Wikipedia

Resultados da pesquisa

20 agosto 2016

IV PRÊMIO LITERÁRIO ESCRITOR MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA,IWA


(Inscrições de 15 de agosto 2016 até a cota do livro estiver preenchida - 80 autores)  
 
Realização dos sites:  


Apoio: Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências /RJ; Academia de Letras de Teófilo Otoni /MG; Academia de Letras e Artes do Ceará/CE ;Clube dos Escritores Piracicaba SP; Sociedade Ibero Americana de Escritores. 

Com o objetivo de estimular escritores de todo o Brasil e de outros países, o concurso premia os melhores trabalhos, comprovando o sucesso com sua 4a edição. 

Em parceria com o Celeiro dos Escritores, TODOS os trabalhos participantes do evento estarão publicados na Antologia; e todos os autores receberão um exemplar da obra, na residência, sem nenhum ônus além da taxa de inscrição ( Livro via Correios, registrado). 

Nesse Prêmio aceitaremos todas as expressões artísticas literárias: Contos, poesias, crônicas, haicais,  etc. Desde que: O poema tenha até 35 versos e a crônica, conto ou outra expressão não passe de 1500 caracteres. 

Taxa de inscrição: R$ 45,00 que corresponde a 01 exemplar da Antologia. 

(A ser paga através de boleto bancário, que será enviado ao autor inscrito, pelo Celeiro.) 

Atenção:  

a) Autores de Fora do País: 35 dólares ou euros.
b) Menores de idade: Só a partir dos 16 anos completos.
c)  É permitido participar com mais textos, observando: Um texto para cada inscrição.

Exemplo: 

01 inscrição - R$ 45,00 = 01 exemplar da Antologia.
02 inscrições - R$ 90,00 = 02 exemplares da Antologia e assim sucessivamente. 

Dúvidas: entrar em contato com: Marcelo Souza – cel/whatsapp : 71-92510196 e-mail : marceloosouzasom@hotmail.com

O RESULTADO dos vencedores será divulgado no site oficial do concurso: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net ; http://marceloescritor2.blogspot.com;faceboook.com/psfronteiras , por e-mail. 

Premiação: 

1°lugar: Troféu Personalizado  + Livro Deitado Em Berço Esplêndido + Certificado + poesia publicada em destaque na Antologia e no site oficial do concurso 

2° lugar: Certificado + Dicionário de Escritores Contemporâneos da BA + poesia publicada em destaque na Antologia e no site oficial do concurso. 

3° lugar: Certificado + Livro Deitado Em Berço Esplêndido + poesia publicada em destaque na Antologia e no site oficial do concurso. 
Menção Honrosa Internacional: Daremos uma menção ao melhor autor estrangeiro que não esteja entre os três primeiros lugares: Certificado + Livro História do Inferno Brasileiro + Brinde   Lembrança de Salvador + poesia em destaque na Antologia e no site oficial do concurso

Marcelo de Oliveira Souza,IWA
Organizador e patrono do evento 

Obs: O livro Deitado Em Berço Esplêndido é uma antologia binacional  em Prosa e Verso de autores brasileiros e portugueses; O Dicionário de autores Contemporâneos da BA são centenas de verbetes biográficos com autores vivos da BA; seus organizadores são respectivamente: Antônio G. Alcoforado  e  Carlos Souza. O Livro Memórias do Inferno Brasileiro é do autor  Valdeck  Almeida de Jesus.

Inscrições somente através do site:
http://celeirodeescritores.org/inscricao.asp 
Opção : Prêmio Escritor Marcelo

http://blogdomendesemendes.blogspot,com
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com

GENTE DAS RUAS DE POMBAL PROFESSOR GUIMARÃES

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo


Os castigos do velho Professor Guimarães a mim impostos, ali na S.A.O.B: Sociedade Artística Operária Beneficente, nenhuma experiência e aprendizado que servisse para minha vida futura. Não tinha eu nove anos de idade ainda, e já era submetido aos rígidos preceitos e doutrinas de um professor cujos métodos ficaram para trás, havia muito tempo: pelas vezes que eu cheguei atrasado a aula, me valeram muitas palmatoradas,

