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10 novembro 2017

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS–Uma lição para os dias de hoje

Por Medeiros Braga

-Um texto da subcapa:
Esse livro em seu contexto
Uma grande história encerra,
Está nos trinta melhores
Romances da Inglaterra,
É também classificado
Entre um cento publicado
Aqui no planeta terra.
O cordel “A Revolução
Dos Bichos”, o objetivo
É resgatar uma história
Em um estilo atrativo...
Popular na sua essência,
Com rima, métrica, cadência,
Dando à leitura incentivo.
George Orwell, o autor,
Com desmedido ideário
Retratou um movimento
Dito revolucionário,
Com animais revoltados
Vez que eram maltratados
Por seu Jones, o sicário.
Eles, pois, se reuniram
E tomaram a decisão
De expulsar seu algoz
Por uma revolução;
E depois com idealismo
Levar o socialismo
Às granjas da região.
O porco Napoleão
Que seria o seu gestor
Traiu todos animais
E se fez em ditador;
Ia pra manter o mando
A muitos alienando
Com discurso enganador.
************
************
Havia um líder que instigara o movimento:
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
Narra um tempo de opressão
Lá na Granja do Solar
Que tem Jones por patrão...
Que vivia embriagado
Sem ter o menor cuidado
De servir água e ração.
Mas, um dia os animais
Pensaram em se reunir,
Procuraram um bom local
Para em breve discutir
A tão triste realidade
Da fome, a brutalidade,
Para delas se insurgir.
O Major, um porco idoso
Mas de muita experiência
E liderança onde todos
Lhe rendiam obediência,
Foi ator e foi o primeiro
A partir como guerreiro
Na luta da independência.
Todos tinham como o monge
Dos animais da Inglaterra
E pra dar mais sensação
A todos daquela esfera
Chegou a manifestar
Seu desejo de contar
Um bom sonho que tivera.
Todos animais vibraram
Com esse acontecimento,
Muito tempo se esperou
Pra chegar o tal momento,
Finalmente, era real,
Chegou a hora, afinal,
De fazer o grande evento.
Logo que a luz se apagou
Houve grande correria,
Todo animal com vontade
Para o celeiro descia,
Os sonhos de liberdade
Criavam certa unidade
E, sobretudo, euforia.
O celeiro foi tomado
Com toda área ao redor,
Nenhum deles prescindiu
Desse momento maior,
Era grande a ansiedade
De sentir a liberdade
Nas palavras de Major.
**********************
*********************
Garganta e Napoleão viviam justificando dos seus erros e sempre faziam comparação com o gestor anterior, o Sr. Jones:
“Vocês querem que ele volte?”
Era a pergunta padrão
Pra conter os animais
Em qualquer insurreição;
Era a marca mais devida
E que fosse repetida,
Se possível, com exaustão.
Vocês querem que ele volte?...
Qual o período melhor,
Esse agora em que vivemos
Com liberdade ao redor,
Ou de quando esse granjeiro
Explorava por inteiro
Até o último suor...”
Tudo que havia de errado
Ali na comunidade
O Garganta reunia
A sua sociedade
E a Bola de Neve, em via,
Implacável atribuía
A responsabilidade.
E se alguém duvidasse
Dessa acusação tão forte
Reprimia e até fazia
Sua pena de má sorte
Quando vinha de refrão
A matreira indagação:
Vocês querem que ele volte?
************************
As regras mencionadas
Pelos “Sete Mandamentos”
Eram, pois, desrespeitadas
Com maior descaramento,
Procurando camuflar
Estavam a modificar
Todos bons ensinamentos.
O Garganta sempre que
Precisava adulterar
Todo aquele mandamento
Que Major pôde legar,
Com pincel, tinta, num açoite
Sempre às caladas da noite
Ia lá modificar.
De início venderam o feno
Para compra de bebida,
Depois disso se mudaram
Pra casa grande indevida,
De combinatas e tramas
Passaram a dormir nas camas
Contra a regra definida.
Não se é de estranhar,
