30 de jan. de 2023

CANGAÇO: SABINO ATACA CAJAZEIRAS

  Por Fatos da História

https://www.youtube.com/watch?v=_koDKDDgf8U&ab_channel=FatosnaHist%C3%B3ria-Canga%C3%A7oeNordeste

Referências: .

"O Ataque de Sabino Gomes", por Francisco Frassales Cartaxo .

Blog CARIRI CANGAÇO.

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28 de jan. de 2023

CRIANÇA QUE PERDEU A MÃE NA FEIRA

  Por Estante de Citações

Um menino de cerca de cinco anos que perdeu a mãe entre a multidão de uma feira, aproxima-se de um agente da polícia e pergunta:

- Você não viu uma senhora sem uma criança como eu?

Os cinco contos curtos mais belos do mundo, por GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ.

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27 de jan. de 2023

SEU CARA DA PESTE

  Clerisvaldo B. Chagas, 26/27 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo de Sertão Alagoano

Crônica: 2.832

O senhor Cirilo, foi o último tropeiro de Santana do Ipanema. Ele, com sua tropa de burros, levava mercadoria para a zona da Mata e de lá trazia produtos para o Sertão. Para a Mata ia o queijo, o feijão, a farinha, a carne de sol e mais. Da Mata chegava o mel de abelha, o mel de engenho, o açúcar, o tecido, a aguardente... A rapadura. Quando seu Cirilo – que morava na esquina de um beco que dava para o rio Ipanema, na Rua Prof. Enéas – chegava de viagem, desarreava a burrama e a soltava para pastar no leito seco do rio. Seu filho, vulgo Lelé, ainda rapazinho, acompanhava o pai naquelas idas e vindas inter-regionais. O senhor Cirilo faleceu e, Lelé, continuou solteiro, foi envelhecendo e passou a ajudar no bar do seu sobrinho Erasmo na Rua e Bairro São Pedro, em torno dos anos 60-70.

Já de cabelos brancos e ainda solteirão, Lelé gostava de uma cachacinha e, quando bebia tirava direto por alguns dias. Nunca perguntamos ao Lelé onde ele estudara, mas ainda era bom de memória na Geografia que naquele tempo era na base da decoreba. Quando o nosso querido amigo de todos bebia, gostava de chamar as pessoas de “cara da peste”. Era sempre testado, quando sóbrio, pelos clientes do bar, sobre pontos geográficos do Brasil e do mundo. Enquanto guardava o dinheiro do cliente num miolo de um rádio velho e que ainda funcionava, respondia o que lhe fora perguntado. Adaptara uma tampa de madeira nesse rádio que era seu orgulho e que pegava, segundo ele, a Rádio Nacional, a Rádio Sociedade da Bahia, a BBC de Londres e outras muitos distantes do País.

Pois bem, Certa feita, um sujeito encontrou Lelé na Rua Antônio Tavares, tão bêbado que estava se segurando às paredes  para não cair. “É agora que eu quero saber se Lelé entende mesmo de Geografia”, pensou o cidadão. Dirigiu-se até o antigo tropeiro e indagou incrédulo: “Lelé, qual é o maior lago do mundo?”. O filho de seu Cirilo ainda fez uns volteios para se manter de pé, foi lá, veio cá, tornou a se segurar às paredes, olhou para o rosto do inquiridor e respondeu cobrando o preço: “não é o lago “Baiká”, na Sibéria, com 636 km 2, SEU CARA DA PESTE!”.

Arre!

Imortalizamos o ex-tropeiro.

CRÉDITO: PROGRAMA ENTREVERO CULTURAL ´PEC

 


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26 de jan. de 2023

A MULHER QUE PASSOU POR 3 SÉCULOS.

 Por Rainhas Trágicas - Mulheres, Guerreiras, Soberanas.

