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Do acervo do pesquisador do cangaço Guilherme Machado
Especial vista do Casarão onde fucionou a 83 anos atrás o quartel de policia da cidade de Queimadas Bahia. Aqui em 1929 Lampião prendeu e depois matou os 7 soldados do destacamento da cidade, só poupando a vida do sub delegado Evaristo Carlos Costa.
Na tarde do dia 22 de dezembro de 1929 a cidade de Queimadas, no interior da Bahia, foi palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua trajetória errante nos sertões, o bandido Lampião, à frente de um numeroso grupo de cangaceiros, invadiu a sede do município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua história recheada de crimes sanguinários.
Utilizando-se dos mesmos métodos empregados em centenas de cidades do interior dos sete estados que atormentou durante quase três décadas, Lampião cortou as linhas de transmissão do telégrafo da cidade, único meio de comunicação com o mundo externo à época. A seguir, dirigiu-se à sede do destacamento da Força Pública, atual Polícia Militar da Bahia, situado na Praça da Bandeira, no Centro da cidade.
Lá, surpreendeu o efetivo de serviço, libertando os presos e trancafiando os policiais militares. O sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do destacamento, atraído pelo silvo de um apito, expediente utilizado para convocar os policiais militares ao quartel, também foi preso pela quadrilha.
Com a aterrorizada cidade sob seu domínio, Lampião passou a saquear aqueles que possuíam algum recurso financeiro, exigindo quantias pré-estipuladas de acordo com suas próprias impressões. O sargento Evaristo foi colocado entre o bando e obrigado a percorrer as ruas da cidade durante o saque, desarmado, sem chance de esboçar qualquer reação.
Terminada a operação criminosa, Lampião e seu bando passaram a se dedicar a mais odiosa das ações encetadas naquele fatídico domingo: retornaram ao destacamento, posicionaram-se em frente à sede e retiraram, um a um, os soldados presos. Ao saírem, foram baleados e, com requintes de crueldades, friamente abatidos a golpes de punhal.
Mesmo diante de tão trágicos destinos, registraram-se cenas da mais enraizada coragem, a exemplo do soldado Aristides Gabriel de Souza que desafiou o chefe dos criminosos a encará-lo sem a cobertura dos demais cangaceiros. Por esse ato de bravura, sofreu uma morte mais dolorosa que os outros, sendo executado com redobrada intensidade.
Poupado em razão de um pedido feito a Lampião por uma moradora da cidade, D. Santinha, esposa do coletor federal, Sr. Anfilófio Teixeira, o sargento Evaristo não conseguiu assistir à chacina pedindo para morrer primeiro ou se retirar do local, tendo o líder da súcia lhe ordenado a retirada imediata.
O pedido de Dona Santinha ao famigerado bandido ocorreu em função da admiração que esta nutria pelo policial, haja vista a identificação positiva que este construiu junto a comunidade.
Encerrado o trucidamento dos policiais militares Lampião, como prova do seu completo desprezo à vida, ainda permaneceu na cidade até a madrugada, promovendo, inclusive, um baile para o qual forçou o comparecimento de inúmeras famílias, em que pese o estado de choque que tomou conta dos moradores de Queimadas diante dos acontecimentos.
Por fim, abandonou a cidade deixando para trás uma população traumatizada pelas barbaridades presenciadas, profundamente enlutada pelo infeliz destino daqueles que a protegiam. Acima vista aérea do município de Queimadas. A cidade fica a 308 quilometros de Salvador e a 200 de Feira de Santana.
Fonte: Notícias de Santa Luz
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Por Francisco Frassales.
Por Rangel Alves da Costa
Orgulho e satisfação para os escritores Rangel e Manoel Belarmino, filhos de Poço Redondo, terem seu livro ZÉ DE JULIÃO: A SAGA DE UM EX-CANGACEIRO DE LAMPIÃO, com imensa acolhida por todo o país.
E o retrato abaixo (diretamente do Rio de Janeiro), enviado pelo escritor, pesquisador e renomado fotógrafo Ricardo Beliel, demonstra bem essa acolhida pela nossa obra. Beliel, que já esteve pesquisando e fotografando em Poço Redondo e pelos demais sertões nordestinos, conhece bem essa teia antiga onde ainda vagueiam as sombras das aranhas cangaceiras, volantistas, coiteiras, coronelistas, sedentas e vorazes, pelos cantos e recantos empoeirados das paredes das memórias de sangue e luta.
Beliel vai dialogando com o que conhece, com o que já se debruçou para unir enredos e tramas, e por isso vai, página a página, reencontrando os sertões que tanto ama e gosta de percorrer seus caminhos. E uma leitura a dois, pois ao lado está seu gato, que também tudo sabe. Qualquer dúvida, Beliel a ele pergunta.
