29 de mai. de 2024

LIVRO

   Por Fabiana Agra

Este livro conta a história de Francisco Pereira Dantas, um filho de coronel que entrou para o mundo do cangaço após vingar a morte do pai João Pereira – fazendeiro e comerciante do povoado de Nazareth. O Cowboy do Sertão disse “sim” ao código de honra do seu tempo e, em sua vindita, arrastou junto a cidade de Sousa, que no ano de 1924 foi invadida e saqueada pelos cabras de Lampião e de Chico Pereira.

O Cangaceiro de Nazareth foi chefe de bando e foi cabra do bando de Lampião; amigo de poderosos, bem relacionado com autoridades, mas acabou assassinado em terras do Seridó potiguar, próximo a Currais Novos, em circunstâncias até hoje discutidas pelos estudiosos do fenômeno do cangaço.

É sobre Chico Pereira, mas também é sobre as razias e atrocidades cometidas pelos cangaceiros no alto sertão da Paraíba e no alto oeste potiguar durante a década de 1920, que este livro trata. Arme a rede no torno do alpendre, chame os amigos, que a história já vai começar. É cangaço nas veias!

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28 de mai. de 2024

ANDRÉ DA MATA LANÇA “NINGUÉM MORRE DE AMOR”, SINGLE QUE TEM A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO CASUARINA

  Por Sambando.com

André da Mata tem presença constante nos principais redutos do samba carioca, como Cacique de Ramos, Pedra do Sal, Beco do Rato, Carioca da Gema e Samba do Trabalhador, entre outros.

Nesta terça, 5 de março, o cantor e compositor André da Mata lança “Ninguém morre de Amor”, single que conta com a participação do grupo Casuarina. O samba é uma parceria de André – sambista potiguar radicado no Rio de Janeiro desde 2013 -, com o compositor cearense Chapinha da Vela.

O samba “revela o enorme desejo de superação da dor de um relacionamento a dois, que tem a interferência de uma terceira pessoa”, conta da Mata, presença constante nos principais redutos do samba carioca, como Cacique de Ramos, Pedra do Sal, Beco do Rato, Carioca da Gema e Samba do Trabalhador, entre outros.

Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, André da Mata foi criado em Mossoró, no interior do Estado. Compositor por inspiração e cantor por amor à música, aprendeu a tocar violão e cavaquinho aos 14 anos de idade. Criado no sertão nordestino, onde o forró era o ritmo predominante, encantou-se pelo samba de raiz e fez dele a sua verdade.

O talento de André da Mata tem sido reconhecido por diferentes gerações e já lhe rendeu parcerias com nomes como Jorge Aragão, Xande de Pilares, Zé Katimba, Moacyr Luz, Mart’nália, Moyseis Marques, Mingo Silva, Mosquito, Léo Russo, entre outros compositores brasileiros. Seus sambas já foram gravados por Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Moacyr Luz, Mumuzinho, Casuarina, e entre vários nomes da nova geração do samba.

Ficha Técnica: Ninguém morre de amor (Chapinha da Vela/André da Mata)

Arranjo; André da Mata

Intérpretes; André da Mata e Grupo Casuarina

Cavaquinho: Rafael Freire

Bandolim: João Fernando

Cavaco e bandolim: Alessandro Cardozo

Violão 6 e 7 cordas: Leandro Saramago

Contrabaixo: Ednardo Neves

Teclado: Gideão Lima

Bateria; Fredhy Jorge

Surdo, Tantan e Ganzá; Luizinho Madrugada

Tantan, Pandeiro e Tamborim: Daniel Moreira

Caixas; Luciano King

Coro; Diego Nunes, Leonardo Wagner, Marília Kardenally, Bianca Cardial, Elizabeth Freitas e Symara Fernandes

Gravado no Sonora Pró Music, Mossoró RN

Técnico de gravação: Glacilliano

Gravação de voz :La maison estúdio e produção, Rio de Janeiro

Técnico de gravação; Didier Fernan

Mixagem: LK Studio e produção

Técnico de Mixagem: Luciano King

Filmagem e edição Netinho Albuquerque

  GS

  André da Mata sambista

  beco do rato

  cacique de ramos

  carioca da gema

  grupo casuarina

  notícias do samba

  pedra do sal

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  samba do trabalhador

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26 de mai. de 2024

JOSÉ KEHRLE O PADRE ALEMÃO QUE FEZ HISTÓRIA EM SERRA TALHADA

  


O “Viagem ao Passado” resgata para os leitores um pouco da história Padre José Kehrle, um dos primeiros da família alemã a desembarcar no Brasil e a fincar raízes em Serra Talhada. O jovem padre chegou à cidade com 21 anos de idade e só foi em embora por perseguição política, as vésperas da decretação do Estado Novo, em 1936, aos 35 anos.