Fotografia de Margaret Ann Neve, tirada em 1902, poucos meses antes de sua morte. Nascida em 18 de maio de 1792, em Saint Peter Port (Guernsey, Ilhas Anglo-Normandas), Margaret se tornou a primeira pessoa supercentenária de quem a história dispõe de registros factuais, tendo vivido em três séculos diferentes (XVIII, XIX e XX). Educada em Bruxelas, ela se tornou fluente em francês e italiano, além de entender o alemão e o espanhol. Nas suas histórias, ela dizia ser capaz de se recordar dos tumultos da Revolução Francesa e das guerras napolepônicas. Margaret faleceu em 4 de abril de 1903, um mês antes de seu aniversário de 111 anos, no mesmo lugar onde nasceu.

Texto: @renatotapioca

#margaretannneve #historia #historiadasmulheres #rainhastragicas #guenersey #saintpeterport #xixcentury #xviiicentury #xxcentury #oldpeople #centenario #supercentenarian #historicphotography #oldphotos

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25 de jan. de 2023

A MORTE DE ANTONIO CANELA

  Por José Mendes Pereira

Sargento Deluz

O patriarca João Marinho tinha outro genro que era o João Maria Valadão, este se casara com a Mariinha. Ele havia nascido e criado no Olho D’água, que era uma fazendinha das redondezas. O Valadão tinha boas amizades com o esposo da cunhada Dalva, por isso, fora escolhido para saber do sargento Deluz, o que o fez devolver a sua esposa Dalva aos seus pais.

Depois de tudo preparado e pensado, o Valadão foi ao encontro do temido sargento e concunhado que havia rejeitado a esposa. João Maria era e quase não era tão quieto assim, como o seu sogro, e confiava em sua coragem, e mais ainda, com a amizade que tinha com o sargento. 

O sargento o recebeu em sua propriedade de nome Araticum com muito agrado. Os dois conversaram até certo ponto, quando o Valadão perguntou-lhe:

- Deluz, não se apoquente com a minha pergunta, eu queria saber o motivo que fez você devolver minha cunhada Dalva aos seus pais?

O sargento Deluz espanta-se um pouco quando ouve a pergunta, mas mesmo assim, resolveu responder o que lhe fora perguntado, com cara de quem não gostou, e diz:

- Num dava certo, Valadão. A Dalva foi criada com muito mimo, e ela não quer aceitar o meu jeito. Você sabe muito bem o meu jeito de serpente, e sendo assim, eu e ela não damos certos para vivermos em paz.

João Valadão resolveu falar também, mas com cuidado para não assanhar a serpente. E diz:

- No meu entender, eu acho que você tem razão, mas nem se preocupe, é assim que eu contarei ao João Marinho, nem mais nem menos falarei.

Mas, geralmente, casal que se separa, dias depois está aconchegado novamente, e o sargento Deluz e sua esposa Dalva não eram diferentes. Dias depois, estavam juntos. A vida do valente pernambucano continuava nas suas obrigações na fazenda Araticum. Os trabalhos militares sempre foram respeitados por todos, afinal, ele era um delegado que dominava toda região do Rio São Francisco, mesmo respeitado, os sertanejos os julgavam um bruto, indivíduo grosseiro e irracional. Até a sua presença física não era agradável perante às pessoas que se curvavam diante dele, e principalmente, repugnavam às escondidas as suas ordens. Tinha um corpo forte, atarracado, era viciado em fumo de corda, e vez por outra, mascava também.

Dalva sua esposa nunca teve um momento de paz e de amor em sua vida de casada, e esta infelicidade, começou a partir do dia em que ela deixou a família e foi morar com o sargento Deluz. As brigas do casal eram a todo momento, porque o Deluz, tratava a sua esposa Dalva sempre debaixo de ordens e na base do cacete. Mas a Dalva era geniosa e não se dobrava, enfrentava o agressivo cônjuge sem medo, e com isso, ele vendo que não a vencia, as desavenças eram constantes. Mas mesmo com o seu lar destruído, a Dalva engravida do homem que não lhe quer ver feliz.

