20 maio 2022

OPINIÃO MARIA BONITA

  Por Ângelo Cibela


Há gestos marcantes que definem a beleza espiritual da Vida. E, contrapondo-se ao conceito geral, há atitudes que possuem a força maga de produzir milagres.
 
A própria psicologia profunda imerge ante as renovações constantes da vida. Maria Bonita, no gesto louvo de defesa de seu amado, produziu o milagre da transfiguração do espírito sobre a matéria.
 
O seu gesto urdiu um poema de encantamentos e um cântico aos imperativos do coração. Se o seu gesto heroico fosse marmorizado, Rodim, o gigante da escultura, ao certo, teria revelado a sua obra-prima.
 
Nem os fenômenos dramáticos da miséria social conseguem obumbrar o gesto de Maria Bonita que, na sublimidade intencional de seu amor, superou em relevo e importância a história amorosa de Balzac, Dumas e outros.
 
Ressurreição admirável em que a fera se transforma e assinala a sensibilidade dos grandes corações. Salomão em seus cânticos disse que “o amor é mais forte do que a morte”.
 

O seu amado era o seu amor e a morte cedeu o seu trono à glorificação de uma força maior.

Se Stendhal e Ingenieros tentassem compreender esse traço vertiginoso de beleza ante a policromia adusta de um cenário selvagem, ao certo a “cristalização do amor” teria outros foros e as cartas desapareceriam ante a igualdade fundamental das manifestações humanas.
 
E Maria Bonita teve a máxima ventura, rara aos amantes, de alar o seu espírito para as alturas de mãos dadas com o seu companheiro, razão única de seu viver.
 
E — senhores meus — isolando o fato, circunscrevendo-o à análise psicológica do amor, sejamos cavalheiros e no longo gesto medieval, saudemos Maria Bonita como o símbolo agreste do sacrifício.


Ela, Maria Bonita, é a encarnação admirável do amor que não conhece fronteiras e nem decálogos.

Mais forte do que a morte, esculpiu sua própria eternidade, testando à posteridade um traço luminoso de excepcional beleza.
 
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*Nota de Archimedes Marques, (01 de junho de 2011):

- O esplendor de texto assinado pelo jornalista Ângelo Cibela em 1938, para o CORREIO DE ARACAJU (jornal extinto há muito tempo) fora capturado com a autorização do escritor sergipano, Antonio Corrêa Sobrinho, autor do livro “O fim de Virgulino Lampião – O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS”2ª edição, páginas 137/138, que rompeu meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos da nossa Aracaju e além fronteiras para trazer ao público as pertinentes matérias jornalísticas de Sergipe, no período pós-morte de Lampião, em trabalho exaustivo que por certo servirá de parâmetro e ajuda em novos livros, de novos ou velhos autores, sobre esse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história nordestina.

Não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra na sua biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através do contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br 

Atenciosamente
Archimedes Marques

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CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022 PROGRAMAÇÃO OFICIAL

 

CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022

 Sertão das Alagoas - Nordeste do Brasil

28 de Julho - Quinta-Feira

NOITE DE ABERTURA

18:30hs Centro Cultural Miguel Arcanjo

19:00h – Formação da Mesa Oficial de Abertura

Hino Nacional - Filarmônica Mestre Elísio

MESA

TIAGO FREITAS - Prefeito Municipal

CELSINHO RODRIGUES- Presidente da Comissão Organizadora

MANOEL SEVERO - Curador Cariri Cangaço 

MELLINA TORRES FREITAS - Secretária Estadual da Cultura

INÁCIO DE LOIOLA - Deputado Estadual de Alagoas

ARCHIMEDES MARQUES - Presidente da ABLAC - Sergipe

EDUARDO CLEMENTE - Secretário de Cultura e Turismo de Piranhas

ANGELO OSMIRO – Presidente do GECC - Ceará

NARCISO DIAS - Presidente do GPEC – Paraíba

ÁLVARO MOREIRA - Presidente da APLA 

19:30h-Entrada do Estandarte do Cariri Cangaço

QUIRINO SILVA e CÉLIA MARIA João Pessoa PB 

19:40h - Apresentação do Cariri Cangaço

EMMANUEL ARRUDA - João Pessoa PB 

19:50h – Cumprimentos aos Convidados

CELSINHO RODRIGUES - Conselheiro Cariri Cangaço

MANOEL SEVERO - Curador do Cariri Cangaço

INACIO LOIOLA - Deputado Estadual

TIAGO FREITAS - Prefeito Municipal de Piranhas

 20:00h – Posse de Novos Conselheiros Cariri Cangaço

1. JACQUELINE RODRIGUES Piranhas AL 

Entrega de Diploma por JOÃO DE SOUSA LIMA Paulo Afonso BA

2. PEDRO POPOFF Bauru SP 

Entrega de Diploma por KYDELMIR DANTAS - SBEC - Nova Floresta PB

3. GILMAR TEIXEIRA Feira de Santana BA 

Entrega de Diploma por  CALIXTO JUNIOR Juazeiro do Norte CE


20:15h – Entrega de Diplomas "Mérito Cultural Cariri Cangaço"

     1.Prefeitura Municipal de Piranhas - TIAGO FREITAS

Entrega de Diploma por MELLINA FREITAS Maceió AL

2.Academia Piranhense de Letras e Artes - ÁLVARO MOREIRA

Entrega de Diploma por CRISTINA COUTO Lavras da Mangabeira CE

3.MFTur - ANTONIO MANOEL DE CARVALHO NETO

Entrega por Conselheiro CELSINHO RODRIGUES  Piranhas AL

20:30h – Homenagem à Memória de Celso Rodrigues Rego

PADRE LUCIANO JOSÉ RODRIGUES BRITO

20:45h - Comenda de "Personalidade Eterna do Sertão" 

CELSO RODRIGUES REGO IMemoriam

SÔNIA RODRIGUES e FAMILIA recebem

 de IVANILDO SILVEIRA e JOÃO DE SOUSA LIMA


21:00h - Comenda de "Personagem Histórica do Sertão" 

CYRA BRITTO BEZERRA IMemoriam

PAULO BRITTO e ANE RANZAN recebem de INACIO LOIOLA


21:15h - Lançamento do Projeto

"CAMINHOS DA RESISTÊNCIA - PELAS RUAS DE PIRANHAS"

CELSINHO RODRIGUES

MIGUEL ALENCAR

29 de Julho - Sexta-Feira

MANHÃ

9h30 - Saída para Tour Histórico
Lançamento Projeto 
"CAMINHOS DA RESISTÊNCIA - PELAS RUAS DE PIRANHAS"

Apresentação do Roteiro e Episódios 
PRISÃO DE INACINHA , INVASÃO E MORTE DE GATO
PERSONAGENS CHIQUINHO RODRIGUES - CYRA BRITTO

TRAMA PARA O CERCO DE ANGICO
PERSONAGENS JOCA BERNARDO - PEDRO DE CÂNDIDO
SARGENTO ANICETO - JOÃO BEZERRA
FERREIRA DE MELO

PRÉDIOS HISTÓRICOS

Explanações sobre o Roteiro e Episódios
CELSINHO RODRIGUES Piranhas AL
MIGUEL ALENCAR Piranhas AL
INACIO LOIOLA Piranhas AL
JACQUELINE RODRIGUES Piranhas AL
PAULO BRITTO Recife PE
JOÃO DE SOUSA LIMA Paulo Afonso BA

11:30h - Centro Cultural Miguel Arcanjo
LANÇAMENTOS DE LIVROS

1. Lampião e a Aliança de Gonzaga
VALDIR NOGUEIRA - São José de Belmonte PE

2.Lampião, Herói ou Bandido - A Construção de um Mito
MARIA OTILIA CABRAL SOUSA - Capela SE

3. Lampião em Serrinha do Catimbau
JUNIOR ALMEIDA Capoeiras PE

4.Guerra de Pau de Colher: Massacre à sombra da Ditadura Vargas
MARCOS DAMASCENO Dom Inocêncio PI

5. Maria Bonita a Rainha do Cangaço 
JOÃO DE SOUSA LIMA Paulo Afonso BA 

6. Corisco e Dadá - Uma Saga de Amor, Cachaça e Sangue
7. Zé Baiano e os Engrácias
JOSÉ BEZERRA LIMA IRMÃO Salvador BA

8. Lampião e Seus Cangaceiros - 1920 a 1940 Caderno de Anotações
9. Lampião e a Revolução de 1930
10. Lampião em 1931 - O Imperador dos Sertões
11. Lampião em 1932 - O Terror dos Sertões
LUIZ RUBEN BONFIM Recife PE

