordeste brasileiro "Delmiro Augusto da Cruz Gouveia", que ficou mundialmente conhecido como coronel Delmiro Gouveia.

Veja a seguir um pouco sobre ele no site abaixo:

http://www.ipatrimonio.org/delmiro-gouveia-usina-hidreletrica-de-angiquinho/#!/map=38329&loc=-9.39135703137584,-38.19469928741451,17

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26 de out. de 2021

LAMPIÃO INVADE SÍTIO PICADA

 

1927 – Em 13 de Junho, no Sítio Picada, seis quilômetro da cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, foi invadido pelos cangaceiros de Lampião, e ainda  sequestraram o fazendeiro Azarias Januário de Oliveira. 

Fonte: http://tokdehistoria.wordpress.com - autor Rostand Medeiros.

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25 de out. de 2021

CANGACEIRO DESCONHECIDO.

  Por Paulo George

1938 – 9 de Novembro, Jornal de Alagoas perguntava: “- Quem era o bandido que não foi identificado no sucesso de Angico, quando a força policial sob o comando geral do capitão João Bezerra, no feliz reencontro de “Angico”, fulminou o facínora “Lampeão” e os mais temíveis de seus asseclas, um dos cangaceiros não fora identificado?

Surgiram até comentários em torno do bandido desconhecido, pensando algumas pessoas que se tratasse de um aventureiro que houvesse se incorporado ao grupo sanguinário do “Rei do Cangaço”. 

Assim, por muito tempo ficou constituindo uma interrogação a identidade do mesmo. Entretanto, agora, chegam ao nosso conhecimento informações a respeito do famigerado desconhecido, enfim sua identificação. Luiz de Tereza.

Fonte: facebook - Página: Paulo George‎ Cangaço Paraiba – publicado no: 

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24 de out. de 2021

ENTREVISTA COM O SUPOSTO FILHO DO CAPITÃO LAMPIÃO E MARIA BONITA

 Por José Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?v=gmEpGe0XFko&ab_channel=KinkoPelegrine. - "O vídeo pertence ao acervo do pesquisador Kinko Peregrine".

Sobre este senhor não há como eu acreditar que era filho de Virgolino Ferreira da Silva, o capitão Lampião, e de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita. Vejam que o suposto filho de Lampião e de Maria Bonita diz que, a briga de Lampião com o Zé Saturnino começou por causa de um chocalho. Nesse sentido, eu não discordo, porque está escrito na literatura lampiônica. Só que ele diz que este chocalho está na sua mão, e de repente, ele diz que está em Serra Talhada. 

Diz ele no vídeo:

“A verdadeira história começou por um chocalho. Numas cabras, né? Este chocalho ainda hoje está na minha mão. É a última pessoa que existe desse chocalho, que começou toda história do cangaço, é esse chocalho.

Esse chocalho está em Serra Talhada, num museuzinho pequeno, que me pediram a esse, o museu me pediu para eu deixar este chocalho, lá em Serra talhada, e, a família me pediu, para eu deixar lá em Serra Talhada, Quem me entregou foi um ex-cangaceiro do meu (possivelmente a falha no vídeo, mas acredito que ele quis dizer meu pai), que me disse uma segurança muito grande...”

Vamos lá:

Ele diz que o chocalho estava na sua mão e de repente diz que o chocalho está em Serra Talhada. Por que mentir tanto assim? Quando foi que este chocalho chegou às suas mãos e através de quem, quando muitos pesquisadores da época, gostariam de terem recebido esta relíquia para o seu acervo? 

Com certeza, foi um chocalho adquirido por aí, ou quem sabe, ele mesmo o encontrou sem ter nada a ver com o chocalho que misteriosamente começam as brigas de vizinhos. 

Todo mundo queria ser filho de Lampião. 

Assista ao vídeo e diga se tem procedência esta história do João Peitudo, suposto filho de Lampião e de Maria Bonita. Eu acho que não tem procedência de forma alguma.

(Nome: 

João Ferreira da Silva 

Nascimento: 

1938

 

Falecimento: 

26-07-2000

em: 

Juazeiro do Norte, CE

Idade: 

Aproximadamente 62 anos, em 2000.

