Por Manoel Severo
"Estou vendo aqui o convite do querido amigo Manoel Severo para que assistamos ao vídeo do Cariri Cangaço sobre o tema Território Livre de Princesa – a Guerra de 30. Será amanhã, sexta-feira, no canal YouTube do Cariri Cangaço.Lembro que no encontro do Cariri Cangaço realizado em Princesa a revolta do Coronel Zé Pereira foi objeto de uma palestra do saudoso José Romero Araújo Cardoso. A Guerra de Princesa é um capítulo marcante da história do Nordeste. Governava a Paraíba o presidente João Pessoa, sujeito arrogante, vaidoso, que criticava os coronéis do sertão mas adotava os mesmos métodos deles, valendo-se de sua condição de sobrinho de Epitácio Pessoa, que tinha sido presidente da República. A polícia prendia, espancava e até matava quem lhe fizesse oposição.
Um dos perseguidos foi João Duarte, advogado brilhante, neto do ex-presidente paraibano Manoel Dantas. O automóvel do advogado foi lançado pela polícia nas águas do Sanhauá. A polícia invadiu sua residência, destruiu móveis, livros e processos judiciais e apoderou-se de vários documentos e papéis, no meio dos quais sua correspondência amorosa com a professora Anaíde Beiriz. Trechos de suas cartas íntimas foram publicados no jornal oficial do governo da Paraíba. Enquanto isso, no sertão, a violência corria solta. O Coronel Zé Pereira, chefe político de Princesa, rompeu com o governo do Estado. Os coronéis do sertão aliaram-se a ele. Em represália, o presidente João Pessoa mandou exonerar ou transferir funcionários que tivessem qualquer relação de parentesco ou amizade com Zé Pereira e seus correligionários.
Intensificaram-se as ações policiais. Em Teixeira, uma volante comandada pelo tenente Ascendino Feitosa cercou a casa do chefe político, o velho Manoel Silveira Dantas, e mandou bala. Duas senhoras idosas da família Dantas foram arrastadas da cama para a rua e humilhadas publicamente. Para arrasar Princesa, três colunas marcharam da capital o reduto do coronel turrão.Zé Pereira arregimentou seus jagunços, entre os quais havia vários ex-cangaceiros de Lampião.Foi heroica a participação do caboclo Marcolino e de seu cabra de confiança, Manoel Ronco Grosso. Marcolino era sobrinho e cunhado de Zé Pereira.
Houve combates memoráveis nas caatingas de Santana dos Garrotes, Nova Olinda, Imaculada, Água Branca, Patos de Princesa e Tavares. A Paraíba tornou-se ingovernável.Zé Pereira mandou publicar um Decreto proclamando a independência do município de Princesa, que passava a ser um Território Livre, ligado ao governo federal, mas desligado da Paraíba. Mas foi então que aconteceu um fato decisivo, embota nada tivesse a ver com a guerra de Princesa: ao anoitecer do dia 26 de julho de 1930, o advogado João Duarte, alucinado com a invasão de sua residência e a publicação de suas correspondências íntimas no órgão oficial do governo, assassinou o presidente João Pessoa em pleno centro do Recife.A revolta de Princesa e a morte de João Pessoa foram o estopim Revolução de 1930. No contexto desses fatos, ocorreu ainda o assassinato de João Suassuna, pai do grande escritor Ariano Suassuna.
(Esses episódios são narrados em detalhes no meu Capítulos da História do Nordeste. Quem tiver interesse em conhecer esse trabalho, por favor peça ao Professor Pereira – contato: (83)9911-8286)." Pesquisador e escritor, José Bezerra Lima Irmão.
É Nesta próxima sexta-feira, dia 04 de setembro, às 20 Horas.
Grandes Encontros Cariri Cangaço - YouTube
Território Livre de Princesa - A Guerra de 30
Convidados: Emmanuel Arruda, Thiago Pereira e Domingos Maximiano
https://cariricangaco.blogspot.com/2020/09/territorio-livre-de-princesa-nos.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário