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25 julho 2019

O CANGACEIRO ANTONIO DE ENGRÁCIA

Por: Juarez Conrado - Jornalista

Nascido na Feira do Pau (hoje Macururé), no alto sertão baiano, Antonio de Engrácia foi outro tenebroso bandido.

Em plena feira de Chorrochó, onde residia no povoado Caraíbas, cometeu o seu primeiro crime, quando sangrou João Carpina. Pouco depois, no mesmo município, matou, sempre a punhalada, dois irmãos do coronel José Ribeiro, da Jocosa, deputado estadual em Sergipe.

Ele, como todos os outros sangrentos matadores, não deixava de trucidar suas vítimas a punhal, como uma maneira de poupar munição, que poderia lhes faltar em combates com as volantes.

Ao ingressar no cangaço levou os irmãos Cirilo e Luiz (estes eram tios dos cangaceiros

Da esquerda para direita: Mané Moreno, que era esposo de Áurea, Zé Baiano, esposo de Lídia e Zé Sereno, esposo de Sila

Mané Moreno, José Baiano e Zé Sereno), além do sobrinho Linaldo. Estes, porém, não tiveram longa vida, mortos que foram pela tropa de Rufino.

Tenente Zé Rufino 

Os três irmãos bandidos eram verdadeiros monstros, e muitos crimes praticaram em suas atividades, principalmente

Cirilo está no centro da foto, mas já estava morto. 
A cabeça foi recolocada no lugar para fazer a foto.

Cirilo que, mesmo em pouco tempo de cangaço, deixou em seu histórico um número incalculável de assassinatos, todos com muita frieza.

Extraído do livro:
Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Juarez Conrado - Jornalista
Páginas: 40 e 41
Ano de publica
Ano: 2010
Aracaju - Sergipe.

blogdomendesemendes.blogspot.com 
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24 julho 2019

PARA DESOPILAR - O DECEPADOR DE CABEÇA HUMANA

Por José Mendes Pereira

Chegou à cidadezinha montado num velho e desnutrido jumentinho. E logo os curiosos rodearam o homem de barba grande, com botas alongadas, chapéu de palhas, e uma enorme sacola sobre a pequena sela de montaria. Todos estavam ali, rindo do infeliz mendigo, que ao ver tanta humilhação contra si, saiu em busca de um bar, e lá, pediu, por favor, uma urgente e caprichada pinga.

O dono do boteco nem sabia a quem estava atendendo. Mas resolveu colocar no copo uma caprichada pinga. Os curiosos acompanharam-no até a venda. O mendigo bebeu a primeira, e em seguida, pediu bis.


O dono do bar fez gesto de que não estava gostando, imaginando que iria dançar na hora em que fosse cobrado o acerto de contas. E assim que o mendigo ingeriu a segunda dose, de imediato, pediu a terceira.

O sangue nas veias do velho comerciante esquentou de vez. E foi obrigado a dizer ao mendigo que só colocaria a terceira dose, se ele pagasse logo as duas primeiras.

Os curiosos estavam todos em risos, e até um deles ameaçou o barba grande, dizendo que se ele não pagasse as doses de cachaça ao comerciante, não iria sair dali com vida.


O mendigo concordou pagar logo as duas chamadas. Foi até ao seu jumentinho, retirou uma enorme sacola que estava sobre ele, e era nela que ele guardava o seu dinheiro. Em seguida, retornou para fazer o pagamento das chamadas ao comerciante. E pôs-se a procurar o dinheiro no meio de tantas bugigangas. Enfiou a mão na sacola, e ficou tirando algumas peças. Em seguida, retirou uma cabeça humana cheia de sangue, colocando-a em cima do balcão.

A cabeça de Lampião é só para ilustrar o trabalho

O comerciante ao ver a cabeça coberta com sangue e com os olhos fechados, admirou-se, dizendo em tom de susto e tremendo:

- Meu Deus!!! Que coisa triste, hein!!!

