28 de dez. de 2015

O LEGADO DAS MENTIRAS E MISTÉRIOS ...

Por Manoel Severo

"Lampião, você é realmente um bravo, um herói invulgar. O homem brasileiro tem a obrigação de se curvar perante a sua sabedoria e aceitar que você, lá do Além, não se canse de gargalhar desdenhosamente da quase nenhuma inteligência de todos nós, pobres pecadores que não temos forças para enfrentarmos um mito de sua grandeza. Como se fosse um bruxo – e bruxo ele era – Lampião fez com que todos os que viveram a agonia de Angico ficassem envoltos em intermináveis contradições. Cada um, seguindo ditames diferentes e misteriosos, querendo contar os fatos conforme as suas próprias vontades, e assim, deixando aqueles que precisavam registrar o grandioso épico na mais completa desilusão." Trecho de um dos mais espetaculares artigos de Alcino Alves Costa para o Cariri Cangaço...
  
Alcino Alves Costa, Patrono do Conselho Cariri Cangaço

"A complexidade da operação de Angico, que mesmo os comandantes da missão desconheciam certos pormenores, teve em Alcino Alves Costa um dos mais apurados investigadores. Seus livros são referências temáticas." Comenta Luiz Serra de Brasília, DF...

"A história do cangaço, quase toda ela, é baseada em conjecturas. Desconheço algum trabalho científico, feito no local da chacina. Portanto continuaremos com estas eternas dúvidas. Eu da minha parte, até hoje, não entendi o que se passou naquela madrugada fria de 28.07.1938; para ser sincero, as vezes tenho minhas dúvidas sobre os depoimentos dos cangaceiros sobreviventes. Primeiro: porque a maioria foram personagens coadjuvantes na história do cangaço. Segundo: Lampião falava sempre a estes homens e mulheres, só o que era conveniente para ele. Acho muito difícil, um homem com a personalidade que ele tinha, está desabafando ou comentando o que se passava no íntimo da sua alma." Revela Chagas Nascimento, pesquisador de Mossoró, RN.


Jose Bezerra Lima Irmão nos fala: "Alcino Alves Costa, caros amigos do Cariri Cangaço, foi o maior crítico da versão dos fatos relacionados ao episódio da Grota do Angico. Ele dizia que a Grota do Angico devia se chamar Grota da Mentira. Ao contrário de muitos "pesquisadores" que se comportam como papagaios, repetindo o que ouvem ou leem sem fazer uma análise interpretativa, Alcino agia como um analista criterioso das várias versões dos autores e depoentes, cotejando uma com outra, em busca da verdade. Alcino, por intuição, era dotado de um senso de investigação típico de quem cursou e se especializou na ciência da Hermenêutica. Claro que ele não fez curso de Hermenêutica. Mas na investigação e interpretação dos fatos relacionados à morte de Lampião ninguém chegou perto dele. 

Alcino comparou os relatos dos policiais com os relatos dos coiteiros e com os relatos dos canoeiros que levaram a tropa de Piranhas até o Remanso e dali até a Forquilha. Os policiais se contradizem. Os canoeiros desmentem os policiais. O coiteiro Durval Rosa contava as coisas de modo diverso. Aquela história da tempestade, dos trovões e relâmpagos - tudo invenção, para criar clima de suspense. Quem já viu trovão em julho? Trovões ocorrem é entre novembro e março, época das "trovoadas". Parabéns, querido Manoel Severo Barbosa, por reproduzir este trecho do grande e inesquecível Alcino, o Vaqueiro da História."

O Legado de Alcino...
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