31 de out. de 2022

PRAZER EM CONHECER: LAMPIÃO ACESO ENTREVISTOU JACK DE WITTE


Mais um vaqueiro para nossa galeria de entrevistados.


Hoje vamos traçar o perfil de um pesquisador que vem do outro lado do Atlântico. Compatriota de um outro cabra azedo que comandava exército e também usava um chapéu quebrado.

Jack François De Witte, (o W com som de "V" visse?) 69 anos, escritor Francês da província de Lagrasse, engenheiro eletrônico aposentado.

Na década de oitenta morou no Rio de Janeiro por dois anos e meio. Esta é a sua terceira visita ao nordeste.

Nos conhecemos durante o Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita, ocorrido em março em Paulo Afonso, BA. Aproveitei o ensejo para intimá-lo a apresentar suas impressões, tendo como local o barco 

 

"A Volante" cruzando o Velho Chico de retorno a Piranhas, AL. Um passeio que muitos de vocês já fizeram e quem não o fez... homi ! não sabe o que perde.


Olha ai uma visão "modesta" de Lagrasse. 

Antes de chegar até a "terra do condor" e do capitão João de Sousa Lima "o dublê do Herculano" Monsieur Jack, teve como cicerone o Coroné Severo visitando alguns dos principais cenários da saga lampionica, pelo Cariri cearense e pelo Pajéu. Enfim foi beber na fonte e voltou pra Europa embriagado por esta bendita cachaça chamada CANGAÇO.

 Sentado o tenente João Gomes de Lira, ladeado pelos cavalheiros Bosco AndréJackJosé Cícero e Manoel Severo.

Como se dá sua entrada no cangaço?
- Tinha 14 anos quando fui levado pelo meu pai para assistir ao filme "O Cangaceiro" de Lima Barreto, justamente no festival de Cannes onde a película brasileira foi exibida, consagrada e o resto do mundo passa a tomar conhecimento do Cangaço. Preciso ser bem clichê para dizer que é aquela mesma paixão avassaladora que contamina todos. Dali por diante passei a buscar a literatura. Recorri aos sebos da capital e a ajuda de amigos de outros países para que estes me conseguissem outros títulos.

Meus anseios de estar num evento como esse é de obter outras informações sobre a gênese de como o Virgulino Ferreira, chegou a ser um bandido desta magnitude. Um nômade. Um caboclo de raciocínio lógico que administrava com precisão e sangue frio a sua vida e a de tantos companheiros.

Então apresente suas crias!


- “Lampião VP” sans toit , sans roi, sans loi (sem casa, sem rei, sem lei).
Lançado na França em 2005 pela Editora Mandacaru. Já traduzido para o português pelo amigo Luiz Frigoletto porém ainda não publicado. VP ? porque compara a saga do Rei do Cangaço com a do traficante carioca Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP.


E de outro autor?
- "Sur les traces de Virgolino, un bandit nommé Lampião". Traduzindo: Na trilha de Virgolino, um bandido chamado Lampião. Uma tese de doutorado de Patricia Sampaio Silva, brasileira radicada na França, em que pude aprender muito sobre a sociedade nordestina. Outra Obra que muito me agrada é Lampião, Seu tempo, e seu reinado do padre Bezerra Maciel.

Qual é o primeiro título recomendado para um calouro? 
- Não seria uma biografia estritamente sobre Lampião, eu indico o best seller Bandidos de Eric J. Hobsbawm.

Com quantos personagens desta história você teve contato? 
- Óbvio que chegamos demasiadamente tarde, mesmo se tivesse alcançado estas pessoas com as quais desejaria questionar afirmo que acredito muito pouco em testemunhos que não são feitos ao vivo (no calor do momento dias após o acontecimento), testemunhos recolhidos dezenas de anos depois são só para dar cores a narrativa. Eu acabo de passar por Nazaré do Pico, Pernambuco onde pude conhecer e conversar com o tenente João Gomes de Lira, talvez venha a ser a única personagem contemporaneo que eu tenha tido contato, mas me satisfaz a oportunidade de poder conhecer os filhos destas pessoas como Vilsinho, (neto e guardião da memória de Antonio da Piçarra). Neli filha dos cangaceiros Moreno e Durvinha. E o Ozéias irmão de Maria.

Manuseando o rifle pertencente à João Gomes de Lira.

