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16 junho 2018

NOTA DE PESAR!

Por José Mendes Pereira
José Romero de Araújo Cardoso está vizinho a Lampião

Faleceu ontem a noite o professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso, vítima de problemas respiratórios. 

Nas últimas semanas ele estava desaparecido nas páginas sociais, entrei em contato com ele e fui informado que estava internado no Hospital Wilson Rosado em Mossoró.

Este foi um e-mail que ele me enviou quando havia desaparecido do facebook, e eu perguntei por onde ele andava. Respondeu-me: 

"Amigo Mendes, boa tarde:

Estava novamente de "molho" no Hospital Wilson Rosado. Fui internado, cigarro demais que estou fumando, muito deprimido, muito triste. Estava com infecção pulmonar e pneumonia. Tive alta ontem. 

Passei 8 dias hospitalizado. Deus me proteja, Deus nos proteja!

Abraços!"


José Romero era um homem de inteligência apurada, professor adjunto da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, residente em Mossoró, deixa dois filhos e muitas saudades.

José Romero foi um dos que fez o "Blog do Mendes e Mendes" - http://blogdomendesemendes.blogspot.com tornar-se bem conhecido por este Brasil afora com os seus belos trabalhos sobre Cangaço, Padre Cícero, coronel Delmiro Gouveia, Pombal...

Vai com Deus, pesquisador, e muita falta irá fazer para nós amigos, e principalmente, para diversos blogs que você colaborou por muitos anos.

Ninguém tem certeza para onde você irá, mas a estrada poderá ser outra, mas o caminho que você seguirá será o mesmo para todos nós que aqui continuaremos até chegar o nosso dia. 

http://bogdomendesemendes.blogspot.com
 http://josemendespereirapotiguar.nblogspot.com

15 junho 2018

O BRASIL VOLTA SEUS OLHOS PARA POÇO REDONDO

Por Manoel Severo

Há nove anos iniciamos ao lado de inúmeros apaixonados pela cultura e tradições nordestinas esta jornada chamada Cariri Cangaço, é verdade... já se vão nove anos,muitas veredas percorridas e muitas histórias para contar. O Cariri Cangaço promove não só Conferências, Debates, Visitas Técnicas,Lançamentos de Livros, enfim, o Cariri Cangaço promove acima de tudo o ENCONTRO DAS PESSOAS e isso não tem preço.Mais uma vez nos encontramos diante de um novo desafio, a partir do sensacional Cariri Cangaço Poço Redondo 2018 consolidamos nossa presença no estado de Sergipe e pela primeira vez chagaremos ao estado da Bahia a partir da Serra Negra, município de Pedro Alexandre, para nós um tento importante, agora são 6 estados: Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.Dois dias nos separam de mais uma grande demonstração da integração de uma Nação chamada nordeste, reuniremos a partir desta quinta-feira em Poço Redondo, Sergipe e Pedro Alexandre na Bahia, personalidades do universo do estudo e pesquisa do cangaço de todos os cantos deste país, numa autentica festa da alma nordestina.

Nos cenários importantes e significativos dos dois municípios, onde ocorreram episódios marcantes da historiografia do cangaço; como o fatídico Angico e o espetacular fogo do Maranduba, sem falar na enigmática Estrada de Conselheiro e a grandiosa Serra Negra dos Carvalho, o Cariri Cangaço busca mais uma vez nesta sua 21ª edição, fragmentos da verdade histórica na direção da consolidação de nossa memoria.Tudo foi pensado para que pudêssemos proporcionar, tanto para as queridas famílias de Poço Redondo e de Pedro Alexandre, como para os convidados de todo o Brasil, uma programação rica, dinâmica e extremamente responsável, marcas de nossos empreendimentos. A Comissão Local em Poço Redondo, com Manoel Belarmino, Rangel Alves da Costa, Maria Oliveira, Fernandes Reis, Djalma Feitosa e tantos outros estimados amigos, o apoio incondicional do querido amigo prefeito Junior Chagas e uma zelosa equipe em todas as secretarias, como também o decisivo apoio em Pedro Alexandre da tradicional Família Carvalho, nos dão a certeza de um excepcional evento no "chão sagrado de Alcino", o nosso patrono, o Caipira de Poço Redondo.

