Por José Mendes Pereira
18 de mai. de 2017
17 de mai. de 2017
ÁGUA BRANCA E A TRILOGIA MAIS ESPERADA DO ANO...
Uma das mais belas cidades das Alagoas, a acolhedora Água Branca, começou a testemunhar na manha deste último sábado, dia 25 de fevereiro a consolidação de uma das mais esperadas agendas Cariri Cangaço para o ano de 2017. Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço capitaneou ao lado dos Conselheiros Edvaldo Feitosa e Archimedes Marques, um conjunto de visitas e reuniões que marcaram o inicio do consórcio intermunicipal que realizará entre os dias 7 e 10 de setembro de 2017, o grande Cariri Cangaço envolvendo os municípios de Água Branca, Delmiro Gouveia e Piranhas.
Manoel Severo, Professor Heládio e Edvaldo Feitosa
Heldemar Garcia, Manoel Severo e Rafael e Katiane Toledo
Cariri Cangaço em Agua Branca
Edvaldo Feitosa, Manoel Severo e Elane Marques
Ingrid Rebouças
A Caravana Cariri Cangaço após visitar o patrimônio histórico e arquitetônico da encantadora Água Branca foi recebida em reunião no paço municipal pelo prefeito José Carlos, pelo vice-prefeito Maciel, que reuniram os principais colaboradores da gestão; os secretários municipais de educação, professora Vitoria, o secretário de saúde, Rafael Toledo, o secretário de cultura, Professor Heládio, e representante da câmara municipal, vereador Orlando, para uma grande reunião de trabalho que contou ainda, além de Manoel Severo e os Conselheiros Edvaldo Feitosa e Archimedes Marques, com a escritora Elane Marques, o jornalista e assessor de marketing institucional do Cariri Cangaço, Heldemar Garcia, Ingrid Rebouças, Micheline Garcia, dona Zilda e Dra Katiane Toledo.
No encontro foram delineadas as principais linhas de atuação tanto da municipalidade como do Instituto Cariri do Brasil, para realização do grande empreendimento que reunirá três dos mais importantes municípios alagoanos; Manoel Severo reafirmou o compromisso e o legado do Cariri Cangaço em realizar um evento “responsável e inovador, reunindo os maiores pesquisadores do Brasil, numa das regiões mais ricas em historia e tradição”. Para o prefeito de Água Branca, José Carlos, “será a maior honra receber de forma oficial o Cariri Cangaço em Água Branca, faremos tudo que estiver ao nosso alcance para proporcionar uma grande festa a todos os que virão do Brasil inteiro ao nosso Cariri Cangaço”.
Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço apresenta o Projeto para o prefeito José Carlos e o vice Maciel, além dos secretários Rafael Toledo, Professora Vitoria, Professor Heládio e demais participantes do Encontro.
Reunião do Cariri Cangaço na Prefeitura de Água Branca
Para o Conselheiro Cariri Cangaço, Archimedes Marques: “Hoje testemunhamos o grande compromisso do prefeito de Água Branca com o Cariri Cangaço, quando reuniu seu principal secretariado, num sábado de carnaval, para essa importante e vital reunião, sem dúvidas saímos daqui impressionados com a confiança depositada pelo município no Cariri Cangaço, isso é maravilhoso”. Edvaldo Feitosa, Conselheiro Cariri Cangaço e coordenador e principal responsável pelo Cariri Cangaço Água Branca, reforça: “Sem dúvidas todos que vierem ao Cariri Cangaço em Setembro, terão uma grande surpresa, faremos o maior evento já realizado na região, principalmente agora com a união de Delmiro Gouveia e Piranhas, será uma festa inesquecível”.
O vice-prefeito Maciel, revelou a surpresa com a grandiosidade do Cariri Cangaço: “Ano passado podemos testemunhar a grandeza do evento, estiveram em Água Branca, pessoas de todo o Brasil, para nós é uma grande honra, vocês vão contar com nosso esforço e faremos um grande evento”. Os secretários municipais presentes ao encontro reafirmaram o compromisso de suas pastas no trabalho articulado para o Cariri Cangaço. A escritora Elane Marques lembrou “a inciativa a partir dos secretários de educação, professora Vitoria e de cultura, Heládio, em realizarem um grande concurso de redação com a rede municipal de ensino para o Cariri Cangaço, isso só confirma a responsabilidade e capilaridade do Cariri Cangaço no município, todos estão de parabéns”.
