31 de out. de 2016

O BOM E O PÉSSIMO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.582

Dizem lá no Sertão que o mundo é composto do bom e do ruim. E, como em novela passada, dizia um coronel da região: “de fato é mesmo, compadre!”. Existe uma espécie de medo ou alergia médica em relação ao interior. Antes o doutor não queria sair da capital por causa das  oportunidades de aperfeiçoamento, congressos, seminários, cursos e outras coisas mais. Essas justificativas não se concebem mais porque a rede asfáltica cobre o estado inteiro. Vai-se ao lugar mais distante de Maceió dentro de pouco tempo e se retorna da mesma maneira. Aliás, em Alagoas, as distâncias são modestas não passando dos 300 quilômetros de Maceió ao lugar mais distante como Pariconha.

Comércio de Maceió - Foto Clerisvaldo B, Chagas

Por outro lado, não existe um incentivo constitucional, obrigatório e compensador que conduza o jovem médico aos lugares da periferia. 

A retirada dos postos de atendimento do IPASEAL SAÚDE das principais cidades interioranas de Alagoas foi muito grave. Essa maldade sem precedente foi realizada no governo estadual do governador banana, anterior. Carimbada a decisão pelo atual, permanece o absurdo em que o servidor não pode sentir uma dor de cabeça que não tenha que vir à capital. Todos os postos do interior foram extintos e um só médico não atende pelo IPASEAL SAÚDE. Como é que ninguém é preso por uma barbaridade dessas! 

O bom são as novas vias rodoviárias que estão sendo construídas paralelas a Fernandes Lima, para desafogar o principal corredor de trânsito. Louve-se o mérito incontestável do ato governamental. 

Todavia, os usuários do plano de saúde do Ipaseal do interior, continuam a peregrinação infame pela capital em busca de médico para os seus males, encontrando muitas vezes portas fechadas do plano. A Justiça do estado deveria obrigar ao governo reabrir todos os postos fechados e seus credenciamentos médicos que atendam com dignidade os funcionários ligados ao plano IPASEAL SAÚDE. Só quem adoece não é gente de Maceió. IPASEAL é do estado e não particularmente da capital e nem dos amigos desse que está aí. Bem que um dos candidatos a governador havia advertido antes... Ô peste!


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30 de out. de 2016

VIVER E MORRER NO MUNDO CORONELISTA

*Rangel Alves da Costa

Depois de tanto tempo de compromisso e submissão, eis que de repente o cabra, por um motivo ou outro, passava a não ter mais serventia. E ia morrer pelas mãos dos capangas daquele mesmo coronel que um dia lhe garantiu proteção.

E protegia mesmo. Mas até onde o cabra lhe tivesse serventia. Até onde fosse útil à tocaia, à emboscada, ao recado melindroso, ao segredo guardado, a tudo que saiba e que não podia revelar. Mas sempre chegava um tempo de desconfiança, quando o desacreditado tinha de forçosamente silenciar debaixo do chão. 

Assim, a segurança coronelista ia até o momento que este precisasse se livrar da ameaça do protegido. Muitas vezes, este conhecia tanto do lamaçal sangrento, de mando e perseguição, que podia se tornar em perigo. Passava a conhecer tramas e segredos que não podiam ser revelados. Então o coronel lhe dava o último sorriso já sabendo de sua sina.

Já dizia o velho Leontino - e com razão - que coronel nordestino nunca gostou de quem quer que fosse. Toda sua amizade era construída por interesse, num jogo de mando e poder, que tanto podia perdurar por mais tempo ou acabar num instante.

Prosseguia dizendo que coronel nunca confiou nem nele mesmo, muito menos em qualquer outro. Sua maldade e perversidade chegavam a tal ponto que parecia viver assombrado, vendo inimigo em tudo e por todo lugar. Numa situação assim, qualquer um podia pagar pela desconfiança.

Talvez fosse o poder acastelado no feudo rodeado de proteção, como num pedestal inacessível, que o tornava tão solitário e tão explosivo. Tramando ter mais poder, tecendo a vida e a morte, ao abrir a boca ou bater o cajado, outra coisa não fazia senão ordenar. E ordem de fogo e sangue a ser cumprida antes que a cusparada secasse.

