Por Antônio Filemon Rodrigues Pimenta
Desde dias de julho findo chegou a esta cidade, o prisioneiro Manoel Ferreira, por alcunha - Bronzeado, que fez parte do bando chefiado por Décio Hollanda e Massilon Benevides, que atacou a cidade de Apody a 10 de maio deste anno. Capturado em Martins, ao subir a ladeira da serra onde demora àquella cidade, o bandido fez revelações, que aclararam o processo instaurado, em Apody contra os mandantes do assalto.
Bronzeado falla a todo o mundo que o visita e conta a sua história, a mesma, com os pormenores que pode e sabe.
Diz, como o ouvimos, que é natural de Lavras, tem 27 annos, solteiro, é filho do agricultor Antonio Vicente Ferreira e Maria Roymunda da Conceição, tendo dois irmãos, menores de 15 annos para baixo, de nome José Vicente e Maria, seus paes moram no sítio "Iracema" de Lavras, perto do Sr. João Augusto, um dos perseguidores de Lampião.
Bronzeado diz que trabalhava ao Sr. José Cardoso, que mora em uma fazenda do Sr. Izaías Arruda chefe de Missão Velha e do qual o Cardoso é primo. Estava ali trabalhando quando chegou a ordem do Sr. Izaías de seguirem para Apody. Afim de fazerem o ataque já conhecido, a convite do Sr. Décio Hollanda, morador em Pereiro. Elle e outros não queriam seguir, mas foram obrigados.
O portador da carta de Décio fôra o conhecido "chauffeur" Júlio Porto, também bandido, que aqui morou. Ao bandido Massilon que morava naquella fazenda e onde trabalhava de sapateiro, e ao Júlio Porto Juntaram-se 14 pessoas mais, inclusive elle, Bronzeado. Desse pessoal de Izaías declaro, diversos estão no bando de Lampião como se verá dos nomes seguintes:
Vareda, José Ruque, Grigório, José Torneiro, Coqueiro, Asa Branca, Calangro, Mormaço, Cajazeira, Miúdo, Rouxinol, Jurity, Nevoeiro, (ou Navieiro)? 16 pessoas as acima citadas.
Isto em dias de abril, e seguiram para a fazenda "Bálsamo" de Décio Hollanda. D'ali marcharam para Apody, onde chegaram pela madrugada em 10 de Maio, andando à noite e ocultando-se de dia, desde a sahida de Missão Velha.
Em Bálsamo, juntaram-se mais 4 indivíduos de nome: Vicente Brilhante; outro que este chamava de primo, Vicente de tal e mais um morador de Décio. Este acompanhou o bando até 3 léguas, voltando a exigências de Massilon, que presenciou a aflicção em que ficara a mulher de Décio, que chorava e pedia não violentassem as famílias.
Pobre senhora, tão digna de consideração.
Há minudências outras que já a nossa imprensa revelou.
O CANGAÇO NA IMPRENSA MOSSOROENSE
Antônio Filemon Rodrigues Pimenta.
Tomo II
Páginas 69 e 70.
Fundação Vingt-Un Rosado
Coleção Mossoroense
Série "C", Número 1104,
Outubro 1999.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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