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07 novembro 2019

OPINIÃO

LAMPIÃO ANALFABETO?!

O pesquisador e confrade Luiz Ruben compartilhou um recorte em que o jornalista e meu conterrâneo Ancelmo Gois, em sua coluna do Jornal do Commércio de Recife, edição de 16 de Dezembro de 2012, publicou a seguinte "nota":



Um conceito demasiado. Faltou especificar, completar o adjetivo com o termo "Funcional". Virgolino, mesmo limitado, sabia ler, "escrever" e contar. E não são as imagens que nos fazem duvidar ou acreditar em tal habilidade. São testemunhos de ex companheiros e até mesmo dos seus oponentes, disponíveis na literatura. 

Vejamos o que localizei no livro de memórias do tenente João Gomes de Lira, conterrâneo e inimigo de Lampião que tem um capitulo sobre o aludido assunto:

Apesar de sertanejo inculto, vivendo em meio atrasado, José Ferreira procurou dar aos filhos a educação básica. O menino Virgolino Ferreira, assim como os seus irmãos Antonio e Livino receberam os primeiros conhecimentos no ano de 1907.  
Residindo no Riacho São Domingos distrito do município de Vila Bella (Serra Talhada), enviou os três filhos mais velhos à casa do senhor Raimundo Gago, em Pitombeira, próxima a cidade de Vila Bella, afim de que os meninos frequentassem a escola pública do professor Auxêncio da Silva Viana... 1.
Os pesquisadores Antonio Amaury e Vera Ferreira em sua obra "De Virgolino a Lampião" ainda indicaram um outro professor chamado Justino de Nenéu 2

 Um outro autor bastante consultado, o pernambucano Frederico Bezerra Maciel, também dedicou um capitulo sobre este período.

Os métodos pedagógicos que fizeram época foram de inegáveis resultados positivos: O sertanejo que se interessou, aprendeu a ler soletrando e cantando as 26 lições da famosa "Carta do ABC" de Landelino Rocha, que continha apenas 16 páginas. E da tabuada cantada ritmicamente em comum pela classe, com palmatória.
O professor Justino de Nenéu viera ensinar Virgolino e seus irmãos na casa da Fazenda Serra Vermelha, de Manuuel Ferreira de Lima bem perto da fazenda deles, a Ingazeira.3
 
 Reprodução 
Disponivel no www.minharuatemmemoria.ning.com

Voltando as memórias de Gomes de Lira:
Naquela ocasião, tinha Antonio Ferreira, doze anos, Livino, 11 anos e Virgolino, 9 anos de idade. Em 1910, estudaram na "Escola" particular do Professor Domingos Soriano, na Serra Vermelha. 
Entenda-se a escola aqui não como um espaço físico. As aulas eram dadas ao ar livre embaixo de Juazeiros e Quixabeiras.
...Os alunos traziam de casa os banquinhos em que se sentavam para assistir às aulas à sombra das árvores. “O esforçado mestre não se furtava aos pedidos de pais residentes em outras fazendas das ribeiras adjacentes, os quais receberiam a rara oportunidade de poder proporcionar instrução aos filhos.
Hoje a escola Municipal de ensino fundamental e médio Domingos Soriano é um dos primeiros prédios públicos avistados pelos visitantes ao chegarem à Vila de Nazaré do Pico, distrito de Floresta em Pernambuco.

Outra referencial: Lampião – Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira nos traz mais informações.
Que o tempo de assistência com Domingos Soriano foi de apenas "90 dias". (Período em acordo com todos os depoentes). Que a mensalidade deste curso era de "dez tostões". Que o 'cabrinha' nunca havia levado os temidos bôlos ao ser testado em conhecimento de Tabuada e de algarismos romanos. E ainda sugere que o primeiro livro do qual Virgolino tenha explorado por completo foi o "Primeiro livro de leitura" de Felisberto de Carvalho4

 
 Reprodução
In: www.ler-e-escrever.blogspot.com.br

O objeto da foto comentada por Ancelmo não era mero enfeite, nem instrumento de abano. Pelo método de soletração de Landelino ou de Felisberto é fato que Virgolino aprendeu a ler. Mais tarde aplicaria seu conhecimento ao se deleitar com os jornais e revistas que chegaram até ele. 

Especialmente os que traziam manchetes sobre seus feitos. E, ainda que sem devida concordância, mas com uma caligrafia regular escreveu cartas. Hoje, documentos históricos preservados em museus e coleções particulares. Reproduções de alguns de seus escritos estão disponíveis em diversos livros e sites. 