Numa simples ordem, e uma sentença de vida e de morte. Ora, para ele tanto fazia a vida ou a morte do outro, do inimigo, do litigante ou mesmo do inocente. Mandava matar pai de família empobrecido que não quisesse se desfazer de seu pedacinho de terra nas vizinhanças do latifúndio.


Qualquer um poderia ser sua vítima. Decidia sempre em proveito próprio e contra quem quer que fosse. O coronel de verdade, aquele de latifúndio, poder e capangagem, jamais tomou qualquer decisão que não fosse em seu único e exclusivo benefício. Até mesmo quando abria as portas do curral para eleger um candidato estava trocando o voto por mais poder.

Quando se comprometia a acolher nas suas hostes e dar proteção a foragidos e perseguidos da justiça e da polícia, outra coisa não fazia senão aumentar seu regimento de jagunços, capangas e assassinos. E assim porque todos passavam a lhe dever cega obediência.

A desobediência ou o serviço malfeito, quando o jagunço errava a tocaia ou não trazia a orelha como troféu, era sentença de morte. Ou o cabra fugia ou logo receberia como troco o trato que deixou de cumprir. E se fugisse era derrubado do mesmo jeito. Não havia escapatória. O jagunço ia matar jagunço onde o fugitivo estivesse.

Certa feita, um ex-cangaceiro de Lampião se viu forçado a pedir proteção a um coronel após a chacina de Angico, onde o cangaço teve fim. Temia ser morto pela volante caçadora de fugitivos. Então se debandou para o feudo coronelista e lá foi acolhido com segurança.

No reduto coronelista, logo encontrou outros na mesma situação. Não eram capangas nem jagunços, pois recebendo proteção especial pela fama, linhagem familiar ou a mando de outros amigos influentes. Mas cada um tinha o seu tempo de estadia e de retorno.

Contudo, gente existia que jamais deixava de dever obediência ao poderoso, pois de vez em quando retornando pela reincidência nas práticas virulentas. Mas todos sabiam que jamais, mesmo já estando distantes daquele feudo, poderiam contrariar o coronel.

E o ex-cangaceiro, mesmo já tendo saído do reduto coronelista e alcançado voo próprio, começou a agir de modo não desejado pelo seu ex-protetor. E uma vez contrariado o mando, a sina do subvertido não era outra senão ser alcançado pela poderosa fúria.

Então foi morto pelas mãos de homens que creditava grande confiança e amizade. E eram realmente amigos e de confiança. Contudo, muito mais do coronel. E a este não podiam faltar de jeito nenhum, sob pena de terem o mesmo destino. O que, aliás, acabaram tendo mais tarde.

Escritor
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29 de out. de 2016

SEQUESTRO DE UM POTIGUAR PELO BANDO DE LAMPIÃO


Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. Captura fotográfica feita por Lauro Cabral de Oliveira na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1926. — com josé bezerra lima irmão.

Na rota que escolheram para fazerem, rumo à cidade de Mossoró, RN, Lampião, Massilon e seus asseclas, fazem muitas ‘estripulias’ com pessoas, nos sítios, fazendas, Vilas e Povoados encontrados no caminho. Essa rota, com certeza, foi traçada por Massilon, já que Lampião não conhecia aquelas paragens em terras potiguares.

Antônio Leite, o cangaceiro Massilon.

Já tendo causado pânico em diversas pessoas pela trilha seguida, o bando de bandoleiros acampa e dormem sem nada perturbarem seu sono. Pela manhã, no quebrar da barra, se levantam, desfazem o acampamento, se apetrechos com suas armas e recomeçam a viagem.

O sol não tinha mostrado sua face quando já se encontravam nas terras da Fazenda João Gomes e em seguida nas do Poço Verde. Relatam alguns historiadores que nas terras dessas fazendas não ocorrem mortes. Apenas alguns roubos de níquéis daqueles que moravam na beira da estrada.