Vice prefeito Maciel, Manoel Severo, Prefeito José Carlos e Edvaldo Feitosa
Ingrid Rebouças e Dona Zilda
Archimedes Marques e Manoel Severo
Rafael Toledo e Manoel Severo
Água Branca que sediou um dia por ocasião da Edição do Cariri Cangaço Piranhas 2016, agora receberá dois dias do Cariri Cangaço em setembro, nesta nova formatação reunindo os três municípios, numa autentica festa genuinamente nordestina. Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço fala: “Hoje realmente nos sentimos mais que felizes, a forma como fomos recebidos pelo prefeito José Carlos e sua equipe de trabalho, o compromisso assumido, a disposição e mais do isso, a convicção de juntos realizarmos esse grande empreendimento, nos enche de alegria, mas também de responsabilidade, avante Água Branca, até setembro!”
Cariri Cangaço e o Mirante de Água Branca
Manoel Severo e Dona Dora, guardião do Mirante
Micheline Andrade
Prefeito José Carlos e Elane Marques
Secretario de Cultura Professor Heládio e Elane Marques
Cariri Cangaço chega a Água Branca
Após a reunião de trabalho que reuniu os principais colaboradores da gestão municipal de Água Branca com representantes do Conselho do Cariri Cangaço, todos participaram de almoço festivo oferecido pelo prefeito municipal José Carlos, coroando o dia em que se começava a construir mais um inesquecível Cariri Cangaço em Alagoas.
Heldemar Garcia, jornalista, especialista em Marketing
Assessor de Marketing Institucional do Cariri Cangaço
Água Branca, 25 de Fevereiro de 2017.
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16 de mai. de 2017
A BELA ESCRITORA MARIA CRISTINA DA MATTA MACHADO..!
Nesta foto, vê-se a escritora e o famoso cangaceiro LABAREDA empunhando uma arma. - Foto: Acervo Volta Seca./ Revista O Cruzeiro
Essa grande mulher, na década de 70, conseguiu reunir quase 15 ex-cangaceiros, além de ter produzidos alguns trabalhos na USP sobre o fenômeno do cangaceirismo no Nordeste.
Infelizmente, faleceu de ataque cardíaco, um dia antes de apresentar sua TESE DE DOUTORADO. Que Deus a tenha em um bom lugar.
Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
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14 de mai. de 2017
VAMOS ASSISTIR OS ATRITOS ENTRE OS FERREIRAS E OS SATURNINOS
Por José Mendes Pereira
Amigo leitor, nós que somos estudantes do cangaço, e principalmente das confusões entre os Ferreiras e os Saturninos, temos que entender bem como tudo isso começou, as brigas etc. Eu não estou colocando mais lenha na fogueira como se eu estivesse fazendo mais guerra, mas estou apenas querendo que você entenda como aconteceu as primeiras confusões entre estas duas famílias que eram vizinhas, e com o passar dos tempos, tornaram-se rivais.
Para você conhecer tudo isto, lógico que tem que seguir os seus passos adquirindo o livro "Lampião a Raposa das Caatingas", através deste e-mail: franpelima@bol.com.br com o professor Pereira lá na cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba.
O livro é recheado de assuntos sobre as duas famílias e sobre o cangaço de modo geral, histórias que você nunca imaginou que um dia iria ler tudo sobre Lampião e seu maior inimigo José Saturnino.
Estes atritos entre os Ferreiras e os Saturninos você orá conhecer a partir da página 79, no livro "Lampião a Raposa das Caatingas".
Livro: "Lampião a Raposa das Caatingas"
Autor: José Bezerra Lima Irmão
Página: A partir da 79...