Profissão: 

Funcionário Público da Prefeitura de Juazeiro do Norte

Pai: 

Virgulino Ferreira da Silva

Mãe: 

Maria Gomes de Oliveira

Notas: 

João Peitudo". Faleceu de ataque cardíaco, está sepultado no cemitério São João Batista. Foi reconhecido filho do cangaceiro Lampião em 1994 através de um exame de DNA realizado nos Estados Unidos. Teve 5 filhos).

Existem pesquisadores do cangaço que são grandes conhecedores do tema, informam que o exame de "DNA" feito para comprovar a paternidade dos pais de João Peitudo, ficou incompleto. Sendo assim, menos verdade.

Suponhamos que Maria Bonita engravidou de Lampião no ano de 1937, e só pariu o João Ferreira da Silva no ano seguinte. Mas vale lembrar que, depois que o capitão Lampião saiu do Ceará, nunca mais colocou os seus pés em Juazeiro do Norte. 

No dia 21 de agosto de 1928, numa canoa, o capitão Lampião e seus cabras cruzaram o rio São Francisco. Ali, ao sul do Rio, passaria a ser a base de suas operações maldosas dali em diante. Agora o cangaço estaria vivendo uma nova era. 

Naquele Estado, Lampião passou a ter como refúgio preferencial, outro Estado que foi Sergipe, onde um de seus protetores seria o médico e capitão do Exército Eronides de Carvalho, mas este ele só se encontrou ao menos uma vez. Em meados dos anos 1930, Eronides se tornou governador, e lógico que o capitão do exército não queria mais amizade com bandido.


Informação ao leitor: 

Não me refiro ao cineasta que fez a gravação, e sim, ao João Ferreira da Silva o João Peitudo, que batia o martelo dizendo que era filho dos reis do cangaço. Mas esta questão é muito fácil resolver. Fazer o "DNA" do cadáver do João e comparar com o "DNA" de dona Expedita Ferreira que é a única pessoa que é filha de Lampião e Maria Bonita.

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22 de out. de 2021

A CAMINHO DE MOSSORÓ

 


O ataque de Lampião e seu bando de cangaceiros a Fazenda Morada Nova, Pau dos Ferros, RN

Por Rostand Medeiros

No ano de 2010 soube do desenvolvimento do “Projeto Território Sertão do Apodi – Nas Pegadas de Lampião”, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte – SEBRAE/RN, do qual a gestora era a competente consultora Kátia Lopes. Fui ao seu encontro soube que Kátia planejava criar um grupo para percorrer o mesmo caminho palmilhado por Lampião e seus cangaceiros, como parte de um amplo reconhecimento histórico. Ali estava uma oportunidade imperdível de conhecer esse caminho e o que restava de sua memória.

Foi realmente um momento muito especial e um trabalho maravilhoso. Depois de 2010 eu tive a oportunidade de percorrer esse caminho em mais outras quatro ocasiões. As duas primeiras oportunidades, em 2012 e 2014, foram com pessoas que me contrataram para conhecer trechos no Rio Grande do Norte, com foco nas áreas da Serra de Martins e de Mossoró. Já em 2015 estive percorrendo esse antigo caminho dos cangaceiros durante dezessete dias.

Desta vez partindo da cidade cearense de Aurora, adentrando depois em território paraibano, percorrendo na sequência todo trecho potiguar e encerrando na cidade cearense de Limoeiro do Norte. O objetivo da jornada de 2015 foi à realização da película Chapéu Estrelado, um documentário de longa metragem da Locomotiva Produções Cinematográficas, do Rio de Janeiro, sendo dirigido pelo mineiro Silvio Coutinho, com roteiro de Iaperi Araújo e produção de Valério Andrade e o autor desse texto, esses últimos potiguares. Apesar de filmado com esmero em sistema 4K, com interessantes depoimentos, esse documentário nunca esteve no circuito de festivais e, afora algumas exibições em rede nacional através da TV Brasil, ele foi pouco visto pelo grande público. A razão principal foi o falecimento precoce do diretor Sílvio Coutinho, ocorrido no ano de 2018, em decorrência de um ataque cardíaco fulminante, ocorrido no Rio de Janeiro.

Trajeto dos cangaceiros em 1927, em um mapa do Exército Brasileiro, em escada de 1:100.00, com as propriedades invadidas marcadas. Existe um erro no mapa, pois um dos locais atacados foi denominado como “Carícia”, quando o certo é “Caricé”.