O sol sai por trás das serras e, logo se mostra quente e ameaçador sobre aqueles que teimam em não se recolherem em uma sombra. Um pássaro agourento solta seu cantar estridente chamando sua companheira. Já são oito da manhã, e a turba está às portas da Fazenda São Bento. A sede encontrava-se deserta, porém, Lampião envia alguns cabras em direções diferentes com a ordem de, se encontrassem alguém, o fizessem dizer onde tinha uma fazenda que rendesse um bom montante. Assim se faz. Alguns cangaceiros encontram um vaqueiro que estava na lida. Após alguns sopapos, os cangaceiros conseguem arrancar do vaqueiro a indicação de uma fazenda rica na região.

 Agropecuarista Francisco Germano da Silveira, sequestrado na Fazenda Poço de Pedras. 

“(...) O matuto, sem hesitar, apontou o sítio Poço de Pedras. A fazenda indicada, de efeito, possuía máquinas para descaroçamento de algodão. Pequena usina. O proprietário, Francisco Germano da Silveira, era tido como comerciante remediado (...).” (“LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005)

Pois bem, com essa informação, “a matula de cangaceiros” se encaminha para o local informado pelo vaqueiro. Lá chegando, cercam com cautela e rapidez a sede sem dar chance alguma para qualquer reação, o que, naquelas condições, seria suicídio. Prendem o proprietário e já vão lhe enchendo de porradas para que mostre onde encontrava-se o dinheiro, joias e ouro na casa.

Cangaceiro Félix da Mata Redonda. Era encarregado de guarnecer os reféns.

De repente, já meio atordoado, o fazendeiro escuta um decreto a seu respeito, determinando a quantia que teria que pagar pelo mesmo.

“- Se apronte! O senhor está preso por dez contos de réis!” (Ob. Ct.)

Amarram o pobre homem e o deixam ver o que estavam fazendo na sua casa. Arrebentando com tudo, eles encontram um alto valor e o roubam. De repente, aqueles que estavam um pouco afastados e os de dentro da casa, escutam um silvo. Silvo de um apito por demais conhecido por todos, e ele indicava toque de agruparem-se. Assim se faz. 

O dono da Fazenda Poço de Pedras, tem seus braços amarados para trás e torna-se um refém do grupo de Lampião... em território potiguar.

Fonte/foto “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE - A história da grande jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição, Natal, 2005

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28 de out. de 2016

PADRE MÁRIO ANDA, CORRE, BRINCA!

*Rangel Alves da Costa

Cheguei ao portão, olhei esgueirando-me pelas frestas, e avistei alguém descer de um pé de pé de goiabeira com uma fruta já sendo avidamente devorada e outra bem madurinha à mão. Mas quem será? Indaguei admirado. 

E mais surpreso ainda quando não duvidei ser o Padre Mário fazendo estripulias pelos arredores da casa paroquial. Mas não pode ser, pois o homem só vai de canto a outro em cima de uma cadeira de rodas. E de repente ouvi uma bola sendo chutada e a bolada forte bem do lado de dentro da madeira do portão. 

Danou-se. Mas não pode ser. O homem não dá um passo sequer sem ser levado, e como agora o encontro descendo de goiabeira e jogando bola às escondidas, numa hora que nem o sol tomou ainda o lugar do alvorecer? Então gritei. E novamente gritei chamando pelo nome: Padre Mário, Padre Mário! 

Mas tudo silenciou ao redor. Aquele Padre Mário menino, andante, brincalhão, subindo em goiabeira e correndo atrás de bola, havia sumido. Num segundo depois ouvi uma voz forte, aguda, vinda lá de dentro da casa. “Que pecador incomoda os céus nesta hora do dia? Um momentinho. Já vou!”.

E em seguida, guiando a própria cadeira de rodas, na varanda apareceu aquela imensidão iluminada. Era aquele Padre Mário que eu conhecia. Porém eu não estava maluco de duvidar que, há bem pouco tempo, tinha avistado o mesmo homem descendo da goiabeira e correndo atrás de bola, com a normalidade dos atletas. 


