30 de ago. de 2024

NENÉM DO OURO E MARIA BONITA

 Por José Mendes Pereira


Esta foto me parece ser uma montagem.

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29 de ago. de 2024

OS FILHOS DE ANTÔNIO GOMES JURUBEBA E LUCIANA MARIA DA CONCEIÇÃO.

  Por Guilherme Velame Wenzinger

Os filhos de Antônio Gomes Jurubeba e Luciana Maria da Conceição foram homens que defenderam a honra do povoado de Nazaré(PE), pegando em armas contra Lampião e seus sequazes. São eles, da esquerda para a direita:

• Manoel Gomes de Lira (1908-1940)

• Pedro Gomes de Lira (1902-1989).

• João Gomes de Lira (1913-2011).

Máximo respeito a esses homens que trocaram a sua juventude em prol de defender a sua família e a sua localidade.

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=2513583948850534&notif_id=1724957821980365&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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27 de ago. de 2024

LANÇAMENTO EM MOSSORÓ - DO LIVRO A OUTRA FACE DO CANGAÇO - ANTONIO VILELA.

 Por Ana Lucia Granja Souza

Professor Weskley Rodrigues, Professora Adryanna Karla, Professora Ana Lúcia, Empresária Luzia Paiva, Professor e escritor Antonio Vilela e sua esposa. 

Meu amigo José Mendes, que prazer ler sua mensagem!

pois é, meu caro, eu estive participando do evento em Mossoró, cidade belíssima, e o tema deste ano foi muito bom e proveitoso para nós, pesquisadores, porque é mais um somatório de conhecimentos e aprendizagens, pois o que move a pesquisa é justamente adquirir o conhecimento, divulgar, insistir, persistir e participar para o crescimento da causa. 

Múcio Procópio, Ana Lúcia e Weskley

E tive uma grande alegria em conhecer sua filha Adryanna e na ansiedade de conhecê-lo, ela me falou que você não pode participar do evento, mas a gente compreende, não tem problema,  e eu sei que brevemente iremos nos conhecer, e este será um grande prazer.

Mendes, na realidade eu pedi pra outro amigo pesquisador tirar umas fotos minhas e do evento e ele prometeu de enviar-me pelo meu e-mail, eu estava sem máquina nenhuma e tive que pedi para outros tirarem, mas se você puder esperar um pouco eu irei receber as fotos e com certeza irei te repassar, foi muito proveitoso este fórum, pois mais uma vez adquirir conhecimento e também a alegria de rever amigos que sempre estamos juntos em outros eventos do cangaço em outras cidades. 

Parabéns pelo seu blog e pode ter certeza no que eu puder colaborar, estou a disposição, confesso que ando muito ausente em todos que participo, mas também a gente tem outra vida não é, e tempo é ouro, mas com certeza eu vou aparecer e comparecer neste blog de tão grande credibilidade que é mendes e mendes, e assim colaborar para que todos que leem o blog, aprendam mais e ajude mais engrandecendo esse cantinho tão bom. muito obrigada, Mendes, por sua lembrança e pode contar comigo, quando precisar. grande abraço.

Saudações Cangaceiras!

Aninha.

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26 de ago. de 2024

O CANGAÇO EM SANTA INÊS - PB.

A morte do cangaceiro azulão.

Na década de 1920 o cangaceirismo assolava os Estados nordestinos. na época a Paraíba vivia em constantes combates contra o cangaceiro Virgulino ferreira (Lampião),o rei dos cangaceiros que dizia livremente que a culpa daquele estado de coisas era do coronel José Pereira Lima (Zé Pereira de princesa). Segundo o Cangaceiro, Zé Pereira avia o traído e o roubando uma grande quantia de dinheiro. Para piorar a situação para o lado de Lampião as volantes paraibanas aumentaram o nível das perseguições. Mesmo assim alguns lugares como Patos de irerê na Paraíba era coito seguro de Lampião.