A última oportunidade se deu em 2017, quando uma grande parte do trajeto com o artista plástico e fotógrafo Sérgio Azol. Potiguar de nascimento, mas radicado há muitos anos na capital paulista, Azol me chamou para percorremos esse caminho visando o desenvolvimento de uma exposição fotográfica a ser realizada em São Paulo. Ele clicou as paisagens, as vivendas e as pessoas de forma magistral. Aquela era a segunda oportunidade que percorria o sertão nordestino com Sérgio Azol, tendo tido oportunidade em 2016 de visitar importantes locais ligados a história do Cangaço na Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Em 2020 essa jornada foi transformada em livro – 1927 – O Caminho de Lampião no Rio Grande do Norte. – Ver –  https://tokdehistoria.com.br/2020/08/26/autor-natalense-refaz-caminho-de-lampiao-pelo-rio-grande-do-norte/

Agora apresento um pouco do que vi!

Os Caminhos a Seguir

Essa memória se inicia em um sábado, dia 11 de junho de 1927, o segundo dia de Lampião e seus cangaceiros em solo potiguar.

Antiga casa do Sítio Cascavel, zona rural de Pilões – Foto – Rostand Medeiros

Em meio a um grande lajedo ao norte da atual cidade potiguar de Marcelino Vieira, os cangaceiros vão acordando e se preparando para seguir a sua jornada em direção a Mossoró. Após acordarem parte em direção aos Sítios Cascavel e São Bento, cujas terras em dias atuais são parte do município potiguar de Pilões. Depois atacam os Sítios Poço Verde, Poço de Pedra e a Fazenda Caricé, do prestigiado pecuarista Marcelino Vieira da Costa. Sobre o assalto ao Caricé vejam esse texto que escrevi, onde trago alguns detalhes do episódio – https://tokdehistoria.com.br/2019/02/10/marcos-de-religiosidade-no-caminho-de-lampiao-no-rio-grande-do-norte/  

Punhal de um cangaceiro deixado no Sítio Poço de Pedra, zona rural de Pilões-RN – Foto – Rostand Medeiros

A partir da velha Fazenda Caricé, mesmo a distância, já é possível visualizar o grande maciço rochoso que formam as Serras de Martins e de Portalegre, onde se encontram alguns dos pontos de maior altitude do Rio Grande do Norte, com locais que ultrapassam os 800 metros. Essas duas grandes elevações se interpunham diante daqueles viajantes que seguiam em direção a Mossoró vindos do extremo oeste da Paraíba. Para os cangaceiros continuarem em busca do seu alvo principal, vários caminhos se colocavam a disposição. O matreiro Lampião, certamente secundado por Massilon, o mais experiente de todos aqueles bandoleiros em relação aos caminhos potiguares, perceberam que teriam de optar por um desses caminhos.

O primeiro trajeto poderia ser: subir a Serra de Martins, passar pela cidade homônima e descer do outro lado da elevação. Bastava seguir pelo antigo caminho que ligava essa cidade até a Vila de Alexandria. Segundo as pessoas da região, partes do antigo trecho dessa estrada ainda existem, fazendo parte da atual rodovia estadual RN-075.

Aspecto dos caminhos dessa região 
– Foto – Rostand Medeiros.

O segundo caminho, caso o grupo desejasse seguir em direção a Mossoró sem passar pela cidade de Martins, poderia ser feito do seguinte modo: cavalgar até a extremidade oeste do grande maciço rochoso. Nesse caso, os cangaceiros fatalmente chegariam próximo de Pau dos Ferros. Então, depois de passar ao lado da serra, eles percorreriam a antiga estrada que seguia pela cidade de Apodi e, depois de vários quilômetros, chegariam a Mossoró.

Teoricamente, esses dois caminhos não trariam maiores problemas para um viajante comum. Entretanto, aquele estranho grupo de homens armados poderia ser classificado de tudo, menos de “viajantes comuns”.

