Essa pedra (Foto) contendo um fóssil foi encontrada nos escombros da casa localizada na Fazenda Guaribas, que no passado pertenceu ao famoso coronel Chico Chicote e foi a mim gentilmente presenteada pelo amigo José Francisco Gomes de Lima.
Para vocês terem uma melhor ideia sobre o que aconteceu no local onde a pedra foi encontrada leiam o texto abaixo. (Geraldo Antônio de Souza Júnior).
Texto: Jaqueline Aragão Cordeiro.
O FOGO DAS GUARIBAS.
Texto: Jaqueline Aragão Cordeiro.
“O Fogo das Guaribas” refere-se à mais violenta batalha ocorrida no Ceará, no município de Porteiras, tendo como protagonista o considerado mais valente de todos os coronéis do sertão do Cariri, Francisco Lucena, conhecido por “Chico Chicote”, que não era propriamente um cangaceiro, mas um daqueles valentões típicos da sociedade sertaneja de 1920, no sul do Ceará.
“Nascido em 7 de Janeiro de 1879, filho mais jovem do Capitão Francisco Pereira de Lucena, se destacava dos demais irmãos pela rebeldia e total desapego á autoridade constituída. De cor alva, olhos castanhos claros, cabelos pretos, esbelto, espadaúdo, estatura regular, usava bigodes e só falava gritando. Nada o atemorizava. Desafiava oficiais e soldados de “volantes” policiais. Certa vez, em casa de João Anselmo e Silva, investia de chibata em punho contra o Padre Raimundo Nonato Pita, pelo simples fato de o sacerdote haver convidado, em sua presença, o dono da casa para uma conversa em particular. No dia seguinte, porém, mandava pedir desculpas ao Padre Nonato. Algumas vezes, costumava deitar-se numa rede e mandava dois “cabras” cortarem as cordas. Saltava, então, com a agilidade felina e caia em pé”. Chicote era, como se vê, um verdadeiro gato, um felino. Implacável para os inimigos, mostrava-se de uma lealdade a toda prova com os amigos.
Confundiam-se, é claro, pela insolência e coragem com os bandoleiros encouraçados que infestavam o vale do Cariri e o alto sertão de Pernambuco e Paraíba, que faz fronteira com o Ceará. Pertencia Chico Chicote a uma das mais antigas e tradicionais famílias de Brejo dos Santos, terra do grande historiador cearense Padre Antônio Gomes de Araújo.
Mas, acabou enfrentando uma das paradas mais duras da história sangrenta do Nordeste. O Coronel José Amaro, um potentado local, deu prazo a um inimigo para sair de Brejo dos Santos. Tomando as dores do escorraçado, foi o próprio Chicote quem acabou intimidando o coronel a abandonar o município. O coronel foi para o sertão de Pernambuco, lá morreu sem pôr mais os pés em Brejo dos Santos. A família de Amaro não perdoou essa de Chicote e começou a luta entre Amaros e Lucenas.
O irmão de Chico Chicote, era o prefeito de Brejo Santo, Quinco Chicote, e por muitas vezes precisou usar toda a força política e ainda amargar alguns dessabores em função da ação truculenta do irmão rebelde. Em determinado momento lideranças de Brejo Santo enviaram telegrama ao Presidente do Ceará; Moreira da Rocha; com queixas contra Chico Chicote, e pediam providências às forças do estado. Ato contínuo o mandatário maior do estado designou a volante do tenente José Bezerra, estacionada em Jardim, para atender ao pleito lhe enviado. O Tenente José Bezerra havia partido de Brejo Santo dizendo aos quatro ventos que iria em perseguição a Lampião, que de fato se encontrava ali perto, também na Serra do Araripe; Entretanto naquela madrugada do dia 1 de fevereiro de 1927, a volante seguiu direto para o sítio Salvaterra, com o intuito de efetivar o primeiro “acerto” daquela empreitada: Matar Antônio Gomes Granjeiro; crime encomendado pela família Salviano, inimiga de Chico Chicote e que se encontrava sob a proteção do poderoso Zé Pereira de Princesa.
