Por José Mendes Pereira
Afirmam os escritores, pesquisadores e historiadores do cangaço que o capitão Lampião foi um dos cangaceiros mais inteligente, e além disso: perseguido, perseguidor, traído, respeitado e respeitador, adorado por muitos e rejeitado por outros, exigente, vingativo, cruel, corajoso, destemido aos arrufos de qualquer um, respeitava as opiniões dos seus comandados, mas não admitia covardia. Traição de qualquer um, mesmo que fosse feita pelos seus melhores amigos da nova e da velha-guarda, imperdoavelmente, pagava com a morte, coisa que ele não aceitava ser colocada na sua mesa de bandoleiro. Lampião vivia fora da lei, mas mantinha excelente relacionamento com os poderosos. Lampião era protegido por alguns coronéis e políticos. O governador de Sergipe Eronildes Ferreira de Carvalho era um desses, tinha amizade com Lampião e lhe fornecia armamento e munição.
Viveu quase vinte anos nas caatingas nordestinas. Perseguido pelas forças volantes dos governos, mas mesmo assim, Lampião conseguiu ludibriá-las e manter o seu desastroso movimento social por sete Estados do nordeste brasileiro, os quais foram:
a - Pernambuco - sua querida terra natal que o viu nascer e crescer em Villa Bela, hoje Serra Talhada, mas foi uma que o rejeitou sem um tico de respeito, quando ele entrou no Estado com um documento com a patente de capitão, que tinha recebido das mãos do padre Cícero Romão Batista, no Juazeiro do Norte.
Há quem diga que o padre Cícero Romão foi um menino de recado, isto é, fazendo o que o deputado federal Floro Bartolomeu delegava. Mas existem outras informações que o padre Cícero, quando, desse encontro de Lampião, antes dele chegar a Juazeiro, o padre teria dito em tom de repúdio: "- Agora vem este homem para cá". Se é verdade, eu não sei.
b - Alagoas – neste, Lampião resolveu atacar fortemente, protestando contra o assassinato do seu patriarca José Ferreira da Silva. Lampião acusava que a sua mãe Maria Sulena da Purificação, teria sido morta também pela volante do tenente Lucena, mas não foi. A morte da mãe foi problema de coração.
Nos anos trinta, do século XX, Lampião resolveu colocar em seu bando uma senhora, Maria Gomes de Oliveira, que no bando ficou conhecida como dona Maria, quando falavam diretamente a ela, e ou dona Maria do capitão, esse último, era quando falavam nela.
Ela nasceu no dia 8 de março de 1911 em uma minúscula fazenda em Santa Brígida, no Estado da Bahia. (existe uma outra data adquirida através do pesquisador Voldir de Moura Ribeiro. - Clique neste link para ter mais informações: https://tokdehistoria.com.br/2011/10/25/sociologo-encontra-novas-informacoes-sobre-maria-bonita/,
Era filha do sofrido casal José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira, tendo como irmãos:
Benedita, Antonia, Amália (não confundir com Anália que era irmã de Lampião. Joana, Olindina, Francisca, José, Arlindo, Ananias, Isaías Ozéas todos sendo Gomes de Oliveira.
Aos 15 anos de idade, Maria Bonita resolveu se casar, tendo como marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Nené, que não levando sorte, durante o tempo em que viveram juntos, a sua vida foi infernizada pelo desastroso casamento, quando o sapateiro não a valorizava, e com isso, as brigas eram constantes no lar.
Apesar de ser cangaceiro os pais de Maria Bonita tinham admiração por Virgulino Ferreira da Silva (existem registros que afirmam que quando Maria Bonita se juntou a Lampião o seu pai debandou-se por aí, porque não queria tal união).
O que sentiu Lampião por Maria Bonita foi sem dúvida, o tipo físico de mulher brasileira, olhos e cabelos castanhos que fazia com que muitos a desejassem, por ser considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca entre os dois que posteriormente Lampião a convidou para fazer parte do seu respeitado bando.
Após a entrada de Maria Bonita na "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", muitos asseclas levaram as suas amadas para as caatingas, como o cangaceiro Corisco, que raptou uma jovem de 13 anos, para acompanhá-lo na mais perigosa vida, que é a de viver em correria dentro das matas, quando eram perseguidos pelas volantes.
Mas mesmo usando o seu malabarismo finalmente na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota do Angico Lampião e mais dez cangaceiros foram executados pelas forças volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva, e entre eles, estava a sua rainha Maria Bonita.
Uns dizem que Lampião havia chegado a sua hora. Outros dizem que Lampião foi envenenado. Outros dizem que Lampião fugiu do cerco e foi embora para o Norte de Minas Gerais. Outros afirmam que a morte do rei e da rainha aconteceu, devido um bom cerco policial que o seu matador havia preparado. O certo é que o compadre Lampião chegou ao fim, e que eu acho que ninguém se esconde de ninguém por muito tempo. Um dia chegará a sua vez.
O Lampião verdadeiro lá de Serra Talhada do Estado de Pernambuco se foi, mas muitos Lampiões surgiram e continuam roubando, matando inocentes, depredando o que se adquiriu com tanto esforço.
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