Por José Mendes Pereira
No dia 09 de novembro de 1935 (se vivo estivesse, agora em novembro, Cocota completaria 90 anos), em nossa querida cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, nasceu Francisco Almeida Lopes, mais conhecido como Cocota. Com sua bela voz, Cocota tornou-se conhecido como um grande seresteiro e bom violonista.
Este carinhoso apelido eu não tenho conhecimento quem o deu, mas vou entrar em contato com Oseas Carlos André Almeida Lopes, para saber o verdadeiro autor deste apelido do seresteiro Cocota. Sei apenas que é um pássaro.
Era filho de Messias Lopes de Macedo e dona Joana de Almeida Lopes. Nas décadas de 50 e 60, às noites mossoroenses, eram prestigiadas pela voz do seresteiro, ele cantava músicas românticas, para agradar os boêmios da noite que vinham prestigiá-lo por seu cântico e sua voz que encantava as pessoas que o ouviam cantarolar os grandes sucessos de Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, entre outros.
Já considerado um talentoso para a música, ele frequentava muito o “Bar Pinguim”, sendo que ele abrilhantava as noites de outrora com sua voz e violão, era um grande amante das músicas românticas, inclusive das canções de Lupicínio Rodrigues, como por exemplo, “Nevos de aço” e “Esses moços”, que eram grandes sucessos naquele tempo.
Cocota foi um músico de grande influência no meio dos boêmios como afamado seresteiro, pois ele simplesmente cantava por prazer, sendo que ele nunca gravou nenhum disco.
Contam que nos anos 50, quando o cantor Vicente Celestino veio para Mossoró, hospedou-se no Grande Hotel, e ali, ele se recusou atender as suas fãs, mas não resistiu o canto do Cocota, e foi para a janela do Grande Hotel admirar a expressão da voz daquele seresteiro.
LEIA O QUE EU ESCREVI EM 2012 SOBRE COCOTA:
Francisco de Almeida Lopes era carinhosamente alcunhado em Mossoró por Cocota. Seresteiro de primeira categoria; amigo dos amigos, conduzia consigo uma admirável popularidade. Nasceu na cidade de Santa Luzia, e era filho do senhor Messias Lopes de Macedo e da honrada dona Joana Almeida Lopes, e irmão dos cantores Oseas Lopes (o atual Carlos André), Hermelinda Lopes e João Batista Almeida Lopes, que artisticamente é conhecido por João Mossoró.
Uma jovem que era empregada doméstica dos seus pais conduzia consigo uma paixão louca pelo seresteiro. O mais interessante, a jovem tinha um irmão ainda criança, que não se sabe o que ele havia feito contra o Cocota, fazendo com que ele o castigasse, dando-lhe uma terrível surra. A agressão do Cocota foi tão violenta, que seus irmãos, juntos, quase não conseguiram arrancar a criança dos braços do agressor. Salva das violências praticadas pelo seresteiro, a criança saiu em choro, prometendo-lhe que quando crescesse iria matá-lo, ou de um jeito ou de outro.
Anos após, quando os irmãos formaram o Trio Mossoró, Cocota não fazia parte do grupo, mas no auge do sucesso, e já morando no Rio de Janeiro, os irmãos resolveram levá-lo para o Rio, tentar "carreira solo", com o apoio do Trio.
Não se sabe se o que aconteceu contra o Cocota tenha sido causado por uma paixão da jovem, mas tudo indica que sim, já que ele estava de viagem pronta para juntar-se aos irmãos, que já brilhavam no mundo artístico. Sabendo que tão cedo ele não voltaria a Mossoró, sua terra natal, ou talvez nunca mais, é provável que ela tenha sido a idealizadora de um plano triste e doloroso.
E na noite do dia 12 de fevereiro de 1962, a criança que Cocota açoitara, que agora já era um jovem, chegou ao local da festa. Apoderado de uma tesoura, o rapaz começou a furá-lo. Foram 38 perfurações. Cocota tentou escapulir pela porta da cozinha, mas sobre o muro da casa da jovem era cheio de cacos de vidro, e por mais que ele tentou subir, não conseguiu se livrar da morte, caindo logo em seguida.
Cocota tentou se livrar da morte, fez tantos esforços para viver, no intuito de apresentar a sua invejada profissão aos brasileiros, principalmente aos seus conterrâneos mossoroenses. Mas infelizmente não conseguiu, calando assim e acabando com os sonhos daquele que foi o maior seresteiro da nossa cidade Mossoró.
Seu Messias e Dona Joana Lopes tiveram o desprazer de ver o seu ente querido morto, com o corpo e os punhos banhados em sangue, saindo pelas perfurações feitas pela maldita tesoura e pelos cortes dos vidros.
Após a sua visita à minha casinhola João Mossoró foi meu amigo desde o ano de 2012 até 2023 (intervalo de 2024 e 2025 já se encontrava doente), por eu ser garoto de propaganda dos seus shows. Ele fazia shows todo mês neste famoso mercado chamado CADEG - Mercado Municipal.
Infelizmente o grande cantor mossoroense faleceu no dia 23 de abril de 2025, aos 78 anos. Veja um dos anúncios em nosso blog:
https://blogdomendesemendes.blogspot.com/2014/07/o-cantor-joao-mossoro-fara-show-no.html
https://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/11/o-cantor-joao-mossoro-faz-show-no.html
Uma das melhores interpretações de João Mossoró. Acho bem melhor do que com o autor Almir Sater. Não estou menosprezando o compositor, mas é apenas a minha opinião.
Se você quiser conhecer o Trio Mossoró por completo, entre em contato com o professor, poeta, escritor, e pesquisador do cangaço, Luiz Gonzaga e Trio Mossoró Kydelmir Dantas, através deste endereço eletrônico:
Nota: Todas as informações deste artigo foram gentilmente cedidas pelo cantor Carlos André, quando de sua visita à minha residência, em companhia do irmão João Mossoró e do professor, poeta, escritor e pesquisador do cangaço, Luiz Gonzaga e Trio Mossoró Kydelmir Dantas, no dia 12 de Junho de 2012.
Algumas fotos são apenas como ilustração.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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