29 de out. de 2020

LUIZ GONZAGA TOCA EM ICHU BAHIA NO ANO DE 1967. UMA PEQUENA CIDADE DO SERTÃO BAIANO, QUE FICA ENTRE OS MUNICIPIOS DE SERRINHA, TANQUINHO E RIACHÃO DO JACUIPE.

A consagração do município de Ichu ao Sagrado coração de Jesus e a apresentação de Luz Gonzaga em Ichu.

Há exatamente 50 anos atrás ...

Em 1967 o PAPA Paulo VI através da revista mensageiro do sagrado coração de Jesus fez um apelo ao mundo para se consagrar ao Sagrado Coração de Jesus. O apostolado das oração de Ichu, obedecendo a igreja, lançou a ideia da qual foi aceita por todos. A senhorita Águeda Oliveira Carneiro secretária do Apostolado, foi a coordenadora do evento.

Com a ajuda do Pe. Lucas de Nuzza iniciaram os trabalhos de preparação. Enviaram um ofício ao prefeito Municipal o senhor Renato Cedraz, solicitando o seu apoio. O mesmo enviou a Câmara Municipal de vereadores e o projeto foi aprovado com muito entusiasmo. Eram vereadores da época, Abelardo Cedraz, Oscar Cedraz, Hamilton Ferreira da Silva, José André de Almeida, Rosalvo João Carneiro, Luiz Júlio Carneiro, Edson Ferreira da Silva e Álvaro trabuco de Lázaro.

Uma equipe foi a Feira de Santana convidar o senhor Bispo Dom Jackson Berenguer Prado, para ser o orador oficial e dar a Sua permissão. O prefeito convidou seus colegas das cidades vizinhas. Todos se envolveram nos preparativos, Pe. Lucas passou o novenário em intensa atividade : missas, terço, bênção do Santíssimo Sacramento, palestras etc...

Eis que chegou o grande dia!

As 4 horas da manhã o serviço de Alto falante do Lony Real circo , fez a Alegre alvorada, dando a entender a todos o início de um dia festivo, juntos ao repique dos sinos e muitos fogos! A cidade neste dia apresentava um aspecto todo especial.

As 10 horas da manhã, teve início a missa, que pela primeira vez foi concelebrada no nosso município . Presidiu a celebração Pe. Lucas e concelebrou Pe. Hélio da paróquia de Riachão do Jacuípe e Frei Antônio da paróquia dos Capuchinhos de Feira de Santana.

Após a celebração o prefeito Renato Cedraz ofertou a coroa em nome de todos os Ichuense. Benta a coroa por Pe. Lucas ela foi entregue a dois jovens um representando o papa Paulo VI e o outro o primeiro papa São Pedro. E os mesmos coroaram o Coração de Jesus com estas palavras :

“ Recebeu senhor Jesus, Deus do universo, criador de todas as coisas, a coroa que vossos filhos Ichuense vos oferece. Reinai senhor sobre este município e seus habitantes. Guiai-lhes os governantes para que governem com justiça e paz! Abençoe esta gente que em sua simplicidade, procura fazer a vossa vontade. “

A frase era cortada aos ecos de vozes que acalmava o Cristo Rei.

O show de Luiz Gonzaga

A pequena cidade de Ichu, com apenas 5 anos de Emancipação Política já tinha a honra de receber o Rei do Baião e criador do Forró puro e autêntico Luiz Gonzaga

Seu Antônio de Roque, homem simples e de bom humor é uma das pessoas que sempre conta histórias e guarda ainda na lembrança esses momentos inesquecíveis que estarão sempre presente na memória de todos daqueles "anos dourados da música".

Segundo informações do Sr. Antônio de Roque, Luiz Gonzaga veio se apresentar em um circo chamado Palácio do Riso , tendo como proprietário Supapo e trouxe muita animação para o público cantando e tocando lindas canções que são até hoje imortalizadas na memória dos brasileiros, principalmente dos nordestinos. Este circo muito famoso trouxe como muitas apresentações a exemplo do mágico Ione, a dupla de trapezistas Zezito Lucena e Eva Lúcia e o palhaço Tampinha, e salario mínimo, tudo sem as malícias de hoje, além de atrações musicais, tudo isso conseguia atrair grande público. Seu Antônio aproveita para lembrar ainda de um caso bem engraçado que aconteceu: "a iluminação da cidade ainda era a motor de óleo diesel e eu era o responsável para "abastecer o motor", mas o interessante é que fiquei tão empolgado com a vinda do Rei do Baião que acabei esquecendo de colocar a reserva de óleo na máquina, deixando Gonzaga no escuro, mas felizmente me dei conta do problema a tempo e tudo voltou ao normal"- conta seu Antônio de Roque as gargalhadas. Seu Antônio de Roque julga que a música “ forró no escuro “ foi feita diante de fato.

O senhor Irineu do Barro Vermelho também conta essa história detalhada: "era a Festa da Consagração do Município ao Sagrado Coração de Jesus e desde cedo que o Serviço de Alto Falante já tocava a música Asa Branca, avisando que Gonzaga vinha para Ichu e ao mesmo tempo o locutor convidava o povo para ir para o Show; o interessante é que quando se ouviu a linda música Asa Branca no Serviço de Alto Falante através dos discos de vinil (os famosos bolachões ou Lps) todos mundo dizia: "Olha Luiz Gonzaga já chegou, já chegou vamos lá para ver que ele já está cantando".