Mas com a gravidez da mulher, o sargento poderia melhorar o seu comportamento, já que um filho seu fora gerado no útero da sua esposa Dalva. Todos da família pensavam isto, e tinham certeza que a vida do casal iria ser apaziguada. O delegado deu sinais que concordava a gravidez da esposa.

Deluz resolveu fazer uma roça nas terras do sogro, lá no Brejo, e o João Marinho aceitou de bom grado, acreditava que com a gravidez da filha, o seu genro poderia mudar o seu comportamento agressivo e grosseiro. E uma das melhores, o interesse do genro pela agricultura e criação de animais. A intenção de todos era que as coisas melhorassem, e a Dalva pudesse viver em paz com o seu desajustado esposo.

Já está bem próximo da Dalva ter neném, e à proporção que os dias iam se passando, as dores começavam visitar a Dalva. A parteira já está ali, esperando a hora de fazer o parto. Tempo depois, a criancinha veio ao mundo cheia de vida. Era uma meninazinha saudável e com nome já escolhido Adélia (que significa nobre e indica uma pessoa que luta para tomar as rédeas do seu destino. Não gosta de depender de ninguém, nem mesmo dos pais. Hábil e esperta em geral consegue o que quer da vida. Mas deve combater a ansiedade e desenvolver o sentido de vida em comum).

Parece que a Dalva escolhera este nome como protesto ao que ela passava com o seu marido bruto. A mãe está feliz com o nascimento da filha, mas o pai não demonstra nenhuma felicidade, e continua do mesmo jeito, grosso e arrogante.

Logo no segundo dia do resguardo, o sargento Deluz acordou com o cão nos couros, e sem nenhuma razão e motivo, fez a Dalva se levantar às pressas. Ela não ficou calada e o respondeu sem medo, devolvendo-lhe as suas ignorâncias.

Incomodado, porque não tinha como convencê-la, foi até a porta do quarto, e a trancou juntamente com a sua filhinha. Por último, a mãe e a filha estavam presas. Com temperamento de louco, derramou uma lata de querosene na casa, e ficou ameaçando tocar fogo para incendiá-las. E assim que a vizinhança percebeu o descontrole emocional do sargento em gritos, pede socorro. Finalmente, os seus comandados chegaram e conseguiram segurar o demônio que já se preparava com o fósforo quase a riscar. 

Aquele casal não tem mais condições de viver junto, e a solução, seria definitivamente a separação. O homem é um desajustado e não tem como inverter aquela situação. A Dalva, há muito tempo que havia deixado de ser sua esposa para simplesmente ser um saco de pancadas.

As pessoas do lugar que presenciavam aquela infeliz vida da Dalva filha do João Marinho, diziam em boca miúda:

- Coitada daquela moça! Foi tão bem criada, uma pessoa tão boa, ter que viver uma vida tão infeliz!

João Marinho, sua esposa e irmãos perderam o sossego por completo. A Dalva estava diante de um satanás. As irmãs lamentavam a pouca sorte da mana, e os irmãos começaram sentir ódio do cunhado maldito. Todos parentes da Dalva estavam angustiados, e sofrendo com o pouco censo de um homem totalmente desajustado e desequilibrado mentalmente.

Não se preocupe. Continuarei amanhã esta historinha! 

A Morte do sargento Deluz - Parte I 

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A MORTE DE ANTONIO CANELA

  Por Alcino Alves Costa


"Certa vez, por e-mail, Alcino Alves Costa me disse que gostaria de ser lembrado através desta foto - 
José Mendes Pereira"

O sertão está alegre. A chuva tem caído com abundância. O inverno é bom e farto. Tudo é bonança e grandeza. O mimoso se espalha belamente pelas caatingas, balouçando, daqui pra ali, ao sabor gostoso do vento. O capim, a beldroega, o feijão brabo, a jitirana e a marmelada cobrem os loros das selas e as barrigas dos animais. Vaqueiros, animados e felizes, todos os dias ficam mudando a gadama, de uma fazenda pra outra, nos trabalhos de apartação.

Nas serras do Curralinho uma pequena fazenda – Camarões – está em festa. Alguns vaqueiros (Chiquinho de Aninha, Flávio, seu Alves, Libéu, Angelino, João Cirilo) ajuntam o rebanho para apartação. A ideia é levar o gado de Juvêncio Rodrigues para a Pedrata.

A cachaça rola e a chuva cai.

Lá, no início da malhada, desponta Antônio Canela. O caboclo está caçando um jumento. Soube do ajuntamento que ali estava acontecendo e com vontade de beber uma cachacinha seguiu para a fazendinha de Juvêncio.

Canela era um galho familiar da Caldeira. Nascido e criado nas Alagoas, num lugarzinho chamado Bonito. Carregava uma provação em sua vida. Um dia acompanhou alguns amigos que foram até o povoado “Entre Montes” esperar Lampião com o intuito de enfrenta-lo. O cangaceiro não apareceu mais a notícia dos preparativos para a reação contra ele se espalhou.

Tempo depois o rapaz se muda para Sergipe, indo residir no Curralinho. Jamais poderia imaginar que aquela sua aventura com as armas iria lhe trazer tão trágico dano. Mas, um mensageiro da desgraça assim não pensava, era ele “Zuza de Invenção”, cabra ruim e mal-intencionado que, levado pela maldade e vontade de agradar os bandidos, conta a história de Canela a eles.

O moço não sabia que estava na mira dos bandoleiros. Sem nenhum temor caminha por todos os arredores, mesmo sabendo que aquelas redondezas estão infestadas de cangaceiros.

Na fazenda do ajuntamento os vaqueiros aboiam e bebem. A chuva não para e cai com vontade. Grossas bátegas se esparramam pelo barro vermelho daquelas serras. Os grotões e riachos estão empanzinados e roncando. O sertão mais parece um paraíso.

Antônio Canela se demora. Gosta da farra e da cachaça. A chuva é forte e demorada. O melhor é esperar e beber.

A chuva diminuiu e foi embora. João Cirilo abre uma das janelas. Surpreso exclama:

 - Ói Cuma vem genti ali, e só podi ser cangaceiro.

A malhada está coalhada de cangaceiro. O grupo é chefiado por Mané Moreno. Todos estão com as roupas encharcadas. Chegam ao telheiro. Os presentes são saudados com um aperto de mão. Quando chega a vez do rapaz de Alagoas, Mané Moreno é que pega na sua mão e para espanto de todos diz:

O cangaceiro Mané Moreno

- Você tá preso!

A afronta a Lampião iria ser vingada.

Angelino e João Cirilo tentam pedir pelo condenado. A sentença já estava consumada.

Mané Moreno encerra a conversa dizendo:

- Não adianta pidido ninhum pra este cabra Ele vai morrer pruque merece.

Canela era um homem destemido. Mesmo não desconhecendo o seu fim tem forças para perguntar:

- E o qui foi qui eu fiz?

Pancada é quem responde:

- Se esqueceu qui andava armado pra atirá im Lampião?

- Foi mesmo. Só tivi pena porque ele num apareceu.

Alecrim cabra perverso, arranca um canivete e com desmedida fúria enfia a arma várias vezes no corpo do prisioneiro. Um outro bandido – Cravo Roxo -  não deixa por menos, com o coice de seu mosquetão bate com furor desmedido no rosto de Canela. A cabroeira está irritada com a ousadia do rapaz.

Os cangaceiros Áurea,  (errado Gorgulho) é Cravo Roxo e Mané Moreno

O cangaceiro era a personificação da desgraça e da morte. A fazendinha e os vaqueiros agora estavam envoltos num manto de tristeza e dor. Acabara-se a festa e a alegria. Agora tudo havia se transformado em horror e agonia. O povo sertanejo não pode ser feliz enquanto aqueles malsinados bandoleiros dominarem o seu sertão. Impossível se ter paz e sossego naquele mundo dominado pelo cangaceiro e pelas volantes.