Dormimos em cama, e bem,
Uma cama confortável
Não degrada, pois, ninguém;
Num estábulo muita palha
Funciona pra quem malha
Como uma cama, também.”
Merecemos o repouso
Para que fiquemos fortes,
Com força para enfrentar
De seu Jones qualquer sorte,
Não podemos passar mal,
Fraquejar, pois, afinal,
Quem deseja que ele volte?”
Vez por outra animais
Vinham desaparecendo,
Da granja a população
Vinha há muito decrescendo,
Nessa estranha alcatéia
Muitos já tinham a idéia
Do que estava acontecendo.
Mas, assim, na casa grande,
Em completa mordomia,
Napoleão com seus cães
Muito pouco aparecia,
Tinha todos ao bel-prazer
Como o Mínimo a escrever
Sobre seu chefe em poesia.
Das raras vezes que havia
Alguma reunião,
Os animais conheciam
Seus atos de repressão
Através dos assessores
E dos dentes agressores
Do seu exército de cão.
Numa delas deu a ordem
E os cães obedeceram,
Trouxeram quatro porquinhos
Que com seu chefe romperam,
Tiveram que confessar
E depois se retratar
Mas, assim mesmo, morreram.
O seu VI Mandamento
Teve substitutivo,
Onde havia “não matar”
Acresceram “sem motivo”
Assim nesse labirinto
Externava o seu instinto
Com todo ato abusivo.
Já ninguém ousava mais
Contestar Napoleão,
Aboliu-se a liberdade
Ao direito de expressão,
Infeliz de quem pensasse
Em romper, depois falasse
Na presença de espião.
Ao final da assembléia
O Garganta aparecia,
Trazendo mais uma regra
Quebrada naquele dia:
Que a música que descerra
Os Bichos da Inglaterra
Doravante se abolia.
Em seus vagos argumentos
Dizia com austeridade
Que não fazia sentido
Cantar na atualidade
“Vez que a revolução
Teve a sua conclusão,
Não há mais necessidade”.
Porém, o poeta Mínimo
Compôs uma pessoal
Que cantava: Bela Granja,
Nunca mais te farão mal,
Pois, temos Napoleão
Defendendo com emoção
O que é já seu ideal.
Dizia ainda o poema
Falando em Napoleão,
Externando o servilismo
De um poeta sem razão,
Que ele é como gitano
“Forte, claro, soberano,
Como o sol da imensidão”.
Napoleão adorou
O seu poeta escudeiro
Mandou o texto gravar
Na parede do celeiro,
E, também, no mesmo ato
Colocou o seu retrato
Que custou muito dinheiro.
Com os seus bajuladores
Na maior servilidade
Tinha, pois, Napoleão
Publicada sua vaidade,
E munido de indulto
Se criava, então, o culto
De uma personalidade.
*********************
Sem fazer caso do golpe
Aumentava a mordomia,
Mais cevada para os porcos
Que engordavam todo dia,
Sendo que Napoleão
Com direito a um galão
Mais açúcar recebia.
Finalmente, é proclamada
A república independente;
A República dos Bichos,
Passa a atuar legalmente,
Napoleão nesse ato
Como único candidato
Continua presidente.
Programas educativos
Já de início cancelou,
Achava desnecessário
Pra qualquer trabalhador,
Que o saber e a ciência
Política da consciência
Têm um grau ameaçador.
Por isso que ele aboliu
Muitas regras de Major,
Outras mais adulterou,
Porém, nunca pra melhor,
Até lei dos animais
Que garante serem iguais
Entre si, ficou pior.
Suprimindo a igualdade
Com a matreirice que esbanja
Alterou mais uma regra
Ao dizer sem dar a canja,
De que havia animais
Que eram bem mais iguais
De que outros lá da granja.
Ao mesmo tempo baixou
Uma lei que bem dizia
Que quando um porco andasse
Qualquer que fosse seu guia,
Sendo ele mais igual
Se obrigava outro animal
A deixar aquela via.
Surgiu pra alienação
O corvo Moisés do léu,
Falando duma Montanha
De Açúcar lá no céu,
Dando esperanças contidas
Dessa lei que, no pós vida,
Vão desfrutar do seu mel.
A Montanha de Açúcar
Sobre as nuvens era imensa,
E condenando a prática
Da rebeldia ou ofensa,
Externava um mandamento:
Para maior sofrimento
Bem maior a recompensa.
Sansão, um grande cavalo
