18 de mar. de 2018

A ÍNDIA KATHAUÃ UMA CANGACEIRA DIFERENTE E JUSTICEIRA

Por José Mendes Pereira (Crônica 72 - Fictício)
Fonte da imagem: https://publicdomainvectors.org

A índia Kathauã era descendente dos índios Monxorós, Moxorós, Moçorós, e destes nomes nasceu a cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. Kathauã nasceu no ano de 1835, do século XIX, e o seu nascimento aconteceu bem próximo às margens  do rio Mossoró. Faleceu na sua terra natal no ano 1890, do mesmo século. 

Kathauã tivera um relacionamento amoroso com um bisneto do fundador de Mossoró, "capitão-mor Antonio de Souza Machado", com quem teve um casal de filhos, Kathauêr e Kathauyra, mas, posteriormente desistiu, dizia ela que não admitia ser governada por marido e nem por homem.

Kathauã era brava ao estremo, além do mais, justiceira na região que dominava. Além de ser índia, Kathauã era uma cangaceira do seu tempo, diferente das demais cangaceiras que viveram no meio dos seus homens que abraçaram o mundo da criminalidade na década de 30  do século XX, como por exemplo: Maria Bonita, Inacinha, Cristina, Dulce, Durvinha. 

Em 1853 quando a freguesia passou a ser cidade  aos 18 anos de idade Kathauã já exigia do primeiro prefeito de Mossoró  Antônio Freire de Carvalho que a cidade tinha que manter ordem, nada de bagunça, nada de desrespeito.

- Não admito que esta cidade criada recentemente seja desmoralizada. - Dizia Kathauã em uma reunião com o prefeito e vereadores.

- Sim senhora, dona Kathauã! Vou manter esta cidade com muita disciplina e servir de exemplo para outras por aí, fez o prefeito empossado. 

Em toda sua vida de justiceira Kathauã nunca usou armas de fogo para resolver problemas que aconteceram contra seu povo. Mantinha respeito e moral, confiando apenas na sua palavra, no seu arco de flechas, e nos seus dois longos chicotes, cada um com quase 3 metros de comprimentos, e que em nenhum momento, Kathauã se desgrudava deles.

Kathauã foi uma cangaceira bonita, elegante, charmosa, bem feita de corpo, com uma dentuça perfeita e lindo sorriso. Não admitia que homem nenhum a desrespeitasse. Aquele que por algum motivo qualquer tentasse um dedinho de  prosa que a incomodasse, já estava marcado para passar pelos seus malditos chicotes. Com um, ela laçava o agressor, trazendo-o para sua presença, e com o outro, ali, o sujeito recebia o castigo de acordo com o peso das palavras ditas contra ela.


Kathauã também não admitia que homem mexesse com honras de índias da sua tribo. E se isso acontecesse, montada em seu cavalo, procurava-o por toda região até o encontrar, e assim que colocava os seus lindos olhos nele, surrava-o e o obrigava viver com a índia deflorada. Ai daquele que não zelasse a esposa! O castigo seria dobrado, capava-o com macete, e ainda o expulsava da região, mesmo que fosse da sua tribo. 

Kathauã era uma moça justiceira que todos os homens quando a via, baixavam as suas cabeças diante dela. Ela os cumprimentava com um sorriso adocicado e educadamente, mas se a desobedecessem, seria castigados sem perdão, e era cobrado de várias maneiras. 

Aquele que gostava de judiar com pessoas idosas, com crianças, com pessoas deficientes e com aqueles que tinham problemas mentais ficava 1 hora dependurado pelos testículos, e a cada reclamação feita pelo castigado, a punição dobrava e dobrava muito. E se a judiação fosse feita por mulher ela seria dependurada pelos cabelos, permanecendo mais ou menos 2 horas no castigo.

Kathauã odiava ladrões. Quando alguém era roubado ela procurava descobrir o desonesto. Ao ter certeza quem era o indivíduo ou indivídua, o chicote trabalhava sobre o corpo deste ou desta. Mesmo sendo cruel com as suas leis Kathauã fazia de tudo para não usar injustiça. Qualquer desordem que acontecesse na região que governava na força e na raça, primeiro do que tudo, ela mesma monitorava o(a) indivíduo(a), e aos poucos, ia descobrindo se realmente era aquele(a) responsável pela desordem praticada. Kathauã não ameaçava ninguém, cumpria o regime criado por ela mesma.

A índia Kathauã no começo de ser justiceira tinha um grupo de capangas, e era em torno de 4. Insatisfeita com estes, resolveu acabar com o grupo, porque o que ela mais gostava, era  resolver sozinha os problemas que apareciam no meio do seu povo. Não temia homem de jeito nenhum. E ainda dizia: "- Ninguém é obrigado a me obedecer, mas se quiser viver no meio do meu povo, tem que respeitar as minhas regras. Quem não me obedecer saia do meio da minha gente, e se manda para o melhor lugar que encontrar por aí. Nesta região, sou eu, a grande justiceira".

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