A foto em destaque foi doada à Paróquia de Nossa Senhora da Penha por uma de suas sobrinhas que reside em Serra Talhada, a Professora Emma Kehrle. Dona Emma que também doou um óculos de uso pessoal do padre, uma imagem do Menino Jesus que ficava em seu altar particular e uma lembrancinha do seu Jubileu de ordenação sacerdotal.

As relíquias foram conduzidas pelo jovem estudante de medicina, Matheus Magalhães, até o atual administrador da Paróquia. Ainda não se sabe onde as peças serão colocadas para serem expostas ao público. Vale registrar que o Padre José Kehrle foi o responsável pelo inicio das obras da atual Igreja Matriz da Penha.

A VIDA E A OBRA DE UM HISTÓRICO SACERDOTE

Os relatos abaixo resumem uma cronologia elaborada pelo próprio Pe. José Kehrle em carta datilografada para um sobrinho no ano de 1975. Nascido em 19 de maio de 1891, em Rheinstetten – Alemanha, o Padre José Kehrle chegou a cursar medicina na Universidade de Munique tendo desistido da carreira no último ano de faculdade para ingressar no seminário e tornar-se sacerdote.

Veio para o Brasil em 1909 e ordenou-se em 14 de março de 1914, em Olinda-PE tendo sido transferido no ano seguinte para Quixadá-CE onde chegou a ter contato com Pe. Cícero em Juazeiro. No ano seguinte, foi encarregado de assumir a secretaria do bispado de Floresta, onde ficou por quatro anos até, em 1919, se tornar o primeiro pároco de Rio Branco, atual Arcoverde. Nesta última cidade chegou a criar uma pequena banda e um “jornal falado”, com o intuído de gerar meios de distração para a população local.

Ainda em 1919 recebeu a ordem de retornar a Floresta junto a seu irmão, o também padre, Luiz Kehrle, onde foram incumbidos de construir uma nova catedral na cidade. Levantou-se uma discussão sobre o melhor local para erguer a construção e o padre José, por sugerir um plebiscito para a tomada da decisão, acabou sendo ameaçado pelo prefeito e seus jagunços tendo que se retirar da cidade no mesmo dia.

Nesta época, Pe. José Kehrle começou a sofrer diversas perseguições políticas tendo sido acusado de ser inimigo do Brasil (por ser Alemão) e de ser protetor de Lampião. Chegou inclusive a ser ameaçado de morte pelo chefe de polícia de Recife.

Em 1922 assume a paróquia de Nossa Senhora da Penha em Vila Bela (atual Serra Talhada) ficando também responsável pela paróquia de São José do Belmonte. Em Vila Bela deixou seu marco quando resolveu demolir a antiga igreja de duas torres (construção de traços muito rústicos e desarmoniosos para dar início à construção da atual Igreja matriz.

A construção seguiu até o ano de 1936 quando, por questões políticas, Pe. José foi transferido de volta ao secretariado da Diocese em Pesqueira. Na sede da diocese começou a presenciar diversas aparições de Nossa Senhora das Graças que lhe avisava de muitos fatos futuros de sua vida pessoal e sacerdotal (os relatos dessas aparições constam no livro: “Eu sou a Graça”, de Dom Rafael Maria Francisco da Silva).

Ainda em sua missão pelo Sertão pernambucano, o padre alemão passou pelas cidades de Venturosa, Afogados da Ingazeira, Brejo da Madre de Deus e Moxotó. Por fim, chegou em Buíque no ano de 1947, onde construiu sua casa e a Capela de Nossa Senhora das Graças, criou uma escola de educação agrícola e uma maternidade com recursos vindos da Alemanha, escreveu livros que foram censurados e atendia muitos pobres que vinham buscar remédios, esmolas e conforto espiritual.

José Kehrle faleceu em Buíque no ano de 1978, aos 87 anos. Sua grandiosa contribuição para a história do interior de Pernambuco ainda é pouco divulgada, mas seu pioneirismo e suas ideias inovadoras foram fundamentais para o crescimento e propagação da fé cristã pelo sertão do estado.

 

O Padre José Kehrle, o quarto da direita para esquerda, na farmácia do Dr. Lima Pachêco, na então cidade de Villa Bella, em agosto de 1928

 

O Padre José Kehrle, ao centro, na antiga Igreja de N. S. da Penha, construída em 1872 e demolida e 1925, o prédio ficava localizado no centro da Praça Sérgio Magalhães, no ponto onde atualmente fica o pé de catingueira metálico



 

Relíquias do Padre José Kehrle doadas pela sobrinha Emma Kehrle

Pescado em O Farol de notícias

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24 de mai. de 2024

LIVRO

     Por José Bezerra Lima Irmão

Diletos amigos estudiosos da saga do Cangaço.

Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.

Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.

Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió.

Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato.

Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.

A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha.

Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

......................

Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.

Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.

Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas.

Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira),

Tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher.