Desde 1924 quando Lampião foi baleado na lagoa do Vieira no vizinho Estado do Pernambuco, o trânsito do cangaceiro só aumentou na Paraíba e Santa Inês virou rota do banditismo rural. Nesta época um bando de cangaceiros liderados por azulão vivia fazendo coalizões com o bando de Lampião. Azulão era um homem perverso e tudo indica que ele era paraibano. Seu bando variável de 5 a 10 homens e suas atuações eram basicamente nos mesmos lugares. Devido à brutalidade de azulão e a falta de insubordinação aliada a um desejo sádico te possuir mulheres, Lampião decidiu expulsar do seu bando. Azulão tinha fama de praticar estupros junto com o seu bando e de alguma maneira Lampião não aprovava as atitudes dele e esse foi o motivo da separação. Na realidade Lampião detestava azulão, porque o cabra era desprezível até mesmo para outros cangaceiros. Vira e mexe ele mandava recado para pais de família dizendo que ia carregar as filhas que estivesse em sua casa, ele dizia e fazia e por isso ele era temido. A ira de Lampião só aumentava contra azulão que além de praticar estupros dizia ele que era cabra de Lampião e a culpa sempre caia nas costas do rei do cangaço.

Em Conceição na Paraíba o cangaceiro azulão e seu bando poserem suas garras numa pobre moça,a família que na época tinha posses ficou bastante desmoralizada. Zé Pereira foi cobrado e com o apoio do governo do Estado intensificou as ações das forças volantes na região, porém depois do acontecido em Conceição, Santa Inês foi palco de uma terrível visita do azulão e seu bando onde também praticou estupros. O terror estava solto. Um dia azulão avisou que iria carregar três filhas do senhor chamado José Nunes. O coitado do trabalhador rural acuado e sem ter o que fazer mandou avisar a volante comandada pelo Tenente Raimundo Quintino em Conceição na Paraíba, que o bando de azulão estava em suas terras pronto para atacá-lo e ele precisava de uma rápida ajuda.

Em meados de 1927 a volante de Raimundo Quintino sofrendo forte pressão do coronel José Pereira que exigia resultados satisfatórios estacionou próximo a fazenda de José Nunes na Serra Pintada que na época pertencia a Conceição mas que hoje pertence a cidade de Santa Inês. Raimundo Quintino era muito Valente e esperto, sua força volante era composta por parentes incluindo um filho.ele soube que próximo a fazenda do pobre trabalhador havia um caldeirão com água e ele decidiu fazer ali uma espera,(Uma tocaia). Foi uma ideia de gênio pois não demorou muitos dias e logo o bando de azulão se aproximou do caldeirão na serra pintada. O cangaceiro mor, gostava de andar no meio da fila Indiana formada pelo bando, mas quando chegou no caldeirão o cabra se antecipou e foi pular uma cerca de faxina. Não deu tempo nem botar os pés no chão e logo o fuzil cantou. Azulão foi varado de bala e ficou igual uma peneira, o resto do bando se escondeu próximo a um embuzeiro e abriu fogo contra volante onde Raimundo Quintino foi baleado no pé. O tiroteio não demorou muito e logo os cabras sumiram no meio da caatinga. Azulão foi pego e amarrado em um jumento e levado para a cidade de Conceição onde foi jogado numa calçada. No mesmo dia esta foto abaixo foi tirada mas azulão não saiu na fotografia porque Raimundo Quitino não queria que sua imagem fosse associada a um cangaceiro daquele nível. Note que na foto abaixo, Raimundo Quintino o primeiro da esquerda para a direita está com o pé enfaixado. E foi assim que uma onça terrível chamada azulão foi tirada do pasto em Santa Inês-PB.

Agradecimentos:

Professor José Fabio Nicolal.

Damião Holanda de Lacerda.

Pesquisa de José Francisco Gomes de Lima.

https://www.facebook.com/profile.php?id=100052136048895

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A morte do cangaceiro azulão.