 Ozéias Gomes, irmão de "Maria Bonita", esposa e nosso desbravador


Com quem gostaria de ter conversado?
- Com Manoel Neto, com o Zé Saturnino. Mas principalmente com o escritor padre Frederico Bezerra Maciel. Conversaria com todos, mas somente pelo prazer, não para buscar uma parcela de verdade histórica. Vide o meu livro, primeira pagina : “Não declare ‘encontrei a verdade’ mas de preferência ‘encontrei uma verdade’ Khalil Gibran.

Qual é o seu capitulo?
- A invasão de Mossoró

Um cangaceiro (a)?
- Sabino

Um volante?
- Manoel Neto. Apesar de desaprovar várias de suas ações e decisões como a crueldade que tratava os coiteiros e a de arregimentar jovens para as frentes de batalha.

Um coadjuvante?
- Luiz Pedro, porque serviu muito tempo a Lampião compartilhando muitas situações de agruras e alegrias. inclusive o mesmo capítulo final.

Uma personagem secundária? Queria ter bom papel, mas não passou de figurante
- Maria Bonita (Ao meu ver foi útil... para o marketing do cangaço)


 No museu casa de Maria Bonita

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?
- Tenho apenas livros, mas não considero coleção. Resguardar sem a finalidade de expor ou doar para um memorial para as próximas gerações objetos pessoais que fizeram parte de uma história tão sangrenta pra mim é fetichismo.

Entre as peças tem alguma relíquia?
- Sim, por casualidade : Um presente que ganhei da filha de um ex-embaixador da Bolivia no Brasil que o recebeu formalmente como um objeto que tivera pertencido a Lampião ! No livro “Heroes and Artists Popular Art and the Brazilian Imagination” de October – december 2001, tem um artigo de Frederico Pernambucano de Mello “The aesthetics of the cangaço as an expression of Brazilian libertarianism” com uma foto dum punhal muito parecido com o meu. Portanto o punhal que tenho, um dia foi de Lampião mesmo!

Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
- "O Cangaceiro" de Lima Barreto por sua sobriedade e a sua sensibilidade. Gosto muito de "Antonio das Mortes" de Glauber Rocha. O "cinema novo" brasileiro produziu muitos Chef d'oeuvre” ou seja muitas obras primas.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
- Que conseguiu escapar vivo de Angico e também a persistencia de muitos lhe atribuírem como um bandido “d’honneur” ou seja um bandido social’ como ‘Robin Wood’. E não concebo aquela passagem em que Lampião é ferido no pé, fica diante de soldados e estes não conseguem vê-lo? Teria ficado invisível ? Paciência!

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: “Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde”, “João Peitudo, filho de Lampião”, “O Lampião de Buritis” e “a paternidade de Ananias”?
- Acompanhei essas novidades, mas hoje creio que já estão todas superadas. Sobre a possibilidade da paternidade: Acho bem provável que ele tenha tido outros filhos, porque deve ter seduzido várias mulheres durante suas andanças, mas estes filhos nunca apareceram ou pelo menos nada foi autenticado. Sem uma prova cabal como exame de DNA eu não acredito na possibilidade. 

E Lampião: Morreu baleado ou envenenado?
- Acredito que "as duas causas", em conjunto, nesta ordem, ali em Angico que acabamos de visitar. 


 Iniciando a leitura de mais um livro.

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
- Lampeão no Raso da Catarina. Como ele chegou até este local e o eternizou como seu principal esconderijo e como estabeleceu contato com os índios.

Contato: Jack De Witte / 21, Rue du Consulat / 11220 Lagrasse France / Tel/Fax : (0033) (0) 4 68 43 37 31 / e.mail : jack;dewitte@free.fr

*Com exceção das duas primeiras as demais imagens são de Manoel Severo.

*Um fetiche (do francês fétiche, que por sua vez é um empréstimo do português feitiço cuja origem é o latim facticius "artificial, fictício") é um objeto material ao qual se atribuem poderes mágicos ou sobrenaturais, positivos ou negativos. Inicialmente este conceito foi usado pelos portugueses para referir-se aos objetos empregados nos cultos religiosos dos negros da África ocidental. O termo tornou-se conhecido na Europa através do erudito francês Charles de Brosses em 1757. Fonte Wikipédia,.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/06/prazer-em-conhecer-lampiao-aceso.html