Temáticas preciosas, próprias do lugar...presenças de personalidades talentosas e que dedicam boa parte de suas vidas à pesquisa do cangaço não dão a certeza de mais um grande empreendimento que se inicia nesta próxima quinta-feira. Assim, gostaríamos de convidar a cada um de vocês para virem conosco, sem dúvidas, estaremos juntos escrevendo mais uma página importante dessa fantástica saga de nossos sertões.

Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço, 12 de junho de 2018

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/06/o-brasil-volta-seus-olhos-para-poco_12.html

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14 junho 2018

VOCÊ SABIA? O CANGAÇO FOI OBJETO DE ESTUDOS E PESQUISAS DOS ALUNOS DA FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE


No Arquivo da Faculdade de Direito do Recife há um relatório documentando uma viagem de observação e pesquisa na “zona sertaneja assolada pelo banditismo” realizada por uma comissão de estudantes da Faculdade na ocasião da morte de Lampião e de seus companheiros em Angico, sertão de Sergipe, em julho de 1938.

Sob a orientação dos professores Drs. José Joaquim de Almeida e Aníbal Firmo Bruno, formou-se, na Faculdade de Direito do Recife, uma comissão de estudantes do 2º ano do curso de bacharelado, a qual, para conseguir facilidades em Alagoas, tomou o nome de Comissão Acadêmica Coronel Lucena, com a finalidade de visitar e estudar os resultados da Tragédia de Angico in loco.

A Comissão visita o Cap. João Bezerra no Pronto Socorro

Compunha-se a caravana de seis acadêmicos: Wandenkolk Wanderley (presidente)1, Elisio Caribé3, Décio de Sousa Valença4, Plínio de Sousa5, Haroldo de Mello6 e Alfredo Pessoa de Lima2.

A este incumbia apresentar ao interventor federal em Pernambuco, Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães, o relatório da missão.

Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães
http://www.fgv.br/cpdoc/guia/detalhesfundo.aspx?sigla=AGM

Os estudantes acompanharam de perto as análises frenológicas e antropométricas praticadas sobre as cabeças dos cangaceiros e tiveram a oportunidade de examinar as peças de fardamentos, ornamentos e pertences dos cangaceiros, além de observar o local da caatinga em que se travou a luta.


A Comissão ouvindo a prelação sobre os dados antropológicos 
colhidos nas cabeças.

Por fim, os estudantes da Faculdade de Direito do Recife entenderam que o Cangaço é resultante de um tríplice sistema de fatores: sociais, mesológicos e antropológicos.

Referências:
Comissão Acadêmica Coronel Lucena. Arquivo da Faculdade de Direito do Recife.

Pesquei no site da www.ufpe.br

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/06/voce-sabia.html


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11 junho 2018

O CANGACEIRO ZÉ GATO - ZÉ GATO ENTROU PARA O CANGAÇO QUANDO SUA IRMÃ FUGIU COM O CANGACEIRO PASSARINHO.

Reportagem Juarez Gaudencio

O CANGACEIRO ZÉ GATO

Esse era o nome de guerra de Zé Vicente no cangaço de Lampião.

A Revista TERRA do Mês de outubro traz uma reportagem sobre os últimos sobreviventes do cangaço. E Zé Vicente se destaca como o único do bando que vive com sua família. Pois os outros tiveram que fugir de casa. A matéria traz desde Angico em Sergipe, até a Baixa do Chico. Em destaque uma foto com Zé Vicente e Maria São Pedro (peda)


Veja abaixo uma parte da reportagem por Ricardo Beliel

ZÉ GATO ENTROU PARA O CANGAÇO QUANDO SUA IRMÃ FUGIU COM O CANGACEIRO PASSARINHO.

Num povoado ainda menor Juá. Encontro José Vicente Xavier conversando com sua filha Maria São Pedro. Os dois sentados em frente a casa onde moram. Ele me fuzila com seu olhar ainda intimidador aos 96 anos. Confirma que sua irmã fugiu com o cangaceiro Passarinho e ele ainda muito jovem também não resistiu ao fascino daquela aventura. Mas não dá muito detalhe. Sua admiração pelo chefe escapa em poucas palavras que cortam seu profundo silêncio interior. "era um homem que cabia um abismo dentro de si", diz sobre Lampião. O velho Xavier desconversa. Mas segundo os pesquisadores Antonio Amaury de Araújo e João de Souza Lima. Ele não é outro senão o próprio cangaceiro Zé Gato. Volto a Paulo Afonso com Antonio Amaury. Que tem 250 horas gravadas com entrevistas de personagens do misterioso mundo do cangaço. Para um derradeiro encontro com o passado.