- Eu faço este trabalho muito bem e com perfeição. - Dizia o mendigo. - E adoro fazê-lo. Durante a semana são duas, três, até mais cabeças. Mas melhor do que eu, quem faz, é um parceiro meu, o "Negrão das Cavernas". Ele desceu aqui em busca do mercado central, e me disse que iria procurar vítimas para ver se negocia umas duas ou três cabeças.


O comerciante de tanto tremer não resistiu mais em pé, saiu desmaiando por cima de uma porção de mercadorias que estava sobre o chão. Os curiosos desapareceram em disparada carreira, e aos gritos, pelas ruas, pedindo clemência. A partir daí, a fama do homem barbudo e do "Negrão das Cavernas" aumentou no lugarejo.

Um velho que no momento entrou no bar, ao ver aquela terrível cena, isto é, a cabeça de um corpo humano sobre o balcão, ajoelhou-se diante do mendigo, pedindo-lhe que pelo o amor de Deus não o matasse. E o mendigo ficou sem saber o porquê daquela imploração do velho, pedindo-lhe que não o matasse.

Os moradores da cidade ao tomarem conhecimento do perigoso mendigo e do "Negrão das Cavernas" que haviam entrado na comunidade, entraram em choque, procurando por todos os lugares os seus filhos e parentes, temendo que eles fossem degolados pelos facínoras.

Imagem da internet

Logo que as mulheres ficaram sabendo da presença de dois delinquentes na cidade corriam pelas as avenidas do lugarejo em lastimosos choros, procurando por todas as entradas os seus filhos pequenos.

Imagem da internet

O prefeito quando recebeu a informação que na cidade tinha entrado dois perigosos marginais recolheu-se à prefeitura, ligando para tudo que era de autoridade, que cuidasse de prender com urgência os assassinos.

Além do contingente da cidade o prefeito solicitou dos administradores das cidades vizinhas, que liberassem os seus policiais para tentarem prender os dois bandidos.

Imagem da internet

- Os homens são perigosíssimos, amigos! - Dizia ele pelo telefone aos prefeitos das cidades adjacentes. Andam com cabeças humanas degoladas dentro das suas sacolas! Uns homens desse tipo estão com o capeta nas costas, e poderão bagunçar a minha cidade e depois invadirem as suas! Com a ajuda de vocês, prenderemos estes delinquentes"

Imagem da internet

O dono do açougue (o Ludugero), ao ser informado da entrada destes criminosos no lugarejo, foi curto e grosso. "- A culpa é do prefeito que não põe mais policiais nas ruas. Ele só pensa em si. Aos domingos, se manda com a família para as praias, como se fosse o governador do Estado".

A cidade já imaginava a quantidade de defuntos que iria ficar estirada nas ruas, depois que o mendigo e o "Negrão das Cavernas" saíssem do lugar.

Imagem da internet

Os coveiros do cemitério já haviam recebidos ordens para cavarem covas em quantidades. Os dois homens eram perigosíssimos, e com certeza, muitos moradores iriam perder as suas vidas sobre as miras das suas armas, ou nas pontas dos seus afiados facões.

Chegaram praças de todos os lugares. E obedecendo a exigência do prefeito, de imediato, morrendo de medo, os policias ocuparam os fundos e a frente do bar. E aos poucos, com muito cuidado, vendo a hora surgirem balas disparadas pelo barba grande, que naquele momento, ali, só se encontrava ele, todos foram fechando o cerco, e ao se aproximarem do infeliz, deram ordens de prisão. Assim que o algemaram, acusaram-no de decepador de cabeça humana.

Imagem da Internet

O mendigo tentava explicar quem ele era, mas a polícia não quis conversa, obrigando-o colocar a cabeça dentro da sacola, e que ele iria ser conduzido até à delegacia para as devidas explicações ao delegado.

Ao entrar na delegacia, de imediato ele recebeu um pescoção, aplicado pelo delegado. E um tenente que nem estava de serviços, não demorou muito para bofeteá-lo diante do delegado.