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29 de out. de 2022

MARIA DO CARMO, A CARMINHA ERA MÃE DO CANTOR MILTON NASCIMENTO

  Por A História Esquecida

A empregada doméstica Maria do Carmo, a Carminha, em foto tirada de sua carteira profissional no ano de 1940. No início de 1942, trabalhando no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, numa pensão, Carminha conheceu o motorneiro (condutor de bondes) João, que residia na favela Barreira do Vasco. Dessa relação veio uma gravidez, a qual João resistiu em assumir. Mesmo assim Maria do Carmo foi morar na favela com a família do companheiro, até receber a visita da sua ex-patroa Augusta (dona da pensão onde Carminha trabalhava), que impressionada com as péssimas condições de vida do menino ainda pequeno (não tinha dois de vida) sugeriu que Maria do Carmo retornasse ao seu antigo emprego. Contudo, a jovem contraiu tuberculose e temendo que contagiasse o filho, retornou à sua cidade de origem, Juiz de Fora (MG), onde veio a falecer em 1944, com apenas 26 anos de idade. 

O menino acabou sendo adotado por Lília Silva Campos, filha de dona Augusta, indo residir em Três Pontas (MG). O seu nome é Milton Nascimento, que hoje completa 80 anos de idade...

Crédito da imagem: UOL

ViaPensamentos Livres

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27 de out. de 2022

O DIA EM QUE OS NAZARENOS SE EMOCIONARAM - CANAL CANGAÇO EM FOCO

  Por Cangaço em Foco

https://www.youtube.com/watch?v=v-JZHHQNPnw&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

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25 de out. de 2022

PROBLEMA SINAL

 



 PROBLEMA SINAL.

Estamos com dificuldade para postarmos. Muito lenta a internet.

Esperamos que amanhã seja resolvido o problema no sinal.

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24 de out. de 2022

O TEMPO DÁ UM TEMPO

 Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.788


Desconsiderando o período anterior às ferrovias em Alagoas e os primeiros ramais, chegamos a 1891. A linha de ferro para o vale do Paraíba, bifurcando-se em Lourenço de Albuquerque, foi inaugurada no ano acima, chegando até Viçosa. Nessa fase, as pessoas do Sertão que viajavam até à capital, passavam dias em lombos de cavalos de sela. Os relatos anteriores à linha férrea em Viçosa, estão praticamente fora das informações encontradas no dia a dia estudantil, no que se refere às maratonas que o sertanejo enfrentava para chegar a Maceió. Com a composição chegando até Viçosa, as viagens sertanejas, receberam até um bom alívio, porque os cavaleiros se dirigiam até àquela cidade, onde embarcavam no trem até Maceió.

Somente 21 anos após Viçosa, isto é, em 1912, já no fim do ano, os trilhos chegaram a Quebrangulo, encurtando bastante a jornada dos sertanejos viajantes a cavalo. Passaram a apanharem o trem em Quebrangulo (antiga Vitória). Somente em 1934 (22 anos após), a estrada de ferro desceu dos altos e alcançou Palmeira dos Índios. Com o trem na “Princesa do Agreste”, as viagens cavaleiras não acabaram, mas foram mais encurtadas ainda para o mundo sertanejo. Somente quando os caminhos foram alargados e surgiram as estradas de rodagens, o Sertão se ligou a Palmeira dos Índios com os ainda raros automóveis e caminhões. Para os dias atuais não, mas para à época já era um belo conforto a mais. Os sertanejos chegavam a Palmeira em boleia/carroceria de caminhão ou automóvel no dia anterior à viagem do trem. Dormiam nos hotéis da cidade e ainda na madrugada, desciam para a estação na cidade às escuras. Foi assim que viajaram às cabeças de Lampião e Maria Bonita até à capital.

Depois, com rodagem direta até o litoral, mesmo na poeira, na lama, nos catabius (solavancos na buraqueira) representava uma conquista extraordinária. Essa geração já chegou com o asfalto pronto, Sertão – Maceió e se não sabe nada do passado, até pensa que tudo foi sempre assim.  Porém, mesmo neste início do Século XXI, o Sertão alagoano ainda não pode contar com um único aeroporto. Estagnou na conquista dos transportes.

Fazer o quê?

PALMEIRA DOS ÍNDIOS, VISTA PARCIAL (FOTO: PREFEITURA).


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23 de out. de 2022

LIVRO

  Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com
Ou dê um pulinho lá em Cajazeiras:

franpelima@bol.com.br

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22 de out. de 2022

SÓ COMO ARQUIVO - MINHA SEPARAÇÃO ME DEIXOU TÃO TRISTE!