Dona Antonia ex-companheira do cangaceiro gato e o escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima.
Chegamos ao anoitecer no bairro do Mulungu para visitar dona Antonia. Considerada a mais velha das cangaceiras que ainda restam (restavam). Mas encontramos a casa dela trancada e as escuras ficamos sabendo pela vizinha Cida Pretinha que dona Antonia havia morrido. Apenas um mês antes, ao completar 108 anos. Resta-nos ouvi as muitas histórias que dona Antonia compartilhou com vizinhos. Como a do seu conturbado caso de amor com o cangaceiro Gato. 

Dona Antonia companheira do Gato e o escritor e pesquisador do cangaço Sérgio Augusto de Souza Dantas

A velha Antonia lembram seus amigos do Mulungu. Foi mulher do bandoleiro mas não se conformava de dividi-lo com sua prima Inacinha. Para resolver o impasse. Pediu pediu permissão ao próprio Lampião para deixar o casamento e o cangaço.

Reportagem Juarez Gaudencio

  Web site: www.freewebs.com/jornalpiao/noticia64.htm  Autor:   www.freewebs.com

http://www.cangacoemfoco.jex.com.br/historia+do+cangaco/o+cangaceiro+ze+gato

ADENDO: 

O pesquisador do cangaço Joel Reis tem as seguintes informações sobre o cangaceiro Zé Gato: 

José Vicente Xavier, Ex-Cangaceiro Zé Gato aos 96 anos (2007) e sua filha Maria São Pedro, Dona Peda.

Povoado de Juá, 2007.

Zé Gato era filho do casal Antônio Vicente e Francelina, sua irmã era a cangaceira Sabrina.


Foto: Cortesia de Ricardo Beliel

 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1800813396650215&set=gm.830769047132041&type=3&theater&ifg=1
Web site: www.freewebs.com/jornalpiao/noticia64.htm  Autor:   www.freewebs.com

Foto: Cortesia de Ricardo Beliel

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07 junho 2018

REALIZAÇÃO DE SONHOS TENDO O SERTÃO POR TESTEMUNHA

Por Manoel Severo

Não me canso de afirmar: O Cariri Cangaço é uma imensa e extraordinária construção coletiva, isso desde sempre e para sempre... Agora novamente mais um desafio encantador, oficialmente tendo o querido estado de Sergipe como sede de nosso empreendimento, chegamos neste 2018 de fato e de direito ao solo da enigmática e poderosa Poço Redondo; grande e precioso território do sertão de Sergipe que guarda em seu íntimo e no coração de suas famílias um dos recortes mais importantes de toda a história do cangaço.

Não foi a toa que nosso Conselho Consultivo a partir de 2013 recebeu a honrosa denominação de Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço; assim o Caipira de Poço Redondo; um dos maiores e mais importantes pesquisadores da temática cangaço, com uma lucidez desconcertante, um incorrigível apaixonado pelo cangaço, pelas coisas do sertão e por sua Poço Redondo marcaria para sempre a história de nosso Cariri Cangaço.


As emoções de Alcino Alves Costa e o Cariri Cangaço

Tudo começou ainda nos idos dos anos 2009,2010,2011, quando Alcino; um entusiasta do Cariri Cangaço; nos provocava pela descentralização de nossas ações, partindo do meu Ceará para todo o nordeste e até chegar em sua querida Poço Redondo. De lá até aqui se vão sete anos oito anos, empreendemos por outros sertões, vieram os estados da Paraíba, Alagoas e Pernambuco, e com eles mais dez municípios; chegar a Poço Redondo seria uma questão de tempo... Alcino já não está conosco, partiu para velar pelo nosso sertão lá do céu... 

É bem verdade que nas fantásticas edições de nossos Cariri Cangaço Piranhas, tivemos a grata satisfação de aportar na terra de nosso Caipira e de forma solene abraçar e render homenagens à sua memória...Entretanto o compromisso ainda carecia de ser mais verdadeiramente cumprido.