Exigido a comprovação do crime o mendigo retirou a cabeça humana de dentro da sacola. O delegado ficou rodeando-a, e observou que ela nem sangrava, apenas ainda permanecia como se tivesse sido decepada recentemente. E como inteligente e um pouco de psicologia, o delegado percebeu que não tinha nada a ver com cabeça humana.

Os dois homens não eram mendigos e nem marginais. Devido viverem andando pelas ruas, as roupas eram como de mendigos. Eram apenas dois escultores em madeiras que faziam as suas peças e saíam à procura de compradores. Ambos eram grandes talhadores com muita perfeição e enganava qualquer especialista. Até a pintura, tinha aparência de sangue vivo.

"Antes de julgarmos uma pessoa devemos esmiuçar a sua vida com cautela, para que ela não venha ser castigada injustamente e moralmente ofendida".

Solicitação: 

Por favor, quem tem hábito de tomar trabalhos dos outros não tome os meus. 
Eu me esforço muito para criar os meus e de repente vejo em 
página por aí os meus trabalhos com nomes de outros.

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23 julho 2019

CARNAVAL, O SONHO QUE PASSOU

Francisco de Paula Melo Aguiar

Na Praça Getúlio Vargas
Heraldo Gadelha e Antonio Gomes
Recepcionam o Rei do Baião Luiz Gonzaga
Marcus Odilon e Lero
Recepcionam o Povo da Silva, em 1976.
Depois dos Gomes de Melo, 1890
Dos Ferraz, Ferreira, Carvalho, Silveira,
Veloso Borges, Ribeiro Coutinho,
Teixeira, Morais e Maroja
Dos Anzóis do sapato de pobre
É tamanco, da lira vencedora, dos piratas
E do comercial, Santa Cruz e Guarany
Do Cruz Maltino, CTP, Onze,
E de etcétera e tal, o raio que os partam,
Haja troça, papangu e xirumba com força
Animação coletiva ou individual
Sem divisão das classes sociais do local
Bloco de sujo de rico ou de pobre
Lança perfume, alegria do nosso carnaval.

Aqui tinha o Rei de tudo,
Das peladas de futebol
Das jornadas das lapinhas
Do cordão azul e encarnado
Do pastoril e do circo de Querenca

Das mulheres de vida livre
Da rua do cantinho, do melão e da viração
Do pobre querendo ser rico
Do velhaco...
Do botador de chifre...
Do cachaceiro...
Do capanga valentão...
Do cachorro sem lenço ou documento...
Rei e rainha do bem e do mal.

Vestimenta de improviso...
Fantasia de arrancar zombaria, riso
O povo era feliz e não sabia
Misto de riqueza e pobreza
Algazarra, pó e serpentina
Liderança política e alegria
Matinês no Santa e Tênis Clube
Festa da meninada no carnaval.

O bloco do rei da viração Geraldo Jibóia,
Sem manha, sem luxo, do lixo,
Não importa se Rei ou não,
Aqui tudo e todos eram iguais
Em todos carnavais!...

Do Coreto ou “Pires” da João Pessoa
A Tribuna meia lua da Getúlio Vargas
Na frente do Avenida, Quartel general da folia
Carnaval transmitido por seu Tatá, ta?

Pelas ondas da Rádio Sociedade de Santa Rita.
Ao vivo e a cores desfilam os blocos
Sujos, granfinos, ricos e pobres
Cheirosos e fedorentos, haja pó...
Femininos, masculinos e afeminados
O povo caía na gandaia, em delírio...
Tamanha era a satisfação popular
Alegria de todos no carnaval local.

Lá vem, dona Isabel Bandeira
Vestida de rainha, montada em seu cavalo
Com apito na boca provocando o povo
Tamanha era a alegria e gritaria ...
Lá vem “Vassoura”, mulher de corno
É vocês filhos da puta...filha de rapariga
O palavrão era maior do que alegria popular
Tudo tinha a cara de nosso povo.

