Faleceu hoje, em Barbalha-CE, o escritor e devotado médico jardinense, Napoleão Tavares Neves, aos 91 anos de idade.
As veredas da Serra do Araripe, na porção do Cariri oriental, foram contadas com maestria por ele, numa série de crônicas cangaceiras - memórias apanhadas daquele menino de engenho, criado no sítio Saco, em Porteiras.
Conferencista de grande eloquência, era um exímio contador de histórias. Plateias inteiras paravam para ouvi-lo, com apaixonado discurso pelo velho sertão, longo palco de histórias incríveis e inspiradoras. Era o mesmo que visitar uma biblioteca inteira. O Cariri Cangaço guarda registros inesquecíveis desses episódios.
Bruno Yacub o conheceu primeiro. Quando retornei ao Cariri, de férias, marcamos de encontrarmo-nos os três, a fim de tratarmos de pontos obscuros sobre a Hecatombe de Guaribas, de 1927. Não é exagero o que vou dizer: aquele encontro com Dr. Napoleão, foi como se tivéssemos encontrado a própria Esfinge.
Hoje é um dia de grande perda; é também um dia de gratidão. Obrigado, Dr. Napoleão, pelo legado deixado, seja como respeitado homem, médico, ou como valioso escritor.
És agora eterno. Imagino o teu Céu como aquele pé de serra do Cariri, bordado de verde, com engenhos moendo e depurando o mel da cana, e tu sempre menino, onde haverás de encontrar os teus.
Tua obra aqui permanece, também semente eterna da nossa história.
Hérlon Fernandes Gomes
Porto Velho- RO, 05 de Março de 2022.
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