A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo.

As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286. Eu gosto de escrever, mas não sei vender meus livros. Se pudesse dava todos de graça aos amigos...

Vejam aí as capas dos três livros:



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Adquira-os através deste endereço:

franpelima@bol.com.br

Ou com o autor através deste:


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20 de mai. de 2024

MARIA BONITA MULHER DE LAMPIÃO LEVA UM TIRO NAS NÁDEGAS, EM SERRINHA DO CATIMBAU. ATUAL PARANATAMA PERNAMBUCO.

 Acervo Guilherme Machado

Lampião e seus Cangaceiros entraram na vila de Serrinha do Catimbau para extorquir comerciantes e moradores, mas foram recebidos a bala. Pelos poucos moradores da localidade.

José Alexandre Noronha atira e fere gravemente Maria Bonita a Santinha de Lampião, com um tiro nas nádegas.

O audacioso João Cacheado Estava armado com um rifle e um revolver, mas João não sabia manuseio do rifle deixou e ficou com o revolver sobre sua mira estava o cego Lampião mas João não era la grande atirador e perdeu a chance de matar o rei vesgo. Os valentes homens da vila de Serrinha botaram Lampião e seus cabras para Correrem com a rainha ferida nas partes baixas... Serrinha do Catimbau era um Povoado entre Águas Belas e Garanhuns. Hoje atual cidade de Paranatama, que já fez parte do Município de Garanhuns Pernambuco.


Foi no dia 20 de Julho de 1935. Lampião com Maria Bonita e uma outra Cangaceira por nome de Maria Ema, e mais 5 Cangaceiros, Zé Fortaleza, Medalha, Juriti, Gato e Moita Brava, Lampião vai até a casa de um Comerciante por nome Chiquito, atras de receber algum dinheiro o povoado encontrava-se quase que vazio só se ouvia os berros do Cangaceiros atrás de vantagens... Foi quando gritou Lampião Chiquito abra esta merda! desta porta antes que eu arrombo, e ai você vai ver com quantos paus se faz um cangalha.... De repente de dentro de uma casa só se viu o papoco dos tiros onde se ouviu os gritos de Maria Bonita Socorra-me meu velho me mataram, Lampião avançou como um gato em cima de Maria Bonita ela sangrava muito pelas costas os a bala fez um grande estrago nas nádegas

O autor foi José Alexandre Noronha, mas muitos acham que foi o João Cacheado. que se encontrava escondido e atirou pela Esse mirava Lampião por um buraco de porta. Mesmo assim João Cacheado disparou um tiro certeiro em um cachorro que pertenciam aos Cangaceiros. Lampião não sabia quantos tinha e de onde veio os tiros tratou de sair imediatamente do local com maria bonita carregada por dois cangaceiros em uma rede.

Abaixo fotos de Maria Bonita, José Alexandre Noronha e João Cacheado.
Fonte: Livro Lampião em Serrinha do Catimbau. Autor. Junior Almeida.

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19 de mai. de 2024

LAMPIÃO NA BAHIA. 1928.

 Visita de Lampião

Já se tinha notícias da presença do maior cangaceiro do século XX, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, considerado o rei do cangaço - 1927/1940 - à Bahia no ano de 1928. A possibilidade de ter levado Lampião a cruzar o Rio São Francisco rumo aos Sertões da Bahia, seria, a que tudo indica, a falta de opção. Em todo o Nordeste só restavam Bahia, Sergipe e Piauí, onde poderia hospedar-se com o resto dos seus cabras.

O ataque a grandes centros urbanos, acirrou os ânimos das policias de alguns estados nordestinos, visto que houve repercussão nacional dos episódios. Daí por diante, Lampião não teria trégua; o jeito era dispensar muitos de seus cabras. Para facilitar a É fuga da furiosa perseguição policial, quanto menos gente, melhor.

Nessa altura, coligaram-se as policias de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte e durante vários meses investiram numa perseguição implacável a todo o bando. Não existia outra alternativa senão um dos três estados restantes do nordeste.

Para Piauí, Lampião jamais iria, primeiro porque lhe era terra desconhecida e segundo porque era o estado mais pobre, entre os pobres do nordeste. O bandoleiro sabia por experiência que na Bahia iria encontrar condições favoráveis.

Se o Capitão Virgulino não tivesse tentado ocupar Mossoró pela força, então o maior município do interior do Rio Grande do Norte, ou tivesse conseguido, provavelmente a Bahia jamais o tivesse hospedado em seu território.

Quando desembarcou aqui na Bahia, em 21 de agosto de 1928, Lampião se quisesse, poderia ter tentado reconquistar a sua condição outrora de homem livre, trabalhador, honesto, produtivo. Não o fez. A índole de bandido calava mais forte.