Na década de 1920 o cangaceirismo assolava os Estados nordestinos. na época a Paraíba vivia em constantes combates contra o cangaceiro Virgulino ferreira (Lampião),o rei dos cangaceiros que dizia livremente que a culpa daquele estado de coisas era do coronel José Pereira Lima (Zé Pereira de princesa). Segundo o Cangaceiro, Zé Pereira avia o traído e o roubando uma grande quantia de dinheiro. Para piorar a situação para o lado de Lampião as volantes paraibanas aumentaram o nível das perseguições. Mesmo assim alguns lugares como Patos de irerê na Paraíba era coito seguro de Lampião.

Desde 1924 quando Lampião foi baleado na lagoa do Vieira no vizinho Estado do Pernambuco, o trânsito do cangaceiro só aumentou na Paraíba e Santa Inês virou rota do banditismo rural. Nesta época um bando de cangaceiros liderados por azulão vivia fazendo coalizões com o bando de Lampião. Azulão era um homem perverso e tudo indica que ele era paraibano. Seu bando variável de 5 a 10 homens e suas atuações eram basicamente nos mesmos lugares. Devido à brutalidade de azulão e a falta de insubordinação aliada a um desejo sádico te possuir mulheres, Lampião decidiu expulsar do seu bando. Azulão tinha fama de praticar estupros junto com o seu bando e de alguma maneira Lampião não aprovava as atitudes dele e esse foi o motivo da separação. Na realidade Lampião detestava azulão, porque o cabra era desprezível até mesmo para outros cangaceiros. Vira e mexe ele mandava recado para pais de família dizendo que ia carregar as filhas que estivesse em sua casa, ele dizia e fazia e por isso ele era temido. A ira de Lampião só aumentava contra azulão que além de praticar estupros dizia ele que era cabra de Lampião e a culpa sempre caia nas costas do rei do cangaço.

Em Conceição na Paraíba o cangaceiro azulão e seu bando poserem suas garras numa pobre moça,a família que na época tinha posses ficou bastante desmoralizada. Zé Pereira foi cobrado e com o apoio do governo do Estado intensificou as ações das forças volantes na região, porém depois do acontecido em Conceição, Santa Inês foi palco de uma terrível visita do azulão e seu bando onde também praticou estupros. O terror estava solto. Um dia azulão avisou que iria carregar três filhas do senhor chamado José Nunes. O coitado do trabalhador rural acuado e sem ter o que fazer mandou avisar a volante comandada pelo Tenente Raimundo Quintino em Conceição na Paraíba, que o bando de azulão estava em suas terras pronto para atacá-lo e ele precisava de uma rápida ajuda.

Em meados de 1927 a volante de Raimundo Quintino sofrendo forte pressão do coronel José Pereira que exigia resultados satisfatórios estacionou próximo a fazenda de José Nunes na Serra Pintada que na época pertencia a Conceição mas que hoje pertence a cidade de Santa Inês. Raimundo Quintino era muito Valente e esperto, sua força volante era composta por parentes incluindo um filho.ele soube que próximo a fazenda do pobre trabalhador havia um caldeirão com água e ele decidiu fazer ali uma espera,(Uma tocaia). Foi uma ideia de gênio pois não demorou muitos dias e logo o bando de azulão se aproximou do caldeirão na serra pintada. O cangaceiro mor, gostava de andar no meio da fila Indiana formada pelo bando, mas quando chegou no caldeirão o cabra se antecipou e foi pular uma cerca de faxina. Não deu tempo nem botar os pés no chão e logo o fuzil cantou. Azulão foi varado de bala e ficou igual uma peneira, o resto do bando se escondeu próximo a um embuzeiro e abriu fogo contra volante onde Raimundo Quintino foi baleado no pé. O tiroteio não demorou muito e logo os cabras sumiram no meio da caatinga. Azulão foi pego e amarrado em um jumento e levado para a cidade de Conceição onde foi jogado numa calçada. No mesmo dia esta foto abaixo foi tirada mas azulão não saiu na fotografia porque Raimundo Quitino não queria que sua imagem fosse associada a um cangaceiro daquele nível. Note que na foto abaixo, Raimundo Quintino o primeiro da esquerda para a direita está com o pé enfaixado. E foi assim que uma onça terrível chamada azulão foi tirada do pasto em Santa Inês-PB.