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12 de mai. de 2017
ENTREVISTA NELSON XAVIER NO VANGUARDA - SÉRGIO MONTENEGRO -TVMASTER
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Publicado em 21 de agosto de 2013
Entrevista com o ator Nelson Xavier, que interpretou Lampião e Chico Xavier no cinema, no programa Vanguarda apresentado por Sérgio Montenegro na TVMaster.
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Sérgio Montenegro
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11 de mai. de 2017
A ÚLTIMA VIAGEM DO EX-VOLANTE NECO DE PAUTÍLIA.
Por Giovane Gomes
Em 2009, quando era acadêmico do curso de História pela à URCA - Universidade Regional do Cariri. Em uma pesquisa de campo para resgata a memória do cangaço, voltei a minha terra natal Floresta-PE e comecei a fazer várias gravações com familiares e Ex-Volantes e em uma dessas entrevistas tive um prazer de entrevistar e conversa muitas vezes Manoel Cavalcanti de Souza seu Neco de Pautília, ex-volante da Polícia Militar.
No dia 26 de Julho de 2009, recebei um recado de seu Neco, e prontamente foi ao seu encontro ,chegando em sua residência, ele me convidou para entra e foi logo direto ao assunto.
Meu filho tenho um convite pra você! Vamos amanhã para a fazenda Passagem das Pedras, local aonde nasceu Virgulino Ferreira da Silva vulgo Lampião.
Aceitei o convite!
No outro dia 27 de julho de 2009, neste dia fazia 71 anos de aniversário morte do Rei do Cangaço Lampião, viajamos logo cedo o ex-Volante faria sua última viagem, ele lembrava da difícil vida no tempo das perseguições ao banditismo rural, mesmo com quase 100 anos seu Neco vibrava de tanta alegria ao saber que estava realizando seu último perdido. Seu Neco de Pautilia fez parte da temível Volante Nazarena, com inúmeros combates nas caatingas, deixando um verdadeiro rastro de sangue e lágrimas nos dois lados Volantes e Cangaceiros .
Os nazarenos foram os maiores perseguidores do rei do cangaço lampião travando uma verdadeira guerra particular no sertão nordestino, e ele estava lá no meios desses homem valentes que fizeram o solo sagrado Florestano tanto der orgulho dos seus filhos.
Quando voltamos das comemorações ao rei do cangaço Lampião , seu Neco me chamou e falou venha amanhã bem cedinho em casa pois irei conta tudo que vivi na Volante.
Eu gravei mais de 6 horas com seu Neco de Pautília.
Fonte: facebook
Página: Giovane Gomes
Grupo: Ofício das Espingardas
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7 de mai. de 2017
Do Jornal O ESTADO DE S. PAULO, de 11/04/1987 (pág. 53 e 54), extraio a palavra de Gilberto de Mello Kujawski sobre o best-seller
"GUERREIROS DO SOL", de Frederico Pernambucano de Mello.
Sempre me impressionaram fundo as fotografias de cangaceiros. Emana daquelas figuras torvas, armadas até os dentes, certa dignidade sombria de demônios das caatingas, capazes de realizar o inconcebível em maldades, e também em bravura. Aquele silêncio que nos colhe ao contemplar fotografias assombra-se em fascinação; a fascinação do mal, ou melhor, dos arquétipos visíveis do mal. De onde provém a autoridade ferina daqueles homens de tantas ruindades, senão de saberem encarar a morte a toda hora, sem estremecerem uma só fibra do rosto crestado pela energia do Sol e pela dureza das armas? Homens dos avessos, egressos das profundas do sertão, que nos amedrontam por não terem medo de nada, e que, ao destemerem até Deus, se sentem integrados nas hostes de Satanás. Aquele clássico punhal nordestino, atravessado na cintura de todos eles, não serve só para “matar”, e sim para sangrar ritualmente o inimigo, até a última gota, como o sacerdote sangrava no altar a vítima sacrificial. Não são homens sem Deus, são homens que cultuam Deus com os ritos do Diabo. Bandoleiros, mas não crápulas. Escravizados a um conceito arcaico de honra, sentem-se no direito de saquear e matar como quem faz justiça pelas próprias mãos. Cavalaria andante às avessas. Fotografados em bando, com seus chapéus de couro e rifles em punho, parecem sobreviventes desgarrados de Canudos, a serviço de um Antonio Conselheiro eternizado na alma popular do sertão.