A nova pedagogia, segundo Paulo Freire, não mais permitia aqueles castigos, mas, fosse alguém falar ao Professor Guimarães do Método Paulo Freire, da alfabetização por imagens; das cartilhas Sodré; ou, Aracy Idelbrand com seu “Caminho Suave”, “Bitu” da “Editora Melhoramentos”, certamente também ficaria horas no canto da parede de joelhos, ouvindo o bater do vento nas grandes janelas azuis que davam para a Usina de Beneficiar algodão, de Paulo Pereira. Quantas vezes eu fiquei de frente aquele velho Mapa Mundi, encardido e desatualizado, decorando capitais de países europeus?


Se “o dedo dói”, doeria menos sem aquelas infames palmatoradas. E, mesmo “a uva que vovô viu” era de um azedo intragável de se pronunciar diante da presença pastoral do mestre.

A rigidez disciplinar do professor Guimarães era tanta que até os pais tinham receio em procurá-lo para reclamar dos castigos por ele impostos aos seus rebentos.

Sentávamos uns ao lado dos outros em carteiras improvisadas. Porém, o silêncio, enquanto o professor não entrava na sala de aula era sepulcral. Era apenas uma sala de aula, na verdade um salão de mais de 100 metros quadrados, para as três séries, sem nenhuma divisão que definisse quem estava em que fase do aprendizado.


Aproximavam-se onze horas da manhã quando as panelas na cozinha do velho professor começavam a ferver, incensando o ambiente do cheiro gostoso de carne frita e feijão. Aí a fome entre os alunos despertava mais ainda, de forma que dava para ouvir o barulho das lombrigas nas nossas barrigas vazias. Sim, por que a cozinha fora localizada bem acima do palco, onde outrora era um camarim. A S.A.O.B tinha a forma de um teatro. O salão fora transformado na grande sala de aulas e, a parte por trás do que nos carnavais fazia a vez do palco, morava o velho mestre.

Lembro-me de uma história que tinha na minha cartilha que narrava a saga de um menino que havia ganhado um pão da sua mãe e, ao agradecê-la, esta disse que ele deveria mesmo era agradecer ao padeiro... Ele sai nas carreiras, mas, ao agradecê-lo, o padeiro diz que ele deveria era agradecer ao caminhoneiro... Que diz que ele deveria agradecer ao usineiro... Que diz que ele deveria agradecer ao agricultor... Que diz que ele deveria agradecer ao sol... Que diz que ele deveria agradecer a água... Que diz que ele deveria agradecer a mãe terra... Que, por fim, diz que ele deveria agradecer a Deus.

Ao final, o professor Guimarães, propositadamente, perguntou para Bíer, um dos alunos mais humildes da sala, e que desde o inicio da história dormia feito um anjo, o que ele teria feito se hoje pela manhã ele tivesse ganhado da sua mãe um pão.

Bier, ainda sonolento responde:

– Eu não teria comido as batatas que o senhor deixou esfriando em cima da mesa da cozinha.

Todos nós ficamos sem entender a resposta até que o professor foi à cozinha e deu por falta de toda a batata que deixara sobre a mesa.

O relacionamento entre Bier e o mestre, depois deste episódio nunca mais foi o mesmo, que chegou até a levar uma surra do Professor Guimarães. Na primeira oportunidade Bier foi a forra e sentou-lhe o livro de “Admissão ao Fundamental” com toda a sua força na cabeça do professor, levando o velho ao chão. Bier fugiu pegando o caminho do rio, depois, de vários dias desaparecido, voltou a Pombal, nunca mais entrou em uma sala de aula e foi ser ajudante de mecânico na oficina de Negro Nero.

Por onde andará Biér???

O Professor Guimarães era um homenzarrão, de uma estatura que o diferenciava dos demais filhos de Pombal. Talvez uns noventa quilos distribuídos em, acredito, um metro e noventa de carne e osso. É lógico que o nosso medo lhes dava esta estatura gigantesca. Se olhássemos de baixo para cima, sentíamos o mesmo pavor que deveria ter sentido os judeus diante dos carrascos nazistas.