Uma moradora do povoado de Casa Nova disse na Semana da Cultura deste ano o seguinte: "Gonzaga era muito humilde e com grande diferença da maioria dos cantores famosos de hoje não tinha orgulho; ainda me lembro que ele passou lá por Casa Nova dirigindo seu carro e me perguntando com toda educação onde era a estrada que ia para Ichu, ele mesmo vinha dirigindo, trazia sua grande sanfona branca no banco do carro também mostrando sua simplicidade, mesmo com sua fama que tinha em todo o Brasil".

Nesta oportunidade sendo festa de Consagração do Município a comunidade ichuense não poderia ter melhor presente artístico como a presença do Rei do Baião Luiz Gonzaga. Gonzagão realizou um grande show no palco do circo e até hoje muitos ichuenses que estiveram na apresentação relembram com saudade.

Temos a certeza que Gonzagão nas nossas lembranças permanece dando show de alegria com suas músicas que serão relembradas nas noites de São João e e de todo o Brasil. Fonte: Iradilson Lúcio Carneiro , Antônio Oliveira Carneiro , Irineu Renato Carneiro, Antônio Gomes Carneiro, Lucineia Gordiano. Vemos duas fotos da festa da consagração e atrás da igreja vemos o circo. Texto publicado na página Hô Sertão! De Edcarlos Almeida.Hô Sertão! N*13

A consagração do município de Ichu ao Sagrado coração de Jesus e a apresentação de Luz Gonzaga em Ichu.

Há exatamente 50 anos atrás .....

Em 1967 o PAPA Paulo VI através da revista mensageiro do sagrado coração de Jesus fez um apelo ao mundo para se consagrar ao Sagrado Coração de Jesus. O apostolado das oração de Ichu, obedecendo a igreja, lançou a ideia da qual foi aceita por todos. A senhorita Águeda Oliveira Carneiro secretária do Apostolado, foi a coordenadora do evento.

Com a ajuda do Pe. Lucas de Nuzza iniciaram os trabalhos de preparação. Enviaram um ofício ao prefeito Municipal o senhor Renato Cedraz, solicitando o seu apoio. O mesmo enviou a Câmara Municipal de vereadores e o projeto foi aprovado com muito entusiasmo. Eram vereadores da época, Abelardo Cedraz, Oscar Cedraz, Hamilton Ferreira da Silva, José André de Almeida, Rosalvo João Carneiro, Luiz Júlio Carneiro, Edson Ferreira da Silva e Álvaro trabuco de Lázaro.

Uma equipe foi a Feira de Santana convidar o senhor Bispo Dom Jackson Berenguer Prado, para ser o orador oficial e dar a Sua permissão. O prefeito convidou seus colegas das cidades vizinhas. Todos se envolveram nos preparativos, Pe. Lucas passou o novenário em intensa atividade : missas, terço, bênção do Santíssimo Sacramento, palestras etc...

Eis que chegou o grande dia!

As 4 horas da manhã o serviço de Alto falante do Lony Real circo , fez a Alegre alvorada, dando a entender a todos o início de um dia festivo, juntos ao repique dos sinos e muitos fogos! A cidade neste dia apresentava um aspecto todo especial.

As 10 horas da manhã, teve início a missa, que pela primeira vez foi concelebrada no nosso município . Presidiu a celebração Pe. Lucas e concelebrou Pe. Hélio da paróquia de Riachão do Jacuípe e Frei Antônio da paróquia dos Capuchinhos de Feira de Santana.

Após a celebração o prefeito Renato Cedraz ofertou a coroa em nome de todos os Ichuense. Benta a coroa por Pe. Lucas ela foi entregue a dois jovens um representando o papa Paulo VI e o outro o primeiro papa São Pedro. E os mesmos coroaram o Coração de Jesus com estas palavras :

“ Recebeu senhor Jesus, Deus do universo, criador de todas as coisas, a coroa que vossos filhos Ichuense vos oferece. Reinai senhor sobre este município e seus habitantes. Guiai-lhes os governantes para que governem com justiça e paz! Abençoe esta gente que em sua simplicidade, procura fazer a vossa vontade. “

A frase era cortada aos ecos de vozes que acalmava o Cristo Rei.

O show de Luiz Gonzaga

A pequena cidade de Ichu, com apenas 5 anos de Emancipação Política já tinha a honra de receber o Rei do Baião e criador do Forró puro e autêntico Luiz Gonzaga

Seu Antônio de Roque, homem simples e de bom humor é uma das pessoas que sempre conta histórias e guarda ainda na lembrança esses momentos inesquecíveis que estarão sempre presente na memória de todos daqueles "anos dourados da música".