Ao pisar em terras baianas, Virgulino Ferreira da Silva, já tinha 31 anos de idade, ostentava a patente de capitão, título de que muito se orgulhava e fazia alarde. Além de Mossoró (1927), assaltara, em lance de grande atrevimento, Água Branca (1922) em Alagoas, quando saqueou a baronesa Joana Viana de Siqueira Torres, despojando-a de jóias e moedas de ouro do Império, com as quais passou a enfeitar-se. Esse episódio, somado ao frustrado assalto a Mossoró, à patente de Oficial do Exército e às inúmeras batalhas em que se envolvera (Baixa Grande, junho de 1924; Serrote Preto, fevereiro de e 1925; Serra Grande, novembro de 1926), bem como ao saldo de mortes que lhe vinha no rastro, davam-lhe prestigioso renome em todo o Brasil e até no exterior.

Um dos primeiros contatos de Lampião em terras baianas foi em Santo Antônio da Glória. Lampião partira da Serra Negra (em Floresta, Pernambuco, seu estado Natal), ladeou riacho dos Mandantes de onde passou para às margens do Rio São Francisco. Em seguida avançou pelas propriedades Sabiuçá e Roque, cruzou o velho Chico e ganhou as terras baianas. Aqui seu itinerário foi o seguinte: Serra Tona, Fazenda Salgado e o povoado Várzea da Ema, município de Glória.

Após várias andanças e as notícias ocultas, somente em dezembro é que Lampião ressurge no cenário baiano, exatamente no dia 15 de dezembro de 1928, na vila do Cumbe (atual cidade de Euclides da Cunha). de lá partiram rumo a Tucano, onde concede uma entrevista a um jornalista da terra e recebe a notícia que mandaram buscar reforço policial na cidade de Serrinha, o que apressou a saída do bando do município. Partiram de lá às onze horas da noite, aproximadamente, em destino a Pombal.

Desde aqueles sábado, 15 de setembro de 1928, que já se sabia que Lampião encontrava-se no município de Tucano, pois todos os viajantes, que lá procediam, noticiavam aos habitantes de Pombal da visita do então cangaceiro.

Lampião e mais sete cabras do seu bando chegaram à vila de Pombal por volta das seis horas da manhã, um domingo do dia 16 de dezembro de 1928.

O Sr. Paulo Cardoso de Oliveira Brito, mais conhecido como "Seu Cardoso", narrou, detalhadamente, como foi a visita de Lampião na Vila de Pombal:

"Eu era intendente, na época. Desde o sábado à noite se corria o boato na rua que Lampião estava na cidade de Tucano, mas de paz.

Eles chegaram de manhã, bem cedinho, eu estava deitado e o empregado estava varrendo o terreiro da casa (o velho sobrado dos Britto), abordaram o empregado e mandaram me chamar. Com certeza eles já haviam se informado quem era o administrador da vila. O empregado subiu e me avisou, mas não soube dizer quem era; fui até a porta às presas e perguntei a ele o que queria. Ele se identificou por Coronel Virgulino.

Tomei um susto ao perceber que estava diante do mais temido bandido do sertão. Eram oito homens, sete ficaram encostados no carro e só o capitão tinha se aproximado.

Disse que queria tomar café. Mandei logo providenciar. Perguntou quantos soldados havia na vila; respondi que apenas três; mandou avisá-los para não reagir, pois estaria ali apenas de passagem ".

O próprio empregado foi até o quartel levar a tranquilizadora notícia, transmitindo-a ao cabo Esmeraldo, comandante e chefe do destacamento.

Lampião e seus cabras de deliciaram com o café com cuscuz que lhe ofereceu o anfitrião. Mas tarde, o bando chegou até o quartel, desarmaram os militares, intimando-os a acompanhá-los até a cidade mais próxima para onde iam. Lampião disse em tom sarcástico: “... assim vou mais garantido porque estou com a força".

Antes de saírem, Lampião e seus cangaceiros foram conhecer a Vila Alegre com a boa hospitalidade a eles oferecida. Para deixar uma ótima impressão de sua visita à Vila de Pombal, perguntou se havia um fotógrafo; mandaram chamar Alcides Franco, alfaiate e maestro da Filarmônica XV de outubro, que possuía uma máquina fotográfica. Pediu que batesse uma chapa do bando para ali ficar de recordação (essa foto é uma das mais nobres no acervo sobre o cangaceiro, presente em quase todos os livros, sobre o bandoleiro).

Por volta de oito horas da manhã o bando saiu da vila, partindo espalhafatosamente com destino a Bom Conselho (atual cidade de Cícero Dantas).

A partir daí Lampião continua suas andanças por terras baianas. Em 22 de dezembro de 1929, vindo de Capela, interior do Estado de Sergipe, passando por Cansanção, interior da Bahia, o Capitão Virgulino chega a Queimadas, cidade próxima a Monte Santo. No cumprimento de mais uma de suas façanhas, Lampião, nessa cidade, realizou um dos maiores saques cometidos na Bahia, acompanhado de gravíssimos crimes e orgias de sangue.