Por José Mendes Pereira

Foto feita pelo meu vizinho Tatá, funcionário do DNER, já falecido.

Meus manos e amigos dos anos vividos entre a Casa de Menores Mário Negócio e a Editora Comercial S.A. Jorge Braz, Manoel Flor, Pedro do Nascimento, Railton Melo, Antonio Galdino da Costa, Eraldo Xaxa e outros tantos:

Certa vez, um amigo meu me segredou que a coisa pior que já passou em toda sua vida, foi quando se separou do seu cônjuge. Vários dias e noites ele caminhou sem rumo, na espera de aceitar o porquê daquele sofrimento tão presente e incomodador, e, não sabia se estava vivendo ou vegetando naquele momento. O seu amor tinha decidido diante de uma missa de corpos presentes, que não mais faria parte daquele relacionamento tão sofrido, assim achava ela, retornaria com urgência à casa dos seus pais, de malas e um chapéu de palha atufado em sua cabeça.

A cada dia que se passava, a dor e a saudade do cônjuge mais doía em sua mente. Quando via o seu quarto sem a presença dela, era como se o mundo todo estivesse contra ele. Sentia uma solidão tão profunda que só Deus e ele sabiam. As noites eram tão longas, que algumas vezes, imaginou que duravam uma porção de dias para findar. Não comia e nem bebia direito, só ingerindo álcool e fumando, como se os dois vícios fizessem ele esquecer aquela mulher. Mas que na verdade, com a continuação do tempo, percebeu que, um homem só esquece uma mulher, quando põe outra em sua vida.

Assim também, se passou comigo no dia em que eu me separei da minha companheira de todas as horas, foi um fim de mundo. Quebrado o nosso acordo, que tínhamos começado o romance, quando em uma tarde nós nos encontramos em Mossoró, na Avenida Presidente Dutra, em uma loja à beira do rio, e foi amor à primeira vista. Ela estava tão elegante, porque, tinha tomado um banho de loja, e que não resisti de tentar um amor sincero, e ali fiquei, não demorou muito para que ela caísse em meus braços.

Não observei se ela fez pranto quando embora foi, e se fora satisfeita para ser comandada por um outro que fizesse merecer o que ela por mim fazia, e quem sabe, talvez, um outro indivíduo mais desalmado do que eu. Mas o único culpado fui eu, por não aceitar a sua presença na minha vida, na minha companhia, e a entreguei ao seu novo cônjuge de espontânea vontade, na bandeja, de mãos para mãos, sem saber o compromisso de zelar por quem por alguns anos me fez feliz, sorrir e rir ao mesmo tempo. Entreguei também todas as suas roupas que ali eram guardadas com cuidado, e que nada fosse se destruindo com o passar dos tempos. Seus calçados de borrachas sempre estavam em seus pés, alguns usados, que não mais aproveitavam, também ficaram bem acomodados num quarto de despejo.

Ela não falava porque era surda, e o surdo só não fala porque não ouve o que se ensina, mas entendia tudo o que eu dizia. Não comia, só bebia para não causar tantas despesas, e eu batia palmas quando fazia economia, porque ela sabia dos meus pensamentos e das minhas dificuldades. E quando nós saíamos à rua, ela mesma me guiava. Tinha uma visão extraordinária, e tanto fazia de dia ou de noite, ao longe avistava o perigo que na frente estava. Era fogosa até demais, mas também pudera, ainda não havia feito a sua festa "debutante", e eu já com duas vezes a sua idade, não tinha condições de aproveitar o seu fogo, na hora do vamos lá

Nunca conheci seus pais e nem mais ninguém da sua família, mas me parece que eram descendentes da Itália. Desisti dela, porque eu precisava tentar ir mais além, mas com muita tristeza, por não puder cuidar dela. E assim que ela foi embora, o meu coração bateu forte, como se quisesse parar ali mesmo. Arrependi-me, mas o que fazer? Era uma decisão minha e não dela, até que um dia, não sei, eu poderia encontrá-la novamente e negociar com o novo companheiro, o seu retorno para o meu comando e para os meus braços.

Quando nós nos casamos, eu a batizei de "Mariola" e até os meus amigos não a chamavam pelo seu verdadeiro nome, e sim, "Mariola". Já era um nome registrado no meio de todos os meus conhecidos e amigos.

Ao me verem, assim me perguntavam:

- Como está a sua querida "Mariola"?