Cangaço, escarninha palavra, varada de maldição. Tem o peso da canga e o relâmpago do aço.
II
“Eu fui aquele que disse
E, como disse, não nego,
Levo faca, levo chumbo,
Morro solto e não me entrego.”
E, como disse, não nego,
Levo faca, levo chumbo,
Morro solto e não me entrego.”
A quadra popular sertaneja, da metade do século XIX, serve de epígrafe ao primeiro capítulo do livro “Guerreiros do Sol”, da autoria de Frederico Pernambucano de Mello, Editora Massangana, Fundação Joaquim Nabuco (1986). Prefácio interessantíssimo de Gilberto Freire. Frederico Pernambucano de Mello, jovem sociólogo formado na larga visão da escola gilbertiana, retoma o tema do banditismo no nordeste do Brasil. Seu primeiro cuidado foi expurgá-lo de certas interpretações ligeiras não por acaso inspiradas na retórica marxista. Como a de Cristina Mata Machado, ao considerar o cangaço como “resposta à violência do coronel”. Ou da de José Honório Rodrigues, quando o define como “resposta contra o monopólio da terra e exploração do trabalhador rural pelo latifundiário. Marx não merecia que sua dialética da luta de classes fosse assim banalizada e mecanizada por discípulos tão simplistas.
O autor, liberado de fórmulas já prontas e definitivas, retoma o tema do cangaço a partir de seus pressupostos históricos. Vai examinar “como se fez o fato”. Concluindo que o cangaço não foi nenhuma “resposta” a qualquer tipo localizado de dominação, e sim um fenômeno alicerçado numa sociedade toda ela varrida pela violência como forma de vida. A violência do cangaço não apareceu como resultado da violência dos senhores rurais, sim que uma e outra faziam coro a um sistema de vida coletiva indissociável da violência. Como diz muito bem Vamireh Chacon, o autor “viu que o banditismo agrário se insere naturalmente no quadro maior da violência rural, esquecida ou ignorada por antecessores de pesquisa, mais especificamente na violência do ciclo nordestino do gado”. Nesse mundo, a violência não era contra a lei, a violência era a lei universal. O senhor rural podia ser também um cangaceiro, e vice-versa.
Frederico Pernambucano lembra a migração do homem do Nordeste, que saiu das terras agricultáveis do massapé para “o universo cinzento da caatinga”, em fins do século XVIII e começos do século XIX, fazendo surgir um novo tipo de cultura no Interior, marcado pela predominância do individual sobre o coletivo, com o reforço vigoroso do sentimento de independência e autonomia na luta contra o contorno vasto e agressivo do sertão. O sedentarismo do ciclo do açúcar dá lugar ao nomadismo do ciclo do gado. Desenvolve-se um tipo humano agreste, combativo, prepotente, ao mesmo tempo que o cenário cultural se imobiliza no tempo, naquilo que Costa Pinto chamou de um “quadro arqueológico. O sertanejo – escreve o autor, lembrando Euclides da Cunha – não é nenhum degenerado, e sim um retrógrado, arcaizante no convívio social, na economia, na moral e na religião. Não fala português errado (como parece ao homem da cidade), e sim o mais puro vernáculo do século XVI, contemporâneo de Gil Vicente e Camões. O sertanejo nascia, crescia e vivia limitado pelo mais severo isolamento, organizando o poder por sua conta e risco, longe dos centros oficiais de administração, polícia e justiça.
O tipo do cangaceiro, neste ambiente, erige-se como o representante mais completo do conjunto dos atributos de valentia que marca o sertanejo. Explica o autor que entre o sertanejo e o cangaceiro, de início, não houve nenhum antagonismo, e sim um acordo tácito, no qual o homem do cangaço aparecia como verdadeiro arquétipo de bravura, pela liberdade selvagem que encarnava. Assim nos versos populares sobre a saga de Antônio Silvino, o “Rifle de Ouro”, ou “Governador do Sertão”, ao despontar deste século:
“Como ninguém ignora
Na minha pátria natal
Ser cangaceiro é a coisa
Mais comum e natural;
Por isso herdei de meu pai
Este costume brutal...”