Como esta carta abaixo, endereçada a um fazendeiro de nome Cantidiano Valgueiro dos Santos Barros, dono da propriedade Tabuleiro Comprido no município de Floresta, PE. Na carta, escrita na peculiar maneira de Lampião se expressar, ele pede a Cantidiano dois contos de réis, de forma extorsiva, a fim de serem evitados “prejuízos”.


Segundo o pesquisador Artur Carvalho, que utilizou os conhecimentos profissionais de um especialista em paleografia , a “tradução” é a seguinte;
“Ilmo. Sr Cantidiano Valgueiro,

Eu (ou “le”) faço esta para “vc” mandar-me dois “conto dereis”, isto sem falta, não tem menos, para “vc” saber se assinar em telegrama contra mim como “vc” se assinou em um com “Gome” Jurubeba. Eu ví e ainda hoje tenho ele. Sem mais, resposte logo para “envitar” muito prejuízo. Sem mais assunto.
Cap. Virgulino ferreira Lampião. [sic]” 5.
O pesquisador e colaborador Ivanildo Silveira teceu comentário em uma discussão anterior sobre este mesmo assunto: 
"O Rei Vesgo dominava, a grosso modo, o idioma pátrio, comunicando-se, de forma clara, precisa, apesar dos erros gramaticais que cometia. Inclusive, ás vezes, empregava pronomes de tratamentos de forma correta. A grafia de seus famosos bilhetes, era perfeitamente entendível".
E como vovó já dizia... 

"Estude meu fio, estude pra não ser que nem sua avó, que não sabe nem pegar numa caneta, que dirá assinar o nome, não faço um "O" com um copo".

Fontes:
[1] Lira. João Gomes deLampião, Memórias de um Soldado de Volantes 2006 (vol. 2) Companhia Editora de Pernambuco – CEPE. Recife/PE, 2007. PÁG20


[2] Vera Ferreira /Antonio AmauryDe Virgolino a Lampião, 1ª edição, Ideia Visual, São Paulo, 1999. PÁG. 52
[3] Maciel, Frederico Bezerra. - Lampião, seu tempo e seu reinado, | I : As origens : Por que Virgulino se tornou Lampião?  3ª Edição. Petrópolis, RJ : Vozes, 1992. PÁG. 90
[4] Oliveira, Aglae Lima de. Lampião – Cangaço e Nordeste. 3ª edição, O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1970. PÁG 22.
[5]  Rostand Medeiros  - Uma carta de Lampião e a história do soldado volante que se tornou ambientalista. Disponível em: http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/10/12/a-carta-de-lampiao-e-a-historia-do-soldado-volante-que-se-tornou-ambientalista/
 Att Kiko Monteiro


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04 novembro 2019

JERÔNIMO DIX-HUIT ROSADO MAIA NA SUA FAZENDA EM GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO

Por José Mendes Pereira
Jerônimo Dix-huit Rosado Maia - Esta foto pertence ao acervo do Lindomarcos Faustino.

Dr. Jerônimo Dix-huit Rosado Maia é o décimo oitavo filho de Jerônimo Rosado Ribeiro de uma prole de 21. Este último nome (Maia) Dr. Jerônimo Dix-huit Rosado não mais usava, porque quando o Dr. Tarcísio Maia foi nomeado a governador do Rio Grande do Norte Dr. Jerônimo Dix-huit Rosado o apoiou, e o acordo foi feito que, ao término do seu mandato, Tarcísio Maia o apoiaria para governador do Estado. Mas, em vez de colocá-lo no governo do Rio Grande do Norte, Dr. Tarcísio Maia apoiou o Dr. Lavoisier Maia para substitui-lo. 

 Ex-governador do RN Tarcísio Maia.

Mas não ficou só aí, e assim que o governo do Dr. Lavoisier Maia terminou Dr. Dix-huit Rosado não foi apoiado por nenhum dos dois, levaram o nome de José Agripino Maia às urnas, sendo este filho do Tarcísio Maia, tendo sido eleito pelo povo, com uma grande maioria de votos válidos. E a partir daí, surgiu a grande rixa entre os primos (Maias), fazendo com que o Dr. Dix-huit Rosado evitasse de qualquer forma usar em documentos o sobrenome (Maia).


Jerônimo Rosado Ribeiro pai da prole.


Dix-huit Rosado foi prefeito 3 vezes de Mossoró e foi considerado o melhor administrador que o município já teve. A sua família é conhecida pela família numerada de Mossoró. 