“Pode entrar. O portão está aberto.”, ouvi. E entrei. Antes mesmo de pedir sua bênção, fui logo dizendo: “Possa ser que eu esteja malucando, mas juro por Deus que tinha avistado o senhor em danação e correria aí pela frente. Mas como pode ser?”. Então ele espalhou aquele sorriso largo e respondeu: 

“Pode ser sim. E era eu mesmo. Quase todos os dias eu faço isso logo cedinho, quase na madrugada. Mas até somente um pouco antes de eu acordar e o meu sonho menino partir. O meu sonho de menino que anda, que sobe em goiabeira, que brinca de bola, que corre e vai andando para onde quiser. O sonho que se realiza até eu acordar. E você me avistou quando eu ainda estava em sonho. Você me avistou no menino que sou em sonho. Mas aqui estou eu, esse pássaro sem asas e com tanto céu!”.

Imaginei que tudo isso eu só poderia ouvir de um semblante entristecido. Engano meu. A força, o brilho e a alegria, eram como aleluias em Padre Mário. Eram maiores que toda manhã, que todo o sol, que toda a vastidão sertaneja.

Para quem ainda não o conhece, informo que o Padre Mário César Souza é um jovem sacerdote, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, no município de Poço Redondo, no sertão sergipano. Expressão humana amada por todos, está enraizado no coração sertanejo como o bom fruto da terra.

Cadeirante, cumpre sua missão com a ajuda de pessoas que o conduzem pelas igrejas, povoações, onde o seu rebanho estiver. É encontrado sempre na sua cadeira de rodas. Mas é como se o avistasse levantando para caminhar e receber e abraçar os amigos e fiéis.

E há quem diga que voa. Há quem diga que Padre Mário consegue voar!

Escritor
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JESUÍNO BRILHANTE, O HERÓI BANDIDO (2010)

https://www.youtube.com/watch?v=YWGMOOpJAtM

JESUÍNO BRILHANTE, O HERÓI BANDIDO (2010)

Publicado em 26 de julho de 2013

Documentário realizado em 2010 pelos estudantes de jornalismo da UERN, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sobre a vida do cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante. 

Ficha Técnica:
Roteiro, decoupagem e finalização: Allan Erick; 

Entrevista: 
Rodolfo Paiva e Stênio Urbano; 

Imagens: 
Bruno Soares; 

Edição de imagens: 
Cícero Pascoal. 

Saiba mais sobre Jesuíno Brilhante e a produção deste curta em: 
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27 de out. de 2016

PLEBISCITO EM “VILA BELA”


No início da década de 1990, os cidadãos de Serra Talhada, PE, foram às urnas para dizerem, através de um Plebiscito, se aprovavam ou não, ser colocada uma estátua do “Rei do Cangaço”, Virgolino Ferreira de Silva, o Lampião, natural daquele município, em praça pública.

Foto de Lampião colorizada, digitalmente, pelo amigo Rubens Antonio.

A ideia é dada por um vereador da cidade, Expedito Eliodoro, que, apresentando proposta à Câmara Municipal, propunha ser feito uma estátua do ‘Capitão’, e a mesma ser colocada na antiga estação ferroviária. A ideia não decolou.


Algum tempo depois, a Fundação da Cultura, retoma a ideia, só que dessa vez, a estátua, que seria feita pelo artista plástico Karoba, seria colocada em uma Praça Pública.

O poder Executivo, na época, junto com movimentos culturais como MTP – Movimento de Teatro Popular – CDP – Centro Dramático Pajeú – Grupos de Poetas “Desafio” e outros, passam a apoiar tal ideia. Porém, uma parte da população não adere e a coisa começa a esquentar para aquelas bandas. E, pra variar, como em toda sua história, detona-se mais uma polêmica sobre o tema cangaço.

Uns prós, outros contras, e a coisa começa a ficar agitada. Tem-se então uma ideia, ou a ideia, de deixar que a própria população municipal decida se colocaria ou não a estátua em homenagem ao chefe cangaceiro em uma praça pública na sua sede.