12. Quem Matou Delmiro Gouveia
GILMAR TEIXEIRA Feira de Santana BA

13.Contadores de História - Lá vem a Maria Fumaça
REGINA CELI BORGES Jatobá PE

13:00h - Almoço

TARDE LIVRE

NOITE

18:30hs Centro Cultural Miguel Arcanjo

18:40h –Sessão Solene da ABLAC
Posse de Novos Acadêmicos
ARCHIMEDES e ELANE MARQUES - Aracaju SE

20:30h - Conferência e Lançamento
 "Memórias Sangradas"
RICARDO BELIEL - Rio de Janeiro RJ
LUCIANA NABUCO - Rio de Janeiro RJ

MESA:
JORGE REMÍGIO - Custódia PE
KIKO MONTEIRO - Lagarto SE
CARLOS ALBERTO SILVA - Natal RN


30 de Julho - Sábado

MANHÃ

7:30h - Saída para Grota do Angico - Poço Redondo SE
Porto de Piranhas

8:30h - MOMENTO SOLENE ECUMÊNICO
Onde serão Depositadas no Leito do Rio São Francisco, à bordo do Catamarã, as CINZAS do Pesquisador 
ANTONIO AMAURY CORRÊA DE ARAUJO

CARLOS ELIDIO ARAUJO
MANOEL SEVERO 

10:00h - GROTA do ANGICO
28 de Julho de 1938... a Morte de Lampião - Rei do Cangaço

Apresentação e Debate sobre o Cenário e Episódio
"Mentiras e Mistérios de Angico"

IVANILDO SILVEIRA - Natal RN
LEANDRO CARDOSO FERNANDES - Teresina PI
WESCLEY RODRIGUES - Cajazeiras PB
KYDELMIR DANTAS / SBEC - Nova Floresta PB
MOACIR ASSUNÇÃO - São Paulo SP
JOSE BEZERRA LIMA IRMÃO - Salvador BA

12:30h - Almoço

TARDE LIVRE

NOITE

18:30hs Centro Cultural Miguel Arcanjo

19:00h – O Homem, a Vida e os Desafios de Antônio Amaury 
CARLOS ELIDIO ARAUJO - São Paulo SP

19:40h - Comenda "Personalidade Eterna do Sertão"
ANTONIO AMAURY CORRÊA DE ARAUJO IMemoriam
Entrega por MANOEL SEVERO -  Fortaleza CE

20:00h - A Obra e o Legado de Antônio Amaury 
LEANDRO CARDOSO FERNANDES - Teresina PI
ANGELO OSMIRO BARRETO - Fortaleza CE
LUIZ RUBEN BONFIM - Recife PE

Realização:
Instituto Cariri do Brasil
Conselho Alcino Alves Costa
Prefeitura Municipal de Piranhas
Secretaria de Cultura e Turismo de Piranhas

Apoio:
APLA - Academia Piranhense de Letras e Artes 
SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
ABLAC - Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço
GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará
GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço
MFTUR


NOTA IMPORTANTE CARIRI CANGAÇO

Para um melhor esclarecimento sobre o Cariri Cangaço Piranhas 2022, ressaltamos que toda a agenda do evento é totalmente grátis, sem necessidade de inscrição prévia nem pagamento de nenhuma taxa. Os participantes serão responsáveis por suas próprias despesas; de hospedagem e alimentação. A Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Piranhas 2022 coloca a título de sugestão a indicação de hotel;  que estará concentrando a grande maioria de nossos convidados; sendo: Hotel Xique Xique - Bairro Xingó - Contato pelo ZAP (82) 98178.8756 ou Email: hotelxiquexiquepiranhas@gmail.com . Esclarecemos ainda que a cidade de Piranhas possui uma espetacular rede hoteleira, atendendo a todos os públicos, dessa forma basta a consulta via internet. Reiteramos que nosso compromisso é com você , sem dúvidas nosso maior patrimônio. Sejam todos muito bem vindos ao Cariri Cangaço Piranhas 2022, Território de Grandes Encontros. 

Manoel Severo Barbosa - Curador do Cariri Cangaço

Celsinho Rodrigues - Presidente da Comissão Org. do Cariri Cangaço Piranhas

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/05/cariri-cangaco-piranhas-2022.html

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19 maio 2022

LIVRO DO ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA

   

Uma Grande aventura narrada em 268 páginas direto das pessoas que vivenciaram os fatos.... para adquirir: direto como autor: 75-988074138 ou supermercado Suprave e ainda no Maria Bonita Turismo (térreo do hotel San Marino).