Basta um “miau” e tudo já estará respondido.
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Por José Mendes Pereira
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Por Verluce Ferraz
O espaço me permite tratar dos tabus que permeavam a vida dos cangaceiros, em especial de Lampião e da Maria Bonita. Relatos existem em livros que, os mesmos se abstinham de fazer sexo nos dias de sextas-feiras, e quando partiam para uma relação sexual, retiravam as orações e patuás de cima do corpo; deixando-os a certa distância. Que depois de praticarem sexo, se limpavam para afastar desgraça de cima de suas vidas. Pelas descrições de manias não pode-se esses associar esses rituais à religiosidade, tampouco a dignidade, visto que cangaceiro não observava tais preceitos, além de matarem pessoas para apropriarem-se de bens materiais. Não havia remorso pelas vidas cerceadas, pelas famílias viúvas e órfãos. Todos os cangaceiros viviam infringindo às leis Naturais e leis Estatais. Matar gente ou animais era tão mais comum que se possam avaliar. Era costume a pratica de saques, assaltos, e estupros, entre outros crimes. Vamos então aqui registrar o papel desempenhado pelos tabus e seus efeitos conservadores de velhos usos no trato que tais pessoas supersticiosas, desde a antiguidade, acreditavam em um grande número de tabus:
- O flamen dialis, o sumo sacerdote de Júpiter, tinha que observar um número enorme de tabus. Ele
“não podia montar ou mesmo tocar um cavalo, nem ver um exército em armas, nem usar um anel que não fosse partido, nem vestir uma roupa que tivesse algum nó; [...] não podia tocar farinha de trigo nem pão fermentado; não podia tocar ou mencionar um cão, uma cabra, carne crua,, feijão e hera [...] seu cabelo podia ser cortado apenas por um homem livre, com uma faca de bronze, e, quando cortados, o cabelo e as unhas tinham de ser enterrados sob uma árvore auspiciosa; [...]; ele não podia tocar num cadáver [...];não podia ficar descoberto ao ar livre”.
E tudo tinha significado de consequências que conduziam aos perigos. Lampião, nas suas superstições escolhia o dia da sexta-feira para não ter conjunção carnal. Aconselhava também os seus bandos a seguir seus pensamentos, usando orações e símbolos que, exerciam poderes mais para fetiches; isso é confundido por alguns, como obediência espiritual, para livramento do mal. Pelos modos vividos, as contradições serão expressas porque o homem após ser civilizado e religioso, jamais praticaria atos de crueldade quanto praticaram os grupos cangaceiros.
Perdi a fonte, mas foi escrito pela pesquisadora Verluce Ferraz.
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Beto Rueda
Fonte:
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: segredos e confidências do tempo do cangaço. 3.ed. São Paulo: Traço Editora, 2011.
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Por Aderbal Nogueira
Os livros sobre o cangaço sempre são uma incógnita para muita gente. Próximo dia 12 de agosto, às 20 horas, vamos ter uma live no nosso canal no youtube "Aderbal Nogueira Cangaço" com Archimedes Marques, Junior Almeida e Ângelo Osmiro Barreto sobre a bibliografia do cangaço. Será uma grande oportunidade para esses 3 especialistas na vasta bibliografia tirarem as dúvidas e darem sugestões de leitura para todos aqueles que têm interesses no mundo estranho dos cangaceiros.
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Por José Mendes Pereira
Rangel Alves da Costa revela: "Segundo os relatos históricos, Lampião parecia mesmo ter escolhido Poço Redondo como uma segunda casa sua. A primeira era a caatinga, com varanda de xiquexique e assento de mandacaru. Mas a família era grande, era muita, espalhada por todos os sertões nordestinos. E em Poço Redondo mantinha amigos fiéis, tinha acolhida, comida à mesa, tudo o que precisasse. E também a simpatia de tantos jovens que decidiram entrar para o seu bando.Num misto de temor e reverência, aliado ao fato de que o homem sempre estava por ali desafiando as volantes, verdade é que mais de trinta filhos de Poço Redondo seguiram a trilha do bando de Lampião. Mocinhas muitas novinhas, ainda na adolescência, se encantavam com aqueles “artistas” das caatingas e seguiam seus destinos de amor cangaceiro. Assim foi com Adília, Sila, Enedina, Rosinha e outras. Dentre os meninos de Poço Redondo estavam, por exemplo, Cajazeira, Canário, Elétrico, Mergulho, Novo Tempo e Zabelê."
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Por Raul Meneleu Mascarenhas
Por José Mendes Pereira