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02 novembro 2016

O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira …
Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína, pelo e-mail: 
Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 

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01 novembro 2016

AFASTAR-SE DE PESSOAS CONFLITIVAS TRAZ BENEFÍCIOS À ALMA E AO CORPO


Sério, afastar-se de conflitos aumenta a nossa saúde física e emocional. Algumas pessoas nos cansam, nos sugam energia e aniquilam nossa capacidade de reação. Elas são verdadeiras destruidoras da nossa saúde e paz interior, adoecem nossa capacidade emocional e distorcem nossas sensibilidades.

A verdade é que ao longo do tempo, passamos a desconhecer muitas pessoas que pensávamos conhecer, e percebemos que vivemos sujeitos às suas exigências, sua conversa, seu comportamento e, especialmente, suas emoções tóxicas.

Essas pessoas não sabem como respeitar e considerar os outros, e os utilizam como marionetes de seu mau caráter e alvos de conflitos externos e internos. Elas não vivem e deixam viver e, portanto, impedem o desenvolvimento e crescimento pessoal dos que as rodeiam.
“Podem fazer isso de forma consciente ou não, mas é evidente que nos afogam e intoxicam, nos fazendo sentirmos vulneráveis, que fiquemos com raiva facilmente ou que desejemos fugir e abandonar tudo.”

Obviamente, embora fosse mais adequado, nem sempre podemos nos afastar fisicamente destas pessoas, pois podem ser da família ou colegas. No entanto, se tivermos a possibilidade de tomar distância física, é a medida mais adequada para cuidarmos de nossa saúde.

No entanto, podendo ou não o fazer, o importante é conseguir um distanciamento emocional. Então, o melhor a fazer é começarmos a ter a força para nos mantermos fora de sua capacidade de ação, não permitindo influenciem nosso comportamento.

Como podemos nos distanciar emocionalmente de alguém que nos fere?
Se tem alguém em sua vida que te machuca, você pode jogar com a vantagem da antecipação, porque sabe que suas reações ou intenções se tornarão mais previsíveis.

A este respeito, deve-se enfatizar o que mencionamos acima, talvez as pessoas ao nosso redor não queiram criar mau ambiente, mas não sabem se relacionar com o meio ambiente de outra forma.

Ou seja, pare de dar importância ao que essas pessoas fazem e focar-se nos problemas que estão te criando, assim terá mais oportunidades de crescimento e parará de minar sua força e autoestima.

Por estas razões, temos que jogar com as expectativas. Esperamos tanto dos outros que somos incapazes de aceitar a realidade como ela é. Isto gera desapontamentos e desilusões, alimentando uma atmosfera na qual é muito difícil respirar.

“Manter perspectiva nos ajudará a alcançar certa indiferença e desceremos dessa montanha-russa emocional, nos separando de nossas preocupações e liberando nossas inseguranças e reações desproporcionais.

A ideia é iluminar nossas mentes e expor nossos pensamentos e emoções sem medo das consequências, quando chegar a hora. Isto terá um resultado tão rápido e direto quanto satisfatório: nossos problemas irão diminuir e poderemos viver em paz.”

Quando nos afastamos da dor, nos aproximamos da felicidade

Afaste-se do medo e aproxime-se da indiferença. Não se machuque tentando manter uma boa impressão sobre os outros ou pensando que sempre têm boas intenções.

Dizem que quando alguém tem a intenção de prejudicar-nos, o melhor desprezo que podemos fazer é não dar apreciação; ou seja, não deixar que minem a nossa autoestima e ignorar as mensagens negativas.

Ambientes tóxicos e conflitantes têm uma capacidade de contágio devastadora para a nossa saúde. Quanto mais tomarmos distância mais emocional deles, melhor nos sentiremos.