Segundo informações do Sr. Antônio de Roque, Luiz Gonzaga veio se apresentar em um circo chamado Palácio do Riso , tendo como proprietário Supapo e trouxe muita animação para o público cantando e tocando lindas canções que são até hoje imortalizadas na memória dos brasileiros, principalmente dos nordestinos. Este circo muito famoso trouxe como muitas apresentações a exemplo do mágico Ione, a dupla de trapezistas Zezito Lucena e Eva Lúcia e o palhaço Tampinha, e salario mínimo, tudo sem as malícias de hoje, além de atrações musicais, tudo isso conseguia atrair grande público. Seu Antônio aproveita para lembrar ainda de um caso bem engraçado que aconteceu: "a iluminação da cidade ainda era a motor de óleo diesel e eu era o responsável para "abastecer o motor", mas o interessante é que fiquei tão empolgado com a vinda do Rei do Baião que acabei esquecendo de colocar a reserva de óleo na máquina, deixando Gonzaga no escuro, mas felizmente me dei conta do problema a tempo e tudo voltou ao normal"- conta seu Antônio de Roque as gargalhadas. Seu Antônio de Roque julga que a música “ forró no escuro “ foi feita diante de fato.

O senhor Irineu do Barro Vermelho também conta essa história detalhada: "era a Festa da Consagração do Município ao Sagrado Coração de Jesus e desde cedo que o Serviço de Alto Falante já tocava a música Asa Branca, avisando que Gonzaga vinha para Ichu e ao mesmo tempo o locutor convidava o povo para ir para o Show; o interessante é que quando se ouviu a linda música Asa Branca no Serviço de Alto Falante através dos discos de vinil (os famosos bolachões ou Lps) todos mundo dizia: "Olha Luiz Gonzaga já chegou, já chegou vamos lá para ver que ele já está cantando".

Uma moradora do povoado de Casa Nova disse na Semana da Cultura deste ano o seguinte: "Gonzaga era muito humilde e com grande diferença da maioria dos cantores famosos de hoje não tinha orgulho; ainda me lembro que ele passou lá por Casa Nova dirigindo seu carro e me perguntando com toda educação onde era a estrada que ia para Ichu, ele mesmo vinha dirigindo, trazia sua grande sanfona branca no banco do carro também mostrando sua simplicidade, mesmo com sua fama que tinha em todo o Brasil".

Nesta oportunidade sendo festa de Consagração do Município a comunidade ichuense não poderia ter melhor presente artístico como a presença do Rei do Baião Luiz Gonzaga. Gonzagão realizou um grande show no palco do circo e até hoje muitos ichuenses que estiveram na apresentação relembram com saudade.

Temos a certeza que Gonzagão nas nossas lembranças permanece dando show de alegria com suas músicas que serão relembradas nas noites de São João e e de todo o Brasil. Fonte: Iradilson Lúcio Carneiro , Antônio Oliveira Carneiro , Irineu Renato Carneiro, Antônio Gomes Carneiro, Lucineia Gordiano. Vemos uma foto da festa da consagração e outra do rei do baião, atrás da igreja vemos o circo. Texto publicado na página Hô Sertão! De Edcarlos Almeida.

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Do acervo do pesquisador Guilherme Machado.

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NOS TEMPOS DO AÇÚCAR BRUTO

 Por Zozimo LIMA*

Recordo com saudade, outubro, início da botada dos engenhos de açúcar bruto. De usina, no meu tempo de menino, só se conhecia a do Topo e a Várzea Grande do Dr. Tomás. O resto, cerca de 60, era movido a vapor, cavalos e força hidráulica.

Eu ficava trepado na almanjarra, rodada a cavalo, do engenho Muquem, de seu Norberto, pai de Zé Ferreira, advogado em Aracaju.

Também fazia o mesmo no engenho Cotia do meu tio Ioiô Barbosa. O açúcar bruto era gostoso e eu o tirava da caixaria onde ficava exposto ao sol.

O cabaú era uma delícia. Às vezes, quando eu tirava, com os moleques, do tanque, encontrava um rato morto. Mas menino não estava ligando a essas porcarias.

Foto ilustrativa

O melado, fervendo, nas seis tachas, tinha cheiro especial. O mestre de açúcar, conhecedor do “ponto”, trazia-o para nosso apetite, cozinhado com pedaços de abóbora ou batata doce. A cana no “picadeiro” era empurrada nas moendas, por mulheres, para trituramento. Saía o bagaço do lado oposto.

E o caldo azedo, em cabaça, arrolhada com capuco de milho, era um regalo para o paladar e um veneno para o fígado de quem o tinha avariado.

O senhor de engenho de chapelão meio desabado, sapato roló, de couro de bode mal curtido, chicote curto à destra, fiscalizava o peso da cana na balança, indo, depois, auxiliar a marcação dos sacos com o nome do engenho e do proprietário. Fui pesador de cana no engenho Campinhos do finado Zé Ferreira, meu padrinho de crisma, quando por Sergipe, andou, em visita, o arcebispo D. Thomé.

Ficava ao lado do engenho o alambique, muito frequentado pelos amantes da “teimosa” e pelos comboieiros portadores de ancoretas camufladas para iludir a fiscalização. Havia comboieiros que vinham comprar mel para o fabrico da cachaça. Traziam borrachas de couro para condução do cabaú.

Era uma festa o início da moagem. Na casa-grande as matronas e sinhazinhas auxiliadas pelas cozinheiras, antigas escravas ou filhas destas, preparavam saborosos doces de todos os feitios para os visitantes, que eram muitos.

Se na casa havia moças bonitas, em idade de casar, os filhos dos vizinhos, senhores de engenho, apareciam constantemente, sempre bem vestidos, montando cavalos arreiados com apuro, de botas russianas, estribos, bridas e esporas de prata.