Nosso povo brincava como menino
Xirumba, fantasia masculina e feminina
Índio, pirata, capitão do mato, veado...
Palhaço, mambembe e brincalhão
Era todos, Zé ou João de tal.
Povo da Silva!

O povo era feliz e não sabia
O tempo passou, a CTP fechou
Assim como a Santana e Santa Rita
Todos os engenhos de fogo morto

Sobra bóia fria por falta de eito e cambão
Para espanto de todos e com razão
A gula da politicagem local...
Sem aviso prévio nosso carnaval levou
Cabe assim as novas gerações
Trocar a fantasia de Arlequim, Colombina e Pierrô,
Principais figuras do carnaval
Pelo terno, gravata e anel de doutor.

Atualmente o nosso carnaval
Não tem rei, nem rainha
Nem folia, entrudo, urso, índio,etc
Marujo, mulher vestida de homem
Homem vestido de mulher boxuda
Liderança política misturada com o povo
Falta tudo, inclusive doutor.

Uma coisa é certa todos os anos
Em vez da alegria popular,
O povo desfila, sozinho e de cabeça baixa,
O bloco da dor e dos esquecidos...
Na quarta feira ingrata ou de cinzas
Lastimando da vida, povo sem sorte e sina
Carnaval, o sonho que passou.

Enviado pelo autor

LIVROS SOBRE CANGAÇO... É COM FRANCISCO PEREIRA LIMA

Por Sálvio Siqueira

Pedido através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br

No dia 3 de setembro de 2016 será lançado, em Serra Talhada - Pe, mais uma obra prima da literatura sertaneja, intitulado 'O PATRIARCA', o livro nos traz a notória história do cidadão "Crispim Pereira de Araújo", que na história ficou conhecido como "Ioiô Maroto", contada pela 'pena' do ilustre amigo venicio feitosa neves

Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto) 

Sendo parente de Sinhô Pereira, chefe de grupo cangaceiro e comandante dos irmãos Ferreira, conta-nos o livro, a história que "Ioiô Maroto" foi vítima de invejas e fuxico. Após sua casa ter sido invadida por uma volante comandada pelo tenente Peregrino Montenegro, da força cearense.

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira deixa o cangaço, não sem antes fazer um pedido para o novo chefe do bando, Virgolino Ferreira da Silva o Lampião e o mesmo cumpre o prometido.


Além da excelente narração escrita pelo autor, teremos o prazer e satisfação de vislumbrar rica e inédita iconografia.

Não deixem de ter em sua coleção particular, mais essa obra prima literária.

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/675945445902908/?notif_t=group_activity&notif_id=1471274094349578

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22 julho 2019

JARARACA O CANGACEIRO ENTERRADO VIVO QUE VIROU MILAGREIRO EM MOSSORÓ

Por: Everton Dantas

Conheça a história de José Leite Santana integrante do bando de Lampião que renasceu no imaginário popular como santo capaz até de fazer uma pessoa ganhar na loteria.


Em 19 de julho de 1927, numa noite clara, José Leite Santana, na época com 26 anos, foi retirado de uma cela onde estava preso na cidade de Mossoró. A informação que lhe deram foi que ele seria transferido para Natal, onde receberia cuidados médicos: ele havia sido baleado próximo ao pescoço e na perna.

No caminho, coincidentemente, o veículo quebrou em frente ao cemitério São Sebastião. José então foi conduzido por soldados armados até uma cova aberta. Lá, foi baleado e jogado no buraco.

Em algumas versões dessa história, teria sido enterrado vivo. Em outras, antes de morrer, fez questão de afirmar que era “um dos homens mais corajosos que já havia pisado no…”. A frase jamais foi terminada, pontuada por um tiro na cabeça ou uma coronhada.

Há ainda outras versões nas quais ele próprio teria cavado sua cova e que além dele também pensaram em matar o coveiro, que viu tudo.