“A vida é muito curta para viver em angústia. Assim, ame as pessoas que te tratam bem e distancie-se daquelas que não o fazem. Sem arrependimentos.”


http://www.revistapazes.com/afastar-beneficios/

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO DE ESTRIPULIAS

*Rangel Alves da Costa

Pra quem não sabe o que seja, vou logo dizendo o que é estripulia. Nada mais que travessura, desordem, traquinagem, peraltice. Daí que o presente escrito também poderia se chamar de livro das peraltices ou das traquinagens. Ou ainda: as travessuras atravessadas num mundo pelo avesso.

E livro porque relatos contidos nas páginas do dia a dia, nos cotidianos e aventuras de crianças e adultos. Não há uma só pessoa que algum dia não tenha praticado uma estripulia, feito uma traquinagem, enveredado em travessuras. Mais presentes nas fases das criancices e adolescências, mas também constantes até em pessoas já envelhecidas.
Cheio de estripulia assim como um primo meu. Caçador de passarinhos, eis que recebeu uma encomenda de um azulão bonito, cantador, com penas bem azuladas, e para ser entregue dentro de uma semana. Dizendo que seria fácil demais, combinou o dia e hora da entrega. Só que a coisa não foi ficando fácil como lhe parecia.

Já próximo a chegar o dia do repasse do azulão bem azulado e cantador, e nada de encontrar o passarinho na medida. Sequer um azulão desazulado conseguia encontrar. Virava de canto a outro com arapuca na mão e nada de tocaiagem. Quase não dormiu na noite anterior ao compromisso. Revirou e desvirou, até que se viu com uma solução na cabeça. Ao levantar cedinho, logo começou a colocar o plano em ação.

Conseguiu tudo fazer conforme o planejado, e de repente já estava com o azulão bem azulado na gaiola. Ao meio-dia fez a entrega e recebeu o dinheiro. Mas como ele conseguiu? Agora conto. Sem ter conseguido o pássaro original, catou um pardal e tacou-lhe tinta azul de caneta. O bichinho ficou num azulado tão grande que chegava a brilhar, e sem que a tinta se desprendesse das penas. Mas uma semana depois foi desagradavelmente surpreendido.

Com efeito, o comprador tapeado bateu à sua porta com um pássaro à mão e perguntando o porquê de o azulão bem azulado ter se transformado em pardal pardacento. Assustado com a descoberta e principalmente com a batida do enganado à sua porta, o espertalhão só encontrou essa para se sair: Mas você está é brincando comigo. Leva um azulão azulado e me chega reclamando com outro passarinho na mão. E você sabe que passarinho é esse aí? Um curió, dos bons.


Ao ouvir a palavra curió, um pássaro famoso e desejado pelo canto maravilhoso que possui e, por isso mesmo, sempre muito caro, o enganado se enganou ainda mais. E logo se imaginou com uma verdadeira fortuna. Então não quis nem mais falar no azulão desazulado, arrumando desculpa para ir embora, de modo que o espertalhão não desejasse o passarinho de volta. E saiu numa correria só. Olhava para o bichinho e pedia que cantasse. Mas pardal não canta.

Outro cabra cheio de estripulia foi o coiteiro Torquato. Toda vez que a volante chegava à sua procura pra forçá-lo a dizer onde estava escondido o bando de Lampião, era melhor nem ter ido. A força policial sempre saía no prejuízo, senão corrida com rabo entre as pernas, como se dizia por lá. Certa feita, o coiteiro estava sentado na malhada quando mais de vinte policiais surgiram repentinamente de dentro da mata. Estava pinicando fumo para um cigarro de palha e assim continuou, sem ao menos se incomodar com a presença de tantas armas em sua direção.

