Por Sálvio Siqueira
No início da década de 1990, os cidadãos de Serra Talhada, PE, foram às urnas para dizerem, através de um Plebiscito, se aprovavam ou não, ser colocada uma estátua do “Rei do Cangaço”, Virgolino Ferreira de Silva, o Lampião, natural daquele município, em praça pública.
Foto de Lampião colorizada, digitalmente, pelo amigo Rubens Antonio.
A ideia é dada por um vereador da cidade, Expedito Eliodoro, que, apresentando proposta à Câmara Municipal, propunha ser feito uma estátua do ‘Capitão’, e a mesma ser colocada na antiga estação ferroviária. A ideia não decolou.
Algum tempo depois, a Fundação da Cultura, retoma a ideia, só que dessa vez, a estátua, que seria feita pelo artista plástico Karoba, seria colocada em uma Praça Pública.
O poder Executivo, na época, junto com movimentos culturais como MTP – Movimento de Teatro Popular – CDP – Centro Dramático Pajeú – Grupos de Poetas “Desafio” e outros, passam a apoiar tal ideia. Porém, uma parte da população não adere e a coisa começa a esquentar para aquelas bandas. E, pra variar, como em toda sua história, detona-se mais uma polêmica sobre o tema cangaço.
Uns prós, outros contras, e a coisa começa a ficar agitada. Tem-se então uma ideia, ou a ideia, de deixar que a própria população municipal decida se colocaria ou não a estátua em homenagem ao chefe cangaceiro em uma praça pública na sua sede.
Os movimentos culturais, com o apoio da Prefeitura, começam a cogitarem uma data para realização de um plebiscito. A data é marcada, e fica definido que no dia 7 de setembro de 1991 ocorreria o mesmo. Daí por diante, as duas partes, contra e a favor, começam uma verdadeira ‘batalha’ numa campanha em busca de votos. O lado que não aceitava ter aquele símbolo, certamente seria os dos militares que se envolveram na grande campanha contra o banditismo na época, com parentes mortos nas inúmeras lutas travadas nas brenhas da caatinga do vasto sertão nordestino, familiares das vítimas feitas pelos cangaceiros e etc... Já do lado oposto, estavam os familiares dos cangaceiros, familiares das vítimas das volantes, amigos e os defensores da cultura regional.
“(...) Havia uma clara divisão na sociedade, os mais jovens se manisfestavam pelo “sim” e os mais velhos, em sua maioria ex-soldados das volantes que combateram Lampião e contemporâneos do cangaceiro, pelo “não”. O grupo que liderava a campanha pelo “sim” adotou o slogan “Lampião: nem herói, nem bandido. É história!”, uma forma de fugir da ideia de transformar o plebiscito em um julgamento do “Rei do Cangaço”(...)”. (faroldenoticias.com)
Foram impressos panfletos chamando a população para que votassem. A Justiça Eleitoral de Serra Talhada-PE, através do Juiz de Direito e do Promotor de Justiça traçam as regras a serem seguidas. E no dia marcado, fiscalizam o pleito eleitoral.
Segundo o livro “Gota de Sangue num Mar de Lama” de Gutemberg Costa, compareceram 2.289 eleitores. Sendo que destes, 76 % acolheram o “SIM”, um percentual que registrou um total de, mais ou menos, 1.739 cidadãos que aprovavam a homenagem. 503 eleitores, que correspondem a 22% que não aprovaram e o restante, mais ou menos, 47 pessoas anulam seus votos.
Mesmo com essa esmagadora vitória, até os dias de hoje, não conseguiram colocar a dita estátua em uma praça pública na cidade de Serra Talhada.
Fonte/foto Revista Veja, 28 Graus, edição de 10 de junho 1991
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