Na minha pátria natal
Ser cangaceiro é a coisa
Mais comum e natural;
Por isso herdei de meu pai
Este costume brutal...”
Esta primeira fase foi a do cangaço “endêmico” (na terminologia do livro), bem tolerado pela sociedade local. O cangaço só passou a ser repelido por essa mesma sociedade, quando da segunda fase, a do cangaço “epidêmico”. Palavras do autor: “Esses surtos de cangaço epidêmico, em cuja etiologia se acham sempre presentes fatores de desorganização social e de consequente inibição das atividades repressoras, tais como revoluções, disputas locais, agitações de fundo místico ou político ou social, lutas de família e prolongadas estiagens, provocam o rompimento do equilíbrio que permitia à sociedade sertaneja viver, produzir e continuar crescendo lado a lado com cangaceiro, com base num compromisso tácito de coexistência (p. 45).
Com a sucessão de surtos epidêmicos é que o cangaço se criminaliza socialmente, não hesitando o autor em pintar o cangaceiro como verdadeiro bandido ou malfeitor, embora frequentemente sublimado como vingador de alguma afronta ou cruel injustiça. Esta sublimação é analisada em termos sociológicos por Frederico Pernambucano, como a teoria do “escudo ético’, assim desmistificada no livro: “Este instrumento capaz de convencer a quem o utilizava e à sociedade da nobreza da vida putativamente vingadora dos bandidos, mas que não passava de um bovarismo épico facilmente aceito como real por uma cultura carente de símbolos desse gênero” (p. 71).
À figura legendária de Lampião, titular máximo do cangaço, o jovem sociólogo dedica todo um capítulo inspiradamente titulado “As muitas mortes de um rei vesgo”. Mesmo se recusando a vestir de herói Virgulino, trata-o como rei, pela soberania de sua autoridade e até mesmo pelos seus repentes de perdão e liberalidade.
III
“Guerreiros do Sol” é livro que se lê com interesse, não só pelo que, efetivamente apresenta de sedutor, como pelo que poderia apresentar. Por exemplo, o enfoque mais vigoroso do cangaceiro em perspectiva antropológica. Acima das colocações de ordem estritamente social ou sociológica, e de qualquer juízo de valor, mesmo sem querer em nada romantizar o cangaço, a verdade é que o cangaceiro constitui uma certa variedade antropológica particular, com traços culturais e biotipo singulares e bem marcados.
Desafiando o bitolado pedantismo acadêmico que despreza qualquer observação pessoal como simples “impressionismo”, sem valor hermenêutico, e animados pelo conselho de Ortega, segundo o qual é vendo com os olhos da cara que se faz as duas terças partes de uma filosofia que não seja uma escolástica, voltemos a observar as fotografias de cangaceiros, que sempre nos impressionam tanto, como foi dito. Nota-se em todos eles uma tensão peculiar, aliada à concentração de energia que parece inesgotável, e aquele dose superior de “magnetismo animal”, esse conceito arcaico de Mesmer, por isso mesmo coerente com a tipologia arcaica do homem do sertão. Nada daquela displicência desengonçada do sertanejo em repouso, tal como fixada na página sempre lembrada de Euclides da Cunha. Pelo contrário, o homem do cangaço tem tudo do sertanejo subitamente desperto e aceso para a luta, na descrição do mesmo autor: “O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se lhe alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias” (Os Sertões).
O cangaceiro desdobra-se deste sertanejo pintado por Euclides, em permanente pé de guerra com o contorno. Aquele sorriso é puro negaceio. Seus sentidos adquirem hiperestreita inusitada, semelhante à dos índios, ou das feras, capaz de pressentir o inimigo à distância de muitas léguas. Sua musculatura, nada ostensiva, ganha a têmpera do aço, e seus nervos, a agilidade inesperada dos felinos.