Assim que o chefe da guarnição fez menção em falar, o coiteiro rapidamente levou o dedo à boca, como se pedisse silêncio, e com um dedo da outra mão apontando numa direção. Então, ciente de sinal, a volante saiu em disparada para o local indicado, entrando na caatinga e sumindo. Logicamente sem saber que havia sido enganada. E como enganada foi quando o coiteiro espalhou na região que o bando de Lampião ao invés de se esconder agora estava caçando a volante, com a cangaceirada doida pra comer no dente cada samango que encontrasse. E mais de cem homens caçando a polícia por todo lugar. Ao saber dessa história, e sabendo que os seus vinte e poucos homens não dariam cobro à cangaceirada, o comandante abriu a porteira e deu o salve-se quem puder. E foi uma correria de soldado que chega a poeira subia.

Menino dá nó em cadarço de sapato de quem adormece pelas calçadas e depois, de longe, joga pedra para acordar, todo mundo sabe disso. Quando acorda assustado e logo vai levantar para saber do acontecido, o cabra tropeça nas próprias pernas e se estrebucha no chão. E lá longe o menino se acaba de tanto rir. Mas depois silencia e vai em busca do quintal mais próximo. Depois de pular a cerca, cuidadosamente começa a subir em goiabeira, em mamoeiro, em jabuticabeira. Certa feita, estando lá em cima, de repente avistou embaixo a dona do quintal já de vassoura à mão. Bastava descer e tomar umas vassouradas. Então escolheu o mamão mais maduro e arremessou lá de cima.

Depois desceu e saiu avoando. Enquanto pulava de canto a outro, a velha senhora tentava se limpar da papa de mamão por cima de tudo.

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31 outubro 2016

O BOM E O PÉSSIMO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.582

Dizem lá no Sertão que o mundo é composto do bom e do ruim. E, como em novela passada, dizia um coronel da região: “de fato é mesmo, compadre!”. Existe uma espécie de medo ou alergia médica em relação ao interior. Antes o doutor não queria sair da capital por causa das  oportunidades de aperfeiçoamento, congressos, seminários, cursos e outras coisas mais. Essas justificativas não se concebem mais porque a rede asfáltica cobre o estado inteiro. Vai-se ao lugar mais distante de Maceió dentro de pouco tempo e se retorna da mesma maneira. Aliás, em Alagoas, as distâncias são modestas não passando dos 300 quilômetros de Maceió ao lugar mais distante como Pariconha.

Comércio de Maceió - Foto Clerisvaldo B, Chagas

Por outro lado, não existe um incentivo constitucional, obrigatório e compensador que conduza o jovem médico aos lugares da periferia. 

A retirada dos postos de atendimento do IPASEAL SAÚDE das principais cidades interioranas de Alagoas foi muito grave. Essa maldade sem precedente foi realizada no governo estadual do governador banana, anterior. Carimbada a decisão pelo atual, permanece o absurdo em que o servidor não pode sentir uma dor de cabeça que não tenha que vir à capital. Todos os postos do interior foram extintos e um só médico não atende pelo IPASEAL SAÚDE. Como é que ninguém é preso por uma barbaridade dessas! 

O bom são as novas vias rodoviárias que estão sendo construídas paralelas a Fernandes Lima, para desafogar o principal corredor de trânsito. Louve-se o mérito incontestável do ato governamental. 

Todavia, os usuários do plano de saúde do Ipaseal do interior, continuam a peregrinação infame pela capital em busca de médico para os seus males, encontrando muitas vezes portas fechadas do plano. A Justiça do estado deveria obrigar ao governo reabrir todos os postos fechados e seus credenciamentos médicos que atendam com dignidade os funcionários ligados ao plano IPASEAL SAÚDE. Só quem adoece não é gente de Maceió. IPASEAL é do estado e não particularmente da capital e nem dos amigos desse que está aí. Bem que um dos candidatos a governador havia advertido antes... Ô peste!


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30 outubro 2016

VIVER E MORRER NO MUNDO CORONELISTA

*Rangel Alves da Costa

Depois de tanto tempo de compromisso e submissão, eis que de repente o cabra, por um motivo ou outro, passava a não ter mais serventia. E ia morrer pelas mãos dos capangas daquele mesmo coronel que um dia lhe garantiu proteção.