Era o namoro sem agarramento, à distância, na presença dos pais, tios e primos. A moça, de rosa nos cabelos, olhar magoado das heroínas dos romances de Feuilet, e o rapaz, bem-falante, desembaraçado, pernóstico, com verbos no plural e o sujeito no singular, contava histórias de trocas de cavalo, lobisomens, apojadura de bezerros de vacas leiteiras e projetos de aumentar os partidos de cana.

Bons tempos aqueles em que Sergipe tinha engenhos a cavalo, a vapor e à roda d’água. Nunca mais comi doce de coco, de leite, sequilhos, olhos de sogra e bom bocado fabricados por aquelas delicadas sinhazinhas dos engenhos que precederam a instalação das usinas devastadoras e absorventes.

Gazeta de Sergipe – 22.08.1973

*Jornalista e escritor

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Do acervo do pesquisador Antônio Corrêa Sobrinho

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28 de out. de 2020

NESTA SEXTA NOS GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO!

  Por Manoel Severo

Seu “Antonio da Piçarra", proprietário e principal personagem desta verdadeira saga que coloca a Fazenda Piçarra dentre os principais cenários da historiografia cangaceira do ciclo lampiônico teve uma vida toda marcada pelo paradoxo de "ser ou não ser" ligado aos cangaceiros, seu Antonio , passou alguns anos de sua vida mantendo fortes ligações com cangaceiros; preponderantemente Lampião; em sua "Piçarra" o capitão era acolhido em segurança e por lá passaram algum tempo, Ezequiel e Virgínio; respectivamente, irmão mais novo e cunhado e Lampião; e antes deles os primos da família Paulo até que em Março de 1928, o destino reservaria uma encruzilhada fatal para Antônio da Piçarra.







SEXTA, DIA 30/10 AS 20HORAS...SENSACIONAL

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27 de out. de 2020

A NOITE

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

  Por José Mendes Pereira

Foto cleide Mylaide 

Adquira logo o seu para não ficar sem ele. 

franpelima@bol.com.br

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26 de out. de 2020

ANGICO E SUAS VERSÕES

  Por João de Sousa Costa

A morte de Virgulino Ferreira da Silva, em Angico, ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938, talvez seja o episódio mais pesquisado dos acontecimentos históricos do século XX. Copidescando relatos de personagens aqui e ali, o que se consegue ter é um mosaico de personagens vira-casacas e versões – corroboradas por muitos, contestadas por outros tantos. Vejamos algumas.

Como pode o massacre de Angico ter ocorrido, mesmo depois que o estado-maior de Lampião (chefes de subgrupos) integrado por Zé Sereno, Corisco e Candeeiro ter alertado para os riscos que lugar representava?

- Excesso de confiança que o capitão tinha em Pedro de Cândido, disse certa vez Zé Sereno.

Naquela manhã, a tropa comandada pelo tenente João Bezerra era composta pela formação de 3 volantes, 45 membros entre soldados e coiteiros delatores - os irmãos Cândido.

Sobre essa tropa, destaquemos o soldado Sebastião Vieira Sandes (chamado na tropa de soldado Santo), era sobrinho da baronesa de Água Branca, aprendeu a atirar de fuzil com o próprio Virgulino, foi seu ex-coiteiro e espécie de afilhado tratado na intimidade como “galeguinho”, também perito em artefato de couro e mensageiro preferido do Rei do Cangaço.

Ao historiador Frederico Pernambucano de Melo, mais de 50 anos após os acontecimentos de Angico, Sebastião Vieira Sandes, revelou coisas curiosas puxando para si a autoria da morte de Lampião.

Disse que disparou de cima do barranco para baixo e matou Lampião a “menos de oito metros de distância” com um tiro de ponto, e depois outro. E que Virgulino ao ser morto estava “em pé, inteiramente equipado e bebendo café da manhã”.

Esta versão de Sandes, contestada por muitos, parece merecedora de crédito porque, por parte da Polícia, apenas três de todos os militares conheciam pessoalmente Lampião: Sebastião Sandes e o tenente João Bezerra. Além de Pedro de Cândido, que fora obrigado a delatar, denunciado por outro coiteiro, Joca Bernardo.

Santo foi integrante do grupo avançado do aspirante Francisco Ferreira de Melo e, segundo revelação do escritor Frederico Pernambucano de Mello, conduzia em seu bornal, munição nova de qualidade, que o próprio Lampião lhe dera de presente um ano e meio antes quando “Galeguinho” era coiteiro e que ele fez uso dela para matar o ex-padrinho.

Mas o que temos é o fato de cada integrante da tropa liderada pelo Tenente João Bezerra ter apresentado uma versão para os fatos ocorridos em Angico.

Difícil para o leitor é distinguir as bravatas ditas depois pelos soldados da volante e os fatos, relatos verossímeis dos fantasiosos.

Há a tese de envenenamento que é tentadora, mas pouco confiável.

Tem a versão “fantasiosa” de Antônio Honorato da Silva (Noratinho), que jurou ter sido ele quem atirou na cabeça de Lampião; o aspirante Francisco Ferreira disse que Lampião tombou após ele ter disparado uma rajada de metralhadora e tem a versão do cabo Antônio Bertoldo, que jurava também ter sido ele o homem que matou Lampião.