Que estava só no couro,
Alegre com a promessa
Daquele mundo vindouro,
Não fez o menor protesto
Quando um porco, com um gesto,
Entregou-lhe ao matadouro.
Mais algum tempo se foi
Sem ter nada evoluído,
O método “Animalismo”,
De uma vez foi suprimido,
Sem um bom líder ao redor
Aquele “mundo melhor”
Terminou sendo esquecido
***********************
O Garganta era incrível
Na maneira que atuava,
Manipulava estatísticas,
A mentira maquiava,
Transformava de improviso
O inferno em paraíso
E convencia e agradava.
Pra isso mudaram o lema
Que se lia ao derredor,
“Quatro pernas muito bom”
Pra “Duas pernas melhor”,
E, assim, modificando
Iam as coisas ficando
Para todos bem pior.
Napoleão do alpendre
Daquela grande mansão
Acompanhava o desfile
Dos porcos em pelotão
Em duas pernas marchando
Com os homens se igualando
Sem qualquer complicação.
Procurando assemelhar-se,
Ser ao homem tão igual
Já usavam o telefone,
Rádio de pilha, jornal,
Wisk, charuto, bolsa,
Pratos de ágate e de louça
Como um hábito natural.
Certo dia Napoleão
Foi na casa surpreendido
Com as roupas de seu Jones,
E seu cachimbo comprido,
Em imensas baforadas
Caminhava na calçada
Com o homem parecido.
Todos lá da Casa Grande
Não só fumavam e bebiam,
Caminhavam nos dois pés
E com luxo se vestiam,
Dormiam em cama e jogavam
Com dinheiro que emprestavam
Os granjeiros que extorquiam.
*******************
À tarde uma comitiva
De tais homens lá chegou,
Caminhou por toda granja
Tudo de bom se mostrou,
À noite, de guardanapo,
Jantou e depois do papo
Bebeu wisk e jogou.
Ali fizeram u’a parada
Para a congratulação,
Discursou um dos granjeiros
E depois Napoleão,
Todos dois voltando o verso
Para a granja e seu sucesso
Que se deu na produção.
Disse Pilkington em sua fala
Para todos animais
Que irá levar à prática
O que viu horas atrás,
Pois, “com péssimos terrenos
E pagamento a menos
Aqui se produz bem mais”.
“Vou levar pra minha granja
O que faz Napoleão,
Aqui se tem menor custo
Com muito mais produção,
A mão de obra tão grata
Além de ser mais barata
Não se vê rebelião.”
Já falou Napoleão
Não ser revolucionário,
Nem sequer socialista,
De esquerda ou libertário,
Que nunca teve motivo
Para ser subversivo,
Nem ligado a um ideário.
Falou ainda aos granjeiros,
Procurando esclarecer,
Que dissera muita coisa
Que jamais veio a fazer
Porque, na compreensão,
Uma coisa é oposição,
Outra coisa é o poder.
“Tudo que falei de mal
Nada tinha de verdade,
Exemplo: nunca senti-me
Titã da moralidade,
Firme na minha premissa
Não me comove justiça,
Igualdade, ou liberdade.”
Napoleão encerrou
Cheio de vitalidade,
E depois erguendo a mão
Como uma divindade
Deu as ordens sem demora:
“Eu proponho um brinde agora,
Salve, ó prosperidade”.
**********************
Os animais foram até lá e constataram o que estava, de fato, acontecendo:
Dizia algum animal
Cheio de indignação:
Não posso crer no que vejo,
Não é verdade isso, não,
Pois, o que eu estou vendo
É de fato se rompendo
A nossa revolução.
O que estou mesmo vendo
E que me causa revolta
É que decerto algum Jones
Sem demora está de volta,
Pois, o próprio Napoleão
Já tem no pulso o bastão
E cachorros como escolta.
Ao final da confraria
Se viu que igual sufoco
Dessa história se repete,
Afinal, no mundo louco,
Por muita nação moderna
Ninguém sabe quem governa
Se um homem ou se um porco.
Nas nações se bem olhadas
Como tem Napoleão...
Que adestra cachorrinhos,
Lhes dispensa boa ração;
Como tem de porco amigo
Desfechando tal perigo
Com a devida precisão.
Da história desses bichos
Ficou a grande lição:
Só o povo se liberta
Através da educação;
A justiça só haverá
Se um dia se arrancar,
Toda alienação.