De um modo ou de outro, todas as histórias têm em comum o relato da crueldade com a qual foi morto. E isso acabou semeando sua história num terreno ocupado por poucos, o dos milagreiros nordestinos.


 Imagem da prisão de Jararaca, feita em 1927.  -  Foto: Reprodução/J. Otávio

Mas isso não seria possível se José fosse só mais um, sem carinho ou discurso. José floresceu santo na morte porque em vida foi um dos cangaceiros mais temidos de Lampião, o Jararaca, preso durante a tentativa do bando de invadir Mossoró, em 1927.

Há relatos de que ele foi baleado quando tentava despojar outro cangaceiro, Colchete, esse sim morto durante o conflito. Depois de ter sido ferido, foi capturado e ficou para trás após o grupo de cangaceiros ser derrotado pelos moradores de Mossoró.

A forma cruel como foi morto e sua coragem diante da cova aberta – esse relato – ganhou credibilidade graças a uma entrevista dada por um dos policiais que participou do assassinato. Diante da valentia do cangaceiro, a ação policial acabou sendo tachada de covarde.

Com o tempo, a tradição oral e a imprensa escrita espalharam os feitos de sua vida e o relato de sua morte. Quando esse efeito encontrou-se com o das orações feitas por sua alma, erigiu-se o culto.

Em 1976 túmulo de Jararaca já era o mais procurado


Há muitos anos, seu túmulo, destaque no cemitério de São Sebastião, é o mais visitado. O registro mais antigo dessas visitações encontrado no acervo do extinto jornal Diário de Natal é do dia 5 de novembro de 1976. Foi feito numa reportagem sobre o Dia de Finados em Mossoró, com o título “Muita gente foi rezar no túmulo do cangaceiro”.

No texto é relatado que das cerca de 20 mil pessoas que foram ao cemitério São Sebastião, milhares visitaram o túmulo do cangaceiro. E que “de alguns anos pra cá” a popularidade da sepultura teria crescido “depois das primeiras manifestações tidas como milagreiras”.

Nos dias atuais, nos dias de Finados, são tantas pessoas orando, pagando promessa e pedindo graças que o local se tornou ponto obrigatório para qualquer jornalista que trabalhe no dia dos mortos.

Há relatos de que algumas vezes foram tantas velas colocadas acesas que o Corpo de Bombeiros precisou ser chamado.

Literalmente, Jararaca ainda arde em Mossoró.

Cangaceiro apareceu em sonho e disse os números da loteria
As pessoas que passam por lá trazem suas histórias de graças atendidas para si ou para outras pessoas. Há inclusive histórias de riqueza obtida.

Uma delas foi contada à pesquisadora Eliane Tânia Freitas, doutora em Antropologia pela UFRJ. Ela é autora da tese “Como nasce um santo no cemitério: Morte, memória e história no Nordeste do Brasil” e, em 2000, entrevistou aos pés do túmulo do cangaceiro uma mulher de 46 anos identificada como Terezinha de Jesus.

De acordo com o relato dela, Jararaca lhe apareceu num sonho. “Eu pedi um teto a ele, que eu não tinha. Morava em casa alugada há muitos anos. E ele foi e me mostrou assim um letreiro de luz. ‘Tá aqui! Agora, você não diga a ninguém’. Ele atirava assim com o revólver, aí eu via numa pedra os números da loteria”, contou.

Ao acordar, ela anotou os números, jogou e ganhou. “Deu pra mim comprar um carro, uma casa boa. (….) Ele é bem moreno. Fiquei em choque, porque eu queria falar, mas não podia, só podia escutar”, contou, há 18 anos.