Agradecimentos:

Professor José Fabio Nicolal.

Damião Holanda de Lacerda.

Pesquisa de José Francisco Gomes de Lima.

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24 de ago. de 2024

LANÇAMENTO DO CORDEL "LOUCOS POR CIDADANIA-BREVE HISTÓRIA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA EM NATAL

  Por Epitácio de Andrade Filho

Lançamento: Cordel ”Loucos por Cidadania -Breve História da Reforma Psiquiátrica em Natal” Baseado em texto homônimo do médico psiquiatra e militante da Luta Antimanicomial Epitácio de Andrade filho, o folheto de cordel “Loucos por Cidadania- Breve História da Reforma Psiquiátrica em Natal”, do poeta Chico de Aiá, celebra os 30 anos do CAPS/Leste.

O Centro de Atenção Psicossocial do Distrito Sanitário Leste, implantado em 1994, foi o primeiro serviço da Reforma Psiquiátrica de Natal.

A obra é composta por 33 estrofes em septilhas. Foi lançada no dia 13 de agosto de 2024, na Casa do Cordel, onde se encontra à venda. Novos lançamentos estão previstos, a começar por Parnamirim e outro na capital, ambos ainda sem data definida.

Em versos, o cordelista narra os principais acontecimentos ocorridos ao longo das 3 décadas desse processo histórico na capital do Rio Grande do Norte.

Enviado pelo Dr. Epitácio de Andrade Filho.

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21 de ago. de 2024

MEUS FUTUROS MÉDICOS!

   Por José Mendes Pereira

Maria Prycylla Paiva Pereira

Maria Prycylla Paiva Pereira é a minha 4ª. filha e cursa Medicina. Ela agora faz o 10º período. Se Deus quiser, se tudo correr bem, no próximo ano ela estará apta para exercer a tão sonhada profissão Medicina.

O que ela escreveu em seu perfil:

“Existem oportunidades que batem em nossa porta que jamais sonhamos. E a Medicina foi uma dessas oportunidades que surgiu em minha vida. 

E olha que eu abracei com todas as forças. E hoje depois do resultado da última prova final, estou me despedindo do nono semestre e me encaminhando para o décimo.

Quem diria que eu estaria aqui hoje, nem eu acredito às vezes. Mas só tenho a agradecer a Deus por essa oportunidade. Sou muito grata!”.






Além da Prycylla, dois dos meus filhos netos também iniciaram o 10º. período de medicina, os quais são: o Pedro Henrique (o primeiro da foto abaixo), e o Anthony D' Karllos mais atrás. 


Os três juntos. Maria Prycylla Paiva Pereira, Pedro Henriques de Oliveira Mendes à die Anthony D' Karllos Mendes cursam o 10º. período de medicina, na mesma faculdade e na mesma classe.

Adryanna é a primeira da direita.

Adryanna Karlla Paiva Pereira de Freitas, a minha 2ª. filha à direita, estuda o primeiro ano de medicina na FACENE de Mossoró. Se tudo der certo, os três primeiros concluirão o curso no final do próximo ano de 2025.

Gisele Dos Reis Lopes. - Pediatra.

Eu tenho uma nora que há mais de dez anos que é médica, pediatra, que é a paulista Gisele dos Reis Lopes, mas reside em Mossoró-RN.

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20 de ago. de 2024

RÉQUIEM PARA LAMPIÃO BASTIDORES DE UM DOS MELHORES DOCUMENTÁRIOS SOBRE O REI DO CANGAÇO

 Uma medida da liberdade que tínhamos no Globo Repórter foi a experiência de mistura de linguagens proposta, em 1975, por O último dia de Lampião. O projeto, que considero um dos meus melhores trabalhos para a TV, partiu de uma vasta, mas dispersiva pesquisa de Amaury Araújo sobre o fenômeno do cangaço.


