17 de jun. de 2021

SE PERNAMBUCO TIVESSE PERDOADO OS ERROS DO AGORA CAPITÃO LAMPIÃO, QUEM SABE, QUANTAS VIDAS HUMANAS TERIAM SIDO SALVAS, HEIN?

  Por José Mendes Pereira


Em 1926, Virgolino Ferreira da Silva o já famoso cangaceiro Lampião (ainda não era capitão, mas foi logo patenteado nesta visita), esteve na presença do Padre Cícero Romão Batista, na cidade do Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, para honrar "convite" do deputado federal Floro Bartolomeu, quando o convidou para combater a Coluna Prestes, e no momento receber armas, munições e fardamentos para ele e seu respeitado bando de cangaceiros, além do mais, a patente de capitão do exército brasileiro.

De lá até  a sua morte, foram mais ou menos 12 anos passados, e posteriormente, todos os cangaceiros remanescentes do seu bando foram agraciados pelo presidente Getúlio Vargas, quando o ditador bateu o martelo, com a finalidade de acabar de uma vez por toda com o "Movimento Social de Cangaceiros", e assim fez, perdoou todos os erros dos facínoras que praticaram no cangaço,  mas o perdão era com uma condição: "Aquele que não se entregasse às autoridades, com certeza, cruelmente receberia a sua punição dentro da caatinga, caso fosse pego, como também se voltasse ao crime, depois de liberado para recomeçar uma nova vida, seria castigado severamente"

E se em 1926, já patenteado, após a sua saída do Juazeiro do Norte, em busca de sua terra natal que é Pernambuco, e este Estado tivesse recebido o seu filho Lampião do "Pajeú", como um capitão do exército, e quem sabe, Lampião teria se regenerado e organizado a sua vida como qualquer outro que erra e é perdoado, ou até mesmo, mudado a sua camisa, e em vez de ser perseguido, iria ser perseguidor de bandidos, juntamente com as autoridades militares. Mas é aquele velho ditado: "Santo de casa não obra milagre".

Mesmo que a sua patente não era legalizada e reconhecida pelo o exército brasileiro, porque foi feita para que Lampião protegesse o sertão contra a Coluna Prestes; e Pernambuco tivesse o recebido com calor humano, com respeito, como se ele fosse uma autoridade de verdade, uma negociação entre governantes e Lampião, para que ele deixasse a vida que levava, teriam o conquistado, e um monte de vidas tinha se salvado das mãos do bandoleiro e dos seus algozes

Mas o que o seu Estado o fez, foi, atacá-lo com constantes perseguições e tudo mais. Se tivesse negociado com ele para desfazer o seu grupo de cangaceiros, intercalando-o a uma corporação qualquer, Lampião tinha aceitado a proposta e entraria para a história como um militar de verdade. 

Mas sem Lampião fazendo as suas estripulias, no meio dos sertanejos, o nordeste não tinha alegria, pelo menos para aqueles que não tentaram negociar com ele a abandonar aquela vida selvagem. aquele mundo de desordem, de derramamento de sangue por onde passava.  

Mas parece que o que as autoridades militares e governantes queriam mesmo era o bom engodo da procura ao velho guerreiro, que não se rendeu a nenhum, mortrando que era ele quem mandava na sua vida. 

Também pudera! Lampião se sentia como o grande divertimento da caatinga. Tanto ele fazia chorar, como também fazia rir ao mesmo tempo. Finalmente, Lampião era uma grande fonte de empregos, tanto para coiteiros como para militares, e também para voluntários que queriam participar dos quinhões dos governos. 

Naquela época, ainda não existiam drogas que, atualmente manobram muito bem um marginal. E um bom papo de poderosos com Lampião teria sido fácil mudar o seu destino, o seu caminho  e o seu pensamento para o bem, e intercalavam-no novamente na sociedade dos homens do bem. Ou será que os homens da lei tinham medo do capitão?

Ainda teria dado tempo. Nos anos 30 o capitão Lampião já estava cansado, e um convite para deixar a vida sofrida, seria um bom prato para ele. porque conduzia  o seu bando com dificuldades, e as suas atitudes, já não eram mais como antigamente. 

Quando ele foi entrevistado pelo então cratense médico e jornalista Dr. Otacílio Macêdo, ao fazer esta pergunta:

- O que imagina do futuro dentro do cangaço?

E ele respondeu:

– “Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos. Tenho que visitar alguns amigos, o que ainda não fiz por falta de oportunidade. Depois talvez me torne comerciante.”

Quer dizer que ele já tinha planos para o futuro, e nota-se que não queria viver a vida toda no cangaço. Viveu por falta de oportunidade, e ele sabia, que se fosse pego, a sua cabeça seria arrancada. Mas se tivessem conversado com ele, com certeza. tinha aceito qualquer proposta, desde que fosse para beneficiá-lo. Mas o bom mesmo para a  polícia da época,  era se divertir e ganhar o seu ordenado com as estripulias de  Lampião.

Foi falha total dos que nos governam. Foi falta de interesses das autoridades de salvarem centenas de vidas sertanejas que morreram nas mãos desses delinguentes. 

E assim caminha a humanidade desprezada e rejeitada pelos governantes, que só se lembram deles e mais ninguém.

 
São apenas as minhas inquietações, como dizia o escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa".

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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