E protegia mesmo. Mas até onde o cabra lhe tivesse serventia. Até onde fosse útil à tocaia, à emboscada, ao recado melindroso, ao segredo guardado, a tudo que saiba e que não podia revelar. Mas sempre chegava um tempo de desconfiança, quando o desacreditado tinha de forçosamente silenciar debaixo do chão. 

Assim, a segurança coronelista ia até o momento que este precisasse se livrar da ameaça do protegido. Muitas vezes, este conhecia tanto do lamaçal sangrento, de mando e perseguição, que podia se tornar em perigo. Passava a conhecer tramas e segredos que não podiam ser revelados. Então o coronel lhe dava o último sorriso já sabendo de sua sina.

Já dizia o velho Leontino - e com razão - que coronel nordestino nunca gostou de quem quer que fosse. Toda sua amizade era construída por interesse, num jogo de mando e poder, que tanto podia perdurar por mais tempo ou acabar num instante.

Prosseguia dizendo que coronel nunca confiou nem nele mesmo, muito menos em qualquer outro. Sua maldade e perversidade chegavam a tal ponto que parecia viver assombrado, vendo inimigo em tudo e por todo lugar. Numa situação assim, qualquer um podia pagar pela desconfiança.

Talvez fosse o poder acastelado no feudo rodeado de proteção, como num pedestal inacessível, que o tornava tão solitário e tão explosivo. Tramando ter mais poder, tecendo a vida e a morte, ao abrir a boca ou bater o cajado, outra coisa não fazia senão ordenar. E ordem de fogo e sangue a ser cumprida antes que a cusparada secasse.

Numa simples ordem, e uma sentença de vida e de morte. Ora, para ele tanto fazia a vida ou a morte do outro, do inimigo, do litigante ou mesmo do inocente. Mandava matar pai de família empobrecido que não quisesse se desfazer de seu pedacinho de terra nas vizinhanças do latifúndio.


Qualquer um poderia ser sua vítima. Decidia sempre em proveito próprio e contra quem quer que fosse. O coronel de verdade, aquele de latifúndio, poder e capangagem, jamais tomou qualquer decisão que não fosse em seu único e exclusivo benefício. Até mesmo quando abria as portas do curral para eleger um candidato estava trocando o voto por mais poder.

Quando se comprometia a acolher nas suas hostes e dar proteção a foragidos e perseguidos da justiça e da polícia, outra coisa não fazia senão aumentar seu regimento de jagunços, capangas e assassinos. E assim porque todos passavam a lhe dever cega obediência.

A desobediência ou o serviço malfeito, quando o jagunço errava a tocaia ou não trazia a orelha como troféu, era sentença de morte. Ou o cabra fugia ou logo receberia como troco o trato que deixou de cumprir. E se fugisse era derrubado do mesmo jeito. Não havia escapatória. O jagunço ia matar jagunço onde o fugitivo estivesse.

Certa feita, um ex-cangaceiro de Lampião se viu forçado a pedir proteção a um coronel após a chacina de Angico, onde o cangaço teve fim. Temia ser morto pela volante caçadora de fugitivos. Então se debandou para o feudo coronelista e lá foi acolhido com segurança.

No reduto coronelista, logo encontrou outros na mesma situação. Não eram capangas nem jagunços, pois recebendo proteção especial pela fama, linhagem familiar ou a mando de outros amigos influentes. Mas cada um tinha o seu tempo de estadia e de retorno.

Contudo, gente existia que jamais deixava de dever obediência ao poderoso, pois de vez em quando retornando pela reincidência nas práticas virulentas. Mas todos sabiam que jamais, mesmo já estando distantes daquele feudo, poderiam contrariar o coronel.

