Por José Mendes Pereira
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Segundo os escritores e pesquisadores do cangaço Clerisvaldo Braga Chagas e Marcelo Fausto afirmam em seu livro “Lampião em Alagoas” publicado no ano de 2012, que um senhor de nome Martiniano Cavalcante Wanderley era boiadeiro lá para as bandas do Riacho Grande, "atualmente Senador Rui Palmeiras", no Estado de Alagoas, sendo este presenteado com um envio de uma carta do afamado capitão Lampião, solicitando-lhe apenas três contos de reis, mas ele não deu valor ao seu pedido, recusando de imediato, e em seguida, viajou para Santana do Ipanema, e lá, comunicou o que havia recebido do facínora Lampião ao então major Lucena.
Martiniano Cavalcante Wanderley foi incentivado pelo próprio major para fazer compras de armas e enfrentar o sanguinário Lampião. Mas este não fez o que dissera o major Lucena.
Major Lucena
Posteriormente, lá nas terras de Viçosa, contou o que estava se passando consigo para alguns amigos, e logo, foi advertido e aconselhado por um coronel de nome Eduardo Maia, que a sua recusa poderia sair caro, e enviasse a quantia solicitada, “pois Lampião era filho de besta-fera”, e ficasse caladinho, talvez para não ser cobrada as suas palavras ditas desnecessárias. Mas o boiadeiro não quis seguir o conselho do coronel Eduardo Maia.
Naquela época, o inverno estava além de bom, e Lampião fez visita à casa de um vaqueiro nomeado de Leandro Xixiu, acompanhado de mais de 70 facínoras. E lá, exigiu comida. Terminada a refeição, Lampião pediu ao vaqueiro que lhe ensinasse em Riacho Grande, onde ficava a casa de Martiniano Cavalcante Wanderley e seu sogro José Wanderley.
Mas o Leandro Xixiu que não tinha nada de besta, como foi escalado para buscar água em um barreiro (possivelmente para os cangaceiros saciarem a sede), terminou fugindo para o povoado do Riacho Grande, na intenção de comunicar aos Wanderleys, que o rei Lampião encontrava-se em sua casa, e iria os visitar, segundo a sua solicitação para saber onde eles moravam.
Certo que nada de bom iria lhes acontecer, os Wanderleys (sogro e genro) resolveram fugir do povoado do Riacho Grande, levando consigo as suas famílias.
Mas como Lampião não sabia que eles haviam fugido do lugar, foi até ao povoado, e ao chegar, só encontrou um senhor de nome Pedro Breba, que servia de boi de piranha.
Parece que a pressa dos fugitivos foi tão grande, temendo um possível castigo de Lampião, findaram deixando para trás uma porção de alimentos, que serviu para os cangaceiros.
Irritado, por não encontrar os Wanderleys o perverso Lampião ainda deu uns safanões no pobre Pedro Breba pelas mentiras, que com elas, tentou convencer Lampião.
Em seguida, ordenou que seus comandados tocassem fogo nas casas dos Wanderleys e na tapera do Pedro Breba. Este ao ver a sua casinhola sendo lambida pelo fogo, chamou o capitão Lampião de “fio de uma égua”. O bandido sentindo-se desrespeitado pelo Pedro Breba, sacou do seu parabélum, e o atirou sem piedade, deixando já prontinho para o enterro.
Os escritores Clerisvaldo e Marcelo Fausto ainda afirmam que os Wanderleys não voltaram mais para o povoado Riacho Grande, passando a morar em Santana do Ipanema.
O Mariano não ficou com medo do bandido, e continuou comprando garrotes e tangia-os para a Zona da Mata. Este foi advertido por um coiteiro amigo, e em Sergipe quase foi pego na fazenda do Antonio Caixeiro, e após isso, resolveu aceitar o conselho do coiteiro.
Antonio Caixeiro
Ciente de um possível ataque de Lampião foi morar em Palmeira dos índios, onde lá, progrediu bastante nas suas atividades como negociante.
O Martiniano teve longos anos de vida, vivendo mais de oitenta anos, e os autores não sabem explicar o que ele fez com a família do Pedro Breba, que foi assassinado pelo sanguinário Lampião.
Os autores do livro “Lampião em Alagoas” ainda afirmam que o Martiniano era muito “mão de vaca” e a única coisa boa que ele fez, em benefício do homem que lhe salvou a vida, o vaqueiro Leandro Xixiu, foi perdoar um resto de dívida com juros, uma quantia de cinco contos que o vaqueiro ainda não tinha conseguido pagar.
Fonte: livro "Lampião em Alagoas"
Páginas: 143 e 144
Ano de publicação: 2012
Autores: Clerisvaldo Braga Chagas e Marcelo Fausto
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