Jerônimo Vingt-un Rosado Maia


O último filho era Dr. Jerônimo Vingt-un Rosado Maia. Era escritor, agrônomo e historiador. Faleceu em 2005. Era o 21º. filho e último da prole de 21. 


Dos homens abastados de Mossoró se não for Rosado com certeza é Escócia. Uma casa outra não tem um Rosado ou um Escócia, e se voltar pela mesma rua, ou tem um Rosado ou tem um Escócia. Mas infeliz seríamos se não fosse Rosado em Mossoró, estaríamos ainda na beira do rio Mossoró pescando.

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02 novembro 2019

NO SERTÃO DE PERNAMBUCO Rei do Cangaço 'Lampião' é condenado em júri épico Projeto transportou o público à década de 30, para pre

Rei do Cangaço 'Lampião' é condenado em júri épico 

Projeto transportou o público à década de 30, para presenciar como seria o julgamento de Lampião.

Por G1 Petrolina

Um dos personagens mais conhecidos e polêmicos do Nordeste foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. O rei do Cangaço nunca foi julgado por seus crimes, pois foi morto em [28] de julho de 1938, em uma emboscada policial, na grota do Angico, em Sergipe. Pensando nisso, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, um projeto acadêmico realizou nesta quinta-feira (31) o ‘Juri Épico de Lampião’. A encenação, que teve recursos de um julgamento real, declarou Lampião, culpado.

O júri contou com uma defesa feita por advogados e defensores públicos. A acusação foi realizada por promotores do Ministério Público. Os juízes foram Marcos Bacelar, da Vara da Infância e da Juventude em Petrolina, e Elane Brandão Ribeiro, da Vara do tribunal do Júri do Recife.

Júri Épico de Lampião em Petrolina no Sertão de Pernambuco. 
Foto: Reprodução/ TV Grande Rio

O júri começou, por volta das 9h, no Centro Cultural Dom Bosco, em Petrolina. O réu Virgulino Ferreira da Silva foi acusado de assassinatos, estupro, extorsão, roubo e sequestro, segundo o recorte histórico. Os jurados foram escolhidos por sorteio. Os primeiros a serem ouvidos foram as vítimas sobreviventes. Depois de ser citado, o réu teve direito a resposta. No fim da manhã, as testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas. O primeiro, foi o padre Cícero Romão. Em seguida, foram ouvidos Volta Seca e Corisco, cangaceiros do bando de Lampião.

A denúncia foi de uma ação de Lampião e do bando dele, em [Dores], município de Sergipe, em 1930, e que resultou na morte de José Elpídio dos Santos. Destemido, Lampião não se mostrou intimidado pelos juízes e nem pela acusação. "Entrei para o cangaço por justiça e por destino, tudo começou por uma briga de terra e criação".

O réu negou ser o autor do assassinado, mas admitiu ser o mandante do crime. " Eu precisava dar o exemplo, não podia tolerar desrespeito a mim, não. Não gosto de derramamento de sangue, mas infelizmente nesse caso, foi necessário", disse Lampião.

Centro Cultural Dom Bosco em Petrolina ficou lotado durante todo o dia para assistir ao júri. 
Foto: Reprodução/ TV Grande Rio.

O período da tarde foi destinado para aos debates entre acusação e defesa. Foram duas horas e meia para as alegações de promotores do Ministério Público e outras duas horas e meia para advogados e defensores. Só depois disso, os jurados seguiram para a sala secreta. Até que à noite, a sentença foi lida pelos juízes, declarando Virgulino Ferreira da Silva, culpado.

O Júri Épico é um projeto acadêmico que pretende integrar a ciência jurídica a outras disciplinas, além de transportar o público à década de 30, para presenciar como seria o julgamento de Lampião. A realização é do Ministério público de Pernambuco, da Defensoria Pública do Estado, Ordem dos Advogados do Brasil, do Tribunal de Justiça de Pernambuco e de duas instituições de Ensino Superior.



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01 novembro 2019

( PEDRA DE LAMPIÃO.)

Por Luis Bento de Sousa

Fotos: Cachoeira do sossego = Rio Riacho dos Porcos Jati- Ce.


A pedra de Lampião localiza -se no sítio Sossego no Município De Jati - Ceará. Local de Difícil acesso. Refúgio e esconderijo muito seguro. 

