Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2024.
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.142
Nos anos 60, estava em moda na cidade, a Revista Nacional “O Cruzeiro”, revistas novelas como “Capricho”, “Contigo”, “Idílio” e mais uma ou duas. Era dos gibis “Zorro”, “Fantasma”, “Tarzan”, “Os Sobrinhos do Capitão”, “Popay e muito mais. Além disso, figurinhas de jogadores de diversos times do Brasil, enroladas em confeito (bala doce) para colecionarmos. Portanto diversão para moças e adolescentes e que além disso, havia ainda as revistas de passatempo: “Palavras Cruzadas” e Charadas. Todas essas coisas chegavam de Maceió, no ônibus ou ainda na “sopa” – que era um tipo de ônibus com bagageiro no teto externo – de quinze em quinze dias ou de mês em mês. Ávidos pelas atualizações, comprávamos essas coisas na casa de Dona Maria, esposa de Seu Quinca Alfaiate, bem pertinho da Cadeia Velha.
Mulher já de idade, Dona Maria tratava muito bem todos os clientes. Quando o ônibus chegava com as mercadorias, sua casa se enchia de adolescentes e moças. Revistas novas, cheiro gostoso de gráfica, de papel novo, embriagava. Quanto as figurinhas de jogadores, comprávamos e trocávamos as duplicatas com os colegas. Umas erem raras, com os jogadores mais famosos do momento, Ademir do Vasco, Zizinho, se não me engano, do Palmeiras. João Neto de Zé Urbano, João Neto de Coaracy e Vivi de Seu Antônio Alcântara, colecionavam gibis. O primeiro tornou-se advogado, o segundo, médico, o terceiro, Juiz de Direito. O que vos escreve, professor e escritor romancista.
No caso de charada, o maio charadista de Santana e região era o Antônio Honorato ou Tonho de Marcelon que também era o melhor no jogo de Xadrez. Minha mãe, Helena Braga gostava muito de Charadas e eu de Palavras Cruzadas. E para ajudar a desenvolver a nossa leitura, comprávamos na feira os folhetos, folhetos de cordel, ou romances, daquelas maravilhosas histórias em versos: Cancão-de-fogo, Pedro Malasarte, índia Necy, João Grilo, o Pavão Misterioso, o Cachorro dos Mortos, A chegada de Lampião no Inferno e muitos outros da produção cordelista nordestina. O médico e o juiz, acima, já fizeram passagem. Continua eu e o João Neto Oliveira, como os sobreviventes dos gibis.
Estamos apenas querendo colaborar com as histórias do Sertão com suas virtudes e defeitos. Fui.
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