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=2175506229280148&notif_id=1649033251114895&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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18 maio 2022

CANGAÇO - RASO DA CATARINA E LAMPIÃO POR JOÃO DE SOUSA LIMA - PARTE 1

  Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=K3ThpvHpB-Q&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Cangaço - Raso da Catarina e lampião por João de Sousa Lima - parte 1 Primeira parte da live com João de Sousa Lima, transmitida em 26/01/2021. Contatos de João de Sousa Lima: (75) 98807-4138 joaoarquivo44@bol.com.br Link desse vídeo: https://youtu.be/K3ThpvHpB-Q

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17 maio 2022

LIVRO DO ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA

 

Uma Grande aventura narrada em 268 páginas direto das pessoas que vivenciaram os fatos.... para adquirir: direto como autor: 75-988074138 ou supermercado Suprave e ainda no Maria Bonita Turismo (térreo do hotel San Marino).

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16 maio 2022

O CANGAÇO EM ´POÇO REDONDO

 Por Rangel Alves da Costa

O dia era 13 de junho de 1932. Bem ao lado desta capelinha que tem São Clemente como padroeiro, na região da Pelada nos sertões sergipanos de Poço Redondo, o percurso cruel e desumano da Chacina do Couro (perseguição sangrenta comandada pela perversidade do cangaceiro Gato, tendo ao lado os igualmente terríveis bandoleiros Suspeita, Medalha, Azulão e Cajueiro, vitimando inocentes homens da terra), teve por consequência o assassinato de mais três homens da terra, um morador da região, um pai e um filho.  

A capela da Fazenda Pelada

Depois de terem chacinado Antônio Monteiro e o menino Galdino mais atrás, na região da Lagoa do Tingui, Gato e seus comandados seguiram buscando mais sangue. Chegaram à casa da fazenda na Pelada, de propriedade de um senhor chamado Clemente, já trazendo outro sertanejo amarrado: Alfredo. 

Gato e Inacinha

Na casa encontraram Clemente e o seu filho chamado João. Instantes após, pelo fato de Alfredo afirmar que já não suportava tanto sofrimento e preferia a morte, então a cangaceirama nem pensou duas vezes, pois fizeram o sertanejo impiedosamente tombar pela terra. 

Em seguida, sem qualquer motivação para tamanha brutalidade e covardia, mataram também o pai e o filho. A antiga casa foi sendo abandonada e ao lado, após fatos misteriosos surgidos, uma casinha de oração foi construída. Tempos após, contudo, uma capelinha foi erguida para zelar pelas cruzes de Clemente, João e Alfredo, que continuam em seu interior.

Os moradores da região afirmam que num dos cantos da capelinha marcas de sangue insistentemente surgem, ainda que atualmente cimentada. São fatos, memórias e histórias ainda presentes na Pelada e região, e que vivamente testemunham a terrível passagem do cangaceiro Gato e sua malta pelos sertões poço-redondenses. 

Em julho, as pegadas dos turistas e pesquisadores estarão por aí. Quem quiser participar basta entrar em contato com o documentarista Aderbal Nogueira. Assim, nos dias 29 e 30 de julho, Poço Redondo se tornará num livro vivo para o conhecimento da história cangaceira nos sertões sergipanos do São Francisco.

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15 maio 2022

UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I

 Por Alfredo Bonessi

Pesquisador Alfredo Bonessi em sua palestra durante o Cariri Cangaço 2010

Ainda hoje a gente sente o calor do fogo que aqui se deu naquela manhã de 28 de julho de 1938. No entardecer do dia 27 de julho de 1938, na grota de Angicos, Pedro chega com a mercadoria encomendada por Lampião. Lampião está triste, acabrunhado, esquisito. Tinha recebido notícias que a Força tinha saído ao encalço dele para as bandas do Moxotó. Já é noite e Lampião corta uma melancia e distribui entre Maria Bonita e Sila e após isso elas vão conversar em cima de uma pedra existente na subida do barranco, oposto a gruta, de frente à barraca de Lampião.

Maria se queixa de Lampião, da vida que leva, quer ir embora, largar a vida, mas Lampião não quer. Estavam de brigas, tinham discutido muito. Maria tinha cortado os cabelos. Daí Sila ver algumas luzinhas no alto do morro e pergunta a Maria o que é aquilo, aquelas luzinhas açula ? Ela triste e pensativa responde que é vaga-lume. E só podia ser mesmo, porque naquela hora a volante estava com Joca, o delator, bem distante dali. Maria ainda fala que não tem medo da volante de Alagoas, porque possui nela um parente. Sila diz que não tem medo da volante Sergipana, mas não explica por que. Separam -se cada uma vai para a sua barraca.