Nesse coito Lampião e seus cangaceiros gozavam de muito sossego e tempo suficiente na cura dos enfermos. Além da tranquilidade que o referido local lhe oferecia para acampar, beneficiava-se com o líquido precioso (água), que jorrava de uma cachoeira (foto) e por outro lado, as correntezas do rio riacho dos porcos (foto). 

Era um ponto estratégico localizado a uma certa altitude com uma excelente visibilidade de observar qualquer movimento a longa distância principalmente aproximação de polícia. Lugar perfeito, ponto estratégico para um combate caso fosse necessário. Por várias vezes Lampião e seu grupo usufruíram da tranquilidade e das regalias que o esconderijo oferecia.

Antônio Inácio da Silva o cangaceiro (Moreno) antes de fazer parte do grupo de Lampião era um morador da região, conhecia pedra por pedra, vereda por vereda. Tudo indica ter sido ele o informante do referido esconderijo.










Pesquisador
Luis Bento de Sousa
( Luis Carolino)


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31 outubro 2019

A GRANDE SECA

Uma das vítimas da Grande Seca, Ceará, 1877. Foto de Joaquim Antônio Correia, “Vítimas da Grande Seca”, Albúmen - Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil.

A última grande seca ocorrida nas chamadas 'Províncias do Norte' tinha ocorrido há mais de 30 anos, entre 1844 e 1845. Nessa época, nada pôde ser feito para amenizar suas consequências, o Nordeste era uma região muito pobre em engenharia e recursos.

Na seca de 1877, até as famílias mais abastadas partiram em busca de refúgio junto a parentes que habitavam as serras e o litoral. Os adultos iam montados nos cavalos seguidos pelos carros e bois cheios de mulheres, crianças e bagagens, tendo na retaguarda os vaqueiros e os ajudantes conduzindo o que restara do gado. Os pobres seguiam a pé, na poeira das estradas, os adultos levando as crianças menores, puxando o que restava do rebanho de cabras ou vacas e geralmente o cachorro de estimação ia atrás. Esses eram os retirantes, que eram perseguidos e expulsos quando estacionavam nas vizinhanças de um povoado.

Flagelados da seca de 1877, na estação ferroviária do município de Iguatu, aguardando o trem para Fortaleza.

Os moradores temiam os saques nos comércios e armazéns, como rotineiramente acontecia. As cidades, além dos vales férteis, ficavam apinhadas de flagelados. Aracati, que contava com cinco mil habitantes, passou a abrigar mais de 60 mil pessoas. Fortaleza converteu-se na capital do desespero: de 21 mil habitantes pelo censo de 1872, passou a ter 130 mil. Muitos dos retirantes morriam nas veredas e estradas. Os que alcançavam os centros urbanos chegavam à beira do colapso e impressionavam pela desnutrição.

A economia provincial, já abalada pela crise do algodão, quase acabou de vez. Os escravos eram vendidos para o sudeste; os rebanhos, salvo algumas cabeças conduzidas pelos retirantes, eram dizimados pela ação das zoonoses, furtos, extravios, fome e sede. A flora e fauna praticamente desaparecem; as lavouras exterminadas. Para agravar o quadro de tragédia, um surto de varíola dizima milhares de pessoas. Mulheres se prostituem em troca de comida, multiplicam-se os casos de roubo, furto e estupros.

Na seca de 1877, o Ceará foi a região mais afetada das províncias do Norte e perdeu o equivalente a um terço de sua população. Estima-se que 200 mil pessoas morreram e outras migraram para outras regiões.

A peste e a fome matavam mais de quatrocentos por dia. O escritor Rodolfo Teófilo escreveu, horrorizado com o que assistia; parado numa esquina, que em pouco tempo viu passarem vinte cadáveres. “E as crianças que morrem nos abarracamentos, como são conduzidas! Pela manhã os encarregados de sepultá-las vão recolhendo-as em um grande saco: e, ensacados os cadáveres, é atado aquele sudário de grossa estopa a um pau e conduzido para a sepultura”. As notícias incomodavam a Corte, onde o imperador chegou a dizer: “Não restará uma joia da Coroa, mas nenhum nordestino morrerá de fome”.


Em razão da situação calamitosa do Nordeste o governo imperial enviou, no período 1877 a 1879, uma comissão de engenheiros que determinaram a perfuração de poços, a construção de estradas de ferro e de rodagem e o armazenamento de água. Os resultados dos estudos na região ainda indicaram a construção de barragens ou açudes. O Açude do Cedro foi umas das primeiras grandes obras de combate à seca realizadas pelo Governo Imperial. A ordem de construção foi dada pelo imperador D. Pedro II em decorrência do grande impacto social provocado pela seca de 1877, porém o início das obras deu-se durante os governos republicanos entre 1890 e 1906.