Compare-se com as fotos dos caçadores de cangaceiros, policiais, ou “volantes”, também homens duros e valentes. Só que todos eles de forma arredondada e de cara lavada, com o ar ingênuo de verdadeiros homens da lei, sem aquela tensão psicofísica anormal, sem nada daquele éclat de pactários, ostensivo na postura dos cangaceiros. Quase a diferença entre o animal bravio e a planta.
É a vida nômade, ao ar livre, e sobretudo ao sol e aos perigos do sertão, que confere ao cangaceiro a peculiaridade do seu biótipo, e sua singularidade antropológica e cultural. O sertão nordestino e o sol são elementos inseparáveis da mesma realidade. Esta é um ambiente adusto, calcinado, suplicante, no qual o homem, para sobreviver, tem de ser em tudo o contrário de um vegetal, a saber, sensorialidade e nervosidade puras. Tais atributos, assumidos desde logo pelo sertanejo, são ainda mais aguçados na vida absolutamente sem segurança do cangaço.
O cangaceiro a cavalo em seu nomadismo selvagem está polarizado com o sol, atrelado ao sol. Por isso o título “Guerreiros do Sol”, escolhido para esse livro dedicado ao banditismo no Nordeste do Brasil, além da beleza literária, irradia certeira intuição antropológica. A deixa não escapou à habitual perspicácia de Gilberto Freire, que assim se pronuncia sobre esse ponto no prefácio que dedicou ao livro:
“Sugestão a que pode ser associada esta outra: a de, ao sertanejo do nordeste brasileiro – região de muito sol, como que masculinizante -, ter faltado maior convívio com a água: uma água como que feminilizante, feminilizante da própria culinária, nos sertões tão masculinamente ascética. E feminilizante também, através de uma frequência de banho de rio, de ação, além de higiênica, recreativa, esportiva, refrescante e capaz, como há quem suponha ser o caso entre gentes árabes, de atuar psicologicamente sobre impulsos bravios, atenuando-os e até adoçando-os.
“... Em certa página, apresenta um desses tipos de bandido, em dias de ortodoxo, indiferente tanto a prazeres de alimentação como à constância de convívio com mulher, enquanto em atividade absorvente e monossexualmente belicosa, repele o contato habitual com o feminino. Naquela página referida por Gilberto Freyre, o autor recolhe o depoimento de Sinhô Pereira, cangaceiro da velha guarda: “No meu tempo não havia mulheres no bando. Ninguém andava com mulher. Eu acho até esquisito que depois Lampião e o pessoal dele começasse a carregar mulher” (p. 82). Frederico Pernambucano ainda reproduz outro testemunho eloquente do ex-cangaceiro Balão: “Homem de batalha não pode andar com mulher. Se ele tem uma relação, perde a oração e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa” (p. 82).
A hipótese de homossexualismo seria precipitada e impertinente. A restrição aqui inclui qualquer tipo de contato sexual, fale-se, portanto, em “monossexualismo”, conforme a terminologia de Gilberto Freyre. A dedicação integral às armas, quando levada ao fanatismo, exige a misoginia, como garantia da invulnerabilidade do guerreiro. Na medida em que esse se abandona à tentação da mulher, ou do sexo, ele "abre seu corpo” e se expõe à virulência implacável do inimigo. Também Guimarães Rosa sabia muito bem dessas coisas, e o drama de Diadorim, em “Grande Sertão”, tem os mesmos pressupostos.
No entanto, a analogia surpreendente e inesperada do homem do cangaço, modelado pela disciplina do sol, das armas, e do ascetismo sexual, na tensão crispada e solitária do princípio masculino, essa analogia se revela é com a figura do guerreiro, tal como descrita pelo poeta-soldado japonês Yukio Mishima, no livro traduzido sob o título “Sol e Aço”. “Sol e Aço” fazem o contexto do homem do cangaço e do samurai de Mishima. Indagado, de certa feita, como conseguia ativar tanto o brilho do seu fuzil, respondeu Lampião: “Só o aço com o aço dá esse brilho...”