Há uma versão para todos os gostos.

Tenente João Bezerra da Silva

E mais: tem a narrativa de que tudo não passou de uma farsa montada por Lampião, tenente João Bezerra e Pedro de Cândido, um ardil que possibilitou a Lampião e Maria Bonita fugirem para Goiás ou Minas Gerais. Qual das versões merece crédito?

Para os cangaceiros não importa quem atirou, interessa mais quem escapou e como. Foi o caso do jovem adolescente José Ferreira dos Santos, sobrinho legítimo de Lampião, filho de sua irmã Virtuosa, que chegara ao acampamento de Angico dois dias antes do combate para se alistar no bando. Confiram o que ele relatou ao jornal A Tarde, de Salvador, edição de 2/03/1939.

“No dia seguinte, de manhãzinha, eu tinha acabado de lavar o rosto e fui apanhar um cigarro que eu deixara em cima de uma pedra, quando ouvi um tiro. Depois, outro. O pessoal todo pegando em armas. Todo mundo correndo. Eu, morto de medo, larguei o rifle que meu tio tinha e dado e caí no mato”.

Já o cangaceiro Vila Nova, afilhado de Lampião e vizinho de barraca, narrou o seguinte ao Jornal de Alagoas, em 25 de outubro de 1938.

“Às cinco horas da manhã quando começou o combate, Lampião já havia ido ao mato. Ao romper dos primeiros tiros, o chefe estava quase equipado, faltando apenas abotoar as correias dos bornais, quando foi atingido pelos dois primeiros projéteis. Imediatamente depois dos tiros, houve um pequeno intervalo, e os cangaceiros que estavam perto de lampião foram acossados por fortes rajadas que partiam da mesma direção. Logo caíram, mortalmente feridos, Quinta-Feira, Mergulhão, Colchete, Maria Bonita e Marcela”.

É pouco provável que Angico tenha sido uma conspiração armada entre Lampião, coiteiros, coronéis e a polícia. O fato é que pôs fim ao cangaço, e que ainda desperta a atenção e estudo por parte de muitos. Escolha a sua versão; eu fico com a história de Sebastião Vieira Sandes.

Fotos. 1. Sebastião Vieira Sandes. 2. Tenente João Bezerra. 3. Massacre de Angico, poucos dias depois. Alguns volantes presentes.

João Costa. Blogdojoaocosta.com.br

Fonte. “Apagando Lampião – Vida e Morte do Rei do Cangaço”, de Frederico Pernambucano de Melo”.

“Lampião – a Raposa das Caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.

https://www.facebook.com/groups/471177556686759

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25 de out. de 2020

O GATO NO CANGAÇO / GATO E SUA MULHER INACINHA

Por Histórias do Nordeste

https://www.youtube.com/watch?v=vwJgBCZ8xBU&ab_channel=Hist%C3%B3riasdoNordeste

Olá pessoal... Mais um Vídeo!!! Obrigado por nos acompanhar e curtir nossos conteúdos. Não esqueça de inscrever-se. Música Enquanto Houver Saudade / Orlando Silva https://youtu.be/UbrsdYtqIZY  " O seu José é um estudioso e admirador do cangaço. Nesse canal você irá aprender muitas coisas sobre o nordeste em especial sobre os cangaceiros. Irá ouvir as opiniões e análises que meu avô faz com tanto brilho e descrição sobre todos os assuntos por ele escolhidos e por vocês pedidos. " Douglas A. Nascimento.

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O VERDADEIRO SINHOZINHO MALTA

Tomislav R. Femenick – Jornalista

Nos meus quase quarenta anos morando em São Paulo, realizei alguns trabalhos que eu realmente nunca esperei fazer; quer pela sua magnitude (por exemplo: gerenciar a auditoria externa do Banco do Brasil, em todo o país); quer pelos seus aspectos inusitados (outra vez, por exemplo: dar consultoria a um grupo empresarial italiano na instalação de uma fábrica de fábricas de papel higiênico). No primeiro caso eu fazia parte do corpo diretivo da Campiglia Auditores; no segundo, da Deloitte/Revisora Consultoria. Houve outros casos insólitos, como da vez em que fui chamado a participar de uma reunião para ajudar na solução de um caso de chantagem amorosa, promovida por uma amante casual de um diretor, ou de outra em que encontrei mais de três mil geladeiras que haviam “sumido” dos estoques de uma grande loja de departamento.

Tudo isso foi estranho e não usual para mim. Mas, nada foi tão insólito quanto meu encontro com o verdadeiro Sinhozinho Malta. Sim, você não leu errado: o “verdadeiro Sinhozinho Malta” – e olhe que não estou falando do maravilhoso ator Lima Duarte e sua personagem na novela Roque Santeiro, da TV Globo.

José Pedro Canovas

Um certo dia do ano de 1973 – e lá se vão quase 50 anos –, bem cedinho recebi um telefonema de José Pedro Canovas, meu colega de trabalho na Deloitte/Revisora. Tinha um recado para mim, de parte de nosso diretor Ernesto Marra: quando eu fosse para a firma, levasse maleta e bagagem para um trabalho especial fora da cidade, que poderia demorar uma semana, um mês ou mais.

