26 de jul. de 2021

O CAPITÃO LAMPIÃO, ANTONIO FERREIRA E SEUS COMANDADOS, POR PURA VINGANÇA, BAGUNÇAM O ESTADO DE ALAGOAS.

  Por José Mendes Pereira

No ano de 1927, após sete anos das mortes de dona Maria Sulena da Purificação (morte natural), e seu pai José Ferreira da Silva ou Santos, este assassinado por arma de fogo, quase cinco meses faltando para uma possível invasão à Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, Lampião resolveu intranquilizar o Estado de Alagoas, com permanentes invasões, usando o seu ódio e o seu poder de vingança, e eliminando sertanejos inocentes, mas sem medo, responsabilizando o militar da Polícia de Alagoas, o tenente coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, maior desafeto de Lampião, por ter matado o seu querido e amado pai, o José Ferreira, enquanto ele debulhava grãos em sua nova residência no Estado de Alagoas. 

Tenente José Lucena responsável pela morte do pai de Lampiao.

A maldade que haviam feito com o seu pai o capitão Lampião não pretendia deixar impune, pois o velho não tinha participações nem um tiquinho com seus problemas de bandidagem. Se o militar José Lucena o procurava para eliminá-lo do solo sertanejo, que tivesse embrenhados até as caatingas do nordeste brasileiro, pois era por ali, que ele, seu irmão e toda cangaceirada da sua "Empresa de Cangaceiros Lampiônica  Cia" estavam com redes armadas e cachimbos acesos nos coitos, que faziam por lá, e não tivesse eliminada a vida de um senhor admirado no meio de toda vizinhança do sertão Pajeuense.

Um dos motivos de sua desordem naquele Estado alagoano era para mostrar ao tenente coronel José Lucena, que a sua imagem como militar, não passava de um simples homem covarde e oportunista, por ter exterminado a vida de um senhor pacato, amigo respeitado por  toda gente daquela região que antes morava. 

José Saturnino inimigo nº 1 de Lampião.

O outro foi o Zé Saturnino que usou a sua covardia contra o seu pai, quando antes, ambos, eram compadres, amigos e vizinhos de propriedades, fazendo-o sair dali, às pressas, privando o direito dele, da sua esposa e de toda família, serem felizes na sua amada terra onde nasceram e moravam, obrigando-os fugirem do querido chão pernambucano, e os empurrando para as terras que só as conheciam como passeio. 

Lá em Pernambuco, seu pai e os seus familiares, com saudades, deixaram para trás, tudo que haviam adquirido com muito trabalho e esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente, um baú de sonhos, sonhos e muitos sonhos que pretendiam tornar realidad. Não querendo que seus filhos continuassem na desgraça, seu José Ferreira da Silva vendeu tudo que possuía por um valor insignificante. Que tamanha infelicidade provocada por um homem que um dia se dizia ser seu grande amigo! 

Lá, em Alagoas, os Ferreiras, filhos e filhas tiveram o desprazer de caminharem para assistirem o sepultamento no cemitério da sua mãe dona Maria Lopes que faleceu quase que de repente, infartando. Sentindo bastante do desrespeito do Zé Saturnino com o seu esposo, veio a óbito. E com poucos dias que a mãe partira para a eternidade,  foi a vez  de levarem o pai para enterrá-lo, porque fora assassinado pelas armas do tenente José Lucena.

No silêncio do seu “EU”,acho que o rei dizia que não tinha dúvida, que o principal culpado das suas desventuras, era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem de correrias dentro das matas, tewntando ocultarem das volantes que os perseguiam.

O rei do cangaço, talvez, ainda se lastimava que todos os seus antes amigos, viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente, teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com  insetos de todos as espécies, no meio de violentos tiroteios, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome, e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento. 

Lampião e seu irmão Antonio sabiam que na região do Pajeú, todas as cidades dali, como Itapetim, Tuparetama, São José do Egito, Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, Calumbi, Serra Talhada, Floresta e Itacuruba, muitas os condenavam como homens perigosos, mas que todos que os julgavam como bandidos cruéis, entendessem o porquê das suas práticas criminosas. Fizeram simplesmente para defenderem o que lhes pertencia, e em prol das suas honras. Se eles não defendessem o que eram seus, com o passar dos tempos, todos iriam querer pisá-los como se nada valessem na vida.

Enquanto descansava sobre o chão dos seus coitos, Lampião ainda imaginava   que, se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena para assassinar o seu generoso pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro; e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer, ou outra coisa parecida. Ou ainda se casado com serra-talhadense e construído uma linda e maravilhosa família. 

E agora, depois de tantas decepções que os dois manos passaram, principalmente a dolorosa e sofrida morte do José Ferreira da Silva, como os irmãos Ferreiras se vingariam das maldades que fizeram contra eles?

Lampião e o seu mano Antonio Ferreira decepcionados e de cabisbaixas diante da vizinhança, e privados de tudo e de todos, já que não havia como assassinarem os causadores das suas declinações e morte do seu pai, decidiram que o mais propício para mais ou menos amenizarem as suas dores, seria fazerem invasões constantes no Estado de Alagoas, não importando com o tipo de atrocidade, vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, diante da vizinhança, uma desordem a mais não influenciava nada.  

E a partir de 11 de janeiro de 1927, Lampião e Antonio organizaram-se e partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, a terra do tenente Zé Lucena, onde destruíam tudo que viam pela frente, não dando tranquilidade aos moradores sertanejos, e geralmente, rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam. 

Informação ao amigo leitor:

Nesse período Lampião estava com apenas Antônio Ferreira no cangaço, porque o Livino Ferreira tinha sido assassinado no ano de 1925. O Ezequiel Ferreira só entrou para o cangaço quando o Antônio foi morto por acidente neste mesmo ano. 

Muitos fatos que aqui aparecem, são verídicos, mas outros, são apenas as minhas imaginações. Imaginar, não quer dizer que atrapalha a literatura lampiônica. Sendo para discordar do que foi escrito por pessoas que fazem os seus trabalhos com seriedades, eu sou a primeira  pessoa a protestar. 

Eu escrevo mais para cultivar a leitura sem atrapalhar os encarregados pela literatura lampiônica. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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