Antônio Canela estava sendo supliciado. Amarram-no na garupa do animal e alecrim e viajam. Canela pergunta a Áurea, companheira de Mané Moreno e filha de Antonio Nicácio, se os cangaceiros vão mata-lo. A bandida acena com a cabeça que sim. Desesperado, ao receber a confirmação de seu fim, o rapaz, num ato extremado, tenta escapulir. Consegue pular do animal e corre loucamente serra abaixo. É perseguido pelo bando e rapidamente alcançado.

Mané Moreno está possesso. Obriga o infeliz abria a boca e comprovando o monstro que era puxa sua arma e atira. Canela teve tempo apenas de virar sua cabeça para um lado e, então, em vez de atirar na boca, atirou no ouvido do moço.

Canela não caiu e recebe o segundo tiro. Este no rosto. Desaba por cima das macambiras. É ainda sangrado por Pancada.  Acontece, então, a grande prova do negrume daqueles seres que não eram humanos e sim verdadeiros monstros. O cangaceiro Cravo Roxo se acerca da cor inerte de Canela, fica ao seu lado acocorado e como se fosse um monstro, e mostro ele era – bebe o sangue que borbulha da veia do pescoço do infeliz que está estirado no chão duro daquelas serras.

Do telheiro da fazenda, Juvêncio, seu Alves João Cirilo, Angelino Libéu e Chiquinho de Aninha abobalhados, observam a triste e aterradora cena. Lá embaixo, na serra, mais um sertanejo acaba de ser ceifado deste mundo por força do flagelo que há tantos anos vem assolando aquela região antes tão pacata e feliz.

Desolados e temerosos os vaqueiros soltam o gado e retornam para Curralinho.

Fonte: “livro Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico”
Autor: Alcino Alves Costa
Páginas: 195, 196 e 197.
Edição 2ª. Edição
Ano: 2011

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23 de jan. de 2023

DELUZ PARTE I

Por José Mendes Pereira


Segundo o escritor Alcino Alves Costa escreveu em seu Livro “O Sertão de Lampião” que o verdadeiro assassino do cangaceiro Juriti, o seu nome de batismo era Amâncio Ferreira da Silva, famoso caçador de cangaceiros que se têm informações, e era da polícia sergipana. Esta figura era pernambucana, com naturalidade duvidosa, porque, uns afirmavam que ele era lá de São Bento do Una, enquanto outros diziam que o famoso e carrasco policial era da cidade de Gravatá. Ele nasceu no dia 11 de agosto de 1905. Mas o seu nome de batismo sempre ficou esquecido, porque desde criança, era conhecido por Deluz, nome que o fez pessoa importante na região que sempre esteve prestando os seus serviços à polícia militar e ingressou na força logo muito jovem.

Com o banditismo tomando de conta dos sertões nordestinos matando, roubando, destruindo tudo que via pela frente, Deluz recebeu ordem para ir destacar no último porto navegável do baixo São Francisco, o minúsculo lugarejo da família Britto, lá no Canindé do São Francisco.

Ali, naquele tempo, o sertão no abandono, a coroa que reinava por lá, era do velho guerreiro, destemido e sanguinário rei do cangaço o Lampião; e o jovem militar seguindo a missão de tantos outros do seu tempo, foi também incumbido para caçar cangaceiros, e iria enfrentar o poder do famoso e perverso Lampião.

Desde muito cedo que o Deluz demonstrava ser destemido, e com isso, seu nome caiu na boca do povo, como sendo um homem de muita coragem, e que nunca conheceu o significado da palavra medo, mas talvez carregasse consigo a pesada cruz, que era perseguir cangaceiros, homens que não tinham medo de ninguém e nem o que perderem. Após a chacina de Angico um dos seus divertimentos era procurar por todos os lugares ex-cangaceiros que sobraram da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia”, para matar, assim aconteceu com o ex-facínora Juriti, que soube que ele estava na fazenda Pedra D’água, na casa do seu amigo Rosalvo Marinho, e assim que tomou conhecimento, Deluz e seus capangas foram até lá para engaiolá-lo. Assim que o prenderam, levaram-no para as matas, e lá, ele foi morto dentro de uma língua de fogo.