E o ex-cangaceiro, mesmo já tendo saído do reduto coronelista e alcançado voo próprio, começou a agir de modo não desejado pelo seu ex-protetor. E uma vez contrariado o mando, a sina do subvertido não era outra senão ser alcançado pela poderosa fúria.

Então foi morto pelas mãos de homens que creditava grande confiança e amizade. E eram realmente amigos e de confiança. Contudo, muito mais do coronel. E a este não podiam faltar de jeito nenhum, sob pena de terem o mesmo destino. O que, aliás, acabaram tendo mais tarde.

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29 outubro 2016

SEQUESTRO DE UM POTIGUAR PELO BANDO DE LAMPIÃO


Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. Captura fotográfica feita por Lauro Cabral de Oliveira na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1926. — com josé bezerra lima irmão.

Na rota que escolheram para fazerem, rumo à cidade de Mossoró, RN, Lampião, Massilon e seus asseclas, fazem muitas ‘estripulias’ com pessoas, nos sítios, fazendas, Vilas e Povoados encontrados no caminho. Essa rota, com certeza, foi traçada por Massilon, já que Lampião não conhecia aquelas paragens em terras potiguares.

Antônio Leite, o cangaceiro Massilon.

Já tendo causado pânico em diversas pessoas pela trilha seguida, o bando de bandoleiros acampa e dormem sem nada perturbarem seu sono. Pela manhã, no quebrar da barra, se levantam, desfazem o acampamento, se apetrechos com suas armas e recomeçam a viagem.

O sol não tinha mostrado sua face quando já se encontravam nas terras da Fazenda João Gomes e em seguida nas do Poço Verde. Relatam alguns historiadores que nas terras dessas fazendas não ocorrem mortes. Apenas alguns roubos de níquéis daqueles que moravam na beira da estrada.

O sol sai por trás das serras e, logo se mostra quente e ameaçador sobre aqueles que teimam em não se recolherem em uma sombra. Um pássaro agourento solta seu cantar estridente chamando sua companheira. Já são oito da manhã, e a turba está às portas da Fazenda São Bento. A sede encontrava-se deserta, porém, Lampião envia alguns cabras em direções diferentes com a ordem de, se encontrassem alguém, o fizessem dizer onde tinha uma fazenda que rendesse um bom montante. Assim se faz. Alguns cangaceiros encontram um vaqueiro que estava na lida. Após alguns sopapos, os cangaceiros conseguem arrancar do vaqueiro a indicação de uma fazenda rica na região.

 Agropecuarista Francisco Germano da Silveira, sequestrado na Fazenda Poço de Pedras. 

“(...) O matuto, sem hesitar, apontou o sítio Poço de Pedras. A fazenda indicada, de efeito, possuía máquinas para descaroçamento de algodão. Pequena usina. O proprietário, Francisco Germano da Silveira, era tido como comerciante remediado (...).” (“LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005)

Pois bem, com essa informação, “a matula de cangaceiros” se encaminha para o local informado pelo vaqueiro. Lá chegando, cercam com cautela e rapidez a sede sem dar chance alguma para qualquer reação, o que, naquelas condições, seria suicídio. Prendem o proprietário e já vão lhe enchendo de porradas para que mostre onde encontrava-se o dinheiro, joias e ouro na casa.

Cangaceiro Félix da Mata Redonda. Era encarregado de guarnecer os reféns.

De repente, já meio atordoado, o fazendeiro escuta um decreto a seu respeito, determinando a quantia que teria que pagar pelo mesmo.

“- Se apronte! O senhor está preso por dez contos de réis!” (Ob. Ct.)

Amarram o pobre homem e o deixam ver o que estavam fazendo na sua casa. Arrebentando com tudo, eles encontram um alto valor e o roubam. De repente, aqueles que estavam um pouco afastados e os de dentro da casa, escutam um silvo. Silvo de um apito por demais conhecido por todos, e ele indicava toque de agruparem-se. Assim se faz. 