Mensagens como essa não eram surpresas. Surpresa foi, sim, saber que o professor Marra (ele, que não saía do escritório) iria comigo para Araçatuba, iniciar uma auditoria. Só por isso, eu avaliei a importância do cliente. Também, não era por menos, o cliente era o Frigorífico T. Maia. Dito assim, hoje isso não significa nada. Mas, há cinquenta anos a história era outra.

O Frigorifico T. Maia pertencia a Sebastião Ferreira Maia, o celebre e conhecido Tião Maia, então o rei do gado do Brasil. Mineiro, com primário incompleto e boiadeiro. Sabido, explorou o jeito caipira de falar e de se comportar e fez amizade com empresários e políticos de altos níveis. Conseguiu ser o maior criador de gado do Brasil e montou um frigorifico, no interior de São Paulo.

Passada a “porteira” do frigorifico, fomos recebidos pelo próprio Tião Maia, que estava sentado na calçada do prédio da entrada. E alí também ficamos sentados. O professor Marra, eu, Tião e dois de seus funcionários (um era contador e outro, advogado). Em suma: ele queria saber o que a auditoria especial iria fazer. Algumas questões, de caráter informativo, foram respondidas e outras, por se tratarem de matérias relacionadas às investigações propriamente ditas, foram resguardadas. Aí foi que nós, o célebre Tião Maia e eu, começamos a falar diretamente. Ele não queria saber como a auditoria seria realizada, queria mesmo era saber o “porquê”, qual razão, de se fazer de um jeito e não de outro.

Depois disso, fomos lanchar. Mas, como era por volta das onze horas, o lanche foi um churrasco, ocasião em que, de tão relaxados, esquecemos-nos do trabalho e começamos a jogar conversa fora. E, então, o célebre Tião Maia olha para mim e pergunta: “você é russo”? Eu respondi que não, que era de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e filho de croata.

Se você quiser saber algo sobre Mota Neto clique neste link: http://blogcarlossantos.com.br/apos-quase-70-anos-mossoro-pode-ficar-sem-nome-na-camara/

Foi então que ele falou da sua amizade com Mota Neto, quando este último fora superindentende do Instituto Brasileiro do Sal. Foi Motinha quem convenceu o maior pecuarista do Brasil a usar sal grosso misturado à ração de seu imenso rebanho, comportamento que passou a ser copiado por outros criadores. Depois falei disso com o meu primo (Mota Neto era meu primo) e ele confirmou o fato.

Por motivos políticos e econômicos, o ex-boiadeiro mineiro deixou o Brasil em 1976 e foi para a Austrália. De lá foi para os Estados Unidos, para Las Vegas; não para jogar, mas para construir residências. Quando morreu deixou, entre outras coisas, cerca de 170 mil cabeças de gado, duas fazendas na Austrália e um conjunto de casas em Las Vegas – somente este no valor de 30 milhões de dólares.

Tribuna do Norte. Natal, 25 out. 2020

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24 de out. de 2020

ESCRITOR JOSÉ BEZERRA LIMA IRMÃO NOS ENTREGA MAIS DUAS MARAVILHOSAS OBRAS SOBRE O NORDESTE

   Por José Mendes Pereira


José Bezerra Lima Irmão escritor, pesquisador do cangaço e membro da Academia Gloriense de Letras em Nossa Senhora da Glória, no Estado de Sergipe, Membro Correspondente da Cadeira nº. 03, com uma vasta biografia, nascido no Alagadiço de Frei Paulo, no Estado de Sergipe, nos entrega mais duas maravilhosas obras sobre o Nordeste do nosso Brasil. Estas obras abaixo integram a trilogia do autor.


A primeira obra é "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS" que já está na 5ª. edição, e aborda o fenômeno do cangaço e a vida do maior guerrilheiro das Américas. Um homem que não temeu às autoridades policiais  e muito menos aqueles que lutavam contra a sua pessoa, na intenção de desmoralizá-lo nas suas empreitadas vingativas, e eliminá-lo do solo nordestino. Realmente foi feito o extermínio do homem mais corajoso e mais admirado do Nordeste do Brasil, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, mas não em combate, e sim, através de uma emboscada muito bem organizada pelo alagoano tenente João Bezerra da Silva. 

Tenente João Bezerra da Silva o exterminador de Lampião e seu grupo.

A demanda deste livro tem sido de Norte a Sul e de Leste a Oeste do chão brasileiro, e olha que ele já está na 5ª. edição. Cada um que solicita o livro quer conhecer tudo sobre Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. 

Zé Saturnino o primeiro  e maior inimigo dos Ferreiras.

O livro fala desde o namoro dos pais de Lampião, casamento, onde foram morar após o enlace, a convivência, seus vizinhos, o porquê das intrigas com Zé Saturnino que antes era amigo da família Ferreira, casamento das filhas, filhos que partciparam do cangaço, quem primeiro morreu em combate dos irmãos de Lampião, o Ferreira que foi morto por último, isto é, antes de Lampião, o irmão de Lampião que não participou do desastroso movimento social dos cangaceiros, as decepções que eles passaram, as perseguições policiais, as vitórias nos combates, os acordos feitos com autoridades... As mortes dos pais e quem os matou? Tudo você encontrará neste livro.