Uma das crueldades e gostosa que achava o Deluz, era tirar ladrão da cadeia de Propriá, e levar o infeliz para o Rio São Francisco e lá, amarrava-o a uma pedra, e o jogava dentro das águas. O tempo foi passando e a sua fama de homem valente foi se espalhando por toda região do São Francisco. As mocinhas quando o via desfilando pelas ruazinhas do arruado ribeirinho, se derretiam em dengos e desejos.

Diz o escritor Alcino Alves que um descendente dos Garra, e que foi uma das primeiras famílias de Poço Redondo, deixou de morar no arruado de Cupira e China, para fazer companhia a um tio paterno de nome João Grande, morador da pequena povoação de Curituba, sendo esta de um senhor chamado João dos Santos, lugar localizado nas terras do Canindé do São Francisco. O rapaz chamava-se João, e era filho de Hipólito José dos Santos e dona Marinha Cardoso dos Santos, que era chamada carinhosamente de Vevéia. Seus filhos eram: Germiniano, Joaquim, Chiquinho, José (Zé Hipólito), Antonio (Touca), Miguel, Manuel (Naninga), além de João, o João Marinho; tinha ainda as irmãs Isabel (Iaiá), Maria, Antônia Rosa, Júlia Filomena e Francelina, num total de quatorze irmãos descendentes daquela família lá das areias brancas de Poço Redondo.

O João Marinho dedica a sua vida nas terras de Canindé e parte para um compromisso sério com Maria, uma mocinha da conceituada família dos Gomes daquele pedaço de sertão sofrido. Noivam e se casam. O João Marinho resolveu ir trabalhar em uma das propriedades do coronel Chico Porfírio, na fazenda Brejo. O casal segue as tradições e os costumes da época, filhos e mais filhos foram nascendo. Hortêncio, Jonas, Zé Marinho, Angelina, Maria (Mariinha) Dalva e Santa.

João Marinho é um homem trabalhador, além dos filhos fazia planos para o futuro. Trabalhava com afinco e com dignidade, e viu os seus planos serem realizados, porque findou comprando a propriedade que morava., e com trabalhos, dedicação e coragem conseguiu fazer no Brejo uma das mais consideradas propriedade no imenso mundão de Canindé do São Francisco. O seu nome ficou respeitado no meio daquela gente como um vitorioso. Com as facilidades que a vida lhe deu dois dos seus irmãos (Chiquinho e Zé Hipólito) muda-se para Canindé, ali se casam. As sorteadas foram duas irmãs a Delfina e Anália.

O Chiquinho foi trabalhar como vaqueiro na Fazenda Rancho do Vale, de um conceituado Monteiro Santos, e o Zé Hipólito após vender a sua propriedade de nome Pindoba ao tenente João Maria da Serra Negra e faz nova moradia dando o nome de Vertente.

O João Marinho de Poço Redondo se tornou o patriarca daquela região. Seus filhos estão crescidos, e tanto os rapazes como as moças são desejados. Namorá-los é o desejo daquela juventude.

O Deluz começou a paquerar a Dalva e logo ficou apaixonado. O pai da Dalva o João Marinho ao saber do relacionamento da filha com ele não ficou satisfeito. O João era um homem tranquilo, e não desejava aquele homem misturado na sua família, porque ele queria o melhor para sua filha. E geralmente, namoro termina em noivado, e com a continuação, será realizado casamento. E sem muita demora a Dalva casou-se com o temido sargento. Mas Deluz não estava muito satisfeito com o seu cônjuge, e três dias depois, Deluz pôs a Dalva na frente e foi devolvê-la aos pais.

Uma grande desgraça! O que aconteceu que o sargento Deluz levou a esposa e a entregou aos pais?