Após sair de Queimadas, tem-se notícias do bando dos cangaceiros no arraial de Triunfo (atual cidade de Quijingue), onde festejaram e saquearam o pequeno comércio local.

Ao amanhecer do dia 25 de dezembro de 1929, portanto três dias após o acontecido na cidade de Queimadas, mais uma vez Lampião e seus cabras chegam às redondezas de Pombal.

Nesta mesma manhã, o Sr. Cardoso recebeu um bilhete, mandado por Lampião, pedindo uma quantia exorbitante de dinheiro. A quantia era tão grande que se reunisse todo dinheiro da Vila, não pagava.

O Sr Cardoso temendo uma represália por parte do cangaceiro, se não enviasse pelo menos uma boa parte de dinheiro e uma desculpa bem, convincente, conseguiu o equivalente à metade do pedido, mandando pelo mesmo portador que trouxe o bilhete.

Não se registrou nenhuma agressão ou tentativa de saque na Vila de Pombal, certamente o Capitão Virgulino aceitou as desculpas do administrador local ou imaginou outra hipótese, como por exemplo, a essa altura, talvez já se encontrasse ali reforço policial e o bilhete que enviara dava testemunho de sua presença nas imediações. Dava tempo muito bem da força preparar uma emboscada caso ele tentasse invadir a vila. O certo é que Lampião dotado de muita astúcia e arquiteto das mais engenhosas proezas, sem dúvida tivesse pensado inúmeras desvantagens em tomar a Vila de Pombal para assalto.

Na mesma manhã do Natal de 1929, o bandoleiro chega ao distrito de Mirandela. Foi previamente informado que o destacamento era constituído de apenas cinco praças e um comandante; envia então uma intimação ao sargento, com os seguintes termos:

"Sargento arretire daí levando sua pessoa que preciso intra neste arraiá agora se você não sai ajusta conta com eu Capitão Virgulino vurgo Lampião".

Certamente o comandante do destacamento ignorava o recente acontecimento de Queimadas, onde Lampião enfrentou muito mais soldados do que os ali existentes. O sargento Francisco Guedes de Assis demonstrou disposição e evitou acatar ao intimato, contrariando ao desejo do cangaceiro, mandou-lhe resposta num outro escrito, com os seguintes dizeres:

"Bandido Lampião, estou aqui com a edificante missão de defender a população do Arraial contra a sua incursão e do seu bando. Se você entrar lhe receberemos a bala".

Pouca gente sabe desse episódio que aconteceu em Mirandela, porém, não só foi contado por moradores que vivenciaram o caso, como também foi encontrado um registro escrito por um dos cangaceiros, por nome de Ângelo Roque, confirmando o fato. O registro manualmente escrito dizia:

"Seguimo para Mirandela. Mandemo dizer ao sargento, qui tava distacado lá, que nóis, ia passa ali, sem arteração. Ele arrespondeu pelo portado qui nóis pudia passa pru fora da rua que ele num botam persiga atraiz. Mais si nóis intrasse dento da rua levava tiro. Isso foi num dia vinte i cinco di dezembro. Nóis arrezorveu ataca.

Um pade tava na igreja dizeno missa. Era um sargento Guedes. Disparemo as arma pra dento da rua qui istrondô i avanecemo pra frente".

O destacamento de seis militares, recebeu espontaneamente, a adesão de dois civis: Manoel Amaral do Nascimento e Jeremias de Souza Dantas.

Guedes divide sua pequena tropa em três grupos, colocando-os em três pontos diferentes e estratégicos. Eram dezessete bandidos contra seis militares e dois civis. Os bandidos invadem o arraial, atirando em todas as direções; Mirandela é heroicamente defendida.

A luta dura duas horas e meia, aproximadamente, apesar da desvantagem dos defensores. Em determinado momento, o fogo dos sitiados começa a decrescer. Os bandoleiros sentiram que estavam ganhando a batalha e acirraram o ataque.

Manoel Amaral do Nascimento foi ferido e, enquanto era conduzido pelo sargento para o interior de uma casa, é morto à queima-roupa por um bandido que se presume ter sido Alvoredo. Guedes ainda atira no cangaceiro, que pede socorro aos companheiros. Ao notar que os cangaceiros atendem ao apelo de socorro, Assis corre e se refugia no mato. Jeremias de Souza Dantas, popular Neco, o outro civil, também é assassinado.