Se o filho não estava bem nos estudos, nenhuma ameaça era mais eficaz do que dizer que ia matriculá-lo na escola do Professor Guimarães. Era o suficiente para que o Boletim seguinte saísse do vermelho.

A tabuada cantada era ouvida pelos que passavam ao longe nas imediações da S.A.O. B, assim como choro dos que a erravam. A leitura em voz alta ecoava nas “tesouras” de madeiras que sustentavam o teto, da escola, de forma a perturbar o sono diurno dos morcegos, ou provocar revoada das andorinhas que se aninhavam nas frestas das telhas.

Na época, eu me deslocava da Rua de Baixo para a S.A.O.B, arrastando a minha wakiki, numa lerdeza tamanha que chegavam à pergunta se eu estava passando mal. Na verdade era a vontade de nunca chegar a S.A.O.B para entregar minhas brancas e macias mãos a sanha da palmatória do velho mestre. Era o que fazia de mim aquela figura triste que atravessava de um lado a outro da cidade em passos e vestes Charplinianas para se entregar a maldade do velho professor.

Ao olhar aquela figura que povoava os meus piores pesadelos de menino, perguntava-me de onde saíra um ser tão sem coração, ao ponto de aplicar palmatoradas em uma criança de nove anos, só por que esta não conseguia entender que duas vezes dois eram quatro e não quarenta e quatro.

Intrigava-me, também, o fato do professor, ao se encontrar com meu pai em longas conversas ali no Mercado Publico, olhasse para mim como se nunca me tivesse me visto. Ora, como podia se eu estivera apanhado dele naquela mesma manhã? Era como se, ao tocar a sirene da Brasil Oiticica, hora que ele nos liberava, seus alunos deixassem de existir.

Para ele não éramos pessoas: éramos apenas cérebros em ainda vazios, prontos para armazenar as primeiras informações que serviriam para o resto das nossas vidas, porém, com a sua forma de educar, acabava por criar bloqueios irreparáveis nestes cérebros e corpos desnutridos.

Não sei em que ano o Professor Guimarães morreu, mas soube que ele deixou dois livros publicados com histórias tão velhas quanto ele. Dois romances ambientados no Século dezoito, que remontavam os terreiros e eitos dos velhos engenhos de cana de açúcar.

Acho que ele era mesmo um senhor de engenho, que não havia tomado conhecimento do advento lei Áurea. Talvez fosse o reflexo da sua própria história. Quem vai saber?

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e Gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com

19 agosto 2016

CARIRI CANGAÇO CONVIDA


É com muita satisfação que o Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço, convida a todos para a posse de seu Conselheiro Geraldo Ferraz na Academia Recifense de Letras e do confrade Rossi Magne na Academia Gloriense de Letras.


Uma grande honra para toda a família Cariri Cangaço !


 http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/08/cariri-cangaco-convida.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com

17 agosto 2016

UM ANO SEM O FOTÓGRAFO JOSÉ RODRIGUES DO FOTO RODRIGUES

Por José Mendes Pereira

Hoje está completando 1 ano que faleceu o fotógrafo José Rodrigues da Costa do "Foto Rodrigues" em Mossoró. Por mais de 50 anos ele foi responsável pelos registros fotográficos da população de Mossoró e da própria cidade. 

José Rodrigues fez fotos de pessoas importantes tanto do Rio Grande do Norte como de outros Estados Brasileiros.