Desde a saída do bando no Ceará, os celerados deixaram de lado a discrição, passando para a prática aberta de toda sorte de delitos, chamando a atenção das autoridades potiguares. Inclusive, essas autoridades já tinham entrado em contato e combatido o grupo na Caiçara. Mesmo com a derrota da polícia estadual naquele entrevero, Lampião sabia que a qualquer momento as forças do governo potiguar poderiam dar o devido revide. Se decidissem subir a serra, poderiam facilmente esbarrar em um piquete de homens armados, já previamente alertados. Como o bando tinha poucos recursos humanos e bélicos para realizar combates contínuos, esse possível confronto poderia infringir sérios problemas aos cangaceiros na tentativa de galgar a grande serra.

Rostand Medeiros diante da capela da Fazenda Caricé, zona rural de Marcelino Vieira – RN em 2015 – Foto – Silvio Coutinho.

Se o bando seguisse próximo da cidade de Pau dos Ferros, a maior e a mais policiada da região, para depois trotarem em direção a Apodi (uma cidade invadida por Massilon apenas um mês antes), fatalmente homens armados poderiam estar aguardando o grupo em um desses locais, ou nos dois. Aí os resultados desses novos tiroteios poderiam ser extremamente negativos. Deve-se levar em consideração que, além da polícia potiguar, Lampião se preocupava igualmente com a polícia de outros estados no seu encalço, principalmente a paraibana.

Lampião na Fazenda Morada Nova

Havia outra alternativa: era possível contornar o grande maciço através da extremidade mais a leste dessas elevações, passando por um caminho que os levariam para a Vila de Boa Esperança, atual município de Antônio Martins.

O grupo de bandoleiros então se afastaria de áreas onde presumivelmente haveria mais atividade policial, poderiam então alcançar zonas teoricamente mais desprotegidas e possivelmente ainda não alertadas da presença deles na região. Esse caminho se mostrava mais promissor!

Casa da Fazenda Morada Nova, zona rural de Pau dos Ferros – RN  
– Foto – Rostand Medeiros.

Contudo, aparentemente, essa decisão não deve ter ocorrido antes ou durante a passagem pela Fazenda Caricé, pois, logo depois da saída da propriedade do fazendeiro Marcelino Vieira, os cangaceiros seguiram primeiramente na direção sudoeste, apontando para a cidade de Pau dos Ferros. Após rápida cavalgada, surgiu o próximo alvo daquela jornada insana – A Fazenda Morada Nova.

Quando visitei essa propriedade pela primeira vez em 2010, ali encontrei a senhora Firmina Aquino de Oliveira, então com 95 anos de idade, e sua nora Maria Ivaneide de Aquino. Ivaneide era neta de Antônio Januário de Aquino, antigo dono do lugar, que teve a difícil missão de receber Lampião em 11 de junho de 1927.

Lampião

Elas me informaram que não tinham conhecimento se o parente já falecido possuía laços de amizade, ou de inimizade, com o cangaceiro Massilon. Igualmente não souberam comentar se a chegada do bando se deu a uma indicação desse celerado, ou se a casa dos seus antepassados foi atacada simplesmente por ter sido um alvo que surgiu à frente do grupo.

Entretanto, essas senhoras relataram que antes do bando chegar à casa de Aquino, que não mais existia em 2010, eles arrombaram uma residência onde vivia um trabalhador da propriedade, que juntamente com sua família fugiu para o mato. Logo os bandidos pararam diante da casa grande da Fazenda Morada Nova.

Além do proprietário, na casa estavam sua mulher Raimunda Nonato de Aquino, seu filho Cosme e suas três belas e jovens filhas, Raimunda, Arcanja e Maria. Segundo Sérgio Augusto de Souza Dantas (Lampião no Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada, 1ª edição, págs. 119 e 120), foi exigido alimentos e dinheiro ao dono da Fazenda. Antônio Aquino era um produtor próspero, sendo apontado inclusive como dono de um engenho de açúcar e aguardente.

Diante da beleza das moças, alguns cangaceiros logo se mostraram interessados nas meninas. Sérgio Dantas relatou que Aquino pediu proteção a Lampião, que prontamente refreou os ânimos da cabroeira e o próprio chefe chegou a pedir desculpas ao pai das jovens pela falta cometida pelos seus homens. Após varejarem toda a casa e retirarem o que os interessava, a malta de bandidos seguiu viagem.