Medeiros Braga 


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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OBRA DO ARTISTA PLÁSTICO EDUARDO LIMA

Por Eduardo Lima

Para quem não me conhece sou Eduardo Lima. 

Sou artista plástico e moro em Barreiras, no Estado da Bahia. 

Costumo retratar o cangaço de forma peculiar.

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07 novembro 2017

ZÉ PEDRO: CANGACEIRO DE PARADOXOS

Por Joel Reis

A numerosa família Pedro habitava um quarteirão inteiro da Rua da Conceição, em Juazeiro do Norte – CE. Constituída por Mané Pedro, Chico Pedro, Antônio Pedro, João Pedro, Joaquim Pedro, outros Pedro e Zé Pedro; o mais velho dos irmãos e chefe da família. Eram homens do trabalho, uma família de lavradores de mandioca no chapadão do Araripe, mercadores de cereais das feiras do Cariri, artífices carpinteiros, sapateiros, ferreiros... Viviam com certa prosperidade em terras que para viver é preciso ter coragem.

A família Pedro não era de levar desaforo para casa. Mesmo no modo de vida pacato que levavam os Pedro mostravam coragem a cada passo, depressa se habituaram à luta. 

Zé Pedro, ora carrancudo, ora alegre e risonho, possuía muita força vital, corpulento, estatura alta, cabeça chata, cabelos encarapinhados, face, boca, dentes e orelhas regulares, aliás, não tinha nenhum outro estigma físico aparente de degenerescência. Usava chapéu de couro grande e quebrado na testa, um rifle, um revólver, um punhal, duas cartucheiras e um saco de bala. Apesar da valentia era um cangaceiro de atitudes nobres, não tomava dinheiro à força, não matava por perversidade, não desonrava e não incendiava. Um cangaceiro destemido, que só brigava, ou quando provocado ou por questões políticas. Não tinha preocupação nem vaidade.

Em 23 de janeiro de 1914, Zé Pedro liderou mais de 40 homens, entre eles seus irmãos, no ataque ao Crato – CE. Insultaram a tropa de guarnição da cidade, para fazê-la gastar munição, mas não se contentaram. Zé Pedro tomou a trincheira do Barro Vermelho, a do Fundo da Maca e a da Praça do Rosário, arrebentou as grades da cadeia do Crato e restituiu a liberdade ao famoso Zé Pinheiro. Em vinte horas de fogo tomou a cidade. Assim, a Revolução de Juazeiro do Norte sagrou-se vitoriosa. 

Certo dia, Zé Pedro em uma bodega a beber, alguns soldados o quiseram prender. Raimundão um soldado valente e desordeiro, foi quem lhe deu a clássica voz de prisão: “esteje preso”. Antes não o fizera porque certamente, pela primeira vez, sua cabeça sofreu a consequência da sua ousadia, do seu atrevimento de querer prender o mais valente dos Pedro. Uma forte bofetada estalou-lhe tão pesada no ouvido, que Raimundão baqueou, pesadamente, no solo. Fechou o tempo. Cerca de quinze soldados eram presentes. Naquele momento, a única arma de Zé Pedro era um punhal de três palmos. Era quanto bastava. Como, porém, não era perverso, preferiu apenas abrir alas... Com o punhal traçou uma circunferência, colocou-se de pé no centro dela e bradou: 

- Ô macaco! (é assim que os cangaceiros chamam os soldados) Quem pôr o pé neste risco, morre... (e morria mesmo).

Os soldados tinham plena certeza disso. Assim, acharam melhor dar por findo o incidente e continuar a beber com Zé Pedro. Com um cangaceiro valente, não procede de outra forma a polícia dos Sertões.

Outro fato se deu na chapada do Araripe, local onde havia uma grande plantação de mandioca, e os criadores de Pernambuco acharam que deviam fazer solta de seu gado na lavoura dos romeiros do Padre Cícero, os desbravadores e cultivadores daquela serra. O governo de Pernambuco, diante da reação dos romeiros, mandou para aquela serra uma força de polícia para garantir o gado dos criadores do seu Estado, na destruição da lavoura dos agricultores do Cariri.

Zé Pedro e seu amigo inseparável Mané Chiquinha foram ao encontro da tropa. E no fogo da Taboca, do embate dos dois com o exército pernambucano, resultou sair ferido um porco, o qual, morrendo depois. O oficial comandante se apressou em indenizar o respectivo dono! De certo, para Recife, a história foi contada de modo a realçar a correção do oficial comandante da tropa que enfrentou dois cangaceiros e matou um porco! Tem sido dessa ordem as providências dos governos do Norte, na repressão ao banditismo.

