Horácio Duarte Neto
Aos 74 anos, seu Horácio cumpre rigorosamente sua rotina diária de trabalho no Armazém Delrio. Antes, das 5 às 6 horas, faz sua caminhada ao lado da nora Laurinete e toma um café da manhã reforçado com a esposa Geni. Pega o carro e dirige até a Rua Coronel Gurgel, Centro de Mossoró, onde passa o dia. Abre sua loja cedo, verifica o estoque, arruma os produtos e aguarda os clientes. É assim há 55 anos, sempre com os pés no chão, com um carisma no rosto e o orgulho de ser um dos mais antigos empresários em atividade na cidade.
Nascido em 31 de maio de 1941 nas imediações da Avenida Rio Branco, filho do gari da Prefeitura Luis Horácio Duarte e da dona de casa Cecília Firmino Duarte, seu Horácio é o filho do meio dos cinco que o casal colocou no mundo. Os outros são na ordem Alaíde, Raimunda, José Wilson e Maria da Paz. Vivos só estão ele e a caçula, que mora em São Paulo.
As poucas condições da família fez com que nenhum deles tivesse muitas oportunidades de estudos. Ele mesmo foi alfabetizado por dona Neném Constantino, à noite, com luz de lamparina na casa dela, distante cerca de 200 metros da dele. Depois ainda fez os primeiros anos na Escola Estadual Cônego Estevam Dantas, no bairro Boa Vista.
DOS PASTÉIS DA MÃE À PEDRA DO MERCADO – Já aos seis anos seu Horácio iniciou suas atividades profissionais vendendo pastéis nas oficinas da cidade. Era sua mãe que fazia, esticando a massa com garrafas, sem os cilindros adequados que hoje ele vende em sua loja lembrando-se do esforço que ela fazia no passado. O resultado do trabalho dos dois resultava no pão de cada dia. “Da minha infância lembro da alegria de menino na linha do trem, do rio Mossoró, das industrias de algodão e dos armazéns de sal. No mais era ajudar em casa como podia”, revela.
Aos 14 anos já era ajudante de marcenaria, produzindo barris na indústria do ‘Português’. A distância dos chafarizes fazia com que toda família precisasse do produto para reserva e transporte de água. “Um barril bem feito podia durar uns quatro anos, se não deixasse secar a parafina, que era o produto impermeabilizador da obra de arte”, explica. O chafariz que ficava mais perto de sua casa era na esquina da Rua Lopes Trovão com a Avenida Rio Branco, onde hoje está a Praça dos Esportes.
Demonstrando uma memória invejável, seu Horácio conta que após três anos desta atividade, encontrou um novo serviço na Cooperativa de Consumo Popular de Mossoró Ltda entregando, de bicicleta, as feiras que os cooperados encomendavam a partir da Praça Felipe Guerra. Foram mais dois anos de sua vida trabalhando com carteira assinada, até resolver empreender.
Tinha 19 anos quando juntou suas economias e foi com o amigo Alcindo de carona para Fortaleza para comprar confecções. Para ser preciso, trouxe uma caixinha em seu próprio colo na boleia do caminhão que lhe custou apenas um café para o motorista. O investimento inicial colocou na Pedra do Mercado. Durante dois anos as caixinhas foram aumentando de volume. “Cheguei a trazer certa vez dez caixas de confecções, um volume de vendas que me deu condições de chegar ao centro da cidade”, relembra.
O SOSSEGO NA VIDA PROFISSIONAL E FAMILIAR – A insistência do amigo Herculano, que era dono do Crediário Globo, ‘O Maior da Cidade’, para que seu Horácio ficasse no ponto onde atuava, pois iria se mudar para Natal, foi a sua passagem para chegar a Coronel Gurgel. Anos depois, foi a vez de seu Abílio Gouveia Diniz, seu Nô, lhe oferecer o ponto onde vendia cereais e guardava sua caminhoneta. Apesar de seu Horácio dizer que não teria condições de ocupar aquele espaço com suas poucas mercadorias, propôs um acordo: se ele fizesse um contrato de cinco anos, sem reajuste no aluguel, ficaria no ponto. E assim foi feito.