Anos depois, Zé Sereno, marido de Sila, afirma que naquela noite derradeira Lampião e Pedro conversaram dentro do mato, sozinhos até as 23 horas. Durval confirma isso. Pedro vai para casa, atravessa o rio de canoa. Chega em casa e pouco depois chega a polícia para buscá-lo. Ele diz que não pode ir. Teve tempo suficiente para pegar a canoa e atravessar de volta para o coito dos cangaceiros, ou mesmo avisar o irmão para que avisasse Lampião. Mas fica em casa, espera. A vida de Lampião está com as horas contadas. Minutos depois a polícia retorna, daí ele segue por terra com o Cabo Bida até onde está a volante. Chegando lá o Tenente Bezerra põe a mão no ombro dele e avisa: eu vim para te matar se você não me der conta dos cangaceiros. Pedro pensa um pouco e entrega tudo, mas não dá a certeza se os homens ainda estão lá na grota – precisa salvar a sua vida - e, temendo que o irmão esteja entre os cangaceiros e possa ser morto pela polícia, indica a polícia o irmão que está do outro lado e para lá seguem. Chegando lá avisa o irmão para que entregue tudo, porque está preso. Durval sem pestanejar confirma: estão lá sim, acabei de chegar de lá e a bem pouco eles estavam aqui pegando bebida. O fim de Lampião estava traçado.

O que não encaixa na história relatada posteriormente por Durval era que o irmão estava com a camisa ensanguentada da ponta do punhal de João Bezerra, ou mesmo com as unhas arrancadas.

Esse relato é para minimizar uma possível ação posterior de vingança dos cangaceiros contra eles. Sabe-se que o Aspirante Ferreira queria matar logo Pedro, coisa que o Tenente Bezerra não deixou. Lógico, era uma estratégia policial para fazer com que ele desse no bico, pois os mortos não falam e Pedro morto não valia nada para a operação e a missão fracassaria. Depois foi a vez de Durval ser amedrontado. Segundo ele, o Aspirante deu uma tapa no lado do seu rosto que ele caiu no terreiro. Em outro depoimento diz que foi apenas empurrões e que o Aspirante queria logo matar a ambos no que João Bezerra saiu em defesa deles, em proteção. Cenas de artistas primários em picadeiros de circo das periferias. Por fim, com os objetivos traçados e a força avisada com quem iria brigar, começam a subir o leito do riacho. Daí o Tenente Bezerra acende uma lanterna e foca a tropa que em coluna avançava, dá um sorriso e pensa consigo mesmo: quantos daí vão morrer ? ora para quem vai enfrentar um número de cangaceiros superior ao número de seus comandados, e ainda em um terreno desconhecido, a noite, sem saber onde estavam os inimigos e acender uma lanterna é uma atitude reprovável, criminosa, leviana, e inexplicável. Estaria avisando a alguém? Se a força estivesse em campo aberto o foco da lanterna poderia ser visto a mais de um quilometro de distância, e uma saraivada de balas cairia sobre todos e a maioria morreria naquele momento ou ficaria ferida.

Outro fato acontecido nesse momento que foi relatado e hoje está escrito como verdadeiro é que o Aspirante estava bêbado, aponto de não parar em pé. Ora, para quem desce o Rio São Francisco à noite, nas corredeiras, em três canoas amarradas, podendo a qualquer momento bater em uma pedra e ir ao fundo, estar bêbado e equipado é muito contar com a sorte – é ser negligente demais, ou aventureiro mesmo, aqueles das historinhas de gibis. Outro detalhe tido como verdadeiro: o Aspirante estava tão bêbado que não podia levar a metralhadora e deu a arma a um estranho para levá-la. Ora, dar a metralhadora para um paisano desconhecido, para levá-la, sabendo que ele poderia manobrar a arma e matar muita gente ali presente é demais para quem vai atacar um inimigo naquelas horas da madrugada. O fato que bêbado ou não, foi o Aspirante e sua turma que deram fim ao Rei do Cangaço.