Pescado em Op9


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21 julho 2019

AMIGOS E AMIZADES

*Rangel Alves da Costa

Amigos e amizades são temas que possuem aparência compreensível demais, mas cujo aprofundamento revela feições bem mais delicadas. Ter um amigo não significa ter sua amizade. Amizade é interior, enquanto o amigo pode estar apenas exteriormente. Por consequência, a amizade é algo muito mais difícil de ser conquistado do que um amigo.
A amizade se mantém, não se detém. Mas só se consegue manter amizade quem também sabe manter uma necessária distância do amigo. Amizade em demasia acaba provocando expectativas que nenhum amigo poderá sempre retribuir. E na falta da sempre esperada retribuição, logo o desgaste e o distanciamento.
Erroneamente, pessoas confundem amizade com cumplicidade, com confessionário, com revelações de toda a sua vida e todo o seu viver. Nem sempre confiam em familiares ou em pessoas de mais idade que estejam aptas a ouvir e aconselhar, mas tudo revelam às amizades, principalmente àquelas mais recentes. Ora, as recentes amizades mais parecem descidas do céu. Um erro. Um grande erro.
Amizade não se contenta em apenas fofocar, em revelar segredos amorosos, em dar as mãos para farras, bebidas, noitadas. Pessoas assim até se tornam íntimas, mas não amigas. Isso ocorre muito nas novas amizades. E amizades novas geralmente surgem entre pessoas que não tinham proximidade, pouco se falavam, pouco se conheciam. E por que, de repente, essa pessoa se torna a pessoa mais acreditada no mundo?
Logicamente que mais um erro no que se tem por amizade. Na verdade, determinadas amizades surgem como entrega absoluta entre pessoas praticamente desconhecidas. E se já conhecia, por que não nutriu amizade? É algo surgido como fantasia, como encantamento, como verdadeira magia. E logo será dito que Deus no céu e a amiga na terra. Uma pessoa conhecida de poucos dias e já tornada a mais importante do mundo. E não raro que logo vem o coice e a queda.


Toda amizade vai sendo construída no tempo e mantida na confiança. Não existe amizade de momento. O amigo sempre é, sempre está, sempre permanece. Por isso mesmo que é fácil perceber o que motiva uma amizade duradoura. As pessoas não se traem por que se confiam, as pessoas não se usam por que se respeitam, as pessoas já se conhecem de tal modo que cada uma conhece muito bem os limites.
Não é necessário que a todo instante a amizade vá sendo demonstrada. Ótimas amizades existem que até pouco se encontram, pouco se falam, mas cuja força é percebida em determinados e difíceis momentos da vida. O bom amigo chega na hora da necessidade, da precisão. Mas a amizade nutrida na intimidade não tem esse compromisso. A intimidade apenas busca um proveito pessoal, de segredos e revelações, mas não de estender a mão e até fazer sacrifícios quando o outro necessitar.
A amizade nutrida apenas na intimidade é de fragilidade tamanha que amanhã poderá se tornar em inimizade de fogo a sangue. Por quê? Ora, pelas fofocas, pelas conversinhas, pelas revelações, pelas traições. E bem feito que assim aconteça. Há gente que prefere acreditar no desconhecido a ter confiança naquele que sempre esteve ao lado, que já conhece seus atributos de caráter e honra.
Tudo pode acontecer. Pessoas existem que não são amigas nem de si mesmas. E estas não servem para fazer amizade com absolutamente ninguém. Contudo, não é fácil perceber. Resta ler as muitas ou poucas páginas de sua história e observar se prefere andar com lobos ou cordeiros.
Nunca espere, contudo, que sua vida dependa de um amigo. Nunca se sabe o que virá. Aquele que se mantem oculto de repente chega para servir muito mais que o outro ali ao lado, que sempre se disse à disposição. Assim acontece pelo fato de ser sempre mais fácil dizer do que fazer. Na hora da necessidade, então se pergunta aonde foi aquele que estava ali.
Contudo, é preciso acreditar nas pessoas. Também necessário que as pessoas creiam na existência de grandes e verdadeiros amigos. Ao menos para fazer valer a beleza dos versos da canção: “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração...”.

Escritor
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CANGAÇO - OS SUBGRUPOS.

   Por Abdias Filho Tudo no cangaço atendia a uma necessidade ou estratégia. É o caso da divisão do grande bando em diversos subgrupos, semp...