Ocupou 30% da loja com suas confecções e no restante veio morar com dona Geni. Neste novo local, onde está até os dias de hoje, os negócios melhoraram, inclusive após a decisão de mudar, aos poucos, suas mercadorias: de confecções para utilidades domésticas. “Atividade que dispensava a constante atualização de estoque, item que o setor de moda exige em uma velocidade cada vez maior”, explica.
Ocupou 30% da loja com suas confecções e no restante veio morar com dona Geni. Neste novo local, onde está até os dias de hoje, os negócios melhoraram, inclusive após a decisão de mudar, aos poucos, suas mercadorias: de confecções para utilidades domésticas. “Atividade que dispensava a constante atualização de estoque, item que o setor de moda exige em uma velocidade cada vez maior”, explica.
Seu Horácio havia casado com dona Geni Silva Duarte no final de 1960, quando ainda negociava na Pedra. Ficou morando na casa de seus pais até reunir as condições de ir morar quase vizinho, em uma casa da própria família. Os dois filhos só chegaram com cinco e seis anos após o casamento: Hélio Silva, que é proprietário da Servpro Net, no shopping Boulevard, e que já lhe deu os netos Hélio Filho, Helder e Maria Clara; e Horácio Junior, dono de uma indústria de confecções que produz para a Guararapes, e que lhe deu os netos João Horácio, Jessica, Vinicius, Lívia e Lucas. O único neto casado é Helder, mas por enquanto nenhum sinal de bisneto para o casal Horácio e Geni.
O BRASIL VAI MAL, MAS SEU HORÁCIO VENDE SAÚDE – Apesar de sua idade, seu Horácio surpreende os clientes ao subir em um tamborete para pegar as mercadorias mais altas das prateleiras. Vestido a caráter, com sua calça social, sapato, cinto e camisa de botão de mangas curtas, recebe a todos com muita cortesia e bom humor. “Meus clientes são fiéis. Mais de uma vez já ouvi de senhoras que aprendeu a comprar comigo desde quando a mãe a trazia segurando em suas mãos, de tão pequenas que eram”, explica.
Para ele o segredo é ter sempre um bom estoque, de tudo, e preço para competir no mercado. “Compro tudo direto da fábrica, isto me dá margem maior para definir o preço final e poder ser competitivo”, ensina. Seu Horácio lembra que de quando começou são poucos os empresários que ainda estão em atividade. “Na verdade só me lembro de Medeiros, Amadeu e Hugo Pinto”, relaciona. “Somos resistentes na fé, força de vontade, perseverança e esperança, características que nos trouxeram até aqui”, resume.
Pedindo a Deus para que lhe dê saúde durante muitos anos para continuar no ofício, seu Horácio ver a situação do país como delicada. “Além da situação econômica está difícil, estamos trancados em casa enquanto muitos estão armados nas ruas fazendo o que não deve. Chegamos em casa às 18hs e nos trancamos. Passamos a chave em nossa própria cela, onde ficamos fechados com medo do imprevisível. E assim estão milhões de brasileiros”, descreve.
Todo domingo frequenta com a esposa a missa das 19hs da matriz de Nossa Senhora da Conceição, pois mora em uma rua próxima, na casa que comprou ainda nos anos sessenta. Os dois filhos moram bem perto, o que possibilita se encontrarem todos os dias. Para seu Horácio, a rotina de trabalho é o que de melhor faz em sua vida. “O trabalho é um gerador de saúde, mantém em dia minha mente, a circulação, a memória, os ossos firmes e o coração batendo firme e forte. O resto a gente deixa nas mãos de nosso bom Deus”, encerra o simpático Horácio.
http://www.obomdemossoro.com.br/#!O-TRABALHO-%C9-UM-GERADOR-DE-SA%DADE/c1sbz/565190640cf26ffe7c21691a
2ª Fonte: facebook
Página: Lindomarcos Faustino
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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