Roberto Carlos e José Rodrigues

José Rodrigues, Frei Damião e Câmara Cascudo

Da esquerda para direita: Hermelinda Lopes, Ozeas Lopes (Carlos André), José Rodrigues da Costa (Dedé do Foto Rodrigues) e João Lopes (João Mossoró)

Os homenageados por indicação do vereador foram: José Rodrigues da Costa (Mérito Fotográfico); Edmilson Jales (Mérito Educacional); José Maria Dantas e José Francisco Tavares (Título de Cidadão Mossoroense); Romualdo e Jeane “JR Petro” (Reconhecimento da Câmara Municipal de Mossoró). - http://genivanvale.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

16 agosto 2016

OS VICIADOS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.561

Cremos que o amigo leitor já tenha ouvido falar em político raposa, carcará e urubu. São várias as categorias dessa gente. O político urubu, também chamado hiena, atua somente uma vez. Ele exerce uma profissão qualquer e aguarda pacientemente a época das eleições. Após estudar o ambiente, dirige-se a um prefeito ou candidato ao cargo, a um deputado estadual... E oferece seus serviços. O currículo atesta que foi candidato a vereador, várias vezes, jamais se elegendo. Tornou-se viciado pelo dinheiro sujo em cada pleito.


Chora para ser candidato a vereador mais uma vez, para vender os seus mesmíssimos votos (geralmente entre 100 e 200). Não deixa de ser cabra corajoso, admitimos, pois existe raposa que não obtendo os votos prometidos, manda o político urubu para uma surra de juntar bicho ou coisa pior.  Na última eleição à prefeito no Sertão de Alagoas, a exploração variava entre cinco a setenta mil reais. Os urubus de cinco, nunca conseguem mais do que isto. São os “perrengos” mais viciados de todos; o que tapeia a própria  família e mais meia dúzia de amigos. Os de setenta mil ou em torno disso, são as hienas (que comem os restos da carniça) maiores. Aquelas que têm faixa acima dos quinhentos votos.

O que vimos são as conversas de bastidores e afirmações nos cochichos das ruas.  

Fora os falsos candidatos a vereador – os urubus – outra categoria nojenta é a do pretenso candidato a prefeito consciente que jamais terá condições de chegar. Pressiona antes das convenções para ser chamado como vice de alguém. Não colando o golpe, registra sua própria candidatura, certo que mais à frente será chamado por um dos candidatos robustos para abrir da candidatura por determinado valor.

Não podendo levar a verba diretamente dos cofres públicos, pelo menos mete as unhas nos que podem.

E o pior de tudo: ninguém faz política no interior do Nordeste sem os urubus.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

15 agosto 2016

CAPRINO-OVINOCULTURA NO SEMI-ÁRIDO: UMA ESTRATÉGIA DE VIABILIZAÇÃO

Por Clovis Guimarães Filho
Ex-chefe de P&D da EMBRAPA SEMI-ÁRIDO e consultor do SEBRAE-PE    

A estratégia mais indicada para viabilizar a ovino e a caprinocultura de base familiar praticadas nas zonas mais secas da região semi-árida deve se basear na diferenciação dos seus produtos, a ser fundamentada no estabelecimento de normas que definam e orientem o processo de sua certificação. O DOC (Denominação de Origem Controlada) e o IGP (Indicação Geográfica Protegida), tipos de certificação que já existem em vários países, sobretudo na Europa, seriam não apenas esses instrumentos de agregação de valor a esses produtos, mas, sobretudo, constituiriam os requisitos básicos para o seu reconhecimento e proteção. São certificados com o DOC, por exemplo, todos os produtos cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos aí fatores naturais (solo, clima) e/ou humanos (tradição, cultura). Em outras palavras, deve haver uma clara ligação estabelecida entre o produto, o território e o talento do homem (o “saber-fazer”).

 A concepção desses produtos a certificar deve resultar de um processo natural de construção social, refletida na sua identificação com o território de origem em suas dimensões geográfica, histórica e cultural. O produto apresentaria forte apelo mercadológico, especialmente em função da sua relação harmônica com o meio ambiente. Entretanto, características como essas precisam ainda de uma construção pelo “marketing”, posicionando este produto no mercado através de trabalho de comunicação mais amplo sobre sua imagem. É isso que é praticado por um sem número de países com vários produtos das regiões mais desfavorecidas, onde predominam pequenos agricultores familiares.