E eu com orgulho, respondia-lhes:

- Muito bem!

Um dia vi na sua Certidão de Nascimento, expedida pela Itália, com letras bem legíveis, o seu verdadeiro nome. “LAMBRETA”.

Fiquei sem a minha companheira, porque eu precisava ampliar uma oficina de esquadrias metálicas, e assim, fui obrigado vendê-la. Nunca mais a vi. Por onde anda a minha inesquecível lambreta? Será que foi parar no ferro velho?

Desculpem-me: Este meu simples trabalho, não tinha sido corrigido. Tinha uma porção de palavras sem correção.

Aqui está o texto na página que não foi corrigido, porque, eu vou escrevendo rápido, para não perder o meu raciocínio. No final é que eu faço a correção. Isso não aconteceu.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2020/01/so-como-arquivo-minha-separacao-me.html

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21 de out. de 2022

LIVRO

  

Recentemente, o escritor paraibano radicado no Rio Grande do Norte Epitácio de Andrade Filho publicou um livro chamado A Saga dos Limões:  Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante. Na obra, Andrade Filho tece considerações sobre a relação entre a identidade negra da família dos Limões e sua importância no combate ao Cançaço no Rio Grande do Norte.

Em  um trecho do livro, o autor menciona Chico Mota e sua importância na reconstituição histórica do conflito entre as famílias Brilhante e Limão (p. 18):

O poeta paraibano Gil Hollanda, ouvindo o cancioneiro octogenário Chico Mota, conterrâneo catoleense de Alicio Barreto, apresentar nos versos da viola passagens do conflito dos brilhantes com os limões, retratados em Solos de Avena, consolidou algumas estrofes do seu cordel sobre Jesuíno e a família Limão: “Eram sete os irmãos/Da família dos Limões,/Ousados por natureza./Todos eram valentões,/Protegidos por políticos/Lá e outras regiões. E na estrofe seguinte passa a tratar de outro episódio do conflito: Além do furto, os Limões/Chico e Honorato Limão/Deram uma forte surra/Em Lucas Alves, irmão/De Jesuíno, na festa/Da Vila de Conceição.

Referência
ANDRADE FILHO, Epitácio de. A Saga dos Limões:  Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante. Natal: 2011.

ADENDO -  EPITÁCIO ANDRADE

Amigos José Mendes Pereira, William Felix Andrade, Luiz Dutra Borges Galego Vovô Aluísio Dutra de Oliveira, Geraldo Júnior, na foto, o registro da entrevista que consegui do senhor José Firmo Limão, aos 99 anos, no sítio São Francisco, zona rural de Catolé do Rocha/PB. 


Essa entrevista me ajudou a compreender que o cangaço dos brilhantes com os limões foi uma disputa pelo controle do incipiente comércio no Sertão. Essa história de Jesuíno saquear comboios para dar aos pobres é conversa da carochinha.

Para adquirir este livro entre em contato com o autor através deste endereço no facebook: https://www.facebook.com/epitacio.andrade.5

Fonte: http://chicomota.com
http://romulogondim.com.br

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20 de out. de 2022

VISITEM TAMBÉM O MEU BLOG - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

 Por José Mendes Pereira


Meus grandes amigos leitores deste meu simples blog, ficarei tão satisfeito de ver uma porção de visualizações feita pelos amigos que me acompanham neste blog. 

Aqui abaixo apresento aos amigos o seu link: 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


Agradeço de coração!

José Mendes Pereira

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CORONEL PEDRO ALVES DA LUZ - Quando este foi acusado de ser protetor de Lampião

  Por Valdir José Nogueira de Moura

Em meados do mês de julho do ano de 1927, um indivíduo por nome Francisco Ramos, cuja alcunha “Mormaço”, depois de uma farra em um samba, no lugar Baixio dos Ramos, no município de Araripe (CE), feriu com um tiro um seu tio, sendo em seguida preso e conduzido à cadeia da cidade do Crato, onde prestou seu depoimento. O referido preso tratava-se de um dos mais célebres bandidos de Lampião, que havia há bem poucos dias abandonado o grupo do famoso cangaceiro, na sua triunfal excursão, quando este, deixando o Ceará, seguiu para Pernambuco.