Você saberá amanhã, porque continuarei!

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21 de jan. de 2023

LIVRO

   Por Luma Hollanda

Gratidão a Deus e a todos que compareceram ao lançamento do meu 3⁰ livro, na Livraria do Luiz. "Lugares de Memória" do Cangaço, reuniu familiares e amigos que estavam tão distantes! Um beijo no coração de cada um.



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franpelima@bol.com.br

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20 de jan. de 2023

GOELA ABAIXO

 Clerisvaldo B. Chagas, 20 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.829

Estamos lendo sobre um projeto público, ao mesmo tempo lembrando de uma palestra que assistimos em Arapiraca, há muito tempo. Uma senhorita que atuava na Cultura, nos explicava de plano que foi elaborado para os artistas da terra e, que foi um grande fiasco. Disse ela que após o fracasso, a equipe sentou-se para analisar a causa de tanto descontentamento quando posto em prática o projeto. A equipe descobriu o “X” do problema. Não era aquilo que a classe queria.  E ficou a lição de que em projeto público a classe interessada deve ser ouvida e fazer parte do projeto. Nunca impor de goela abaixo. Todos convocados, novo projeto à mesa e êxito total na sua implementação. Mas, o que impressionou mesmo naquela palestra que ouvimos, foi a humildade da palestrante em reconhecer o seu erro e ainda aconselhar a todos os presentes.

Estar aí um motivo para afastamento da arrogância e da soberba de alguns dirigentes nesse país, que agem como aquele que dá uma esmola na rua. Muitos que se elegem a alguma coisa com o voto do povo, caem na tentação de acharem que “tudo agora é meu”, e assim agem como os antigos escravocratas donos de engenho do passado, acreditando piamente que são superiores aos que os colocaram no poder. Até que frequentam templos religiosos para serem vistos e assim darem satisfação à sociedade, não acreditam, porém, intimamente que Deus está acompanhando de perto todos seus atos malévolos, mascarados de caridade.

E como ouvimos do cantador de viola sobre a morte, a riqueza acumulada (ilicitamente) não cabe no caixão, nem o poder e nem nada além do corpo e alma corrompida que seguirá para regiões onde se pagará até o último ceitil de tantas dívidas acumuladas na terra. Nada adiantará a desfaçatez de homenagens terrenas e bestas porque o corrupto estará pagando caro longe da soberba familiar.     Isto não representa desabafo algum, apenas uma observação juntos aos repentistas nordestinos. Afinal, como dizia o quadro que havia na Farmácia Vera Cruz: “entrai pela porta estreita, larga é a porta da perdição”. Mas, que perdição? Perguntam os incrédulos.

Antes de partir você saberá.

ARAPIRACA AO ENTARDECER (FOTO: B. CHAGAS).


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19 de jan. de 2023

LAMPIÃO DESISTE DE ATACAR A CIDADE DE CUSTÓDIA

 Do acervo do José João Souza

Lampião estava decidido atacar o município de Custódia, no Sertão pernambucano, o cangaceiro mandou um garotinho até a cidade para verificar quantos soldados havia no quartel ou na delegacia. Ao voltar, o menino anunciou: "No quartel, só tem cem". Temeroso com o grande número de macacos, maneira pela qual chamava os guardas, Virgulino desistiu da invasão. O que ele não sabia é que Cem era o apelido do único soldado presente no quartel naquele dia.

Do livro:

Flores, Campos, Barros e Carvalho - Olhando para o passado até onde a vista alcança

De: Maria Stella Barros de Siqueira Campos.

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18 de jan. de 2023

LIVRO

    Por José Bezerra Lima Irmão

Diletos amigos estudiosos da saga do Cangaço.

Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.

Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.

Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió.

Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato.

Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.

A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha.

Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

......................

Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.

Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.

Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas.

Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira),

Tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher.

A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo.

As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286. Eu gosto de escrever, mas não sei vender meus livros. Se pudesse dava todos de graça aos amigos...

Vejam aí as capas dos três livros:


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