Zé Pedro bem que podia ter chamado a serra Zé Pinheiro e seus homens que estavam garantindo o gado na destruição da lavoura dos pobres. Teria assim feito diminuir, um pouco, a calamidade da seca de 1915, prestando mais um grande serviço ao Estado, mas não quis chamar. Os ousados camaradas inseparáveis, Zé Pedro e Mané Chiquinha habituados às grandes caminhadas iam pela mata densa da chã, até chegar à vereda estreita por onde os soldados eram forçados a passar. Escondidos em cima de uma árvore, um deles atira, de repente, o estrondo causa pânico e o terror assola a soldadesca que correu pelos matagais da chapada.

Mesmo diante do perigo, Zé Pedro zombava de tudo, nada temia. Depois, vitorioso, admirado por todos, não se gabava de seus feitos, não reclamava glória para si e muito menos se mostrava superior a nenhum companheiro. Havia homens assim naquele meio e não tinha como saber exatamente os motivos que os tornaram cangaceiros. Não são criminosos natos, não fazem profissão do crime, nem mesmo têm instintos perversos. 

Zé Pedro era um desses, nas ocasiões em que lhe ofereciam dinheiro para matar alguém, não aceitava; ou às vezes aceitava, mas não matava. Em tom de brincadeira, contava depois a história ao que devera assassinar, sem, contudo, dizer quem fora o mandante. Quando pediam para atear fogo em uma propriedade, não executava tal pedido e ainda avisava o proprietário que se precavesse.

Segundo Antônio Xavier de Oliveira (1920) houve cangaceiros assim, que não eram tão maus como se pensa e se diz. Como Zé Pedro alguns eram honestos, valentes e nobres, pois, piedade para eles. Em vez de bala e cadeia, um livro e uma escola.

REFERÊNCIA

XAVIER, A. de Oliveira. Beatos e Cangaceiros. Rio de Janeiro: [s.n.], 1920.
NOTAS
*José Pedro se destacou como chefe de grupo na revolução do Juazeiro de Norte – CE, em 1914. O bando de José Pedro era formado por irmãos e amigos, os Pedro, atuou em torno da chapada do Araripe nos primeiros anos do século XX, até ser assassinado pela polícia do Crato – CE, em maio de 1924.
* A foto de Zé Pedro também aparece nas seguintes obras:
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 14, mas apenas na versão impressa, a versão em PDF que está disponível na internet não possui fotos).
MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol: violência e banditismo no nordeste do Brasil. 5 ed. São Paulo: A Girafa. 2011. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 399, mas com apenas uma legenda simples na p. 398).
OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião Cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: Edições O cruzeiro, 1970. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 37 com apenas a legenda “Zé Pedro, Fanático do Crato”).
XAVIER, A. de Oliveira. Beatos e Cangaceiros. Rio de Janeiro: [s.n.], 1920. (A foto de Zé Pedro aparece na p. 86).
P.S. O único livro que encontrei falando sobre o tema supracitado foi o “Beatos e Cangaceiros (1920)” de Antônio Xavier de Oliveira que nasceu em Juazeiro do Norte (CE).

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03 novembro 2017

PROFESSOR ANTONIO VILELA VISITA TÚMULO DE DOMINGUINHOS EM GARANHUNS

UMA ROSA PARA DOMINGUINHOS

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28 outubro 2017

MAIS UM LANÇAMENTO DE LIVRO SOBRE O CANGAÇO...!


Mais uma vez compartilho com vocês o lançamento do meu 17º livro: LAMPEÃO EM 1926 é o 11º do tema cangaço.


O lançamento será na próxima edição do já consagrado evento Cariri Cangaço, em Floresta PE, na comemoração do Centenário de Nazaré do Pico.

Saudações cangaceiras,

Obs: O livro já está a venda e, pode ser adquirido diretamente com o autor, através deste e-mail: 

luiz.ruben54@gmail.com
franpelima@bol.com.br

O valor é R$ 60,00 incluindo o frete.

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25 outubro 2017

CAMPANHAS POLÍTICAS DE ALUÍZIO ALVES NO RN.

 Por Francisco Veríssimo De Sousa Neto

Eleição estadual de 1982: Aluízio Alves, candidato a Governador do Rio Grande do Norte

No ano de 1982 realizaram-se eleições gerais para escolha de vereador, prefeito, governador, deputado estadual, deputado federal e senador. 