Os movimentos culturais, com o apoio da Prefeitura, começam a cogitarem uma data para realização de um plebiscito. A data é marcada, e fica definido que no dia 7 de setembro de 1991 ocorreria o mesmo. Daí por diante, as duas partes, contra e a favor, começam uma verdadeira ‘batalha’ numa campanha em busca de votos. O lado que não aceitava ter aquele símbolo, certamente seria os dos militares que se envolveram na grande campanha contra o banditismo na época, com parentes mortos nas inúmeras lutas travadas nas brenhas da caatinga do vasto sertão nordestino, familiares das vítimas feitas pelos cangaceiros e etc... Já do lado oposto, estavam os familiares dos cangaceiros, familiares das vítimas das volantes, amigos e os defensores da cultura regional.


“(...) Havia uma clara divisão na sociedade, os mais jovens se manisfestavam pelo “sim” e os mais velhos, em sua maioria ex-soldados das volantes que combateram Lampião e contemporâneos do cangaceiro, pelo “não”. O grupo que liderava a campanha pelo “sim” adotou o slogan “Lampião: nem herói, nem bandido. É história!”, uma forma de fugir da ideia de transformar o plebiscito em um julgamento do “Rei do Cangaço”(...)”. (faroldenoticias.com)


Foram impressos panfletos chamando a população para que votassem. A Justiça Eleitoral de Serra Talhada-PE, através do Juiz de Direito e do Promotor de Justiça traçam as regras a serem seguidas. E no dia marcado, fiscalizam o pleito eleitoral.

Segundo o livro “Gota de Sangue num Mar de Lama” de Gutemberg Costa, compareceram 2.289 eleitores. Sendo que destes, 76 % acolheram o “SIM”, um percentual que registrou um total de, mais ou menos, 1.739 cidadãos que aprovavam a homenagem. 503 eleitores, que correspondem a 22% que não aprovaram e o restante, mais ou menos, 47 pessoas anulam seus votos.

Mesmo com essa esmagadora vitória, até os dias de hoje, não conseguiram colocar a dita estátua em uma praça pública na cidade de Serra Talhada.

Fonte/foto Revista Veja, 28 Graus, edição de 10 de junho 1991
Blog Ct.

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26 de out. de 2016

HÁ CEM ANOS DAVA ENTRADA EM GARANHUNS, O PRIMEIRO AUTOMÓVEL DE PROPRIEDADE DO SR. DELMIRO GOUVEIA

Coronel Delmiro Gouveia
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia não foi somente o pioneiro do aproveitamento de Paulo Afonso, foi também o grande precursor na criação da grande indústria na zona das caatingas. Ainda lhe coube a primazia na introdução do automóvel no sertão nordestino. Adquirindo carros europeus, abriu às próprias custas 520 km de estradas de rodagem, ligando a Pedra à cachoeira, aos centros urbanos vizinhos, Água Branca e Mata Grande e as portas de trilhos da "Great Western", na cidade alagoana de Quebrangulo, passando a rodovia por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios, e na cidade pernambucana de Garanhuns, via Santana e Bom Conselho.

Cortando o planalto sertanejo o rebordo meridional da Borborema, Delmiro Gouveia construiu 520 km de estradas de rodagem, ligando o núcleo industrial da Pedra às pontas de trilhos "Great Western", nas cidades de Quebrangulo e Garanhuns.

A construção das estradas foi iniciada em 1911, a partir da Pedra. Ainda no primeiro semestre de 1912, os automóveis do Coronel Delmiro já alcançavam Santana de Ipanema. As novas estradas continuaram sendo abertas nos sertões alagoano e pernambucano e tiveram de galgar o rebôrdo meridional da Borborema, através das serras do Muro e de São Pedro, para atingir a região do agreste, onde localizavam os terminais ferroviários. 


Duas turmas de trabalhadores mantinham estas primeiras rodovias sertanejas em bom estado de conservação, de modo que foi deslizando sobre elas que os caminhões "Ford" e os automóveis "Chevrolet", alguns anos mais tarde, ganharam o caminho do sertão alagoano, enquanto muitas outras regiões do país continuavam dependendo do carro de bois e do lombo de animais.