A Foto

As senhoras Firmina e Maria Ivaneide comentaram que a passagem do bando causou extrema comoção entre os membros da família Aquino. Todavia, Antônio Januário se sentiu até mesmo com “sorte”, pois, apesar de ter havido perda material com o saque praticado, o fato das suas filhas não haverem sofrido qualquer tipo de violência, principalmente sexual, foi considerado um resultado extremamente fortuito diante da extrema gravidade do problema.

No dia 11 de novembro de 1928, um domingo, quase um ano e meio depois da passagem dos cangaceiros, Antônio Januário reuniu sua família em um estúdio fotográfico de Pau dos Ferros para a realização de um interessante instantâneo. Essa fotografia, que trago com exclusividade e conseguida a partir do material original, possui no verso a seguinte frase “Uma pequena lembrança que ficará para sempre”.

Bando de Lampião, após o ataque a cidade de Mossoró em 1927.

Nela é possível ver Antônio e sua esposa Raimunda sentados em um pequeno sofá de madeira e vime, em uma posse de tranquilo comando de suas vidas e de sua prole familiar, que se encontravam todos presentes. De pé, logo atrás do móvel é possível ver Cosme, tendo a sua direita suas irmãs Maria e Arcanja e ao seu lado esquerdo Raimunda. Essa última e Arcanja trazem dois objetos que escaparam das mãos dos cangaceiros – são dois belos crucifixos com corrente e pedras.

Depois de observar milhares de fotos antigas, ao longo de vários anos de pesquisas, posso comentar que, a exceção de Dona Firmina, todos os outros participantes do instantâneo se vestem com roupas modernas para os padrões sertanejos do interior potiguar da década de 1920. Inclusive suas filhas, onde é possível ver Maria e Arcanja utilizando saias acima do joelho, apesar de estarem com meias. Antônio e Cosme igualmente seguem um padrão de vestimenta masculina bem moderna para a época. Ao olhar detidamente essa foto, vejo o registro de uma família que aparentemente superou o susto causado pelo bando de Lampião.

Violeiros Cantam a História do Assalto

A senhora Ivaneide me comentou em 2010 que nessa propriedade era comum a apresentação de cantadores de viola afamados da região e até de outros estados. Mesmo com o crescimento das bandas de forró eletrônicas, da televisão e outros meios de entretenimento, na época essas cantorias de viola possuíam público cativo na comunidade.

Casa da Fazenda Morada Nova em 2010. Reparem os bancos feitos de troncos de carnaúba, utilizados para a comunidade assistir duelo de cantadores de viola. Ao fundo o maçiço da Serra de Martins – Foto – Rostand Medeiros.

Ela narrou que era praxe as pessoas do lugar transmitirem para os violeiros visitantes os acontecimentos testemunhados pela família Aquino em 1927 e o que eles sabiam do ataque do grupo de cangaceiros a Mossoró. Com isso, solicitava-se que esses artistas transformassem as histórias ouvidas em uma cantoria tipicamente nordestina.

Já as estradas existentes entre as propriedades Caricé e a Fazenda Morada Nova foram sem nenhuma dúvida o pior trecho percorrido para a realização deste trabalho. As maiores dificuldades se encontravam na já rotineira falta de sinalização, mas principalmente no péssimo estado de conservação desses caminhos.

A Fazenda Morada Nova está localizada em um ponto extremamente afastado de áreas urbanas. A cidade de Pau dos Ferros fica a cerca de 24 quilômetros de distância, já a zona urbana de Pilões se encontra a 16 quilômetros e a cidade de Antônio Martins a 19. Entretanto, o melhor acesso utilizado é a partir de Antônio Martins, onde o motorista percorre oito quilômetros de asfalto da rodovia federal BR-226 e depois segue por mais 11 quilômetros de estradas vicinais. Contudo, nesse caso, existe a imprescindível necessidade de contar com a ajuda de uma pessoa da região que conheça o trajeto. Nesse caso eu contei com o apoio do amigo Chagas Cristóvão, da cidade de Antônio Martins.

Junto a Chagas Cristóvão, da cidade de Antônio Martins, na Fazenda Morada Nova.

Atualmente, Pau dos Ferros é a principal cidade da Região do Alto Oeste Potiguar, com uma população acima de 30.000 habitantes, estando a 389 quilômetros de distância de Natal, ocupando uma área de aproximadamente 260 km² e possuindo uma história bem antiga.