Ainda, para esse momento, e poucas horas antes, o mesmo depoente afirma categoricamente que o Tenente que vai atacar Lampião tinha, ao entardecer, mandado pelo seu irmão, um saco de balas para Lampião. Não cola, não fecha. Não existe explicação enviar um saco de balas para quem você vai atacar horas depois, mesmo porque o Tenente não estava em Piranhas, estava em Pedra, e Pedro comprou as mercadorias em Piranhas. Nessa cidadezinha estavam acantonadas as volantes de Odilon Flor, da Bahia, e talvez a volante de Besouro, também da Bahia. Se o Oficial Comandante estivesse corrompido não iria atacar Lampião naquela madrugada – atacaria no dia seguinte, em plena luz do dia, para ser visto, ou então mandaria um aviso por algum informante a Lampião.

Entre tantas contradições há uma: que o Tenente não conhecia Lampião, foi conhecê-lo após a morte do cangaceiro, quando o mesmo já estava de cabeça cortada. Puro engano. Ambos eram conhecidos de muito tempo quando o Tenente, por ser agiota, estava afastado da corporação, e então se misturou ao grupo de todo o tipo de gente, caçadores, bandidos, cangaceiros e jogadores, daí então que aprendeu as manhas de lidar com a gente do sertão, incluindo aí os cangaceiros. Afirmam testemunhas que o Tenente Bezerra jogou baralho com Lampião – eu acredito nisso. Tanto é, que após a morte de Lampião, se embalando em uma rede no oitão da casa da fazenda do Tenente Zé Rufino, esse falou a aquele: como é rapaz, você foi matar o seu amigo ? – a que o Tenente respondera: é, foi o jeito ! – quem viu, testemunhou e está escrito.

Outra história bem verídica dessa amizade é sobre o cachorro de Lampião que aprisionado em combate pela força de Zé Rufino e entregue ao Tenente Bezerra em Piranhas, sessenta dias depois o animal estava na posse de Lampião. Essa amizade antiga, esse conhecimento da vida cangaceira, a troca de informações entre vários informantes, a atitude, o comportamento proposital aos olhos de todos, dando a impressão de apatia, desinteresse, de ser conivente, frouxo, tanto da parte dele como do Sargento Aniceto é que concorreu sobremaneira para o aniquilamento de Lampião, porque com certeza Lampião sabia muito bem do temperamento de seu oponente e com isso negligenciou a segurança do grupo e dele mesmo. Facilitou e pagou caro por isso.

Outra questão a ser comentada é com relação ao bando de Corisco. Lampião chegara na grota no dia 20 ou 21 de julho. Convocou todo o pessoal para uma reunião. Estava na posse de uma fortuna, algo em torno de mais de R$ 750 mil reais em joias (estimativas ao dia de hoje), cinco quilos de ouro, segundo alguns - mas para encher duas bacias de rosto de joias dão mais ou menos 2,5 quilos de ouro e não cinco. Somente se fosse ouro em barra, aí se poderia estimar esse peso de cinco quilos – analisando por esse lado, esse valor cairia para 350 mil reais. Em dinheiro sim, supomos, sem nenhuma informação, que Lampião estivesse com valores bem acima de 500 contos de réis, valores que daria para adquirir hoje, 10 automóveis, segundo uns, ao preço de 50 contos de réis um automóvel, outros dizem que não, um automóvel custava na época 8 contos de réis. Outros calculam a correspondência entre as moedas: pega-se o conto de réis e divide-se por quatro, tem-se o valor em reais aos dias de hoje. O fato que uma fortuna estava na posse de Lampião naquela ocasião. Maria Bonita possuía 160 contos de réis, daria para comprar quatro fazendas. Luiz Pedro estava com 360 contos de réis (estimativa), fora as joias, daria para comprar nove fazendas, sem contar os outros cangaceiros que foram mortos, e mais ainda, aqueles que largaram tudo nas toldas e correram, abandonando o local. Era muito dinheiro.

A volante se apossou de tudo e ninguém soube o destino em que foi parar essa fortuna.

Depois da refrega, quem seria doido de buscar explicações com o pessoal da volante sobre o paradeiro dessa riqueza em um tempo em que a polícia fazia o que bem queria e um soldado da polícia mandava mais no sertanejo que um Senador Romano no tempo de Júlio César? Esses comentários que foi o dinheiro que matou Lampião surgiu agora na década de 60 e somente foi cogitado no século XXI quando os componentes da volante já não existiam mais.

Continua...

Alfredo Bonessi

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MINHA FILOSOFIA...

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