Hoje, sete de junho de 2018, apenas sete dias nos separam de cumprirmos esse compromisso; quase espiritual, aliás também espiritual; um compromisso não só com Alcino, não só com Poço Redondo e seu amado povo, mas e principalmente com a história do cangaço. O Cariri Cangaço Poço Redondo particularmente para mim sela e consolida nosso sentimento e atitude de percorrer os mais importantes cenários desta saga das caatingas inciada há nove anos atras, que tem em Poço Redondo um de seus expoentes. Vamos sim recontar muitas histórias , vamos sim celebrar nossa memória, vamos sim "celebrar o chão sagrado de Alcino"... Sejam bem vindos agora e sempre.


As emoções de Alcino Alves Costa e o Cariri Cangaço

"Minha paixão pela temática cangaço surgiu ainda quando menino; de uns 10 a 12 anos...As andanças pelas caatingas famosas de nosso sertão já contam 16 anos...O encontro com um dos grandes Mestres:13 anos ! Em 2005 estive pela primeira vez em Poço Redondo e ali para minha grande honra conheci e passei a amar profundamente Alcino Alves Costa. Estamos chegando Caipira de Poço Redondo, chegando para celebrar seu sonho, sua vida, sua paixão... 
Que venha o Cariri Cangaço Poço Redondo" 

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço
Diretor da SBEC e do GEEC
07 de junho de 2018, Fortaleza, Ceará

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/06/realizacao-de-sonhos-tendo-o-sertao-por.html

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04 junho 2018

ENSINA-ME A CUMPRIR TUA VONTADE!

*Rangel Alves da Costa

Senhor, então me ensina a cumprir Tua vontade. Assim está escrito no Salmo 143,10: Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito bom me guie por terra plana.
E assim Senhor, por que nada tenho e nada possuo que não seja de tua dádiva e de tua caridade, e por ter recebido de tuas mãos, que eu possa sempre preservar e frutificar e fazer do seu uso o melhor à vida e ao viver.
Se me fizeste para o bem, para a bondade, para a fraternidade, então por que eu haveria de percorrer outros caminhos e ser diferente? Se me deste a dádiva da existência, do viver e semear sobre a terra, então por que eu haveria de transgredir ao que me foi confiado?
Senhor, meu Pai, confiaste a mim a graça de ser filho teu. Deste-me a paternidade e um livro aberto com todas as lições para a vida. Jamais será honroso a um filho renegar sua paternidade nem rasgar o sagrado livro da existência.
Ensina-me Senhor, ensina-me a cumprir sempre a tua vontade. Num mundo desnorteado, num mundo amedrontado e violento, num mundo pecador e de perdição, não permita que eu fraqueje perante o mal. Se é da tua vontade viver para o bem, então me proteja com teu manto e dê-me o cajado para afastar de mim as más ovelhas.
Sou teu filho ó Pai, mas um frágil filho, um temeroso filho, um filho apenas. Dai-me, então, a força que não seja a do enfrentamento rancoroso, a coragem para lutar sem pegar em armas que firam, o destemor para conquistar caminhos sem ter que passar por cima das flores do caminho nem das pessoas que seguem pela mesma estrada.
Ensina-me ó Pai, ensina-me sempre a cumprir tua vontade. Se é da tua vontade que eu cumpra a tua vontade, se é do teu desejo que eu seja um filho fiel, então afasta de mim o cálice sujo de sangue, a má companhia, toda ingratidão que me ronda, toda falsidade que me persegue.