Para o executivo potiguar, o angicano Aluízio Alves candidatou-se ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Norte pelo PMDB(Partido do Movimento Democrático Brasileiro), tendo o paraibano Pedro Lucena(PMDB), como candidato a vice-governador. 

José Agripino Maia

Do outro lado, um dos principais concorrentes José Agripino Maia, disputou o governo do Estado pelo PDS(Partido Democrático Social, ex-Arena), tendo o seridoense Radir Pereira de Araújo como companheiro de chapa. 

Radir Pereira de Araújo

Neste pleito o "cigano feiticeiro" Aluízio Alves obteve 283.572 votos, mas foi derrotado por José Agripino que por sua vez obteve 389.924 sufrágios. 

Um destaque deste pleito foi a famosa "Lambadinha" do PMDB que impulsionou a campanha de Aluízio Alves e que é tocada até hoje nas campanhas peemedebistas no RN.

https://www.youtube.com/watch?v=XL-XoEkvfRQ

ADENDO - José Mendes Pereira

Quando os espertos roubaram os 94 milhões de Cruzeiros que seriam pagos aos trabalhadores da emergência do Rio Grande do Norte, e segundo Aluízio Alves o governador José Agripino Maia (na época) sabia muito bem quem teria roubado o dinheiro da emergência do nosso Estado. Consciente do que estava dizendo, Aluízio Alves disse uma frase que se tornou muito importante na sua vida pública:

"Eu sei que ele (Zé Agripino) sabe, que eu sei (Aluízio Alves) que ele sabe, quem roubou os 94 milhões da emergência". 

https://www.youtube.com/watch?v=4arxbmOZCyk

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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23 outubro 2017

TENTATIVA DE PAZ ENTRE JOSÉ FERREIRA E SATURNINO ALVES DE BARROS


Quem não conhece a História, acha, com certeza, que naqueles idos dias do cangaço as crianças e adolescentes já nasciam e cresciam de arma em punho, sem seus pais nunca tomarem providências para que a violência não existisse. 


Puro engano, tanto de um lado como do outro, houve tentativas da ‘coisa’ não ir ao extremo que foi. Ou seja: tanto o pai de José Alves de Barros, conhecido por Zé Saturnino, o senhor Saturnino Alves de Barros, como o de Virgolino Ferreira, conhecido por Lampião, José Ferreira da Silva, principalmente o último, fizeram várias e várias tentativas para que a paz reinasse naqueles rincões sertanejos.


Abaixo veremos, segundo João Gomes de Lira, ex-volante da Força Pública pernambucana, a primeira tentativa de José Ferreira, pai de Antônio, Livino e Virgolino Ferreira, para ‘apaziguar os ânimos’... Para fazer com que a violência parasse. Isso, lá pelos idos de 1917. 

João Gomes de Lira

Aquele que nos conta essa parte da História, nas entrelinhas de sua obra literária, é nada menos nada mais, que um saudoso e valoroso nazareno que participou da guerra contra o banditismo rural naquele tempo.

“(...) Por não querer barulho, no ano de 1917, para não ver seus filhos em desmantelo, José Ferreira resolveu se retirar do seu lugar, sítio Passagem (das) Pedras. 

https://professorpaulocesar.blogspot.com.br/2014/08/projeto-viajando-pela-historia-de-serra.html

Para isto, falou com o professor Domingos Soriano, para procurar um lugar no distrito de Nazaré para comprar (...) Tendo o Professor apalavrado no lugar Poço do Negro, (distando) três quilômetros para o povoado de Nazaré, um terreno pertencente ao Sr. Antônio Freire. Feito o negócio, José Ferreira vende a sua terra em Passagem (das) Pedras aos Senhores Venacinho Nogueira e Néo das Barrocas, ambos residiam na ribeira do Riacho de São Domingos. Concluído o negócio, foi feito um acordo: os “Ferreira” não deveriam ir ao Riacho São Domingos, como também José Saturnino com os Nogueira não deveriam ir à Nazaré. Desse modo, José Ferreira deixou a sua querida morada(...).” (“LAMPIÃO – Memórias de um Soldado de Volante” – LIRA, João Gomes de. 1ª edição, 1990)