 Francisco Ramos de Almeida  - vulgo "Mormaço"

O cangaceiro “Mormaço” fez a polícia do Crato, minuciosa descrição de sua vida, e de par com ela, trouxe abundantes elementos para a história do combate ao banditismo no Nordeste. O seu depoimento é impressionante. Porém, serão verdadeiras as informações do bandido? Ninguém mais pode assegurar. Em todo caso, o seu longo relato foi publicado em jornais da época. O “Jornal do Recife” publicou o curioso depoimento em duas edições seguidas.

A edição desse jornal de nº 211 de 13 de setembro 1927, publicou a primeira parte do depoimento, Clique aqui e confira sendo que em um dos trechos, o bandido desassombrado contou: “que o coronel Pedro da Luz, morador na fazenda Barrinha, município de Belém de Cabrobó, e próximo a Serra do Umã, cerca de uma légua, muito protege Lampião, fornecendo munição e ocultando o grupo na mesma serra, em lugar dele conhecido, desviando por todos os meios a pista do grupo; que o mesmo coronel recebe de Lampião dinheiro a título de gratificação pelos serviços prestados...”

 Coronel Pedro Alves da Luz

Diante dessa tremenda acusação, e em decorrência também de outros boatos maldosos contra o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, prefeito do Município de Belém de Cabrobó, [1922 a 1926,] que diziam ser o mesmo mais um protetor e coiteiro de Lampião, em 1928, o Conselho Municipal daquela cidade votou uma honrosa moção de solidariedade ao dito coronel e que foi publicada no jornal “A Província (PE)”, Ed. 128, do sábado, 2 de junho de 1928:

“Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e vinte e oito, às 10 horas da manhã, no Paço do Conselho Municipal desta cidade de Belém de Cabrobó em sessão extraordinária, sob a presidência do tenente-coronel Jerônimo Pires de Carvalho, compareceram os cidadãos Inácio de Sá Araújo, Odilon Alves de Carvalho, Licínio Lustosa de Carvalho Pires e Aristides Alves de Carvalho Barros, conselheiros municipais, e sendo primeiro exposto o motivo da presente sessão que é apresentar ao Sr. Prefeito deste município o tenente-coronel Pedro Alves da Luz uma moção da mais inteira solidariedade erguendo assim o mais cabal protesto contra as infâmias e baixas calúnias que em torno do seu honrado nome se tem levantado ao foro de Vila Bela onde segundo consta, se lhe tem dado como coiteiro e protetor de Lampião, e por isto este Conselho não podendo e nem devendo absolutamente calar-se diante de tão torpe e revoltante injustiça feita ao Digno Chefe do Poder Executivo Municipal, apressa-se em vir por todos os seus membros, abaixo assinados, e satisfeitas as formalidades do estilo, dar o necessário e conveniente desmentido a tão aviltantes e injustas calúnias, obra sem dúvida de algum ou alguns mesquinhos desafetos do digno prefeito.

Para quem conhece de perto o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, não há necessidade de dizer quem ele o seja, pois as suas maneiras de fino trato e relevantes serviços prestados a sociedade em geral, o tem sempre desde muito, revelado como um dos cidadãos mais digno, respeitável e útil deste município que muito lhe deve; umas como em outras localidades onde não é ele ainda conhecido, pequenos e injustos desafetos se lhe tem feito caluniosas acusações, cumpre para melhor desmentido a tais acusações que se põem em relevo o seu proceder, relacionando em síntese ao menos uma pequena parte dos seus serviços que tão abnegadamente pelo bem geral tem prestado à causa pública, fazendo para isso referência dos mais recentes, afim de que as pessoas de bem possam julgar como merece, assim verificar que se trata de um cidadão prestimoso e não um coiteiro e protetor de bandidos, vem pois o Conselho Municipal pela voz de seus membros, apresentar a presente moção para assim repelir as baixas calúnias que lhe tem injustamente assacado, se sente também no dever sagrado de reunir a esta, embora em resumo alguns traços da vida de tão conspícuo cidadão.

O tenente-coronel Pedro Alves da Luz, desde sua mocidade prestou relevantes serviços não só de natureza material como moral, a sociedade, quer aqui quer em outros municípios onde anteriormente residiu, sendo porém suficiente relembrar dentre os méritos que tem prestado a este município como simples cidadão ou como homem público, em cujo caráter se acha atualmente investido, e nesta qualidade tem sido a sua administração uma das mais fecundas e prósperas conforme se ver dos diversos melhoramentos do município, o que não vem a caso enumerar. Quando há anos veio fixar sua residência neste município, vindo de Triunfo, onde exerceu com brilho o cargo de delegado de polícia, procurou a zona que mais se prestasse a agricultura e ai, conseguiu com um trabalho assíduo e inteligente converter as suas terras em fontes de riquezas para o Estado e o Município.