Depois do acontecido, um cangaceiro por nome de Labareda, documenta o fato em uma folha de papel, reproduzindo o que se passou no local:

"Lampião entro pulo cento da rua, junto com Zé Baiano, Luiz Pedo e outros. Zé Baiano tinha sumido de nóis dois dia só i tomo partido das disgracera de Queimada. Us macaco de mirandela inda brigam muito mais porem terminaro debandano. I si escondero pru perto cum pirigo pra nóis di tiro imboscados. Morreu nessa brigada um camarada pru nomi Manoé de Mara. Matemo uns dento di casa i um macaco materno pruquê pidiu paiz cum lenço branco na boca du fuzi i ninguém intendeu ou num quis intendê. Tamem cangacero num tinha esse negoço di faze as paiz nu meio das brigada. Ele teve di morre pois teve brigano. Tumemo us dinhero pussive nu começo i nas casa”.

O saldo da guerra: morreram os dois civis, um dos militares, sendo que os outros, inclusive o sargento Guedes, fugiram, embrenhando-se no mato; também foi ferido um cangaceiro por nome de Luiz Pedro.

O bando sai de Mirandela, carregando o cangaceiro ferido, e vitoriosos, ganham o mato, como sempre, sem destino. Tem-se notícias do bando, mais tarde, de que estariam num esconderijo, perto de Pinhões, povoado de Euclides da Cunha, em um sítio é denominado Olho D'água.

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RIBEIRA DO POMBAL - Sua História!

Evertton Souza e Profª Maria Tereza Oliveira

RIBEIRA DO POMBAL, BA, Brazil

O presente Blog vem mostrar um pouco da historicidade da cidade de Ribeira do Pombal/BA, na qual a intenção é propagar a história do povo pombalense e também apresentar um pouco da sua origem até a atualidade, dando as nova gerações a oportunidade prática através de posts e fotografias de se conhecer e valorizar, as suas raízes, assim como professores e amigos de demais municípios os quais informar-se-ão do contexto histórico do nosso povo.

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18 de mai. de 2024

MARIA BONITA

 Por Fernando Santos

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15 de mai. de 2024

"O DESTINO VINGOU CRISTINA"

 Por Helton Araújo

A bela Cristina, nas hostes do cangaço foi companheira do chefe de subgrupo de Lampião, o cangaceiro Francelino José Nunes, vulgo Português.

Cristina teria se envolvido em um caso de traição com o também cangaceiro Antônio José dos Santos, vulgo Gitirana, cabra de Corisco. Esse fato causou grande reboliço em meio aos bandos, gerando grande desentendimento principalmente entre Corisco e Maria Bonita.

Português queria que Gitirana fosse morto, teria até ordenado que seu cabra Cícero Garrinchinha, vulgo Catingueira o executasse, porém, Corisco o impediu e colocou Catingueira em seu devido lugar.

Maria, achava injusto que Português ficasse desmoralizado, Corisco por sua vez não permitia que ninguém tocasse em seu cabra, Lampião no fim dessa confusão acabou aparentemente dando razão a Corisco, pois ele que era chefe de Gitirana.

A jovem Cristina, desesperada, pediu guarida no bando de Corisco, que a deixou ficar por uns dias, mas ela não poderia ali permanecer permanentemente, pois ele sabia que isso o traria grandes problemas. Dias depois, Cristina foi mandada por Corisco, com um coiteiro com destino a sua família, mal ela sabia o destino cruel que a reservava.

No final, ao que indica prevaleceu a vontade de Maria Bonita, que achava justo Português ter sua honra lavada, Cristina foi assassinada a facadas em 20 de Julho de 1938, seus algozes foram os cangaceiros Luiz Pedro, Juriti e Candeeiro.

Mas o destino reservava algo extremamente terrível para muitos dos envolvidos nesse caso.

O primeiro a perder a vida foi o cangaceiro Catingueira, ele que havia sido incumbido por Português para matar Gitirana e possivelmente também tentaria contra a vida de Cristina, foi morto em Alagoas em fevereiro de 1938, pela volante do Tenente João Bezerra que estava sob comando do então cabo Aniceto Rodrigues.

Uma semana depois da morte de Cristina, em 28 de Julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro foram alguns dos 11 cangaceiros mortos e decapitados na grota do Angico, em ação comandada pelo então tenente João Bezerra.

Em fevereiro de 1939, Português que estava preso em Santana do Ipanema, Alagoas, após ter se entregado às autoridades, foi morto no pátio da cadeia a tiros por um filho de menor de idade de uma de suas vítimas do passado.

Cristino Gomes da Silva Cleto, vulgo Corisco seria morto em maio de 1940 em Barra do Mendes, na Bahia, em ação comandada pelo então tenente José Osório de Farias, o afamado Zé Rufino.

Juriti em 1941, quando já estava anistiado decidiu voltar ao sertão sergipano e acabou sendo capturado pelo temido sargento Amâncio Ferreira da Silva, vulgo Deluz, esse com auxilio de seus capangas, amarrou e conduziu Juriti até um determinado local na região de Canindé, onde o jogou vivo em uma fogueira em chamas, ali Manoel Pereira de Azevedo, o Juriti, queimou em agonia até a morte.