Na vinda da família ‘Ferreira’ para a nova moradia, essa fora observada pelo pessoal que ali morava, no povoado de Nazaré. Um dos moradores, morador de um sítio próximo a Poço do Negro, lugar onde José Ferreira havia comprado um pedaço de terra para tentar criar sua família, observa com bastante curiosidade e atenção. Esse ‘observador’ narra mais tarde para os que moravam no povoado e circunvizinhança, e não presenciaram a passagem da família, como se portavam em suas montarias os ‘Ferreira’. Esse percebe que os filhos mais velhos de José Ferreira traziam armas na cinta e outras cruzadas nas costas seguradas por suas bandoleiras. Os “Ferreira” e Zé Saturnino e seus jagunços, já haviam trocados tiros, dessa forma, tanto um lado como o outro andava armado até os dentes, prontos para qualquer coisa que ocorresse.

Assim fora observado a entrada, ou passagem, dos ‘Ferreira’ pelo povoado de Nazaré, quando os mesmos estavam rumando para sua nova moradia: “chapéu de couro quebrado na frente e atrás, barbicacho passado no queixo, roupas de mescla, blusa tipo as usadas pelos cangaceiros do Sertão, montados em possantes cavalos galopando com os rifles enganchados aos ombros. Viajavam demonstrando uma verdadeira posição de combate, distante um do outro, tática usada pelos veteranos cangaceiros do Sertão. Tudo isso foi observado pelos nazarenos, principalmente pelo jovem Aureliano Francisco de Souza (Lero Chico), que se encontrava no lugar José Dias, próximo a Nazaré, onde presenciou tudo minuciosamente, inclusive viu que, quem viajava na frente, era o Inspetor Manoel Lopes.” (Lira).

Zé Saturnino ordena que um de seus ‘homens’, chamado Tibúrcio dos Santos, fosse tocaiar os irmãos ‘Ferreira’ quando, e se, os mesmos viessem visitar uma de suas tias, Joaninha Ferreira, de quem, ou por quem os rapazes tinham grande apreço, que morava nas redondezas da fazenda Pedreira, sua propriedade, nas imediações da Serra Vermelha. A emboscada feita por Tibúrcio não rendeu nada, pois nenhum dos três irmãos, Antônio, Livino ou Virgolino, foram para aquelas paragens.

A verdade é que não encontramos prova alguma da quebra do acordo pelos ‘Ferreira’ a não ser uma ‘desconfiança’ que teve Zé Saturnino de que os seus inimigos iriam visitar uma tia, não gostando, embora fosse só desconfiança, manda alguém emboscá-los. 


No acordo que gerou a primeira mudança da família Ferreira do Sítio Passagem das Pedras para o Sítio Poço do Negro, em uma parte dele ficou acordado que: nem os “Ferreira” podiam ‘fazer’, ir, para a feira-livre de Vila Bela, nem Zé Saturnino faria, visitaria, iria à feira livre do povoado de Nazaré. No acordo, os “Ferreira”, nitidamente, levam desvantagens em tudo. Primeiro por terem que vender sua propriedade por um preço muito abaixo do que valia e não ter recebido a quantia completa. Segundo, como eram almocreves, precisavam, necessitavam de uma feira mais ampla para que suas mercadorias tivessem maior saída. Porém, nos revela a história que eles não foram vender suas mercadorias em Vila Bela, cumprindo assim o que fora acordado.

Zé Saturnino, segundo a historiografia do tema, havia vendido um animal, provavelmente um cavalo, a um cidadão que morava em uma das casas do povoado de Nazaré, chamado Agripe de Manoela, que, provavelmente possuía uma propriedade rural nas imediações. Nada encontramos, lemos ou escutamos, do local em que se dera o negócio, nem tão pouco a sua data. Ocorrera-se então a venda, antes ou depois do acordo feito?

Zé Saturnino no primeiro meado do ano de 1918, resolve ir, junto com um de seus homens chamado José Cipriano, os dois viajavam armados, receber a quantia pelo animal vendido, só que na casa do comprador, ou seja, no povoado de Nazaré, desobedecendo e quebrando o acordo feito pelo seu pai entre as duas famílias.