Delmiro Gouveia, aos vinte e poucos anos de idade, já casado com Anunciada Cândida de Melo Falcão, apelidada familiarmente de Iaiá.

 
Um elegante "Fiat", um "Austin" grande e outro pequeno e um imenso "N.A.G." obedeciam docilmente a uns mágicos chamados "Seu" Cruz, João de Deus, Euclides ou Luís Maranhão, Zé Pó e Campina. "Seu" Cruz era um gênio, sabia até afinar piano. E da Pedra até Garanhuns, o povo conhecia cada um dos automóveis, pelo som da buzina. Lá em Santana do Ipanema, Antônio Bocão nunca se enganou: o carro fonfonava na grande curva do rio, a meia légua da cidade. Daí a pouco o automóvel parava na frente do sobrado do Coronel Manoel Rodrigues: era Delmiro, Iona, Adolfo Santos, Borella, Ferrário ou o médico da Pedra, de passagem para Quebrangulo ou Garanhuns.
  

Enquanto o hospede jantava lá em cima, o chauffeur se desdobrava em complicados serviços: colocava óleo e gasolina, bulia numa pequena bomba misteriosa e preparava os faróis de acetileno para viajar durante a noite. Era preciso chegar na estação, antes do trem partir. E o carro puxava 60 km por hora.

Com as rodovias de acesso à cachoeira de Paulo Afonso, começaram as excursões. Em fins de julho de 1915, o então Ministro da Agricultura, Dr. José Bezerra, em companhia do Governador de Alagoas, Dr. João Batista Acióli, do Deputado Federal Pernambucano, Dr. Manoel Borba, do Escritor Bastos Tigre, Secretário do Ministro e dos engenheiros Eugênio Gudin, Jungsted e Butler, foi visitar a cachoeira. Os excursionistas fizeram a viagem de Quebrangulo a Pedra, em três automóveis, durante sete horas, percorrendo 300 km, a tardinha e na noite de 28 de julho. Na manhã seguinte, visitaram a fábrica de linhas e a usina hidrelétrica.

A jovem e bela Iaiá (Anunciada Falcão Gouveia), esposa de Delmiro, numa pose para o fotógrafo Barza, na penúltima década do século passado.

 O Ministro da Agricultura e sua comitiva retornaram a Maceió no dia 30. E o "Diário de Pernambuco" de 2 de agosto já publicava uma entrevista do Escritor Bastos Tigre, que descreveu a excursão e se mostrou encantado com a bela iniciativa do Coronel Delmiro Gouveia, o primeiro industrial brasileiro a conquistar para a indústria uma parcela desse formidável tesouro que a natureza guardava ali.

Nos meados de 1916, Manoel Borba, na qualidade de Governador de Pernambuco, foi inaugurar, oficialmente os trechos da rodovia de Delmiro Gouveia, no território de Pernambuco. A comitiva foi de trem até Garanhuns, no dia 22 de agosto, e dela faziam parte o próprio Coronel Delmiro Gouveia e seu amigo de Santana de Ipanema, o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha. Às 13 horas, os excursionistas deixaram Garanhuns ocupando quatro automóveis. Às 9 da noite, chegaram a Santana do Ipanema, jantando no sobrado do Coronel Manoel Rodrigues.

Em uma das suas viagens aos Estados Unidos da América do Norte, Delmiro Gouveia visitou as cataratas do Niágara  e ali posou para um fotógrafo. (Da coleção do Sr. José Augusto de Farias).

Ao que consta da minuciosa reportagem do historiador Mário Melo do "Diário de Pernambuco" de 28 de agosto, o Governador Manoel Borba e sua comitiva, depois de ligeiro descanso na confortável vivenda, de ouvido o funcionamento de um colossal miraphone, recomeçaram a viagem, saindo lá de Santana às 10 horas da noite e chegando ao centro "agro-fabril-mercantil" da Pedra às 2 da madrugada do dia 23. A fadiga era geral e a ordem foi dormir, apenas 4 horas, porque às 6 a voz possante do adiantado industrial acordava os excursionistas.