Torna-me, Senhor, não a perfeição humana, não o mais correto dos homens, não o menos pecador entre todos, mas apenas aquele que viva sem levar entristecimento aos olhos teus. Bem sei, ó meu Pai, o quanto sofres pelo filho desregrado, pela cria que se desgarra do rebanho e vai por tortuosos caminhos.
Senhor, meu Pai, ouça bem o que digo: mesmo nascido como dádiva sagrada, o ser humano dificilmente conseguirá fazer brotar a boa semente acaso a terra onde pise esteja devastada pela incúria, pela falsidade, pelo egoísmo, pela arrogância, pela cobiça, pela vaidade. Sozinho o filho teu é frágil demais para vencer todo o mal, então que lance sobre a terra a proteção aos justos e os arrependimentos aos injustos.
Se quiseres, meu Senhor, que teu filho cumpra fielmente tua vontade, que faça chover dádivas sobre a boa terra e do seu leito os melhores frutos: amor, compaixão, perdão, irmandade, fraternidade, comunhão, afeto, compreensão, pureza no coração. Floresça, ó Pai um jardim no meu e em todo coração.
Torna-me, meu Senhor, mais humanizado e tão humano que não esconda a lágrima quando sinta a dor, que não grite a aflição perante a tormenta, que não silencie perante a necessidade de bradar. Meu Senhor, somente a humanização dos sentimentos fará brotar o verdadeiro olhar diante da fome, da sede, da pobreza, de toda necessidade.
Prometo Senhor, não descurar do que foi escrito nem reescrever a minha sorte ao sabor de minhas conveniências. Reconheço, ó Pai, que nada sou sem vossa paternidade. Por isso que ao acender a vela e levantar minhas mãos em oração, que tudo seja como uma porta do Pai que se abre para reconhecer no filho, no teu filho que sou, aquele que serve ao mundo em nome do Pai.
Ensina-me, pois, a cumprir tua vontade. E mais que teu filho serei, pois serei orgulho e alegria perante o teu olhar!

Escritor
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03 junho 2018

CASOS DE FAMÍLIA... A SEPARAÇÃO DE MARIA COM ZÉ DE NENÉM E O‘APROCHEGO’ COM O "REI DO CANGAÇO"

Por Sálvio Siqueira

Maria Gomes de Oliveira segunda filha do casal José Gomes de Oliveira, José Felipe e de dona Maria Joaquina Conceição de Oliveira, Maria Déa, como toda moça no desvirginar da adolescência, sonha em casar e ter seu ‘príncipe encantado’ ao seu lado por toda a vida.

Nos sertões nordestinos esses sonhos eram, na maioria das vezes, uma maneira de fugir, escapar, do modo, maneira, ao qual eram tratadas as meninas pelos pais.

A criação não era nada fácil para um casal de agricultores, vivendo exclusivamente do que a roça lhes oferecia. O maior temor de um pai, ou uma mãe de família, naquela época era ter sua filha vendendo seu corpo nos cabarés das cidades. Principalmente a mãe, pois o machismo reinante faziam-na exclusivamente culpada. Com esse receio, em vez de educar, mostrando o fato, como a coisa se dava, e assim ela própria teria tempo para construir uma forte ‘muralha’ como defesa, os pais faziam eram manter suas filhas como escravas, ensinando, quando ensinavam, como ser obedientes em tudo ao marido. Logicamente, como em toda regra tem exceção, nessa também teve a sua.

O Casório…

Como em toda adolescência faz-se os grupinhos de moças e rapazes, com particulares e ‘segredos’ entre eles, naquele tempo, também tinha. Nos anos que se seguiram, Maria foi ‘ganhando’ uma ruma de irmãos, e fazendo amizades com algumas primas e primos. Logicamente todo mundo teve sua, ou seu, confidente, e Maria Gomes, Maria de Déa, tinha sua prima Maria Rodrigues de Sá como tal. Nas festividades, sambas e forrós que tinham na região, nas cidades de Santa Brígida, Santo Antônio da Glória e Jeremoabo, todas no Estado baiano, as quais ficavam mais perto de seu lugarejo, Malhada da Caiçara, pelos cálculos da época, como suas primas e amigas, Maria de Déa arrumou namoricos com um ou outro rapaz. 

Quis o destino que Maria se apaixona pela primeira vez por um de seus primos chamado José Miguel da Silva, por todos conhecido como Zé de Neném, da mesma localidade em que nascera, na Malhada da Caiçara, tendo uma espécie de ‘atelier’, ou um quarto de trabalho, um local para trabalhar, em Santa Brígida, onde exercia sua profissão de sapateiro.