“(...) José Saturnino, tinha vendido um animal ao Sr. Agripe de Manoela, que mora em Nazaré, e o mesmo achou por bem ir receber o pagamento do animal vendido, em Nazaré. Assim, entre os meses de fevereiro a março de 1918, José Saturnino com o companheiro José Cipriano foram para Nazaré, desobedecendo Saturnino, ao acordo que haviam firmado (...).” (Lira)

Bem, a ida de Zé Saturnino, para receber o tal dinheiro do animal vendido, ou não, não passou despercebida por um dos irmãos “Ferreira”. Naquela ocasião, Virgolino, terceiro filho de José Ferreira encontrava-se no povoado acompanhado pelo primo Domingos Paulo e, notando a presença do inimigo, junto com outra pessoa, achou ser uma afronta ao acordo feito com seu pai, José Ferreira. Desse momento em diante, Virgolino e seu primo não perdem mais nenhum movimento que fazia seu inimigo. O que danado, deve ter pensado Virgolino, estava fazendo Zé Saturnino em Nazaré acompanhado por um de seus homens, pois o mesmo, o jovem Virgolino, nada sabia sobre a venda do animal?

Um cidadão que momento também se encontrava em Nazaré, Major João Gregório Ferraz Nogueira, observa a vinda de Zé Saturnino e como Virgolino estava a lhe prestando atenção. Sabedor da intriga e do acordo entre as famílias, vai até onde encontrava-se Zé Saturnino e lhe segreda como o filho de José Ferreira o estava vigiando, portanto, que estivesse sempre alerta, tomando cuidado. O homem do sertão já é sem medo por natureza, e Zé Saturnino sem fugir a regra, não temendo a Virgolino nem a outra pessoa qualquer, fosse Ferreira ou não, responde ao amigo que não estava ali em busca de briga, porém, se isso fosse o que queriam, estava pronto para tudo.

“(...) pediu a José Saturnino que tivesse muito cuidado. Este agradeceu, porém dizendo que não os temia, que podiam vir do modo que entendessem, pois estava pronto para recebê-los do jeito que quisessem. Adiantou que não estava ali por afronta a ninguém, porque a finalidade de sua presença em Nazaré era a de receber o dinheiro de seu negócio (...).” (Ob. Ct.)

Bem, o dia vai passando e Zé Saturnino e seu jagunço ficam no povoado. Virgolino os acompanhou, de longe, todo o tempo. Vendo que o sol já havia pendido para o poente a bastante tempo, chama seu primo e saem antes dos inimigos do povoado. Sabiam a estrada que seu inimigo tomaria para retornar a sua propriedade, então, chama seu parente, escolhem um local e botam uma tocaia nele. Ao serem avistados pelos que faziam a tocaia, esses abrem fogo prematuramente, perdendo de acertarem o, ou os alvos. Zé Saturnino e seu acompanhante estavam alerta o tempo todo, nisso, ao primeiro sinal de perigo, esporearam as montarias se livrando de serem crivados de balas.

Lampião e seu irmão Antonio Ferreira

José Alves de Barros, o Zé Saturnino, não gostou nadinha da tocaia que fora vítima. Então, ao chegar a sua casa, passa a noite matutando uma maneira de ir à desforra. Ao amanhecer do dia seguinte junta dezesseis jagunços que trabalhavam para ele e saem para acertar as contas com Virgolino. Virgolino naquela manhã se encontrava na casa de uma tia, chamada Chica Jacoza, no sítio Poço do Negro. Com Virgolino estavam, naquele momento, Manoel Lopes, seu tio, os primos Sebastião, Francisco e Domingos Paulo mais uma jagunço que trabalha para eles chamado Luiz Gameleira. Faltava, por estarem a trabalho no município de Triunfo, PE, Antônio e Livino Ferreira, irmãos de Virgolino. A coisa não foi moleza. Quem veio atacar, veio disposto a acabar com tudo e com todos que na casa estivessem, porém, toparam com uma dureza danada.

Clique no link para conhecer o Levino Ferreira da Silva - http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2015/07/pais-e-irmaos-de-virgolino-ferreira-da.html

Alguns autores classificam como sendo o ataque à casa da tia de Virgolino, a definição da ‘questão’ entre Virgolino Ferreira, Zé Saturnino e a família Nogueira, a qual pertencia a esposa do segundo... Nas quebras do Pajeú das Flores.

Fonte "LAMPIÃO - Memórias de um Soldado de Volante" - LIRA, João Gomes de. FUNDARPE, Recife, 1990.
“LAMPIÃO – A Raposa das Caatingas” – IRMÃO, José Bezerra Lima. 2ª Edição. Salvador, 2014.
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