Quase toda as partes norte e leste de Portugal estão zoneadas para produção de ovinos e caprinos com denominações de origem e indicações geográficas protegidas. O “borrego Serra da Estrela”, o “cordeiro Bragançano” e o “cabrito da Beira” são algumas dessas marcas. Na Espanha destaca-se o famoso cordeiro “ternasco de Aragón”. Na França, podem ser citados os queijos “roquefort“ (de leite de ovelha) e “chabichou du Poitou” (de leite de cabra). Dezesseis por cento da produção queijeira da França tem certificação de origem. A Argentina conta com o seu “cordero patagón”. Embora não possa ainda ser caracterizada exatamente como um produto com denominação de origem, no Brasil existe uma iniciativa similar na região de Herval, RS, com a comercialização do “cordeiro Herval Premium”. No país só existe um produto com certificação de origem, o vinho do Vale dos Vinhedos, RS. Outras iniciativas em busca dessa certificação estão em andamento, entre elas duas relativa ao mel de abelhas de São Raimundo Nonato, PI, e o queijo da Serra da Canastra, MG.

Para obter o reconhecimento e utilizar o selo de denominação de origem, o produtor deve atender um conjunto de exigências contidas no “caderno de normas e especificações”. Nele são registrados o nome do produto, sua descrição, delimitação da área geográfica, provas de origem, descrição dos métodos de produção, sistema de controle e as exigências a serem cumpridas para obtenção do certificado e uso do selo. O cumprimento dessas normas e especificações é fiscalizado por certificadoras independentes credenciadas. Como seria, por exemplo, um cabrito tipo carne com certificação DOC que o semi-árido pudesse ofertar ao mercado? Antes de tudo, o produto precisaria ter uma “marca”, tipo "cabrito ecológico da caatinga", mais abrangente, ou tipo "cabrito do Moxotó”, circunscrita a um espaço menor. O importante para o produto seria definir suas especificidades e vinculá-las a uma ou mais características próprias daquele espaço. O meio geográfico marca e personaliza o produto, pelo que a delimitação da zona de produção torna-se pré-requisito indispensável. O “sabor da caatinga” implícito na carne do cabrito viria da sua associação com a vegetação de caatinga de que se alimenta, pelo menos em parte de sua vida, ou com uma determinada raça ou ecotipo nativo e/ou, ainda, com uma maneira tradicional e peculiar de abater e beneficiar o animal, como a “manta seca retalhada”. Este tipo de “saber-fazer” poderia ser valorizado como uma especificidade, contribuindo na definição de um produto para um espaço geográfico específico onde essa prática se destacasse.

 O zoneamento do Semi-Árido, portanto, torna-se um procedimento essencial para fundamentar um processo de identificação e delimitação espacial das potenciais marcas de cabritos e borregos, com base em suas especificidades ligadas a fatores naturais e/ou culturais de cada espaço. A criação de uma ou mais marcas de “cabrito ou cordeiro ecológico da caatinga” enfatizaria as relações do animal com o bioma, utilizaria um mínimo de insumos externos e valorizaria e preservaria as raças nativas, mesmo que esses fatores limitassem a possibilidade de um abate mais precoce, em função de um desenvolvimento ponderal um pouco mais lento dessas raças. Isto não constituiria problema, já que essa aparente desvantagem poderia ser neutralizada pela produção de carcaças mais leves ou largamente compensada tanto pelos menores custos operacionais e de investimentos quanto pelo maior valor agregado ao produto pelas suas especificidades mercadológicas.

 Um produto efetivamente diferenciado e impossível de ser imitado como esse (onde não há caatinga não se pode produzir o “sabor da caatinga”) poderia se constituir em importante alternativa de resgate social e econômico do caprinocultor e do ovinocultor da região semi-árida, e de reversão do acentuado processo de degradação dos recursos naturais que atinge esta região. Redes de supermercados confirmam seu interesse em trabalhar com um produto caprino ou ovino dessa natureza, com certificação de origem. O sucesso de um programa como esse exige, além, naturalmente, do estabelecimento de normas e serviços que regulamentem e operacionalizem o processo, o fortalecimento das associações de produtores a estruturação de redes locais de apoio técnico e a implantação de uma linha de crédito específica, adequada à natureza e à capacidade remuneratória de capital dessas atividades.