O dono da Fazenda Poço de Pedras, tem seus braços amarados para trás e torna-se um refém do grupo de Lampião... em território potiguar.

Fonte/foto “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005

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28 outubro 2016

PADRE MÁRIO ANDA, CORRE, BRINCA!

*Rangel Alves da Costa

Cheguei ao portão, olhei esgueirando-me pelas frestas, e avistei alguém descer de um pé de pé de goiabeira com uma fruta já sendo avidamente devorada e outra bem madurinha à mão. Mas quem será? Indaguei admirado. 

E mais surpreso ainda quando não duvidei ser o Padre Mário fazendo estripulias pelos arredores da casa paroquial. Mas não pode ser, pois o homem só vai de canto a outro em cima de uma cadeira de rodas. E de repente ouvi uma bola sendo chutada e a bolada forte bem do lado de dentro da madeira do portão. 

Danou-se. Mas não pode ser. O homem não dá um passo sequer sem ser levado, e como agora o encontro descendo de goiabeira e jogando bola às escondidas, numa hora que nem o sol tomou ainda o lugar do alvorecer? Então gritei. E novamente gritei chamando pelo nome: Padre Mário, Padre Mário! 

Mas tudo silenciou ao redor. Aquele Padre Mário menino, andante, brincalhão, subindo em goiabeira e correndo atrás de bola, havia sumido. Num segundo depois ouvi uma voz forte, aguda, vinda lá de dentro da casa. “Que pecador incomoda os céus nesta hora do dia? Um momentinho. Já vou!”.

E em seguida, guiando a própria cadeira de rodas, na varanda apareceu aquela imensidão iluminada. Era aquele Padre Mário que eu conhecia. Porém eu não estava maluco de duvidar que, há bem pouco tempo, tinha avistado o mesmo homem descendo da goiabeira e correndo atrás de bola, com a normalidade dos atletas. 


“Pode entrar. O portão está aberto.”, ouvi. E entrei. Antes mesmo de pedir sua bênção, fui logo dizendo: “Possa ser que eu esteja malucando, mas juro por Deus que tinha avistado o senhor em danação e correria aí pela frente. Mas como pode ser?”. Então ele espalhou aquele sorriso largo e respondeu: 

“Pode ser sim. E era eu mesmo. Quase todos os dias eu faço isso logo cedinho, quase na madrugada. Mas até somente um pouco antes de eu acordar e o meu sonho menino partir. O meu sonho de menino que anda, que sobe em goiabeira, que brinca de bola, que corre e vai andando para onde quiser. O sonho que se realiza até eu acordar. E você me avistou quando eu ainda estava em sonho. Você me avistou no menino que sou em sonho. Mas aqui estou eu, esse pássaro sem asas e com tanto céu!”.

Imaginei que tudo isso eu só poderia ouvir de um semblante entristecido. Engano meu. A força, o brilho e a alegria, eram como aleluias em Padre Mário. Eram maiores que toda manhã, que todo o sol, que toda a vastidão sertaneja.

Para quem ainda não o conhece, informo que o Padre Mário César Souza é um jovem sacerdote, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, no município de Poço Redondo, no sertão sergipano. Expressão humana amada por todos, está enraizado no coração sertanejo como o bom fruto da terra.

Cadeirante, cumpre sua missão com a ajuda de pessoas que o conduzem pelas igrejas, povoações, onde o seu rebanho estiver. É encontrado sempre na sua cadeira de rodas. Mas é como se o avistasse levantando para caminhar e receber e abraçar os amigos e fiéis.

E há quem diga que voa. Há quem diga que Padre Mário consegue voar!

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AS CANTORAS GÊMEAS.

  Por Saudade Sertaneja Célia Mazzei (Célia) e Celma Mazzei (Celma) nasceram em Ubá, Minas Gerais, em 2 de novembro de 1952. Irmãs gêmeas, i...