Dizer-se então que o tenente-coronel Pedro Alves da Luz protege a Lampião é uma calúnia, pois muito pelo contrário ele procurou auxiliar sempre a ação do governo contra o tão terrível grupo, como prova disto se deduz de muitos fatos, como por exemplo, do seguinte: Somente depois que Lampião aumentou o seu grupo foi que teve que entrar 3 vezes neste município, passando por duas vezes na Barrinha, residência do tenente-coronel Pedro Alves da Luz, isto porém ligeiramente, sendo que da primeira vez por ali passara no caráter de capitão de um “Batalhão Patriota do Ceará” e em tal caráter chegou a 3 léguas de distância desta cidade, de onde mandou passar telegrama.

E da segunda vez, tendo as suas ordens 89 bandidos, e então por isso o tenente-coronel Pedro Alves da Luz para não se expor às iras de tão temível facínora, uma vez que em coisa alguma se achava disposto a compactuar com ele, e por sua vez, não tendo elementos para reagir contra numeroso grupo, imediatamente retirou-se para esta cidade, de onde transportou-se para o povoado de Abaré do Estado da Bahia, só voltando a sua fazenda depois que passou o Estado de Pernambuco a ser governado pelo exmo. Sr. Dr. Estácio Coimbra, quando começou também mais ativa a perseguição ao banditismo.

E desde então o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, decidiu-se com mais ânimo, a auxiliar neste sentido a ação do governo, e uma das provas disto, está nos meios que facilitou ao volante Domingos Nogueira, para com outras pessoas de Riacho Pequeno, dar combate a Lampião se este com seu grupo tentassem atacar aquele povoado como sucedeu, e de que então resultou a morte de dois bandidos devido a tática e coragem do mesmo Domingos Nogueira, que neste tempo ainda não estava incorporado como praça, e os recursos de que dispunha para a luta lhe era fornecido pelo mesmo tenente-coronel Pedro Alves da Luz.

Quando após a chacina de Favela em Floresta, Lampião fingindo-se subir para atravessar neste município, voltou na direção do norte passando em Conceição das Crioulas, e indo abater gados no Olho d’Água, no pé da Serra do Umã, município de Floresta.

Foi o tenente-coronel Pedro da Luz quem logo ao saber da sua estada naquele local, veio a auto avisar ao delegado de polícia, tendo além disso posto a disposição seu carro ao cabo Manoel Ribeiro para este ir ao encontro do cabo Manoel Neto, comunicar o paradeiro do mesmo Lampião, e como este, muitos outros fatos poderíamos citar.

Nada mais se precisa adiantar para a demonstração cabal da completa falta de fundamento de espíritos perversos ou irrefletidos, tem injustamente assacado contra a reconhecida reputação do prefeito deste município, tanto mais quanto a sua honra, está a cavalheiro, de qualquer infâmia de que se lhe atenta atirar.

E depois de ser lida e datada, conforme, foi por todos assinada. Para constar eu José Carvalho de Sá Roriz, secretário o escrevi.”

Da tradicional e numerosa família Carvalho, o tenente-coronel Pedro Alves da Luz foi nascido no município de São José do Belmonte, na fazenda Gameleira, sendo o primogênito do casal major Antônio Alves da Luz e dona Maria Francisca de Barros, esta irmã do Padre José Pires dos Santos Barros.

Grande fazendeiro, o tenente-coronel Pedro da Luz, além da fazenda Barrinha onde residia, localizada entre os municípios de Belém do São Francisco e Salgueiro, era proprietário de muitas terras na região, onde mantinha avultada quantidade de rebanhos de gado bovino e de corte.

Era um homem muito rico, de grande prestígio, bom caráter e muito respeitado, possuindo também uma infinidade de compadres e comadres, em virtude da quantidade de crianças de que foi padrinho em toda aquela região, tendo algumas, adotado o seu sobrenome “Luz” como homenagem. Ainda no tempo que residiu em Triunfo, chegou a exercer naquela cidade os cargos de delegado de polícia e literário.

Como político, exerceu os cargos de conselheiro municipal e prefeito de Belém de Cabrobó. Foi casado com dona Afra Florisbela Pires Cantarelli. O casal não deixou filhos.

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