Zé de Neném


"(…) Zé de Neném era filho de Pedro Miguel da Silva conhecido por todos na região pela alcunha de Pedro Brabo e Maria Conceição Oliveira, apelidada de Neném. O parentesco do sapateiro com Maria de 'Déa' vinha por parte da sua avó, Generosa Maria da Conceição, uma senhora que era conhecida pelo apelido de Juriti e que era irmã de Zé Felipe, pai de Maria (…).” (“A trajetória guerreira de Maria Bonita – A Rainha do Cangaço” –LIMA, João de Sousa. 2ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2011)

Foto da casa dos pais de Maria Bonita.


Como a família de Maria Gomes, a família de Zé de Neném era bastante grande. Naquela época não havia os meios contraceptivos atuais e, com toda certeza, fazer, fecundar, filho era como se fosse um investimento para o futuro, erroneamente pensavam assim os catingueiros. No futuro eles iriam ajudar os pais nas lidas diárias das fazendas, essa, e simplesmente essa, era a razão. Dentre as irmãs do sapateiro, destacamos Mariquinha Miguel da Silva, que, em determinada época, deixa seu marido, Elizeu, que era proprietário da fazenda Ingazeira onde moravam, e dana-se no mundo sombrio e incerto do cangaço com o bandoleiro Ângelo Roque, chefe de um dos subgrupos do bando de Lampião, que tinha a alcunha de ‘Labareda’.

Maria e José casam-se.

Não demoraria muito para que se começassem as incompatibilidades.

A Separação…

Maria era por demais ciumenta e seu esposo, Zé de Neném, um verdadeiro ‘pé de forró, não saindo dos sambas.

Certa feita, estando Zé em um dos vários botecos, bebendo com alguns conhecidos, chega Maria e arma o maior escarcéu. Zé se defendia das acusações de Maria até quando pode, porém, a baiana encontra em um de seus bolsos uma lembrança de uma ‘amiga’, um pente com o nome da mesma. Nisso o pau quebrou pra valer. E a já conturbada vida a dois entre Zé e Maria, pelo fato de Maria não engravidar, desmorona-se de vez.

Maria Bonita – Fonte – http://umas-verdades.blogspot.com


“(…) Maria encontrou um pente em um dos bolsos do marido, com o nome de uma moça gravado no objeto (…). Este tipo de discussão e separação tornou-se uma constante e marcou significativamente o relacionamento dos dois (…). O casal não chegou a ter filhos. Alguns amigos confirmam a esterilidade do sapateiro Zé de Neném, que não chegou a engravidar nenhuma das mulheres com quem viveu (…).” (Ob. Ct.)

Pois bem, nessa, como em tantas outras ‘separações’, Maria Gomes corria à procura dos braços acalorados e protetores de seus familiares, apesar de seu pai, Zé Felipe, não concordar com tais separações, ela assim procedeu por várias vezes.

E Chega Lampião!!!

Em uma dessas separações, já se indo alguns dias, mais ou menos quinze dias de Maria estar na casa de Déa, sua mãe, ela, por um acaso conhece o “Rei dos Cangaceiros”. Achamos, particularmente, que num ímpeto, Maria deixa aflorar seu ego, e permitiu que se falasse o cupido. Tanto Maria, quanto Lampião sente alguma coisa dentro deles de cara. A atração foi dupla e contagiante. Lampião, que tanto fez arapuca, tanta emboscada aprontou, caiu de quatro pela armadilha que o destino lhe fez. A morena da Malhada da Caiçara acabou de domar uma fera nascida e criada na região pernambucana do Pajeú das Flores. Não podendo mais esconder sua paixão, Lampião inventa de inventar uma encomenda, vários bordados em lenços de seda, simplesmente para ter a desculpa, de vindo ver se tinha algum lenço pronto, vir mesmo era Maria. Sabedora dos planos de Virgolino, Maria, logicamente aceita a encomenda e trata de, também, curtir aqueles raros momentos.




“(…) Era uma sexta-feira, Lampião pisou o batente da casa de Zé Felipe e Maria Déa. Odilon Café apresentou ao cangaceiro uma das filhas daquele casal, que no momento se encontrava ali, por estar separada do marido.

Novos sentimentos renasceram naqueles minutos seguintes. Depois de uma rápida conversa, lampião pergunta a Maria:

– Você sabe bordar?

– Sei!

– Vou deixa uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!

Este foi o primeiro diálogo realizado entre Lampião e aquela que seria a sua grande companheira e eterna paixão, até o fim da vida (…).” (Ob. Ct.) 