O que mais me interessou foi a indicação de testemunhas ainda vivas dos dias finais de Lampião no esconderijo de Angicos, em Sergipe, onde parte do bando foi dizimado. Não se tratava de ouvir dizer, mas de encontrar remanescentes capazes de falar diretamente para a câmera.

Escolhido o episódio da morte do mito, ocorreu-me a ideia de não apenas fazer um documentário baseado na pesquisa e nos depoimentos, mas usar tudo isso como base para uma dramatização dos conflitos daquele dia fatídico. Ainda em São Paulo, encontrei Zé Sereno e sua mulher, Sila. Zé Sereno era o segundo ou terceiro homem na hierarquia do bando, detentor da inteira confiança de Lampião. Entrevistei-o no leito de um hospital. Sila, que era a costureira do bando e havia convivido intimamente com Maria Bonita, não só deu testemunho como também foi contratada para fazer os figurinos do filme. Sila mandou um bilhete para Dadá, a companheira de Corisco, na Bahia, pedindo que ela nos ajudasse com os chapéus, alpercatas e apetrechos de couro, sua especialidade.

Sila
Zé Sereno
A reconstituição deveria ser o mais fiel possível aos acontecimentos. Cruzamos depoimentos para confirmar cada informação. Não apenas entre os cangaceiros, mas até do lado da volante. O único dado assumidamente imaginário é a hesitação do Tenente João Bezerra da Silva, chefe da volante, em matar Lampião.

Eu não tinha depoimento direto a respeito disso, apesar de a pesquisa do Amaury apontá-lo como o coiteiro-mor, vendedor de armas para o próprio Lampião. E ainda havia uma estranha coincidência: ambos teriam nascido no mesmo dia e na mesma hora. Aquela perseguição tinha algo de romanesco – parecia escrita, em vez de acontecida. Com Fernando Peixoto, fui criando o roteiro da reconstituição segundo um cronograma, hora a hora, dos dados reais que apurávamos nas entrevistas.

"Mané" Felix
Procuramos nossos personagens em Salvador (BA), Piranhas, Delmiro Gouveia (sudoeste de Alagoas) e finalmente na região de Angicos, onde concentraríamos as filmagens. Encontramos diversos ex-cangaceiros que foram testemunhas oculares, assim como coiteiros que ajudaram Lampião. Falamos com o telegrafista responsável pela mensagem decisiva da caçada final, com o comerciante que desconfiou da emboscada, com os dois barqueiros transportadores da volante até Piranhas, com o soldado que desfechou o primeiro tiro em Angicos e o que atirou em Maria Bonita. Localizamos o vaqueiro Joca Bernardo, responsável pela denúncia do paradeiro do bando. Ele confessou pela primeira vez a traição, diante da câmera de Walter Carvalho.

Joca Bernardo
Esse Walter Carvalho não é o mesmo fotógrafo dos filmes de Walter Salles e co-diretor de Cazuza – o tempo não pára, mas Walter Carvalho Corrêa, sócio da Blimp e cria de Chick Fowle, o mago das luzes da Vera Cruz. Walter não fez muitos longas, ficou mais na publicidade e nos documentários, mas é um dos grandes fotógrafos brasileiros. Seu trabalho com a câmera na mão pelo terreno pedregoso de Angicos é de excelente qualidade. Angicos é um pedaço de riacho seco que deságua no São Francisco. Lugar inóspito, situado a três horas de caminhada da margem do rio, por dentro da mata. Levamos para lá alguns personagens reais, com o propósito de que indicassem os locais onde tudo aconteceu. Em seguida, rodamos as cenas com os atores.

