14 de ago. de 2022

SOBRE ARMAS E LIVROS - DOIS MOMENTOS

  Por Sérgio França

Carlos Elydio, Junior Almeida, Valdir Nogueira, Odilon Nogueira, Kydelmir Dantas e Sérgio França, no Cariri Cangaço Piranhas 2022

Em julho do ano de 1938, a cidade de Piranhas, estado de Alagoas, foi palco de um dos acontecimentos mais marcantes da História do Brasil. De lá partiram os homens que dariam cabo da vida do maior líder de cangaceiros, o Capitão Virgulino Ferreira, o Lampião. Nesse contexto, destacam-se como personagens dessa história com cheiro de chumbo e sangue os nomes dos próprios cangaceiros, tais como Lampião e sua Maria Bonita, Corisco e Dadá, Gato e Zé Sereno, apenas para citar alguns; chefes políticos locais ou coronéis, por exemplo, Zé Rodrigues, Delmiro Gouveia e Lucena; coiteiros de cangaceiros, como Joca Bernardes; e, por fim, mas não menos importantes, os representantes das chamadas volantes, que cumpriam o papel de perseguir e prender ou exterminar os cangaceiros, a quem pode ser citado para ilustrar o capitão João Bezerra, comandante das tropas do combate em Angicos.

Luci e Sérgio França e Manoel Severo em noite de Cariri Cangaço Piranhas 2022

Oitenta e quatro anos depois, sobre o mesmo palco da cidade de Piranhas, pôde-se vivenciar um evento cultural de grande magnitude, que reuniu em três inesquecíveis dias diversos historiadores, jornalistas, pesquisadores e demais apaixonados pelo tema: o Cariri Cangaço – Piranhas 2022. Nessa história, com cheiro de ciência e cultura, os protagonistas são aqueles que se dedicam a revelar os mistérios do passado, que não se conformam com os pontos de interrogação e vão em busca de desvendar os “porquês” do que já se viveu. Pessoas com grande conhecimento sobre a matéria do cangaço e com um desprendimento ainda maior em compartilhá-lo com os principiantes e menos experientes (nos quais me incluo). Assim, foi enriquecedor peregrinar pelos “caminhos da resistência” pela bela arquitetura oitocentista de Piranhas, navegar sobre as águas do “Velho Chico”, vencer a trilha para a Grota do Angico e beber na fonte do conhecimento de pessoas como Ivanildo Silveira, Leandro Cardoso Fernandes, João de Sousa Lima, Gilmar Teixeira, Valdir Nogueira, Ângelo Osmiro, Manoel Severo, Kydelmir Dantas, Maria Otília Cabral de Souza, Júnior Almeida, Ricardo Beliel, Luciana Nabuco e tantos outros ali presentes.

Luci e Sérgio França no Cariri Cangaço Piranhas 2022
Sérgio França e Mestre Folheteiro Jurivaldo

Demais disso, não deixemos de mencionar a interação, a integração e a emoção desse seleto grupo de estudiosos, emoção levada ao seu grau máximo no momento da justa homenagem ao grande escritor Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Por meio dos debates, discursos e obras presentes, foi possível ainda aproximar-se do legado deixado por Antônio Amaury, mas também por Alcino Alves da Costa, Paulo Medeiros Gastão, Maria Cristina Russi da Matta Machado e tantos outros que abraçaram o cangaço como objeto de estudo por toda a vida.

Em suma, de 28 a 30 de julho de 2022, o Cariri Cangaço Piranhas 2022, sob a irretocável curadoria de Manoel Severo, concretizou em sua mais alta intensidade seu conhecido lema, realizando efetivamente o grande encontro da Alma Nordestina! Obrigado, Cariri Cangaço.

Sérgio França – Recife, Pernambuco BR  15 de agosto de 2022

O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/08/sobre-armas-e-livros-dois-momentos-por.html

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