Acredita-se que a toponímia Pau dos Ferros foi criada a partir de uma determinada árvore. Essa árvore certamente devia ser um excelente local para repouso e com ótima sombra, onde vaqueiros viajantes, utilizando ferro em brasa, deixavam marcado no seu tronco as marcas do gado sob sua responsabilidade. Em uma época onde as fazendas não tinham arames farpados e o gado era criado solto, essa prática serviu para esses trabalhadores conhecerem as marcas de outras propriedades. Isso tornava mais fácil a identificação dos animais perdidos nos pastos e a realização de troca das reses encontradas. Não é difícil imaginar como essa árvore ficou bem conhecida na região. Logo ao seu redor se fixaram pessoas e isso deu início a uma pequena comunidade. Já sobre a questão da posse da terra, consta que no ano de 1733, por ocasião da morte do Coronel Antônio da Rocha Pita, foi doada a sesmaria de Pau dos Ferros a seus filhos e herdeiros. Um deles, Francisco Marçal, foi a pessoa que mobilizou os que ali viviam para erguer uma capela em 1738. Somente através da Resolução Provincial nº 344, de 4 de setembro de 1856, Pau dos Ferros tornou-se um município, sendo desmembrada da cidade serrana de Portalegre.

Foto – Rostand Medeiros.

Na trajetória do bando em direção a Mossoró, ao se aproximar dos contrafortes da Serra de Martins, o caminho percorrido por Lampião passou onde atualmente estão localizadas as áreas territoriais das cidades de Serrinha dos Pintos, Antônio Martins, Frutuoso Gomes, Lucrécia e Umarizal.

Pescado no Tok de História

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21 de out. de 2021

MORENO E DURVINHA - O ÚLTIMO CASAL CANGACEIRO (MATÉRIA DA REDE MINAS DE TELEVISÃO)

  Por Cangaçologia

https://www.youtube.com/watch?v=MrycQgJO3CA&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Matéria jornalística da Rede Minas de televisão sobre Moreno e Durvinha que na época da gravação era o último casal de cangaceiros vivo. Moreno e Durvinha foram integrantes das hostes cangaceira de Lampião durante o período do Cangaço. 

No ano de 1940 devido a intensa perseguição policial e a derrocada do cangaço na região Nordeste do Brasil, o casal partiu em fuga rumo a região sudeste do país onde, após passar por alguns estados, se estabeleceram no estado de Minas Gerais, onde constituíram família e permaneceram até o final de suas vidas. 

No novo estado assumiram novas identidades, Moreno (Antônio Ignácio da Silva) passou a se chamar José Antônio Souto e Durvinha (Durvalina Gomes de Sá) passou a se chamar Jovina Maria da Conceição. Ao deixarem sua terra natal deixaram para trás seu pequeno filho recém nascido (Inacinho), o qual foi criado pelo Padre Frederico da cidade Pernambucana de Tacaratu. 

Moreno e Durvinha mantiveram suas vidas passadas em sigilo e permaneceram escondidos durante sessenta e cinco anos. Somente no ano de 2005 o segredo que juraram guardar para sempre foi revelado e pais e filhos puderam novamente se reencontrarem. 

A história do casal cangaceiro Moreno e Durvinha é uma das histórias mais fascinantes de todo o período do cangaço, uma história que se alongou por décadas até finalmente todos (as) terem conhecimento sobre suas existências e suas histórias. 

Essa filmagem foi a mim gentilmente cedida por Neli Maria da Conceição filha do casal Moreno e Durvinha e à ela todo o meu carinho e agradecimento, pois sem essa atitude jamais teríamos conhecimento dessa e de tantas outras histórias desse célebre casal cangaceiro. 

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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18 de out. de 2021

LÍDIA DE ZÉ BAIANO EM FOTO? | CNL | 488

 

https://www.youtube.com/watch?v=4Ns64S4834U&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

O Cangaço na Literatura

Documentário completo https://youtu.be/g6n2ia1Bb04

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16 de out. de 2021

CANTA COMIGO

 

https://www.facebook.com/photo?fbid=4524198594335964&set=gm.1865076730338916

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15 de out. de 2021

NOVO LIVRO NA PRAÇA

Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

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Pesquisador Guilherme Machado

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guilhermemachado60@hotmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com