A partir de determinado tempo, ou de um dos encontros entre eles, não teve mais volta. O pai de Maria Gomes, Zé Felipe, não aprovava o namora entre ela e Lampião. Já por outro lado, sua mãe, Maria Déa, parece que até ‘cortar jaca’, cortou, para que eles se encontrassem.


Violência Policial Contra A Família De Maria Bonita

Naquele tempo, a casa que recebesse com maior constância visita de cangaceiro, com toda certeza, logo, logo receberia a visita de alguma das volantes que caçavam os grupos. Então, rastejando os vestígios dos cangaceiros, as volantes terminaram fazendo, também, várias ‘visitas’ a casa da fazenda do pai de Maria Gomes, Zé Felipe. Com o aperto que deram no velho patriarca, cacete nele e sua família, até Zé de Neném foi pra debaixo da madeira, Zé Felipe resolve mandar sua filha para casa de um parente na fazenda Malhada, nas Alagoas. Para que assim, as volantes os deixassem em paz. Ao saber disso Lampião vai e dá um ultimato para Zé Felipe, ou ele manda buscar sua Filha em terras alagoanas ou ele destrói a fazenda com tudo que nela existia. Sem ter, novamente, uma saída, Zé Felipe manda alguém buscar Maria, sua filha.
Maria Bonita – Fonte – blogs.ne10.uol.com.br


Ao retornar, Maria Gomes percebe o quanto sua família estava envolvida numa encrenca desgraçada por seu romance com o ‘Rei do Cangaço’. Nesse momento, ela toma uma decisão importante que mudaria a vida de muita gente, principalmente a do pernambucano fora-da-Lei, para que a Força Publica deixasse seus familiares em paz. Quanto da localidade de onde Maria Gomes resolvera seguir com Lampião, não fora na fazenda onde nascera, a Malhada da Caiçara, e sim, numa outra localidade, onde cuidava de sua avó materna, Ana Maria, que estava enferma, denominada Rio do Sal.

Ao contrário do que pensou, planejou Maria de Déa, a Força Pública não se afastou da casa de seus familiares, pelo contrário, as visitas tornaram-se mais constantes e violentas, tendo como alvo principal o velho Zé Felipe, seu pai.

Estando já a não aguentar mais tanta pressão e cacete, Zé Felipe recebe a visita de um dos soldados da volante, que era seu amigo Antônio Calunga, dizendo-lhe que o comandante da volante recebera ordens superioras de acabar totalmente com a fazenda Malhada da Caiçara, matando todos que naquela ribeira moravam.
Zé Felipe, pai de Maria Bonita. 


Zé Felipe agradece ao amigo, junta sua família, desce rumo às águas do “Velho Chico” aluga uma embarcação, coloca todos dentro e passa para o solo alagoano. Vai montar residência no sítio chamado ‘Salgado’, no município de Água Branca. Porém, sua estada nele é curta. Pega suas trouxas novamente, levanta acampamento, junta seus familiares e parte rumo ao local denominado ‘Salomé’, o qual, hoje é a cidade de São Sebastião.

Nessa agonia, tendo de deixar suas terras por serem perseguidos e maltratados, constantemente, pela volante, um de seus filhos, conhecido como Zé de Déa, resolve juntar-se ao cunhado, Lampião. Lá estando, conta por tudo que seu pai, sua mãe, seus irmãos e irmãs passam. Lampião ordena que se façam as vestes, bornais, cartucheiras, em fim, toda a tralha de um cangaceiro para seu ‘cunhado’, e separar-se, também, as armas para o mesmo usar. No entanto, Maria sua irmã, não permiti que ele use armas. Mesmo estando por mais ou menos oito dias no acampamento, Zé de Déa e sempre aconselhado pela irmã para não fazer parte daquela vida em que ela metera-se. Termina o irmão por ceder aos conselhos da irmã.

O “Rei dos Cangaceiros”, através da sua malha de informantes, sabe da fuga do sogro e sua família, assim como tem o conhecimento da ordem e do nome do policial comandante incumbido da tarefa de matar toda a família de Maria, sua amada, que seria o tenente Liberato de Carvalho.