José Ferreira da Silva ou Santos e Maria Lopes pais de Lampião

Se você leitor, adquirir esta bela obra jamais irá conversar coisas que não aconteceram no cangaço e nem com os Ferreiras. O livro foi escrito com pesquisas colhidas nas fontes, lá onde aconteceram as maiores desgraças feitas pelo o capitão Lampião e seus comandados. 

A obra foi o resultado de 11 anos de pesquisas feitas pelo escritor José Bezerra Lima Irmão. Composto por um total de 736 páginas, 4 centímetros de altura e é do tamanho de folha ofício. Um trabalho que merece ser lido por todos aqueles que gostam do assunto  chamado "Cangaço"..


O Segundo livro da trilogia do escritor é: "FATOS ASSOMBROSOS DA RECENTE HISTÓRIA DO NORDESTE" com 332 páginas, e um grande acervo de fotos relacionado ao assunto. 

Adquira-o o quanto antes! O autor trouxe para nós as ferozes lutas de famílias (Montes e Feitosas; Melos e Mourões, brilhantes e Limões; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas; Pereiras e Carvalhos; Arrudas e Paulinos, Alencares, Sampaios, Filgueiras e Saraivas; Ferraz e Novaes; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques; Peixotos e Maltas; Omenas e Calheiros) cizânias políticas, pistolagem chacinas e outros episódios tenebrosos, como os assassinatos de Delmiro Gouveia, do Beato Franciscano e de Paulo César Farias.


O terceiro livro da trilogia também do escritor José Bezerra Lima Irmão é: "CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DO NORDESTE" resgata fatos sobre os quais a história oficial silencia ou lhes dá uma versão edulcorada ou distorcida: o "desenvolvimento" do Brasil, o desumano progresso de colonização feito a ferro e fogo, Guerra dos Marcates, Cabanada, Balaiada, Revolução Praieira, Ronco da Abelha, Revolta dos Quebra-Quilos, Sabinada, Revolta de Princesa, as barbáries da Serra do Rodeador e da Pedra do Reino, Guerras de Canudos, Caldeirão e Pau-de-Colher, dando ênfase especial à saga de Zumbi dos Palmares, Invasões Holandesas, Revolução Pernambucana de 1817, Confederação do Equador e Guerras da Independência, incluindo o 2 de Julho, quando o Brasil se tornou de fato independente... São assunto que dá gosto a gente lê-los.  

Adquira-os com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

ou com o autor através deste g-mail: 

josebezerralima369@gmail.com

23 de out. de 2020

"A MORTE DO CANGACEIRO CALAIS PELO VOLANTE TEÓFILO PIRES"

 Por João de Sousa Lima

- ESSE É UM DOS CAPÍTULOS DO NOVO LIVRO DO HISTORIADOR, ESCRITOR E COLECIONADOR DE PEÇAS SOBRE O CANGAÇO, João De Sousa Lima, "LAMPIÃO, O Cangaceiro!

"Teófilo Pires do Nascimento nasceu em 25 de fevereiro de 1919, no povoado São José, Chorrochó, Bahia. Era filho de: João Pires do Nascimento e Vitalina Pires do Nascimento.

No povoado São José, em 1932, Lampião, Corisco e mais alguns cangaceiros assistiram missa na igreja fundada em 1912.

Foto do ex-soldado volante junto ao pesquisador: joaodesousalima.blogspot.com

Teófilo entrou para a volante de Zé Soares, em 1932, ainda garoto, com apenas 13 anos de idade.

Calais

Uma das principais tarefas de Zé Soares era perseguir o cangaceiro Calais. O cangaceiro era conhecido por suas escapadas e tinha a fama de se “envultar” pelo poder das fortes orações. Por muitas vezes, Calais escapou das perseguições e dos tiroteios, deixando os soldados que vinham em seu encalço atordoados com seus repentinos desaparecimentos. O sargento armou várias emboscadas para Calais, porém ele sempre escapava. O esquivo cangaceiro ficou famoso por enganar os soldados com pistas falsas.

No tiroteio com os soldados Agenor e João Manoel o cangaceiro Calais perdeu sua primeira mulher que tinha o nome de Joana, e ele conseguiu fugir ileso, mesmo sendo alvo de vários tiros. Joana foi presa em Uauá sob o comando do tenente José Petronílio. Tempos depois Calais apareceu com outra cangaceira, chamada Delmira. Essa sua segunda companheira foi morta em uma trama impetrada entre o coiteiro Totonho Preá e os civis armados Belo Cardoso Morais e Júlio.

Armaram uma emboscada e Júlio atirou em Calais atingindo-o levemente em uma das mãos.

Delmira foi atingida no abdômen por Júlio e levada ferida para Santa Rosa de Lima. Depois de diagnosticada pelo médico Antônio Gonçalo, chegou-se a triste conclusão que o ferimento era fatal. Delmira foi enterrada ali mesmo na cidade.