Depois seguiram para a casa de Chicote, que trabalhava no campo, quando sua casa foi cercada pela “volante” do tenente José Gonçalves Bezerra. Um amigo de Chicote, de nome Joaquim Morais, o primeiro a tentar resistir, foi logo morto. Duas outras “volantes”, uma pernambucana e outra paraibana, que se achavam próximas, inclusive reforçadas por cangaceiros da família Salviano, inimiga de Chicote, vieram reforçar o cerco. Foi uma das brigas mais “feias” daqueles tempos do cangaço. Mais de quatrocentos soldados e cangaceiros investiam furiosamente contra a residência de Chico. Combate furioso. Lampião, que se achava nas imediações com seu bando, num lugar chamado Malhada Funda, no cinto do Chapadão Araripano, assistiu e se deliciou com a resistência oposta por Chico e seus poucos “cabras” aos soldados e cangaceiros de três estados. E comentou: “Se Chicote fosse meu amigo eu estava lá…”
Quando a polícia penetrou na casa de Chicote, que já brigava sozinho, pois tinha perdido seus “cabras”, encontrou o valente de joelho em terra, amparado à parede, na posição de atirar, com o derradeiro cartucho na culatra do rifle. A pele do seu corpo inteiramente negra e o rosto, as mãos e os braços ainda sujos da fumaça da pólvora, constatam a prova das 36 horas de fogo intenso.
O cerco da casa de Chico Chicote, um dos episódios mais famosos da crônica cangaceira do Nordeste, deu-se no sítio Guaribas, propriedade do atacado. No auge do combate, um “cabra” de Chicote, de nome Caipora, a quem o valente aconselhara a abandonar a refrega e salvar-se, mostrou-lhe sua lealdade com essas palavras: “Eu sempre lhe disse que no lugar onde lhe matassem o meu cadáver seria encontrado a duas braças do seu. Agora, chegou a hora de cumprir a minha palavra.”E continuou, ao lado do amigo, a mandar bala contra os quatrocentos homens das “volantes” de 3 estados até serem mortos naquele dia.
Fontes de pesquisas:
- Portal da história do ceará
- Blog Cariri Cangaço
Para vocês terem uma melhor ideia sobre o que aconteceu no local onde a pedra foi encontrada leiam o texto abaixo. (Geraldo Antônio de Souza Júnior).
Texto: Jaqueline Aragão Cordeiro.
O FOGO DAS GUARIBAS.
Texto: Jaqueline Aragão Cordeiro.
“O Fogo das Guaribas” refere-se à mais violenta batalha ocorrida no Ceará, no município de Porteiras, tendo como protagonista o considerado mais valente de todos os coronéis do sertão do Cariri, Francisco Lucena, conhecido por “Chico Chicote”, que não era propriamente um cangaceiro, mas um daqueles valentões típicos da sociedade sertaneja de 1920, no sul do Ceará.
“Nascido em 7 de Janeiro de 1879, filho mais jovem do Capitão Francisco Pereira de Lucena, se destacava dos demais irmãos pela rebeldia e total desapego á autoridade constituída. De cor alva, olhos castanhos claros, cabelos pretos, esbelto, espadaúdo, estatura regular, usava bigodes e só falava gritando. Nada o atemorizava. Desafiava oficiais e soldados de “volantes” policiais. Certa vez, em casa de João Anselmo e Silva, investia de chibata em punho contra o Padre Raimundo Nonato Pita, pelo simples fato de o sacerdote haver convidado, em sua presença, o dono da casa para uma conversa em particular. No dia seguinte, porém, mandava pedir desculpas ao Padre Nonato. Algumas vezes, costumava deitar-se numa rede e mandava dois “cabras” cortarem as cordas. Saltava, então, com a agilidade felina e caia em pé”. Chicote era, como se vê, um verdadeiro gato, um felino. Implacável para os inimigos, mostrava-se de uma lealdade a toda prova com os amigos.