Recado de Capitão para Capitão…

Maria Bonita cangaceira

Certo dia chega a casa onde moravam Zé Felipe e sua família, uma volante policial. Começam a destruir as coisas, matam alguns animais que estavam soltos, mas, próximos a casa. Sem ninguém da família na casa para saciar a ira dos volantes, sobra para um morador das redondezas, que seria, segundo indicaram, um coiteiro, o qual é colocado debaixo de cacete e depois assassinado pela tropa.


“(…) Uma volante visitou a casa de Zé Felipe e não encontrando ninguém, quebraram as madeiras dos currais, destelharam e quebraram parte do telhado da residência, matando alguns animais. Menos sorte teve o coiteiro Manuel Pereira, conhecido como Manuel Tabó, que por não ter fugido acabou sendo espancado e morto pelos soldados (…).” (Ob. Ct.)

Lampião, sempre ardiloso, sabia que partir para enfrentar de cara a volante, indo a desforra, pelo que fizera nas terras da Malhada da Caiçara, usa de outra artimanha. Ordena a um de seus ‘cabras’’ que vá em determinado lugar, e peça a determinada pessoa para vir vê-lo. Essa pessoa já havia, em outras oportunidades, feito o mesmo que ele o enviaria para que fizesse.

Essa pessoa era conhecida pelo apelido de Tonico, e era irmão de Zé de Neném, ex marido de sua companheira Maria de Déa.

Atual Delegacia de Polícia Civil de Jeremoabo, o antigo aquartelamento dos tempos do Cangaço – Fonte – Rostand Medeiros 


Lampião escreveu uma missiva e determina que o jovem a leve ao Capitão João Miguel, em Jeremoabo, BA. Assim, o jovem após dar voltas e ter a certeza de não estar sendo seguido, parte rumo ao destino determinado. Lá chegando, procura o oficial no QG.

“(…) Tonico seguiu em direção ao quartel, sendo recebido por um sargento que fazia a guarnição e lhe perguntou:

- O sinhô qué fala cum quem?

- Com o Capitão João Miguel!

- Eu posso resolver?

-Não, tem que ser com o Capitão!

O sargento foi até a sala do capitão, retornou alguns minutos depois e pediu para que Tonico o seguisse até a sala do oficial (…).” (Ob. Ct.)

Tonico era frio, Lampião sabia escolher a pessoa certa para cada missão específica. E essa era bem difícil de ser cumprida, pois tinha que o colaborador entrar em um quartel militar. Chegando diante do capitão, esse dispensa o sargento e recebe o papel que lhe é entregue pelo portador.

“(…) O Capitão João Miguel, depois que leu o bilhete, falou: “Se você está numa missa dessa, não é preciso pedir segredo, pois você deve ser da confiança de Lampião”.

Os dois conversaram secretamente, trancados dentro da saleta. O Capitão João Miguel mandou a resposta: diga ao Capitão que pode mandar o sogro dele voltar, pois a partir de hoje não passará mais nenhum soldado na sua porta.  Na manhã seguinte, ao despertar, Tonico regressou da sua missão, trazendo consigo, a promessa positiva de que nenhuma volante iria mais importunar aquele pedaço de chão e sua gente V…).” (Ob. Ct.)

Vejam que Virgolino não só sabia manejar as alavancas das armas que usou, mas, também, com tinta, pena e papel, fazia suas defesas diante de uma guerra particular, imposta por ele mesmo, contra seus inimigos.

Uma das coisas que mais ocorreu no cangaço foi à traição, tanto do lado dos cangaceiros e coiteiros, como mesmo do lado daqueles que os davam combates. E essas atitudes, tomadas por dinheiro ou ‘favores’, foram mais um motivo para que Lampião prolongasse por quase vinte longos anos, seu reinado de sangue, lágrimas e mortes nas entranhas do sertão nordestino.

Fonte “A trajetória guerreira de Maria Bonita – A Rainha do Cangaço” – LIMA, João de Sousa. 2ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2011. Foto Ob. Ct. Benjamin Abrahão

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AS CANTORAS GÊMEAS.

  Por Saudade Sertaneja Célia Mazzei (Célia) e Celma Mazzei (Celma) nasceram em Ubá, Minas Gerais, em 2 de novembro de 1952. Irmãs gêmeas, i...