Autor Luiz Ruben Bonfim
Introdução
Lendo e pesquisando tantos jornais e revistas da época em
que Lampião atuava, isto é, anos 20 e 30 do século passado, não passou
despercebido, de vez em quando aparecia caricaturas e charges de Lampião, mas,
o que me chamou a atenção foi a utilização do personagem com a política e os
políticos do poder naquele período.
Contextualizar cada charge ou caricatura seria por demais
maçante, pois creio que elas não perderam o caráter atemporal.
As codificações visuais que os chargistas queriam passar ao
retratar Lampião eram afetadas de acordo com a região do artista, o que
determinava, até pela falta de conhecimento que tinham do caricaturado, a
representação de formas tão dispares na fisionomia desenhada.
As charges com Lampião, nessa pesquisa, abrangem o período
de 1926 a 1939, porém acrescentei duas de 1969, sendo a última apresentada, uma
propaganda com alusão ao desenvolvimento industrial através de incentivos
fiscais, citando Sudam-Sudene onde Lampeão é usado como referência de uma
região. Ao todo o livro mostra 83 charges e caricaturas.
A charge tem como finalidade satirizar, descrever ou relatar
fatos do momento por meio de caricaturas, com um ou mais personagens de
destaque, nas áreas da política com maior frequência.
As apresentadas nesse livro abrangem personagens de
prestígio nacional como o Padre Cícero, Antônio Carlos, governador de Minas,
Capitão Chevalier, com a famosa tentativa de uma expedição contra Lampião no
início dos anos 30, Getúlio Vargas como presidente do governo provisório após a
revolução de 1930.
Após sua morte, cartazes foram utilizados como propaganda de
filme da Warner, com James Cagney “substituindo o famoso cangaceiro
nordestino”.
A propaganda comercial também utilizou com frequência o nome
de Lampião. Como curiosidade inseri no trabalho as da Casa Mathias e O
Mandarim, que apresentavam nos seus comerciais um conteúdo humorístico.
Até o conhecido compositor Noel Rosa, como Lampeão foi
caricaturado. Como se fossem dois personagens ao mesmo tempo é mostrado
características de identificação de Lampião com o rosto de Noel Rosa. Mesmo nas
capas de famosas revistas, Careta em 1926 e 1931, O Cruzeiro em 1932, Lampeão é
caricaturado.
Na contracapa desse livro, consta a foto original muito
popular de Lampeão e seu irmão Antônio Ferreira, já nesta época, famigerado
cangaceiro, perseguido em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Foi tirada em
Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, onde Lampeão foi convocado pelo Padre
Cícero a pedido do deputado federal Floro Bartolomeu, para combater os inimigos
do governo de Artur Bernardes, a Coluna Prestes, em 1926. Na capa, usando a
foto da contra capa, foram introduzidas as faces de Getúlio Vargas como Lampeão
e Osvaldo Aranha como Antônio Ferreira. Foi publicada pelo Estado de São Paulo em
24 de setembro de 1933, sendo Getúlio já vitorioso da revolta de 1932 em São
Paulo.
O desenho era utilizado, isto é, a charge, como uma crítica
político social onde as situações cotidianas são exploradas com humor e sátira.
Lampião foi personagem principal dos chargistas, mas o objetivo era atacar os
poderosos da época, geralmente vítima dos jornais da oposição.
Coloquei tudo numa ordem cronológica para facilitar a
sequência histórica, pois, no futuro com a leitura das diversas obras
publicadas sobre Lampião e o cangaço em geral, teremos uma visão não
contextualizada das sátiras contra os personagens vítimas dos chargistas.
Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://meumundojosemendespereira.blogspot.com.br
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