IV
Em “Sol e Aço” a autoafirmação da virilidade na vida militar chega até o delírio, o delírio catastrófico que conduzirá à morte fulgurante do herói, sem que a mais leve sombra do feminino perpasse pelo texto do poema em prosa. A ascese do sol e do aço educa o corpo e o espírito de Mishima na sublimação do épico, que liga a terra e o céu, a vida e a morte, o tempo e a eternidade. “Mais tarde, muito mais tarde, graças ao sol e ao aço, eu viria a aprender a linguagem da carne, mais ou menos como quem aprendesse uma língua estrangeira. ” Só que essa “linguagem da carne”, apreendida pelo guerreiro nipônico, não tem a menor afinidade com o feminino nem com os abandonos do erotismo. A carne de Mishima, revigorada pelo sol e pelo aço, não se consuma nem no amor heterossexual nem no amor homossexual (ao menos neste livro), e sim na tensão sobre humana dos exercícios militares. Mishima assimila plasticamente o vigor do sol na exuberância de sua musculatura, a qual ia adquirindo cada vez mais as qualidades do aço: dureza flexibilidade e brilho. A ação, fielmente, me ensinou a correspondência entre o espírito e o corpo. ” Mishima não resiste ao narcisismo romântico, traído nestas linhas: “Em especial, me era caro um impulso romântico em direção à morte, mas, ao mesmo tempo, eu exigia um corpo estritamente clássico como veículo desse impulso”.
A chave da analogia entre os “guerreiros do sol” e o samurai de Mishima está na radicalização unilateral do princípio masculino hermetizado em si mesmo como fonte invulnerável de energia épica, temperada pelo sol e pelo aço.
A diferença é que os cavaleiros do sol, bons centauros do sertão, jamais perderam a pertinência com a Terra, ao passa que o herói japonês, embriagado de romantismo, escorregou voluntariamente rumo ao infinito, por aquela tênue linha de fuga que liga a Terra ao Céu, ao azul vertiginoso do Céu, que o fulminava com apelos irresistíveis.
Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
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6 de mai. de 2017
EXTRA - VENDEM-SE 3 LOTES DE TERRA NO BAIRRO DOM JAIME CÂMARA
MT- Olx
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Preço a combinar.
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5 de mai. de 2017
UM MÊS DE FALECIMENTO DO SR. LUIZ FERREIRA.
Por José Romero Araújo Cardoso
Ontem (04/05/2017) fez um mês que faleceu o Sr. Luiz Ferreira, antigo vendedor de alho no RN e na PB, morador da comunidade rural do Bonito, localizada em Governador Dix-sept Rosado/RN. Ser humano extraordinário, pessoa maravilhosa, o Sr. Luiz Ferreira faleceu com a provecta idade de 108 anos. Ele era grande amigo do meu pai, Biró de Onofre, com quem trabalhou anos a fio na extração de gipsita na velha pedreira dos Rosado. Deixo meus sentimentos à nobre família do bravo Dix-septiense.
Sr. Luiz Ferreira no alpendre de sua residência na comunidade rural do Bonito - Município de Governador Dix-sept Rosado/RN
Sr. Luiz Ferreira no alpendre de sua residência na comunidade rural do Bonito - Município de Governador Dix-sept Rosado/RN
Sr. Luiz Ferreira, Graça Damasceno e Maria Cavalcante Cruz no alpendre da residência do saudoso Dix-septiense na comunidade rural do Bonito - Município de Governador Dix-sept Rosado/RN
Sr. Luiz Ferreira, Mariza Cavalcante Cruz e Graça Damasceno no alpendre da residência do saudoso Dix-septiense na comunidade rural do Bonito - Município de Governador Dix-sept Rosado/RN
José Romero Araújo Cardoso
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3 de mai. de 2017
LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS
"UM TRABALHO DO TAMANHO DO CANGAÇO DO NORDESTE BRASILEIRO"
Adquira-o através deste e-mail:
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1 de mai. de 2017
O RELÓGIO DE ALGIBEIRA DO EX-CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO, o rifle de ouro..
Por Voltaseca Volta
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