 Este conjunto de ações deve privilegiar espaços supramunicipais ocupados pela agricultura familiar, onde haja elementos potenciais de identidade coletiva e outros ativos e fatores diferenciais que permitam desenvolver novos negócios relacionados com agregação de valor, com aproveitamento de tipicidades locais/regionais e dos patrimônios culturais e sociais específicos. Seria uma forma alternativa de inserção do produtor de base familiar na lógica adversa do mercado convencional.

Publicado pelo Observanordeste em outubro de 2004.



Enviado pelo professor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

14 agosto 2016

A VISITA DO VELHO SENHOR

Por Raul Meneleu Mascarenhas
Francisco Meneleu dos Santos

Há algum tempo recebi a inesperada visita de um elegante senhor de 93 anos que veio deixar-me exemplares de seu livro “Coisa Julgada e Cartas de Amigos” [Editora Queima-Bucha, Mossoró, 2006], para enriquecimento das bibliotecas comunitárias que fundei ou ajudo a manter em alguns municípios do Rio Grande do Norte. Seu nome, Francisco Meneleu dos Santos, um dos outros nomes da elegância e da distinção.


Apoiava-se, o meu visitante, numa elegante bengala de castão de ouro, por sua raridade, um objeto de colecionador. Gráfico aposentado e anistiado político, chegou na companhia de Misherlany Gouthier, organizador do seu livro, aliás, muito bem editado, ressalte-se. Conversamos durante um bom quarto de hora sem desconfiarmos que essa seria sua última visita a Mossoró, terra a que se ligava por um sentimento profundo.

Em meio à paz do Boa Vista, bairro que me recebeu de braços abertos, Meneleu discorreu com bom humor e desenvoltura sobre a história política do Rio Grande do Norte, evocou com simpatia velhas figuras de Mossoró que lhe ficaram gravadas na memória alerta e hospitaleira. Surpreendeu-se com o fato de termos alguns amigos em comum, como a grande memorialista Zenaide Almeida Costa, entre outros, e concordou em conceder-me depoimento para o livro que estou escrevendo sobre a cidade de sua juventude laboriosa.

Francisco Meneleu dos Santos

Bem vestido, os sapatos engraxados com esmero, fazia-se acompanhar por seu motorista, que permaneceu calado e atento, ao seu lado, enquanto saboreávamos reminiscências e cafezinhos, num fim de tarde, em minha casa, sob a vigilância de Daiane, com quem, parece-me, simpatizou, pois em um dado momento pousou sua mão comprida e bem cuidada sobre a seda do seu pelo, fazendo-a ronronar de satisfação – logo ela que se mostra sempre tão inamistosa ou desconfiada com desconhecidos.

Sua confiante recepção logo me fez ver que o meu visitante era um cavalheiro de boa índole. Não me pareceu em nenhum momento esfalfado pela velhice, mas jovial e em boas relações com a vida. Não se mostrou mesquinho nem ranzinza, como habitualmente se mostram os velhos que odeiam nos outros a mocidade e as benesses que proporciona. 

Sua morte inesperada, pelo menos para mim que lhe gabei a boa disposição, empobrece o gênero humano, especialmente porque homens como Meneleu – dói-me admiti-lo! – são cada vez mais raros. Tão mais raros do que cisnes negros.

A raridade que os faz, no entanto, tão especiais e dignos da nossa memória.

Franklin Jorge, escritor e jornalista, nasceu em Ceará-Mirim - Rio Grande do Norte, em 1952

MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE

http://meneleu.blogspot.com.br/2014/11/memorias-de-um-sobrevivente-da.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com

AS CANTORAS GÊMEAS.

  Por Saudade Sertaneja Célia Mazzei (Célia) e Celma Mazzei (Celma) nasceram em Ubá, Minas Gerais, em 2 de novembro de 1952. Irmãs gêmeas, i...