Confundiam-se, é claro, pela insolência e coragem com os bandoleiros encouraçados que infestavam o vale do Cariri e o alto sertão de Pernambuco e Paraíba, que faz fronteira com o Ceará. Pertencia Chico Chicote a uma das mais antigas e tradicionais famílias de Brejo dos Santos, terra do grande historiador cearense Padre Antônio Gomes de Araújo.
Mas, acabou enfrentando uma das paradas mais duras da história sangrenta do Nordeste. O Coronel José Amaro, um potentado local, deu prazo a um inimigo para sair de Brejo dos Santos. Tomando as dores do escorraçado, foi o próprio Chicote quem acabou intimidando o coronel a abandonar o município. O coronel foi para o sertão de Pernambuco, lá morreu sem pôr mais os pés em Brejo dos Santos. A família de Amaro não perdoou essa de Chicote e começou a luta entre Amaros e Lucenas.
O irmão de Chico Chicote, era o prefeito de Brejo Santo, Quinco Chicote, e por muitas vezes precisou usar toda a força política e ainda amargar alguns dessabores em função da ação truculenta do irmão rebelde. Em determinado momento lideranças de Brejo Santo enviaram telegrama ao Presidente do Ceará; Moreira da Rocha; com queixas contra Chico Chicote, e pediam providências às forças do estado. Ato contínuo o mandatário maior do estado designou a volante do tenente José Bezerra, estacionada em Jardim, para atender ao pleito lhe enviado. O Tenente José Bezerra havia partido de Brejo Santo dizendo aos quatro ventos que iria em perseguição a Lampião, que de fato se encontrava ali perto, também na Serra do Araripe; Entretanto naquela madrugada do dia 1 de fevereiro de 1927, a volante seguiu direto para o sítio Salvaterra, com o intuito de efetivar o primeiro “acerto” daquela empreitada: Matar Antônio Gomes Granjeiro; crime encomendado pela família Salviano, inimiga de Chico Chicote e que se encontrava sob a proteção do poderoso Zé Pereira de Princesa.
Depois seguiram para a casa de Chicote, que trabalhava no campo, quando sua casa foi cercada pela “volante” do tenente José Gonçalves Bezerra. Um amigo de Chicote, de nome Joaquim Morais, o primeiro a tentar resistir, foi logo morto. Duas outras “volantes”, uma pernambucana e outra paraibana, que se achavam próximas, inclusive reforçadas por cangaceiros da família Salviano, inimiga de Chicote, vieram reforçar o cerco. Foi uma das brigas mais “feias” daqueles tempos do cangaço. Mais de quatrocentos soldados e cangaceiros investiam furiosamente contra a residência de Chico. Combate furioso. Lampião, que se achava nas imediações com seu bando, num lugar chamado Malhada Funda, no cinto do Chapadão Araripano, assistiu e se deliciou com a resistência oposta por Chico e seus poucos “cabras” aos soldados e cangaceiros de três estados. E comentou: “Se Chicote fosse meu amigo eu estava lá…”
Quando a polícia penetrou na casa de Chicote, que já brigava sozinho, pois tinha perdido seus “cabras”, encontrou o valente de joelho em terra, amparado à parede, na posição de atirar, com o derradeiro cartucho na culatra do rifle. A pele do seu corpo inteiramente negra e o rosto, as mãos e os braços ainda sujos da fumaça da pólvora, constatam a prova das 36 horas de fogo intenso.
O cerco da casa de Chico Chicote, um dos episódios mais famosos da crônica cangaceira do Nordeste, deu-se no sítio Guaribas, propriedade do atacado. No auge do combate, um “cabra” de Chicote, de nome Caipora, a quem o valente aconselhara a abandonar a refrega e salvar-se, mostrou-lhe sua lealdade com essas palavras: “Eu sempre lhe disse que no lugar onde lhe matassem o meu cadáver seria encontrado a duas braças do seu. Agora, chegou a hora de cumprir a minha palavra.”E continuou, ao lado do amigo, a mandar bala contra os quatrocentos homens das “volantes” de 3 estados até serem mortos naquele dia.
Fontes de pesquisas:
- Portal da história do ceará
- Blog Cariri Cangaço
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