Já funcionavam, então, na primeira vila operária sertaneja, quatro escolas, serviço médico, cinema e banda de música. A fábrica trabalhava de segunda-feira ao sábado, em três turnos de 8 horas.


O Governador Manoel Borba e sua comitiva percorreram a fábrica, visitaram a usina hidrelétrica, assistiram a uma sessão de cinema e ainda foram homenageados com uma retreta. No dia 24 de agosto, às 5 horas da tarde, deixaram a Pedra, pernoitando em Santana, onde foram hospedados pelo Coronel Manoel Rodrigues. Na sexta-feira, 25, viajaram para Garanhuns de onde saíram de trem para o Recife, às 10 horas da noite.

Na referida reportagem de 28 de agosto, o "Diário de Pernambuco" informou, textualmente: "A estrada que S. Excia. inaugurou tem 246 km, dos quais 115 em território pernambucano, ligando Garanhuns a Bom Conselho e estas localidades a Quebrângulo, Santana do Ipanema e Pedra, em Alagoas.


O Historiador Oliveira Lima e os Jornalistas Plínio Cavalcanti e Assis Chateaubriand também visitaram a Pedra, no tempo de Delmiro Gouveia. Ficaram impressionados com o surto civilizador que ali encontraram.

Aquele famoso intelectual, que conhecia o mundo inteiro: ficou admirado com a obra de Delmiro Gouveia: "Nunca supus, e com dificuldade o acreditaria se o não tivesse visto, que no alto sertão se encontrasse o que debalde de procuraria na zona açucareira ou mesmo nas capitais destes estados, num resultado devido simplesmente, um simplesmente que é tudo ao empenho de um homem pôs em construir um edifício moral da solidez e do brilho do que me foi dado admirar".

O Jornalista Plínio Cavalcanti descobriu na Pedra uma verdadeira Canaã sertaneja, "tão branca e limpa, que a primeira vista julguei-a um grande algodoal de capulhos alvejantes". E Assis Chateaubriand percebeu na obra admirável de Delmiro Gouveia uma resposta magistral a "Canudos", com a substituição do fanatismo e do banditismo pela moderna civilização industrial, baseada na ciência e na técnica.

Menos de dois anos após o desaparecimento do criador desta imensa obra, foram conhece-la Dom Sebastião Leme, Arcebispo de Olinda e Recife e Dom Duarte Leopoldo, Arcebispo da Capital paulista. Dom Duarte e Dom Leme, acompanhados pelo Dr. Tarcilo Leopoldo e pelo Cônego Benígno Lira, partiram do Recife em 25 de setembro de 1919, pernoitando em Garanhuns. No dia seguinte, viajando de automóvel, chegaram a Pedra, às 8 horas da noite. No sábado, 27 de setembro, visitaram a cachoeira de Paulo Afonso e a fábrica de linhas. A noite em majestosa solenidade litúrgica, o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo, sagrou a igreja de Nossa Senhora do Rosário, primeiro templo construído no centro industrial das caatingas.

Regressando ao Recife, Dom Duarte concedeu longa entrevista ao "Diário de Pernambuco" de 1º de outubro, em que se podem ler palavras de grande entusiasmo: "Venho positivamente maravilhado. Se em minha vinda ao Norte só me fosse ver Paulo Afonso, digo-lhe com franqueza que Paulo Afonso pagava a viagem. Tive ocasião de ver como é possível desenvolver a civilização e vi a própria civilização em pleno coração sertanejo".

Outra importante visita feita à Pedra foi do inglês Arno S. Pearse, Secretário Geral da International Federation of Master Cotton Spinners and Manufacturers Associations, durante os meados de 1921.

Com a sua reconhecida autoridade no assunto, Mister Pearse, no documentado relatório das observações que fez no Brasil, diz que a Fábrica da Pedra merece especial referência, devido ao extraordinário trabalho e empreendimentos pioneiros, que foram exigidos na sua instalação, trabalho inteiramente iniciado e concluído por um brasileiro, o cearense Delmiro Gouveia.