Hoje calcula-se que morreram cerca de quinhentas mil pessoas em consequência da seca de 1877. O engenheiro André Rebouças, abolicionista, negro, respeitado por suas ideias progressistas, calculava em mais de dois milhões as pessoas atingidas pela seca, ainda em novembro de 1877. Dos mortos de 1877 a 1879, calcula-se que 150.000 faleceram de inanição e 100.000 de febres e outras doenças, 80.000 de varíola e 180.000 de fome, alimentação venenosa e sede. Acredita-se que a Grande Seca que ocorreu de 1877 a 1879 ceifou a vida de mais da metade das 1.754.000 pessoas que residiam na área atingida pela tragédia. Esse foi de longe a maior catástrofe gerada por fenômenos naturais que ocorreu no país.



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26 outubro 2019

O BELMONTENSE QUE MATOU CORISCO, O DIABO LOIRO

Por Valdir José Nogueira - pesquisador / escritor
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Pernambuco, meca dos volantes, paraíso das grandes vinditas, é o Estado natal daquele que pode ser considerado o maior dos comandantes de volante, o célebre José Osório de Farias, o lendário Zé Rufino. Nascido a 20 de fevereiro de 1906, na cidade de São José do Belmonte, seus pais se chamavam Osório Gomes de Farias e Maria Rufino da Conceição. Família egressa da fazenda “Vai Querendo” próxima do Jati terras bravias do Ceará, vitimada por velhas e perigosas pendengas com os Bezerras, gente forte que os obrigara a abandonar seu solo e procurar vida nova nas regiões sertanejas do grande Estado nordestino.

José Osório de Farias, o Tenente PM “Zé Rufino”, ou melhor “Zé de Rufina” grafia correta para o seu nome, notabilizou-se como o Comandante de volante que mais liquidou cangaceiros em toda a história do cangaço. Tendo adentrado a Força Pública do Estado da Bahia e assentando praça em 2 de janeiro de 1934, em seguida passou a compor as Forças em Operação no Nordeste. Notadamente em todo o ciclo do cangaço, foi um dos maiores e terríveis inimigos de Lampião. Entre aqueles cangaceiros que eliminou, Zé Rufino destacou em entrevista, Azulão, Barra Nova, Canjica, Catingueira, Maria Dórea, Mariano, Meia-Moite, Pai Velho, Pavão, Sabonete, Zabelê, Zepellin e Corisco (o “Diabo Loiro”, braço direito do bandoleiro Lampião). A história relata sobre este último, que no dia 25 de maio de 1940, estando escondido numa casa na cidade de Barra do Mendes (BA) foi descoberto pelo tenente José Rufino, que lhe deu chance de se entregar. Preferindo, contudo, a resistência, Corisco foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora, vindo então a falecer. Naquele mesmo conflito, Dadá sua companheira, foi atingida na perna, porém, teve a vida poupada e foi capturada viva, vindo mais tarde a ter a perna amputada em conseqüência do tiro. Corisco, o “Diabo Loiro” foi enterrado em Jeremoabo, na Bahia. Com a sua morte o cangaço se extinguiu no Nordeste. A bravura e a crueldade de Corisco foram celebradas pelos cineastas: Glauber Rocha no filme “Deus e o diabo na terra do sol” e Rosemberg Cariry no filme “Corisco e Dadá”.

O Tenente José Rufino, pernambucano de São José do Belmonte, junto a outros guerreiros combatentes destemidos da Polícia Militar, adentraram as selvas nordestinas a caça de facínoras que aterrorizavam o povo do nosso sofrido sertão nordestino. Já como Coronel da PM, o bravo José Rufino, vitimado por um infarto no miocárdio faleceu no dia 20 de fevereiro de 1969 em Jeremoabo (BA), cidade em que residia. Sobre ele falou um escritor: “Zé Rufino é um daqueles que fazem parte da gloriosa dinastia dos bravos guerreiros da história sangrenta, daqueles que de um lado ou de outro se enfrentaram na guerra sertaneja. É um dos lendários titãs cujos bacamartes faziam todo o sertão apequenar debaixo de suas duras ameaças.”


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CANGAÇO - OS SUBGRUPOS.

   Por Abdias Filho Tudo no cangaço atendia a uma necessidade ou estratégia. É o caso da divisão do grande bando em diversos subgrupos, semp...