Em uma segunda feira, dia 22 de dezembro de 1937, os soldados Teófilo Pires do Nascimento, Grigório Silvino do Nascimento, João Crisipa e Raimundo Soares (Mundô) entraram Raso da Catarina adentro e próximo à fazenda Marruá viram algumas pegadas e resolveram segui-las. Os soldados se espalharam diante das várias veredas. Depois de longos minutos seguindo rastros diversos Teófilo ouviu umas pancadas e achou que podia ser o cangaceiro escavando uma batata de umbuzeiro. O soldado retornou, reencontrou os amigos e falou do barulho que estava ouvindo chamando-os para cercarem o local de onde vinham as batidas. O soldado Grigório, que vinha chefiando o grupo, não deu atenção a Teófilo e eles continuaram seguindo dispersos os rastros. Teófilo seguiu seu instinto e se dirigiu na direção de onde vinha o som. Sua desconfiança o levou na direção de um frondoso umbuzeiro. Teófilo viu o cangaceiro Calais sentado com um cavador improvisado nas mãos. O cangaceiro cavava com uma espécie de lajota. Dava uma escavada e olhava para os lados, tirava a areia do colo, ajeitava o mosquetão entre as pernas e dava uma breve olhada pra ver se não estava sendo observado ou seguido.

Teófilo aproveitou o barulho da escavação e foi se aproximando. Teófilo queria na verdade, pegar o cangaceiro a mão e prendê-lo. Enquanto o cangaceiro batia a lajota no chão, Teófilo dava um passo coincidindo com o barulho do impacto da rocha com o solo. Quando Teófilo estava há uns onze passos do cangaceiro, Calais bateu as mãos nas pernas tirando a terra e pegou o mosquetão, ao tempo em que foi olhando para o lado e apontando a arma na direção de um dos soldados que vinha distante. O cangaceiro não viu Teófilo que estava bem próximo dele. Teófilo sacou a pistola e atirou no rosto do cangaceiro que caiu pra trás com o impacto do disparo. Vários tiros soaram. Teófilo correu na direção do cangaceiro pra recolher o espólio de guerra. Todos afirmavam que o cangaceiro era um homem rico, que andava com muito dinheiro. Enquanto Teófilo vasculhava os bornais quase vazios do cangaceiro, alguns tiros passaram raspando seu rosto, Teófilo olhou pra trás e viu um dos companheiros atirando de ponto em sua direção. Teófilo revidou os tiros e o soldado parou de atirar. Teófilo partiu na direção do soldado e o escorou com o mosquetão dizendo-lhe umas verdades. Teófilo lembrou que um dos seus companheiros havia dito que tivesse cuidado, pois ele podia ser traído por um dos companheiros, pois em uma discussão que houvera com outro parceiro de farda, resultou no desligamento do desafeto do grupo, o comandante o dispensou e esse novo inimigo de Teófilo falou que pagaria um valora quem matasse Teófilo.

Os outros companheiros foram chegando e cercando o cangaceiro que mesmo estando com o rosto completamente desfigurado ainda respirava.

Teófilo e os companheiros ficaram ali olhando o cangaceiro com o rosto todo empapado de sangue e que teimava em não morrer e observou no peito do cangaceiro um “patuá” pendurado em uma corrente no pescoço de Calais. Teófilo arrancou o patuá, e aí o cangaceiro morreu. Geralmente os patuás trazem orações com fechamento de corpos, símbolos religiosos, ervas e pós que atuam como proteção para quem usa.

Assim que o patuá foi arrancado de Calais o corpo ficou como se tivesse morrido há muitos minutos.

Os soldados pegaram um burro que encontraram, colocaram Calais amarrado no lombo da alimária e o transportaram até Macururé. Na cidade, a população se aglomerou no centro pra ver o famoso e valente cangaceiro, agora inerte e sem vida, transportado por seus algozes.

O comandante Zé Soares parabenizou seus comandados pela morte do cangaceiro e a cidade pôde ter um pouco mais de calma.

Teófilo teve que contar por inúmeras vezes sua façanha. Ele foi também um dos maiores vaqueiros da região. Homem sério, honesto, forte, decidido, amigo e leal.

Teófilo esteve em Fortaleza, no inesquecível encontro entre dois ex-combatentes do cangaço (ele e Antônio Vieira) e três ex-cangaceiros: Moreno, Durvinha e Aristéia. Esse encontro foi registrado pela Rede Globo, no Jornal Nacional.

O sonho de Teófilo que era conhecer a Grota do Angico, local onde morreu Lampião e Maria Bonita. Fizemos o trajeto e na trilha da Grota do Angico, Teófilo já nonagenário, percorreu a trilha aos poucos e com dificuldades, chegando ao ponto do último ato de Lampião.

Tive muito orgulho de privar da amizade de Teófilo e sua família e estive em seu sepultamento no dia 29 de setembro de 2014, no povoado São José, Chorrochó, Bahia. Lateral ao cemitério onde jaz Teófilo fica a igreja onde Lampião assistiu uma das primeiras missas em território baiano e onde estão enterrados os pais de Teófilo.

Guardo na lembrança o som de sua voz firme, seus depoimentos bem ajustados e a saudade do seu aperto de mão, de sua companhia em vários momentos. Teófilo resistiu até os 96 anos de idade, forte como a aroeira, árvore símbolo da região que tantos homens destemidos pisaram".

- Obs - esse é um dos capítulos do novo livro de João de Sousa Lima, chamado Lampião, o cangaceiro! sua ligação com os coronéis baiano, Raso da Catarina e outras histórias. Lançamento previsto para setembro.

João de Sousa Lima é historiador e Escritor. Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso - cadeira 06.

Fonte: facebook

Página: Sálvio Siqueira

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22 de out. de 2020

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"

  

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.

Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

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