5 de out. de 2023

MISTÉRIO DA VIDA

 Autor José Di Rosa Maria

Legiões de apaixonados
Que amaram feitos ''chucro'',
Vertem lágrimas no sepulcro
Dos sonhos dilacerados,
Ao pé da cruz dos pecados
Rezam perante uma vela,
Comparando-se com ela
Que aos poucos perde os perfis,
O tempo de ser feliz
Nem a ciência revela.
No ápice da mocidade
Ninguém pensa na velhice;
Na minha ninguém me disse
Nada sobre a alta idade,
Busquei a felicidade
No corpo duma donzela
Que Deus a fez meiga e bela;
Mas não achei o que quis,
O tempo de ser feliz
Nem a ciência revela.
O prazer do coração
Não parece descritível,
De certo não é visível
A sua satisfação...
Porque de cada ilusão
Com a própria dor pincela
Em forma de aquarela
Algo que o tempo não diz,
O tempo de ser feliz
Nem a ciência revela.
Pelo poder da palavra
Muitos corações se rendem,
Àqueles que não se prendem
São terra que não se lavra;
O que não ama escalavra
O que ama e não flagela,
O que por tudo atropela,
Com a razão não condiz,
O tempo de ser feliz
Nem a ciência revela.
Talvez a velhice prime
Pelos corações sofridos;
A dor dos desiludidos
Somente o amor redime;
Se a traição for crime
Poucos se livrarão dela...
Há tanta doçura nela
Que quem trai deseja bis,
O tempo de ser feliz
Nem a ciência revela. FIM.

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