Manoel Dantas Loiola, o popular Candeeiro, foi o único dos envolvidos na morte de Cristina a sobreviver, seu Né como também era conhecido no pós cangaço, faleceu já idoso em 24 de Julho de 2013 na cidade de Arcoverde, Pernambuco, aos 97 anos de idade.

Obs: Gitirana também sobreviveu ao cangaço, ao que indica entregou-se em Agosto de 1940. Uma linha de pesquisa diz que o mesmo faleceu pouco tempo depois vitimado pela tuberculose.

Por: Helton Araújo

Gostaram da história? Querem aprender mais sobre o cangaço? Então acompanhe nossos vídeos, garanto que tem muitas informações interessantes.

Deixo abaixo uma sugestão de vídeo. Com o título: "SUPER ENTREVISTA DO EX-CANGACEIRO VINTE E CINCO", segue o link abaixo 

https://youtu.be/XrZmrRUjMyU?si=IFZmtaBoJptVMsek

Não esqueça do link cabroeira.

https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2199325120411787%2C2198670020477297%2C2196731890671110%2C2197313973946235%2C2195882047422761%2C2196540837356882%2C2196473267363639%2C2196445254033107%2C2195264324151200%2C2194787434198889&notif_id=1715199760204142&notif_t=group_highlights&ref=notif

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12 de mai. de 2024

HUMBERTO PAZ - UM POETA ENGENHOSO

  Por Raimundo Cândido

Quem trafega pela CE 362, que transpassa o Distrito de Taperuaba, município de Sobral, observa um pico bem ao longe, do lado oposto à monumental Pedra da Andorinha, é a Serra da Caminhadeira. Lá viveu Vicente Lopes Vidal de Negreiros, o famigerado Vicente da Caminhadeira, um valentão chefe de um bando de cangaceiros e inimigo mortal de outro intrépido cangaceiro, o crateuense  Alexandre Mourão. As crianças de Taperuaba ouviam os mais velhos recitarem os versos que falavam da vida daquele facínora, com o famoso rifle canário na mão: “Quando o canário abre o bico / turva-se o tempo, meu bem / chore quem tem que chorar,/ que não sou pai de ninguém” 

Por ali, um magérrimo menino, aproveitando uma enxurrada recente a escorrer no meio da rua, construía uma barragem de brinquedo, mostrando sua engenhosidade precoce, pois, de tanto ouvir os versos sobre o cangaceiro Vicente, confundia sua baladeira com um bacamarte e já se achava um destemido cangaceiro também, mas maturava mesmo era a laboriosidade e as artimanhas de um poeta Cancão, que se revelaria mais tarde.

Mesmo com as agruras que a vida nos impõe, o jovem Humberto Paz, com sua eterna magreza, foi batalhar, foi estudar, foi subir os patamares que só os artimaniosos meninos conseguem alçar. Em Itapagé, onde viveu sua adolescência, deixou marcas nos bancos escolares e, com uma viola na mão, cantou Raul e Fagner pelas calçadas e bares da vida.  Depois de muito ralar e de muito penar, se viu com um diploma de Engenheiro na mão, carimbado pela renomada UFRN.

E andou, e vagueou, ganhando experiências, sapiências, agudezas, enredos, ardis para a concatenação numérica e vocabular e, de tanto bater asas pelo mundo acabou pousando no sertão de Cratheús para construir a imensa Barragem do Realejo, mas isso ele já sabia fazer desde criança. Engenheiro laborioso, preciso no prumo e no olhar, foi deixando sua arte em tudo que se propunha a realizar. O Teatro Rosa Moraes foi um exemplo da exatidão métrica dos números e foi um reflexo arquitetado para que a cidade se orgulhasse de um monumento grandioso saído da mente de quem verseja os números e numera as letras.    

E assim projetou, com carinho e afeto, a Biblioteca Norberto Ferreira, para os saborosíssimos livros que ele mesmo iria “devorar”, em honra ao avô que lhe apresentou a magia da leitura na campestre e bucólica Taperuaba. Projetou e construiu o Ginásio Poliesportivo Deromir Melo para que as crianças pudessem desenvolver suas irrequietas artimanhas com tranquilidade. Conseguiu erguer o interminável Terminal Rodoviário da cidade, e foi edificando um prédio aqui, estampando outro ali, e depois do benfazejo açude em Bom Jesus, assentou inúmeras barragens pelo sertão onde só se viam redemoinhos de poeiras, tudo isso como um caprichoso João de Barro que a tudo apura e averigua os prós e os contras, cristalizando, o que antes eram simples ideia no papel, em sólidas obras no ar.