Depois de elogiar a vila operária e a disciplina reinante no centro industrial, Mr. Pearse escreve: "Os operários são bem comportados, bem vestidos e limpos. Quando vão para o trabalho, estão mais bem trajados do que o operário de fábrica europeu médio em dia de domingo".

O Coronel Delmiro Gouveia foi assassinado em 10 de outubro de 1917, em seu chalé na Pedra.

Fonte: Livro "Delmiro Gouveia o pioneiro de Paulo Afonso", de Tadeu Rocha - junho de 1963 - 2ª edição.

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25 de out. de 2016

EX- CANGACEIRA DULCE, ontem e hoje..!


Aqui, temos a ex-cangaceira Dulce Menezes em duas fazes. A primeira foto ela tinha apenas 14 anos, e já havia enveredado ao cangaço, sendo companheira do cangaceiro Criança, e a segunda foto é nos dias de hoje. O que se sabe é que a Dulce Menezes é, atualmente, a única ex-cangaceira que ainda está viva, e, mora no Estado de São Paulo (adendo Volta Seca).

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24 de out. de 2016

CONVULSÃO

Por Marcelo de Oliveira Souza

Num mundo sem orientação
Filhos sendo pais
Sem nenhuma emoção
Tiros nas ruas
Sem compaixão...
O medo reinante
Nos guetos da ingratidão
O mal respira
Sem oxigenação,
O sol nasce
Na cidade sem pretensão...
O tumulto agora é ordem
Todo lugar é   medo e coação.

Gente comendo gente
Tapa, murro,  arranhão
O respeito inexiste
Só percebemos a convulsão
Revoluções por minuto
Sem ideal de comoção
O caos completo
Impera na multidão,
Isso tudo é pouco
A gente lamenta, de  paixão
Mas essa convulsão
É a mínima amostra
Se não tivesse educação
E um professor segurando
A nossa mão!

Feliz dia dos professores!
  
Marcelo de Oliveira Souza,iwa

Marcelo de Oliveira Souza,IWA -  Salvador - BA - Brasil
Escritor e  Organizador do Conc Lit Poesias sem Fronteiras

Enviado pelo o autor:

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CICINATO RELANÇOU "A MISTERIOSA VIDA DE LAMPIÃO"


Já está disponível a nova edição revista e ampliada do livro "A Misteriosa Vida de Lampião" de Cicinato Ferreira Neto. agora em capa dura e papel pólen.

Virgulino Ferreira, o Lampião, teve uma vida – e uma morte – cheias de mistérios.

 Por que entrou no cangaço ? Como conseguiu resistir a mais de vinte anos de perseguições policiais ? Como estabelecia a sua rede de colaboradores ? Como a polícia conseguiu chegar ao seu esconderijo? 


São indagações que tornam cada vez mais apaixonante tudo o que se refere à Lampião e ao mundo dos cangaceiros. No livro “A Misteriosa Vida de Lampião”, a trajetória do rei dos cangaceiros é acompanhada com detalhes, ano a ano, desde a sua entrada no cangaço até o massacre de Angico.

Episódios são apresentados em versões diferentes, informando e estimulando o leitor à análise do que realmente pode ter ocorrido.
352 páginas. Valor R$ 40 (Quarenta reais) com frete incluso Para adquirir, basta entrar em contato com o autor através do e-mail cicinatoneto@zipmail.com.br ou através do Perfil do autor no Facebook



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23 de out. de 2016

ROBERTO PEREIRA E ILDA RIBEIRO DE SOUZA A "SILA CANGACEIRA"

Foto: Roberto Pereira

Pesquisando pela internet me deparei com essa fotografia de autoria de Roberto Pereira (foto) que ao menos para mim era até então desconhecida. 

Na fotografia o cabra Roberto Pereira aparece ao lado de Ilda Ribeiro de Souza a "Sila" companheira do cangaceiro Zé Sereno (José Ribeiro Filho) que no cangaço chegou a chefiar um subgrupo do bando de Lampião.


A fotografia foi tirada na Grota do Angico em data por mim ignorada.


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