O telegrafista que comunicou a presença de Lampião.
Os mesmos figurantes faziam cangaceiros e soldados. Para reconstituir o tiroteio, filmávamos o ponto de vista da volante às cinco horas da manhã e o contracampo dos cangaceiros ao cair da tarde. Durante uma semana, dormíamos não mais que três horas por noite, depois de desmontar o equipamento e retornar até nossa base em Piranhas.

Para o elenco, privilegiamos a semelhança física. Emanuel Cavalcanti era o ator perfeito para o papel de Zé Sereno. Bezerra foi interpretado com convicção por um capitão da PM que era primo do personagem real. Heládio Brito, meu ator-talismã nessa época, fez o sargento Aniceto. Lampião, o próprio, não recebeu maior destaque por ser um mito difícil de representar.

Tive receio de pôr em sua boca palavras que comprometessem a plausibilidade. Preferi mostrá-lo sempre de longe, de costas ou de banda, deixando um distanciamento proposital. Achei que isso ajudava na proposta documental do filme. A reunião de relatos e confissões permitiu-nos compreender e mostrar algumas motivações ocultas da opção pelo cangaço. Havia casos de vingança pessoal, ressentimentos e interesses diversos alimentando tanto o grupo de Lampião, como os macacos. Um dos soldados, por exemplo,era parente de sangue de José de Neném, o primeiro marido de Maria Bonita, e certamente estava na volante não somente por mero profissionalismo, mas até em busca de vendeta.

Durval Rosa
A estrutura de narrativas convergentes (cangaceiros X volante) é ainda bem clássica. A narração hoje me parece excessiva, embora então julgássemos necessária para garantir a atenção do telespectador. Mas a combinação de documentário e ficção era bastante nova para a televisão da época. No Globo Repórter, que eu saiba, nenhum programa havia incorporado performance de atores naquela extensão. O tratamento sonoro tampouco era dos mais convencionais.

Ex soldado Abdon
A sequência do clímax, por exemplo, foi filmada a 40 quadros por segundo, para dar maior dramaticidade, e deixamos o som direto distorcido na mesma medida, criando um efeito perturbador. A reza matinal dos cangaceiros, que acaba atuando como elemento de suspense, não foi invenção nossa, correspondia, no entanto, a um hábito diário do bando de Lampião.

Ancorar a reconstituição histórica em dados comprovados não deve ser uma limitação para o cineasta.

Muito pelo contrário, é o que lhe garante a liberdade de experimentar sem o risco de trair seu objeto. Reconstituir, por exemplo, o momento da morte solitária de Getúlio Vargas seria um despropósito. Ninguém sabe sequer como ele empunhou o revólver. Nesses casos, é melhor partir para a dramatização livre, sem qualquer apoio documental. Não aconselho ninguém a reconstituir a devoração do Bispo Sardinha pelos índios caetés...

• O último dia de Lampião (16 mm, Cor, 48 min)
Direção: Maurice Capovilla - Produção: Blimp Film para o Globo Repórter - Supervisão: Carlos Augusto de Oliveira - Roteiro e texto: Capovilla, Fernando Peixoto - Fotografia: Walter Carvalho Corrêa - Montagem: Laércio Silva - Som: Mario Masetti - Produção executiva: Quindó - Pesquisa: Amaury C. Araújo, C. Alberto R. Salles - Guarda roupa: Sila e Dadá - Música: Zé Ferreira, Oliveira Francisco - Narração: Sergio Chapelin - Elenco: Emmanuel Cavalcanti (Sereno), Salma Buzzar (Sila), Eduardo Montagnari (Lampião), Edileuza Conceição (Maria Bonita), Heládio Brito (Aniceto), Luiz Bezerra (Bezerra), Otávio Salles

1ª Fotografia - Acervo pessoal de Maurice Capovilla
Demais imagens do documentário foram inseridas por nós, para ilustrar o artigo.

Capítulo do livro Maurice Capovilla, A imagem crítica.
Autor Carlos Alberto Mattos.
São Paulo, 2006.
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Coleção Aplauso Cinema Brasil

P
esca



































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