Um dia o destino gritou bem alto e disse: Te aquieta, Cancão! Tu tens agora outra missão! E um aneurisma na aorta apaziguou sua ânsia de concretizar os monumentos, para que ele, pacientemente, solidificasse os momentos da vida em arte e poesia. Disse-lhe um amigo, o Júnior Bonfim, também um poeta metido a bonachão: “É, meu camarada, os versos não têm idade. Alguns nascem, crescem, permanecem invisíveis, nunca perecem e, um belo dia, aparecem.”

A poesia que vinha amadurecendo em Humberto Paz, estava engarrafada num tonel de carvalho como um bom vinho, vinha pegando textura e sabor de uma “uva” plantada lá na infância, talvez originados naqueles versos louvando o cangaceiro Caminhadeira, quem sabe.  E no seu livro intitulado “Quase Poesia” (Mas espia só!) saboreamos esse petisco: “ Dizem que o tempo não para, / porém não é bem assim! / Apesar do que parece, / Quem ama não envelhece. / O tempo lhe será leve / que nem a luz do luar, / o voar dos colibris... / Com toda sinceridade, / Sua maior felicidade / É ver o outro feliz”.

Dizem que os bons poetas andam flutuando, percebem o mundo num ângulo de 180 graus e até parecem distraídos, mas, como o pássaro cancão do sertão, notam tudo, a tudo observem captando a essência e o cerne invisível das coisas que somente os seres iniciados em mistérios são capazes de ver. Chama-se Pareidolia, o estímulo vago e aleatório de enxergar o que não existe bem no seio na terra, no meio das nuvens, entre os galhos secos, nas pontas das pedras e foi na construção de um açude, enquanto uma máquina arrancava troncos e raízes que o construtor/poeta ordenou para o tratorista: - Para! Para! Para!  E retira do meio dos escombros um intrincado pedaço de raiz e diz que é um animal, um belíssimo teiú arborizado. O que num pensaram os coitados dos operários de uma situação daquelas! Culparam o sol quente, na certa!  E de lá pra cá nunca mais parou. Suas peças de resquícios da Caatinga, pedaços de paus e amontoados de pedras, é uma das mais belas coleções, obras de arte captadas no eito do sertão e intitulada: Natureza e Poesia.

Um tronco de aroeira que parece um libidinoso bode bodejando, a ponta de uma estaca é um pangaré trotador e, se fosse para um bom artesão esculpir não ficaria igual, uma lasca de pau que é um peixe nadando no Rio Poti, um cipó encurvado é uma cobra pronta para dá um bote. Há uma tora de pau que é um boneco indecoroso com todos os apetrechos e penduricalhos de gente, tem um tal de cancaossauro, um tal cibitulino, um tal saciriema, um cavacopeixe, um dinoceronte todos de gravetos encurvados e os mais diversos objetos montados em pequenas pedras: Uma flor, um jogador de futebol, todas as marcas de carros já produzidos pela indústria automobilística estão lá, um fusca, o fiat, um ônibus, e diversos caros de luxo...

Bem, para explicar isso, só mesmo vivendo a vida que viveu o Dr. Humberto Paz, o famoso poeta Cancão, mas eu acho, penso eu, que foi um inútil capricho do destino, tirar um cidadão de uma vida produtiva na gloriosa engenharia, construindo obras utilíssimas, para coloca-lo no meio da sequidão dos açudes, nos leitos extenuados dos rios para procurar gravetos, raízes e pedrinhas... Sei não, esse destino é meio sem tino mesmo, eu acho!

Parabéns, poeta Cancão, engenhoso pelejador das palavras e grande artesão dos resquícios da Caatinga!

 http://academiadeletrasdecrateus.blogspot.com/2017/01/humberto-paz-um-poeta-engenhoso.html

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9 de mai. de 2024

O CANGACEIRO BARREIRA

 

Por Guilherme Velame Wenzinger

 O ex-cangaceiro "Barreira" em publicação de jornal, matéria que fala sobre a sua aposentadoria.

Jornal do Brasil(RJ) - 10/05/1982.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
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4 de mai. de 2024

CONFRONTO DOS MARCELINOS COM OS XAVIER - CANAL CANGAÇO EM FOCO

Por Cangaço em Foco
 https://www.youtube.com/watch?v=VV0b17txNeQ&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

Antigo Casarão dos Xavier em Barbalha CE.

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3 de mai. de 2024

FREI DAMIÃO...

 Por Robério Santos

Uma foto incrível da década de 90 em Nossa Senhora Aparecida-SE. No lado esquerdo, Pedro Francisco (que nos deixou recentemente), Frei Damião e Madrinha Vânia (que já partiu também). Foto provavelmente dentro da igreja Matriz. Vocês viram pessoalmente Frei Damião? Eu vi! Um santo em vida.

https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2191126007898365%2C2190751674602465%2C2190701034607529%2C2190610091283290%2C2189859401358359%2C2189989588012007&notif_id=1714592875493047&notif_t=group_highlights&ref=notif

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